Pensei
ontem o quanto tem sido pesado o fato desta eleição de 2018 ter tido um final
tão difícil de engolir. Tá bem, temos que admitir que houve um resultado, e
que, pelas regras do jogo nos cabe respeitá-lo. Mas, convenhamos, será que o
candidato vitorioso vai respeitar as regras do jogo dele? Hmmm! Vamos aguardar
e nos falamos daqui a alguns meses. Enquanto isso, que tal tratarmos de outras
coisas?! Segue aqui o “Caso do Barão”,
postado por mim em meu blogue “Casos da Propaganda”, em 24 de agosto de 2006. Bom
proveito e um excelente domingo.
Restaurante do Minas
Tênis Clube, onde aconteciam reuniões festivas do CCMG
|
Minas Gerais me abrigou por três
anos (1). Foram anos em que fiz grandes amigos, sem dúvida. Amigos como o Luis
Márcio Viana, o Sérgio Torres, o Roberto (Boca) Quintas, o Tonico Mercador, a
Lúcia Lobo, o Newton Silva, o Juninho e a Claudinha (RTV’s da Livre), o Cid e
tantos, mas tantos outros. Até hoje, quando volto por aquelas montanhas
encantadas, tenho que reunir a moçada toda num almoço festivo, geralmente no
Minas I, ou no Dona Lucinha (putz, a comida do Dona Lucinha!) para poder matar
a saudade de todos eles ao mesmo tempo. Senão, não dá tempo.
Mas tem um redator que eu
conhecí nas Gerais, uma figura inesquecível, marcante mesmo, que é o Jackson
Drummond Zuim. O Zuim (2), como é conhecido.
Zuim tem uma característica
ímpar. É extremamente sincero. Claro, além de ser um dos melhores redatores que
eu conheci, e de ser, como todo bom mineiro um senhor papo e um puta levantador
de copos. Além disso, tem a particularidede de chamar todo mundo de barão. Você
está num papo com ele, e ele vira pra você e diz: "ô barão, o negócio é o
seguinte..." e vai por aí a fora.
Quando fui eleito presidente do
Clube de Criação de Minas, dividi a presidência com o Zuim. Criamos a
"Zorra da Criação", que eram encontros nas agências, bancados pelas
agências. Detalhe: toda agência mineira que se preze tem que ter uma boa
cozinha, algumas com fogão de lenha, outras com churrasqueira ou coisa similar,
e muito, muito chopp.
As reuniões semanais da
diretoria do Clube eram feitas nos bares da vida. Muitas vezes chegava em casa
já amanhecendo. Por isso eram quase sempre feitas às sextas.
Mas tem uma conta em Minas que é
dose. Chama-se Credireal. Porque é dose? Olha, é aquele banco estatal com cara
de Ministério da Transilvânia. Tem até sua "momenklatura" interna.
Formalidade, cerimônia. Paúra mesmo. Quando você anda nos corredores você sente
o peso da atmosfera reinante. Dá arrepios. A diretoria tem uma idade limite:
não aceita membros com menos de 80 anos. E eu sei disso porque atendi a conta.
Quando era diretor de criação na ASA tive que apresentar uma campanha lá. O
negócio foi todo ensaiado na agência. Quem falava e quando. Mesmo assim eu
tremia.
Agora, tem um caso do Zuim que
realmente deve passar pra história da propaganda. Não só da mineira, em que ela
já está devidamente registrada, mas de toda a nossa propaganda. Vale ressaltar
aqui que este caso eu não presenciei, até porque ele aconteceu antes da minha
chegada em Minas. Mas é fato corrente. Conversa nos bares.
Conta a lenda que Zuim foi certa
vez apresentar junto com a equipe da agência em que trabalhava na época uma
campanha no Credireal. Ali, na mesa de reunião (daquelas longas que chegam a
ter linha do horizonte) estava reunido todo o staff da agência e a dita
"momenklatura" do politbureau do banco. E, conversa vai, conversa
vem, lá pras tantas o presidente do banco pede a palavra. Todos se viram para
ele, e o ancião começa a tecer comentários sobre a campanha. E começa a cair de
pau, coisa que era aliás sempre comum por ali. E o Zuim, autor da idéia,
quietinho no seu canto, caladinho, se mordendo. De repente, surge aquela cabeça
que se projeta para a frente, levanta o dedo como que pedindo um aparte na sala
de aula de um ginásio inglês. O presidente se cala. As atenções voltam-se para
o Zuim, e ele pausadamente com sua voz de Baixo diz: "ô barão... isso aí
não é bem o que você está pensando não, tá!".
Dá para imaginar o reboliço que
foi. Bom. Quem conheceu o Credireal sabe. E, sem dúvida, foi uma atitude ousada
e memorável dessa personalidade histórica que é o Jackson Drummond Zuim. O
"barão".
1. Trabalhei em Minas nos
períodos de 1985 a 1988 e 1999 a 2000. Este caso aconteceu no primeiro
2. O Zuim infelizmente faleceu alguns anos atrás, mas como escrevi esta matéria em 2006 ele ainda vivia.
2. O Zuim infelizmente faleceu alguns anos atrás, mas como escrevi esta matéria em 2006 ele ainda vivia.
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