sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Bolsonaro e o mundo

Bolsonaro bate continência à bandeira dos EUA
O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Santoro (1), comentou a eleição presidencial do país.


“Ele (Bolsonaro) provavelmente terá uma linha mais dura em relação à Venezuela porque acha que a Venezuela é um problema muito grande para a segurança regional do Brasil (…) Ele tem criticado a China e os investimentos chineses no país, mas muitas pessoas acreditam que ele vai mudar essa linha de discurso, porque a China é o maior parceiro comercial do Brasil e as grandes corporações econômicas provavelmente vão pressioná-lo por causa disso", disse o professor.

Segundo o especialista, o novo presidente é mais focado na segurança pública do que em assuntos que envolvem políticas econômicas, e é neste setor que possivelmente ocorrerá uma mudança. Santoro acredita que as promessas de Bolsonaro sobre o afrouxamento das leis públicas sobre armas, militarizando a polícia e permitindo que os policiais tenham mais liberdade para matar, piore a situação do país.

Quanto às falhas nas políticas “socialistas”, o especialista ressalta que os brasileiros acreditam que estão "no meio dessa recessão muito forte por causa da corrupção dos políticos, especialmente das “coisas erradas” (sic) que o Partido dos Trabalhadores fez, e isso se tornou uma narrativa muito importante nas eleições brasileiras. É uma das razões pelas quais tantos ex-eleitores supostamente de esquerda se voltaram para a extrema direita, porque sentem que foram traídos por seus líderes, o que é um sentimento poderoso

Por não ter um forte compromisso com a reforma financeira e por fazer "comentários muito contraditórios sobre a economia, é realmente difícil saber qual será sua política econômica quando estiver no poder", diz. Sobre o recente comentário do ex-embaixador dos EUA no Brasil Anthony Harrington, que classificou as eleições brasileiras como um buraco negro da diplomacia estadunidense, Santoro acredita que "os EUA são o país que tem maiores expectativas em relação a Bolsonaro, porque há algo coerente em seus pontos de vista: seu amor pelos Estados Unidos".

O professor conclui dizendo que o novo líder brasileiro fala sobre os Estados Unidos com grande admiração, sugerindo que o Brasil deva seguir seu exemplo, o que acaba gerando grande animação nos estadunidenses, pois ganham, dessa forma, um novo aliado latinoamericano em meio a conflitos diplomáticos envolvendo imigração e negociações comerciais.



1. Doutor (2008) e mestre (2003) em Ciência Política pelo IUPERJ, graduado em Jornalismo pela UFRJ (1999). Professor-adjunto do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi pesquisador-visitante nas universidades Torcuato di Tella (Buenos Aires, Argentina) e New School (Nova York, Estados Unidos), assessor da Anistia Internacional e do Secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pesquisador no Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Lecionou na Academia Militar das Agulhas Negras e realizou palestras na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e no Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores. Tem experiência com cooperação internacional na América Latina e na África e recebeu prêmios acadêmicos ou bolsas de estudo do Ministério das Relações Exteriores, CAPES, União Latina, Latin American Studies Association, Fundação Robert Bosch. Integra o Conselho Consultivo do Nexus Fund (Estados Unidos) e o juri do prêmio The Bobs - the best of online activism da Deutsche Welle. Foi membro do Conselho Nacional de Juventude.



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