sábado, 24 de novembro de 2018

Apologista do golpe de 64 é o novo ministro da “educação”


O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou, nesta quinta-feira (22), a indicação do professor Ricardo Vélez Rodríguez para a chefia do Ministério da Educação. Bolsonaro divulgou a informação por meio de sua conta oficial no Twitter. Rodríguez é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. "Vélez é Professor de Filosofia, Mestre em Pensamento Brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica RJ, Doutor em Pensamento Luso-Brasileiro pela Universidade Gama Filho, Pós-Doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, Paris, com ampla experiência docente e gestora", escreveu Bolsonaro na rede social. 

Nascido em Bogotá, na Colômbia, em 1943, Rodríguez é formado em filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana (1964). Ele tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: pensamento brasileiro, filosofia brasileira, filosofias nacionais, liberalismo e moral social. Embora não tenha nascido no Brasil, Vélez Rodríguez pode assumir o ministério como naturalizado. São privativos de brasileiro nato apenas os cargos de presidente e vice da República, presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, ministro do STF, cargos da carreira diplomática e de oficiais das Forças Armadas.

O colombiano é professor associado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A indicação de Vélez Rodriguez ocorre após a bancada evangélica reagir negativamente às especulações em torno do nome de Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, para o comando da pasta ganharem força na quarta-feira (21). O presidente eleito chegou a publicar no Twitter que não havia definição em relação ao futuro ocupante do posto.

Nesta quinta-feira, o nome do procurador regional da República Guilherme Schelb ganhou força nos bastidores. Schelb, que tem perfil conservador e é defensor do projeto Escola Sem Partido, era o preferido da bancada evangélica para o cargo. Em meio ao desconforto criado em relação ao futuro chefe da Educação a partir de 1º de janeiro de 2019, o colombiano foi chamado às pressas de Juiz de Fora (MG) para conversar com Bolsonaro ainda na quarta-feira, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

No seu blogue, o professor afirma, em uma postagem do dia 7 de novembro, que foi indicado por Olavo de Carvalho para o cargo. "Enxergo, para o MEC, uma tarefa essencial: recolocar o sistema de ensino básico e fundamental a serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que pretendia fazer, das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua hegemonia política", afirma.

Velez já defendeu o golpe de 1964 em um dos textos publicados no seu blogue em abril de 2017. Intitulado de "31 de março de 1964: é patriótico e necessário recordar essa data", o texto destaca que "esta é uma data para lembrar e comemorar. A esquerda pretende negá-la. Mas não pode". Em outro trecho, o futuro ministro escreveu: "64, vale sim afirmá-lo, nos livrou do comunismo. Nos poupou os rios de sangue causados pelas guerrilhas totalitárias que, na Colômbia, por exemplo, no conflito que ora se encerra, ceifou mais de 300 mil vidas e obrigou a sair do país a mais de 5 milhões de colombianos, no longo período que vai de 1948 até os dias atuais. Não tivessem os militares brasileiros agido com força para desmantelar a "República do Araguaia", teríamos tido o nosso "Caguán" (o território "livre" do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, situado no coração da Colômbia e a partir do qual as Farc chegaram quase a balcanizar o país vizinho)".  


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