O Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) vai investigar se empresas bancaram ilegalmente o envio de
milhares de mensagens por WhatsApp
para favorecer a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), conforme
publicado em reportagem da Folha de S. Paulo. O ministro Jorge Mussi
aceitou o pedido feito pelo oponente de Bolsonaro na corrida, Fernando Haddad.
A decisão acontece no mesmo dia em que os controladores do aplicativo, que
pertence ao Facebook e tem 120
milhões de brasileiros como usuários, anunciaram ter tomado "medidas
legais imediatas" para impedir empresas de enviar mensagens em massa.
"Já banimos contas associadas a essas empresas”, disse o WhatsApp em nota.
Não há prazo para desfecho na
ação aberta pelo TSE, mas um ex-integrante da corte e especialistas descartam
que algum desdobramento de peso ocorra antes de 28 de outubro, data do segundo
turno para o qual Bolsonaro é franco favorito. Seja como for, a investigação dá
mais combustível aos críticos do deputado de extrema direita na reta final da
campanha. Provoca ruído em sua mensagem de que se trata de uma campanha austera
e baseada apenas na adesão de voluntários. O capitão reformado do Exército tem
negado as acusações, mas também tem dito que não tem como controlar o que fazem
seus apoiadores.
O movimento do TSE não foi a única frente que tenta avançar na apuração
sobre a participação de empresas na campanha, o que é vetado pela lei eleitoral
brasileira. Além do âmbito eleitoral, a Procuradora-Geral da República,
Raquel Dodge, decidiu fazer também uma investigação no âmbito penal. Dodge
pediu em um ofício que a Polícia Federal investigue "se empresas de
tecnologia da informação teem disseminado, de forma estruturada, mensagens em
redes sociais referentes aos dois candidatos que disputam o segundo turno das
eleições para presidente da República". "Este quadro de possível
interferência, por meios tecnológicos, na formação da opinião de eleitores
sobre os candidatos, com base em possíveis falsas informações ou mensagens
ofensivas à honra e à imagem dos dois candidatos, afronta a integridade do
processo eleitoral e é uma nova realidade mundial", afirma Dodge.
No ofício, a chefe do Ministério Público cita reportagens que trataram
do tema, entre elas a publicada nesta quinta-feira pela Folha de S.Paulo.
Segundo o jornal, há uma rede de empresários simpáticos a Bolsonaro que está
contratando agências de marketing digital para disparar pacotes massivos de
mensagens negativas sobre o presidenciável petista, Fernando Haddad. Se
comprovado, a operação milionária pró-Bolsonaro poderia configurar doação
empresarial para a sua campanha, o que está proibido no Brasil.
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