sábado, 6 de outubro de 2018

“O caos é uma ordem por decifrar”


A frase acima é de autoria do maior escritor da língua portuguesa pós Camões: José de Sousa Saramago, mais conhecido simplesmente como José Saramago. E ontem (sexta feira, 5) tive a honra de postar alguns depoimentos políticos importantes dele (um marxista) neste blogue. Todos pertinentes ao momento histórico por que passa o Brasil.

Nascido em Azinhaga de Ribatejo, Concelho de Golegã, Portugal, no dia 16 de novembro de 1922, Saramago foi membro do Partido Comunista Português, diretor adjunto do Diário de Noticias, sendo tambem um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC), em 1992. Casado com a espanhola Pilar del Rio,  viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.

Passou grande parte de sua vida em Lisboa, para onde a família mudou-se em 1924 quando tinha dois anos de idade. Demonstrava desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que essa curiosidade perante o mundo o acompanhou até à morte. Dificuldades econômicas o impediram de fazer os estudos universitários. Formou-se numa escola técnica e teve o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico.
                                                
Aos 25 anos, publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado (1947), coincidentemente no mesmo ano do nascimento de sua única filha, Violante dos Reis Saramago, fruto do primeiro matrimônio com Ilda Reis, a quem desposou em 1944, permanecendo casado até 1970. Depois viveu (entre 1970 e 1986) com a escritora Isabel da Nóbrega. E em 1988, veio a se casar com a jornalista e tradutora espanhola Maria del Pilar del Rio Sánchez (Pilar del Rio) que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu até morrer.

Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Persistiu, contudo, nos esforços literários e, após 19 anos, trabalhando então na Editorial Estudos Cor, trocou a prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis. Num espaço de cinco anos, publicou, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975).

Foi quando trocou também de emprego, saindo da Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias e, depois, no Diário de Lisboa. Em 1975, retornou ao DN como Diretor Adjunto, onde permaneceu por dez meses, até 25 de novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses interviram na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos e demitiram vários funcionários). Demitido, Saramago resolveu dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalismo pela ficção. Anteriormente, para aumentar os rendimentos, começou a fazer traduções de Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros.

Da experiência vivida nos jornais, restaram quatro crônicas: Deste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não foram as crônicas as responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque – esta missão estava reservada aos seus romances, gênero ao qual retornou em 1977.

José Saramago pertenceu à primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores. Foi presidente da assembléia geral da Sociedade Portuguesa de Autores, entre 1985 e 1994. O escritor publicou um título no campo da literatura infanto juvenil, A Maior Flor do Mundo (2001), livro escrito em parceria com o ilustrador João Caetano, que recebeu o Prêmio Nacional de Ilustração.
                      
Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura (1998), o Prêmio Camões (1995) e outros prêmios e condecorações, entre eles os de Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada (1985), Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas (1991), Doutor Honoris Causa (1999 e 2004), pelas Universidade de Nottinghan (Inglaterra) e Universidade de Coimbra (Portugal) respectivamente, para citar os principais.

Saramago faleceu no dia 18 de Junho de 2010, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote, vítima de leucemia crônica. O escritor estava doente havia algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Suas cinzas foram depositadas aos pés de uma oliveira, também em Lisboa.


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