segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Vítima de pedofilia nos Estados Unidos sugere que papa Francisco renuncie


Foi o golpe mais recente na credibilidade da Igreja Católica dos EUA. Quase duas semanas atrás um grande júri da Pensilvânia divulgou as descobertas da maior investigação da história sobre abusos sexuais na igreja estadunidense, revelando que 301 padres do Estado abusaram sexualmente de menores de idade ao longo dos últimos 70 anos.
Uma das vítimas deste escândalo de pedofilia na Pensilvânia, afirmou que a carta do papa Francisco sobre os casos de abuso na Igreja Católica não oferece "soluções".
Jim Faluszczak, 49 anos, é um ex-padre que testemunhou perante a Justiça da Pensilvânia e disse ter sido violentado por sacerdotes. Ele é uma das mais de mil vítimas citadas em um relatório dos investigadores, que lista cerca de 300 religiosos envolvidos em crimes sexuais.
Segundo Faluszczak, se o Papa não consegue encontrar soluções imediatas, ele deveria "renunciar", para permitir que os católicos achem outro líder que possa fazê-lo. O sobrevivente abandonou o sacerdócio e hoje trabalha com vítimas de abusos sexuais.
No dia 20 de agosto, em uma ação inédita na história moderna da Igreja, Francisco divulgou uma carta ao "povo de Deus" em sua totalidade para tratar dos escândalos de pedofilia que abalaram a imagem do catolicismo.
Tal instrumento, a "carta ao povo de Deus", já havia sido utilizado anteriormente, mas em nível de país, como uma carta do próprio Jorge Bergoglio aos chilenos, ou de gênero, como uma de João Paulo II às mulheres.
No documento, Francisco convida toda a comunidade católica a se unir para coibir abusos na Igreja e evitar que crimes continuem sendo acobertados. Além disso, faz um "mea culpa" e reconhece que a Santa Sé demorou para agir.
"A solidariedade exige que denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa", diz a carta, em um claro recado a autoridades eclesiásticas que encobrem crimes de colegas.
Além do escândalo nos EUA, a Igreja se vê às voltas com casos de pedofilia em países como Chile e Austrália. Até mesmo um aliado próximo do Papa, o cardeal australiano George Pell, prefeito licenciado da Secretaria de Economia do Vaticano, é réu por abusos contra menores, supostamente cometidos nas décadas de 1970 e 1990.
O presidente da Conferência Episcopal da Austrália, Mark Coleridge, disse no último dia 21 de agosto que as palavras de Francisco são "importantes", mas ressaltou que é hora de "agir".
"Muitos padres, religiosos e leigos na Austrália falharam em proteger e honrar a dignidade das crianças. Muitos bispos pararam de ouvir, de acreditar, deixaram de agir. Essas falhas permitiram que alguns molestadores ofendessem repetidamente, com consequências trágicas e às vezes fatais", enfatizou o religioso.
Em resposta às recomendações, a Igreja Católica Australiana concordou "a princípio" em realizar uma revisão nacional das estruturas de governança e administração das dioceses e paróquias, particularmente no que diz respeito às questões de transparência e prestação de contas, explicou Coleridge. O documento da Comissão confirmou que 7% dos padres católicos australianos foram alvos de acusações de pedofilia entre 1950 e 2010, justamente, por isso, entre as recomendações estava a hipótese da quebra do silêncio da confissão nestes casos.


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