Foi o golpe
mais recente na credibilidade da Igreja Católica dos EUA. Quase duas semanas
atrás um grande júri da Pensilvânia divulgou as descobertas da maior
investigação da história sobre abusos sexuais na igreja estadunidense,
revelando que 301 padres do Estado abusaram sexualmente de menores de idade ao
longo dos últimos 70 anos.
Uma das
vítimas deste escândalo de pedofilia na Pensilvânia, afirmou que a carta do
papa Francisco sobre os casos de abuso na Igreja Católica não oferece
"soluções".
Jim
Faluszczak, 49 anos, é um ex-padre que testemunhou perante a Justiça da
Pensilvânia e disse ter sido violentado por sacerdotes. Ele é uma das mais de
mil vítimas citadas em um relatório dos investigadores, que lista cerca de 300
religiosos envolvidos em crimes sexuais.
Segundo
Faluszczak, se o Papa não consegue encontrar soluções imediatas, ele deveria
"renunciar", para permitir que os católicos achem outro líder que
possa fazê-lo. O sobrevivente abandonou o sacerdócio e hoje trabalha com
vítimas de abusos sexuais.
No dia 20 de
agosto, em uma ação inédita na história moderna da Igreja, Francisco divulgou
uma carta ao "povo de Deus" em sua totalidade para tratar dos
escândalos de pedofilia que abalaram a imagem do catolicismo.
Tal
instrumento, a "carta ao povo de Deus", já havia sido utilizado
anteriormente, mas em nível de país, como uma carta do próprio Jorge Bergoglio
aos chilenos, ou de gênero, como uma de João Paulo II às mulheres.
No
documento, Francisco convida toda a comunidade católica a se unir para coibir
abusos na Igreja e evitar que crimes continuem sendo acobertados. Além disso,
faz um "mea culpa" e reconhece que a Santa Sé demorou para agir.
"A
solidariedade exige que denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade
de qualquer pessoa", diz a carta, em um claro recado a autoridades
eclesiásticas que encobrem crimes de colegas.
Além do
escândalo nos EUA, a Igreja se vê às voltas com casos de pedofilia em países
como Chile e Austrália. Até mesmo um aliado próximo do Papa, o cardeal
australiano George Pell, prefeito licenciado da Secretaria de Economia do
Vaticano, é réu por abusos contra menores, supostamente cometidos nas décadas
de 1970 e 1990.
O presidente
da Conferência Episcopal da Austrália, Mark Coleridge, disse no último dia 21
de agosto que as palavras de Francisco são "importantes", mas
ressaltou que é hora de "agir".
"Muitos
padres, religiosos e leigos na Austrália falharam em proteger e honrar a
dignidade das crianças. Muitos bispos pararam de ouvir, de acreditar, deixaram
de agir. Essas falhas permitiram que alguns molestadores ofendessem
repetidamente, com consequências trágicas e às vezes fatais", enfatizou o
religioso.
Em resposta
às recomendações, a Igreja Católica Australiana concordou "a
princípio" em realizar uma revisão nacional das estruturas de governança e
administração das dioceses e paróquias, particularmente no que diz respeito às
questões de transparência e prestação de contas, explicou Coleridge. O
documento da Comissão confirmou que 7% dos padres católicos australianos foram
alvos de acusações de pedofilia entre 1950 e 2010, justamente, por isso, entre
as recomendações estava a hipótese da quebra do silêncio da confissão nestes
casos.
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