Este caso foi originalmente postado em 25 de março de 2011
no blogue “Casos da Propaganda”. E é uma historinha em que homenageio esta
saudosa figura icônica da publicidade carioca (cuíca brasileira), que foi o
criativíssimo Carlos Pedrosa (1).
Pedrosa era tido e havido como alguém muito desligado. Um
dia, comentei em uma correspondência com ele, entre outros assuntos, um caso
que sempre ouvira sobre uma suposta troca de meias que há tempos circulava no
mercado publicitário. Bom, ele me respondeu da seguinte forma:
“Quem disse que eram ‘meias’ trocadas?
(...)
O outro é a história das meias trocadas. Mero folclore. Nunca aconteceu,
simplesmente porque eu detesto usar meias, e devo tê-lo feito ao longo da vida
em umas cinco ocasiões: uns quatro casamentos e um funeral, com licença do Hugh
Grant.
A
história ocorreu sim, uma única vez, mas a troca foi de sapatos. Isso, no
entanto, se deu há muitos e muitos anos e foi antes que eu fizesse terapia.
Graças à terapia, nunca mais sai de casa com sapatos descasados.
Só
fico remoendo o seguinte: como meu tratamento durou 15 anos e como cada sessão
custava o equivalente a dois pares de sapato de primeira, eu poderia, em vez de
fazer análise, ter acumulado cerca de 3.600 pares da mesma cor e ninguém ia
notar quando trocasse.
Você
há de convir, caro Jonga, que se eu tivesse hoje 3.600 pares de sapato, além de
estar rico, colocaria a Imelda Marcos no chinelo.”
E vamos convir também que o Pedrosa
era dotado de um conceituado e reconhecido senso de humor!
1. Carlos Milton Romano Pedrosa, entre os maiores da propaganda
brasileira, foi um dos fundadores da Pubblicità, depois de ter dirigido a
criação da agência Premium. Trabalhou na McCann-Erickson, na Norton, na Esquire
e na Contemporânea.
Presidiu o Clube de Criação do Rio de Janeiro entre 1978 e 1979, foi
conselheiro do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e
premiado como destaque pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP), entre
muitos outros prêmios. Em 2011, foi homenageado pelo Prêmio Colunistas Rio com
o diploma de “Contribuição Profissional”.
No primeiro Encontro Brasileiro de
Redação Publicitária, realizado em Paraty, Pedrosa foi palestrante em plena
Igreja da Matriz. Jomar Pereira da Silva, presidente da Associação Latinoamericana
de Propaganda, organizadora do evento, relembra que na ocasião, em agosto de
2006, ele driblou com maestria as dificuldades de ordem técnica do espaço onde
proferia sua palestra e terminou ovacionado. Por coincidência, Jomar foi
cliente de Pedrosa quando sócio-diretor da Denasa, empresa atendida pela
Norton. Ele relembra a gentileza e o humor do redator. "Ele unia
competência com humor”.
Pedrosa recuperava-se de um câncer, em Petrópolis, região serrana do
Rio, onde faleceu em 11 de novembro de 2011.
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