Um bom momento para uma pausa em
questões políticas é este sábado! E vamos falar do meu amigo/ídolo Carlos
Pedrosa, que conheci quando eu ainda era estagiário da McCann-Erickson, na
época de ouro da publicidade carioca, lá pelos idos dos 1960. Naquele tempo, o
Rio de Janeiro ainda disputava com São Paulo a hegemonia da propaganda no
Brasil. E agências como a Denison, a Norton, a JMM, a Thompson, a própria
McCann ou a SGB, ainda detinham aqui no Rio contas importantes como a Esso, a
Coca-Cola, a Souza Cruz, a Ducal, o BNH, a Brahma, a Viação Aérea Cruzeiro do
Sul ou o Banco Nacional, só para citar algumas.
Nascido em 14 de julho de 1941,
Carlos Milton Romano Pedrosa foi um dos fundadores da Pubblicità, depois de ter
dirigido a criação da L&M e da Premium. Trabalhou na McCann-Erickson, na
Norton, na Esquire e na Contemporânea. Presidiu o Clube de Criação do Rio de
Janeiro (CCRJ) entre os anos de 1978 e 1979, foi conselheiro do Conar (Conselho
Nacional de Autoregulamentação Publicitária), sendo também considerado um dos
melhores criativos de texto da propaganda carioca, premiado como destaque de
Redator pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP), entre muitos outros
prêmios.
Definindo a Redação Publicitária
como um ato de falar na língua e no sentimento de cada povo, Pedrosa enxergava
o redator como um artífice da palavra, afirmando que as palavras podem dizer
algo distinto do que se lê, criando uma espécie de jogo com o consumidor. E
que, tão logo, o processo criativo dos redatores nada mais é do que a busca
pelo título mais conciso, impactante, breve e vendedor.
“Generoso, acolheu muitos e
muitos e muitos que, sem emprego, procuravam-no em busca de um ombro amigo,
porque telefone de desempregado não toca. Paciente, suportou meu voluntarismo e
acolheu meus excessos. Sábio, foi responsável, com outros poucos, pelo melhor da
publicidade brasileira”, dele falou certa feita Roberto Bahiense, seu sócio na
agência Pubblicità.
Pedrosa era casado com a também
publicitária Maria Celia Salgado com quem trabalhei na Tática Propaganda e
pai do, como ele criativo Marcos Pedrosa, com quem também trabalhei na VS.
Pedrosa, cuja morte soube por acaso ao encontrar um amigo comum em Copacabana,
foi não somente o inspirador de alguns “casos” do blogue “Casos da Propaganda”,
como postou diversos “casos” contados por ele, o que muito me orgulha... saudades
imensas do Pedrosa!
Aliás,
a última vez que o encontrei foi numa visita que fiz à Tática, que havia se mudado
do Largo do Machado para a Cidade. Por acaso, como a Contemporânea havia
fechado ele estava lá ao lado da Maria Celia, esposa, diretora de arte e
proprietária daquela agência. Para fumar, Pedrosa se deslocava para uma sala/depósito,
vazia. E pra lá eu fui com ele... não me lembro quanto tempo ficamos, mas
garanto que não foi menos de duas horas. E rolou muito papo. Lembranças da
McCann, da L&M, na qual trabalhamos em épocas diferentes... do Mauro Matos,
que foi meu diretor de criação naquela casa e nosso colega na McCann...
caramba, muita coisa. Muita coisa boa! Ficou esta recordação de um encontro inesquecível
com um criativo memorável. Imortal mesmo, com certeza!
Nenhum comentário:
Postar um comentário