sábado, 30 de abril de 2011

Um cão uivando para a imortalidade

Antonio Torres comigo no Café da Letras & Expressões no Leblon

Matéria de autoria de Juvenal Azevedo (1) sobre meu amigo Antônio Torres, às vésperas da votação para a cadeira na ABL.

Antônio Torres é um dos candidatos à vaga deixada por Moacyr Scliar na Academia Brasileira de Letras. Segundo os entendidos nos meandros da ABL, Torres é, ao lado de Nerval Pereira, um dos favoritos a envergar o fardão dos imortais.
Na minha opinião, Nerval é um jornalista sério, estudioso e competente, mas falta a ele a chamada bagagem literária. Já Antônio Torres, ademais de suas qualidades pessoais e de caráter, tem uma farta bagagem de livros escritos, publicados e aplaudidos tanto pela crítica quanto pelo público, aqui e no exterior.
Desde sua primeira obra, à qual poderíamos sem exagero classificar de obra-prima, “Um cão uivando para a Lua”, de 1972, até seu livro mais recente, “Sobre pessoas”, de 2007, Torres mostrou ser, fundamentalmente, um escritor.
Um escritor talentoso, dominador de seu ofício, como em “Os homens dos pés redondos”, “Essa terra”, “Carta ao Bispo”, “Adeus, Velho”, “Balada da infância perdida”, “Um táxi para Viena d’Áustria”, “O centro de nossas desatenções”, “O cachorro e o lobo” (que recebeu o Prêmio Hors-Concours de Romance da União Brasileira de Escritores em 1998 e foi traduzido para o francês), “O circo no Brasil”, “Meninos, eu conto” (traduzido para o espanhol na Argentina, México, Uruguai), para o francês (no Canadá e na França), para o inglês (nos Estados Unidos) e ainda para o alemão e o búlgaro, além de ser incluído na antologia dos “100 melhores contos do século”, de Ítalo Moriconi, “Meu querido canibal”, “O nobre sequestrador”, “Pelo fundo da agulha” e “Minu, o gato azul”, uma delícia de livro infantil.
E o que espero que aconteça na ABL, em junho próximo, é o reconhecimento de que aos escritores de ofício se deve abrir o reino dos céus literários. Seria também o autorreconhecimento da Academia a um escritor por ela agraciado em 2000 com o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.
Como a vaga em questão é a de Moacyr Scliar, não custa lembrar que Torres e Scliar se conheceram pessoalmente em 1985, num circuito de palestras pela Alemanha, sendo que foi numa viagem de trem de Colônia para Bielefeld que a amizade se consolidou. Segundo Torres, “fomos só nós dois no trem”. E acrescenta: “Já havíamos conversado em Frankfurt, mas foi tudo muito rápido. Depois daquela viagem para Bielefeld, ficamos amigos para sempre. No Brasil, costumávamos frequentar a casa um do outro entre o Rio e Porto Alegre. E o maior presente que ele me deixou foi seu artigo com o título “Meu querido Antônio Torres”, quando do lançamento do livro “Meu querido canibal”.
Bem. Desconhecedor dos rituais e cânones da Academia Brasileira de Letras, não sei se ao escrever este artigo estarei colaborando ou não para incrementar a candidatura de Torres à imortalidade, de vez que, se consultado fosse, meu amigo quase milenar Antônio Torres, por seu caráter e modéstia que beira a humildade, me impediria de fazer esta declaração pública de amizade e admiração por suas qualidades, tanto pessoais quanto literárias.
Que o Torres e, principalmente, os membros imortais da Academia me perdoem, mas em certas ocasiões calar seria, isso sim, inoportuno. Avante, imortais, façam justiça. Deem a Antônio Torres a cadeira de Moacyr Scliar que, certamente, onde quer que esteja, terá sua aprovação.

(1) Publicado em 29/04/11 pela “Max Press”. Juvenal Azevedo é jornalista e publicitário. Publicou entre outros muitos o artigo: “A revolução criativa no Brasil”, no Observatório da Imprensa em 16/11/2010 http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=616FDS011

8 comentários:

Joelma Oliveira disse...

Acredito que o Torres deve ir desta vez!
Boa a matéria do Juvenal!

Jonga Olivieri disse...

Estamos torcendo, não é Joelma?
Tudo leva a crer que poderemos comemorar.
E já está chegando perto. Estamos quase em maio... E a eleição é em junho, se não me engano.

Anônimo disse...

É muito suspense este negócio.
Há meses atrás você publicou alguma coisa sobre essa canidatura do Antônio Torres e até hoje não aconteceu.
Haja saco (para eles) em conseguir agüentar tanto tempo assim.
L.P.

Jonga Olivieri disse...

Deve ser preciso muito mesmo.
Outrossim deve ser agitada a coisa!

Mário disse...

A torcida, pelo jeito é grande. E eu vou reforçá-la.
Vale a intenção e o pensamanto positivo!

Anônimo disse...

Fiquei preocupada com o aviso que colocastes sobre o defeito no Blogger achando que demoraria algum tempo.
Temia que isto fosse atrapalhar suas postagens pois se não comento com feqüência, sou leitora assídua do Novas Pensatas.
Darlene

Jonga Olivieri disse...

Sim e não. Acredito que a torcida ajuda. Mas isso depende de tantas coisinhas... E às vezes "coisinhas" mesmo. Como 'lobbies' bem feitos e "disse me disses" da vida.
Mas, por merecimento o Antônio é um concorrente amsi à altura do tão decantado "Fardão", pois sua obra é literária e a do outro é mais voltada para o jornalismo.
Mas é o tal caso, amigo, em "terra de cego quem tam um olho é rei".
Ou como explicar o Sarney que com seus "Marimbondos de fogo" queimou muita gente mais competente que ele!?

Jonga Olivieri disse...

Pois continue lendo Darlene, porque continuarei postando, nem que não haja nenhum comentário.
Aliás, por vezes já aconteceu isto. E houve momentos em que tinha apenas o professor Setaro comentando aqui, e, por reciprocidade eu comentando no dele.
Publico minhas postagens para que leiam, embora goste de receber opiniões, até por vezes adversas.
A maioria das pessoas não comenta, ou comenta pouco.
O que você me diz disso, por exemplo?