sábado, 20 de outubro de 2018

TSE e PF vão investigar se empresas bancaram esquema ilegal pró-Bolsonaro


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai investigar se empresas bancaram ilegalmente o envio de milhares de mensagens por WhatsApp para favorecer a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), conforme publicado em reportagem da Folha de S. Paulo. O ministro Jorge Mussi aceitou o pedido feito pelo oponente de Bolsonaro na corrida, Fernando Haddad. A decisão acontece no mesmo dia em que os controladores do aplicativo, que pertence ao Facebook e tem 120 milhões de brasileiros como usuários, anunciaram ter tomado "medidas legais imediatas" para impedir empresas de enviar mensagens em massa. "Já banimos contas associadas a essas empresas”, disse o WhatsApp em nota.

Não há prazo para desfecho na ação aberta pelo TSE, mas um ex-integrante da corte e especialistas descartam que algum desdobramento de peso ocorra antes de 28 de outubro, data do segundo turno para o qual Bolsonaro é franco favorito. Seja como for, a investigação dá mais combustível aos críticos do deputado de extrema direita na reta final da campanha. Provoca ruído em sua mensagem de que se trata de uma campanha austera e baseada apenas na adesão de voluntários. O capitão reformado do Exército tem negado as acusações, mas também tem dito que não tem como controlar o que fazem seus apoiadores.

O movimento do TSE não foi a única frente que tenta avançar na apuração sobre a participação de empresas na campanha, o que é vetado pela lei eleitoral brasileira. Além do âmbito eleitoral,  a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, decidiu fazer também uma investigação no âmbito penal. Dodge pediu em um ofício que a Polícia Federal investigue "se empresas de tecnologia da informação teem disseminado, de forma estruturada, mensagens em redes sociais referentes aos dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições para presidente da República". "Este quadro de possível interferência, por meios tecnológicos, na formação da opinião de eleitores sobre os candidatos, com base em possíveis falsas informações ou mensagens ofensivas à honra e à imagem dos dois candidatos, afronta a integridade do processo eleitoral e é uma nova realidade mundial", afirma Dodge.

No ofício, a chefe do Ministério Público cita reportagens que trataram do tema, entre elas a publicada nesta quinta-feira pela Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, há uma rede de empresários simpáticos a Bolsonaro que está contratando agências de marketing digital para disparar pacotes massivos de mensagens negativas sobre o presidenciável petista, Fernando Haddad. Se comprovado, a operação milionária pró-Bolsonaro poderia configurar doação empresarial para a sua campanha, o que está proibido no Brasil.


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