Parcialmente (1) transcrito de matéria publicada em “Brasil-El País”,
acompanhamos a seguir o que está a acontecer, no momento, com este que é, no
meu entender, o mais coerente e honesto daqueles que compuseram o núcleo central
do primeiro governo do PT. Vamos lembrar que Pallocci, por exemplo, tornou-se
um dedo duro na Lava Jato.
“Prazer, sou Zé Dirceu. Desculpe
o atraso”. Assim o homem que já foi o mais poderoso do Governo Lula, condenado
a mais de 30 anos de prisão, chegou, atrasado mais de uma hora, para a
entrevista concedida ao EL PAÍS dentro de um ônibus leito em Jaboatão dos
Guararapes, Região Metropolitana do Recife. É nesse ônibus que José Dirceu
(Passa Quatro, 1946), ex-ministro-chefe da Casa Civil, está viajando desde o
início de setembro para divulgar seu livro Zé Dirceu – Memórias volume 1
(editora Geração). Assessores, o editor, a mulher, a filha de sete anos e a
sogra acompanhavam a viagem do petista naquela semana, que incluiu Sergipe,
Maceió, Pernambuco e Paraíba. A expectativa é visitar todos os Estados do país
até o final de novembro.
O primeiro volume do livro – que vendeu 25.000 exemplares e está na segunda
impressão – foi escrito durante os quase dois anos e meio em que o fundador do
PT esteve detido, no total, entre os processos no âmbito do mensalão e da Lava
Jato. Enquanto esteve preso, era conhecido por sua disciplina militar. Assim
que chegou ao Complexo da Papuda pela primeira vez, em 2013, quis entender das
regras locais, para não violar nenhuma. Realizava diariamente uma rotina de
exercícios e evitava entrar em qualquer discussão. "Na cadeia, todo mundo
sabe o limite de discussão sobre religião, futebol, política, todo mundo
conversa até um certo ponto", diz, com propriedade.
Preso três vezes - uma pelo
mensalão, condenação pela qual recebeu indulto, e duas pela Lava Jato - o
ex-ministro afirma estar “sempre preparado para o pior”, embora acredite que
não voltará à cadeia novamente. Bem humorado, bronzeado e com alguns quilos a
mais d
esde que deixou a prisão pela última vez, em junho deste ano, falou sem
parar por mais de uma hora. “O que dei de entrevista até agora, se juntar tudo
dá um livro de 500 páginas”, afirmou, no dia seguinte ao lançamento de seu
livro no Recife. O evento encheu o auditório do Sindicato dos Bancários com militantes,
que o chamam de “comandante”.
O segundo volume do livro já
está em fase de produção com detalhes que ele vem anotando durante a viagem.
Luiz Fernando Emediato, dono da Editora Geração, que o está acompanhando na
caravana, diz que a expectativa com as vendas é alta. “O piso dele são 300.000
exemplares”.
1. Parcialmente porque não
reproduzi a longa entrevista de Dirceu ao jornal.
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