Fachada do antigo Vitória. Triste fim? |
Livraria e Municipal
Desta vez passei por lá e confirmei ao notar um leve indício de obras no local. O cinema Vitória vai mesmo ser a Livraria Cultura do Rio de Janeiro. O que é bom... Afinal a sala que exibiu filmes marcantes entre os anos 1940/80, hoje completamente abandonado às traças, a camelôs na porta ou ao estacionamento de carros em seu interior poderá ter um fim mais digno de seu passado sediando a melhor livraria de São Paulo em sua filial carioca.
Aliás a Cinelândia inteira está se revigorando. Foi inaugurado um novo hotel (não anotei o nome) onde era o antigo Hotel Serrador, e o “Theatro Municipal” está todo recauchutado de acordo com a sua pintura original.
E por falar nisso, o Theatro exibiu esta semana “Metrópolis” (1927) de Fritz Lang em versão restaurada e estendida – resultado de um dos mais significativos projetos de restauração na história do cinema, conduzida pela “Fundação Murnau” em Wiesbadecom. E com a música original de Gottfried Huppert tocada pela OSB nos dias 21, 22 e 23 passados. Só que quando soube disso não mais encontrei entradas. Nem pela internet, nem lá na bilheteria. Que pena!
Perdas e danos
Elizabeth Taylor nos deixou esta semana. Ela se foi num dia e meu pai no outro. Sério mesmo, eu estava ainda a me recuperar da morte dela quando meu pai veio a falecer.
Aliás, cinéfilo, na juventude ele chegou a assistir mais de 365 filmes em um ano na Bahia... Quer dizer, em pelo menos um dia ele viu mais de um... Mas para além de um pai exemplar e que me acompanhou por quase 66 anos (vou fazê-los agora em abril), era um grande amigo e professor. Sim, ele foi meu professor mesmo durante dois anos no antigo segundo grau.
Sei que não há comparação entre as duas perdas e que a do meu “velho” é mesmo insubstituível. Mas, para além de ao longo do tempo sempre ter convivido muito com ele, nos últimos anos este convívio aumentou muito em função da necessidade de acompanhá-lo a compromissos e, até, a simples passeios, pois ele já não podia mais sair sozinho.
Ainda não sei o que é a vida sem meu pai... Agora tenho que aprender...
O caso do docinho
Falar em meu pai, me lembrei de um caso que ele contava, era muito engraçado e aconteceu em Salvador quando um sujeito conhecido dele vinha para o Rio de navio, pois naquela época existia este tipo de transporte regularmente no país ligando as cidades costeiras, tanto do Lloyd Brasileiro quanto da Costeira (os famosos Ita).
Amigos dele incumbiram-no de trazer uma encomenda para parentes e lhe deram uma caixinha quadrada e pequena, quer dizer, nada incômoda. O personagem a colocou numa de suas maletas de viagem e embarcou.
Como a viagem, dependendo do tipo de embarcação durava entre dois e três dias, no final do segundo ele, ao abrir a tal maleta notou que a caixa estava cheia de formigas.
– Caramba – pensou com os seus botões – este pessoal está mandando docinhos para os seus parentes! Sabe de uma coisa eu vou jogar fora esta droga! Dirigiu-se ao tombadilho e atirou a caixa em alto mar.
Chegando ao Rio, a família do amigo de Salvador estava em peso esperando a encomenda... Com os restos mortais do velho patriarca...
8 comentários:
Oi Jonga,
Sinto muito pela perda de seu pai. E doloroso e dificil, principalmente porque e ponto de referencia. Deus de forcas a voce e a sua familia.
Sinto pela morte de seu pai. Isso é um acontecimento que sempre nos marca. Eu sei disso porque já passei por tal experiência.
Quanto á exibição de Metrópolis no Teatro Municipal nem fiquei sabendo. Deverima divulgar melhor esses acontecimentos.
Obrigado pela solidariedade, Jô.
A questão de divulgação eles até a fazem, mas no meu caso, como não leio jornais impressos todos os dias e acabo sambando por vezes...
Agradeço-lhe a preocupação e as palavras Sueli. E admito que ele sempre foi um "norte" em tantas ocasiões para mim. Por 65 anos sempre tive um pai ao meu lado.
Estou a sentir a sua falta ainda de uma forma traumática. Afinal foi cremado hoje pela manhã. Mas imagino com o passar do tempo! Muito embora ache que os papos de toda uma vida, as historias contadas por ele em tantos e tantos anos tenham deixado muitas coisas coisas que nunca se apagarão. Mas o que fica no ar é o “de agora em diante”...
Mas perdas (mesmo esta) teem que ser trabalhadas em nossa psique. A vida é assim mesmo!
Deve ter sido um domigo triste. Mas teve a boa notícia da livraria Cultura na rua Senador Dantas.
Isso mesmo Mara. Era um "boato", porque não lera ainda notícias, até que eu confirmei com o pessoal que lá estava a iniciar obras.
Meus sentimentos.
Obrigado Mário...
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