terça-feira, 9 de outubro de 2018

“Casos” que o Pedrosa contou – 1



Este caso foi originalmente postado em 25 de março de 2011 no blogue “Casos da Propaganda”. E é uma historinha em que homenageio esta saudosa figura icônica da publicidade carioca (cuíca brasileira), que foi o criativíssimo Carlos Pedrosa (1).
 
Pedrosa era tido e havido como alguém muito desligado. Um dia, comentei em uma correspondência com ele, entre outros assuntos, um caso que sempre ouvira sobre uma suposta troca de meias que há tempos circulava no mercado publicitário. Bom, ele me respondeu da seguinte forma:

“Quem disse que eram ‘meias’ trocadas?
   
(...) O outro é a história das meias trocadas. Mero folclore. Nunca aconteceu, simplesmente porque eu detesto usar meias, e devo tê-lo feito ao longo da vida em umas cinco ocasiões: uns quatro casamentos e um funeral, com licença do Hugh Grant.
   
A história ocorreu sim, uma única vez, mas a troca foi de sapatos. Isso, no entanto, se deu há muitos e muitos anos e foi antes que eu fizesse terapia. Graças à terapia, nunca mais sai de casa com sapatos descasados.
    
Só fico remoendo o seguinte: como meu tratamento durou 15 anos e como cada sessão custava o equivalente a dois pares de sapato de primeira, eu poderia, em vez de fazer análise, ter acumulado cerca de 3.600 pares da mesma cor e ninguém ia notar quando trocasse.

Você há de convir, caro Jonga, que se eu tivesse hoje 3.600 pares de sapato, além de estar rico, colocaria a Imelda Marcos no chinelo.”
    

E vamos convir também que o Pedrosa era dotado de um conceituado e reconhecido senso de humor!
 

1. Carlos Milton Romano Pedrosa, entre os maiores da propaganda brasileira, foi um dos fundadores da Pubblicità, depois de ter dirigido a criação da agência Premium. Trabalhou na McCann-Erickson, na Norton, na Esquire e na Contemporânea.
   
Presidiu o Clube de Criação do Rio de Janeiro entre 1978 e 1979, foi conselheiro do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e premiado como destaque pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP), entre muitos outros prêmios. Em 2011, foi homenageado pelo Prêmio Colunistas Rio com o diploma de “Contribuição Profissional”.
   
No primeiro Encontro Brasileiro de Redação Publicitária, realizado em Paraty, Pedrosa foi palestrante em plena Igreja da Matriz. Jomar Pereira da Silva, presidente da Associação Latinoamericana de Propaganda, organizadora do evento, relembra que na ocasião, em agosto de 2006, ele driblou com maestria as dificuldades de ordem técnica do espaço onde proferia sua palestra e terminou ovacionado. Por coincidência, Jomar foi cliente de Pedrosa quando sócio-diretor da Denasa, empresa atendida pela Norton. Ele relembra a gentileza e o humor do redator. "Ele unia competência com humor”.
    
Pedrosa recuperava-se de um câncer, em Petrópolis, região serrana do Rio, onde faleceu em 11 de novembro de 2011.


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