Bolsonaro bate continência à bandeira dos EUA |
“Ele (Bolsonaro)
provavelmente terá uma linha mais dura em relação à Venezuela porque acha que a
Venezuela é um problema muito grande para a segurança regional do Brasil (…) Ele
tem criticado a China e os investimentos chineses no país, mas muitas pessoas
acreditam que ele vai mudar essa linha de discurso, porque a China é o maior
parceiro comercial do Brasil e as grandes corporações econômicas
provavelmente vão pressioná-lo por causa disso", disse o professor.
Segundo o especialista, o novo presidente é mais focado na segurança
pública do que em assuntos que envolvem políticas econômicas, e é neste setor
que possivelmente ocorrerá uma mudança. Santoro acredita que as promessas
de Bolsonaro sobre o afrouxamento das leis públicas sobre armas, militarizando
a polícia e permitindo que os policiais tenham mais liberdade para matar, piore
a situação do país.
Quanto às
falhas nas políticas “socialistas”, o especialista ressalta que os brasileiros
acreditam que estão "no meio dessa recessão muito forte por causa da
corrupção dos políticos, especialmente das “coisas erradas” (sic) que o Partido
dos Trabalhadores fez, e isso se tornou uma narrativa muito importante nas
eleições brasileiras. É uma das razões pelas quais tantos ex-eleitores supostamente
de esquerda se voltaram para a extrema direita, porque sentem que foram traídos
por seus líderes, o que é um sentimento poderoso
Por não ter um forte compromisso
com a reforma financeira e por fazer "comentários muito contraditórios
sobre a economia, é realmente difícil saber qual será sua política econômica
quando estiver no poder", diz. Sobre o recente comentário do ex-embaixador
dos EUA no Brasil Anthony Harrington, que classificou as eleições
brasileiras como um buraco negro da diplomacia estadunidense, Santoro acredita
que "os EUA são o país que tem maiores expectativas em relação a
Bolsonaro, porque há algo coerente em seus pontos de vista: seu amor pelos
Estados Unidos".
O professor conclui dizendo que o novo líder brasileiro fala sobre os
Estados Unidos com grande admiração, sugerindo que o Brasil deva seguir seu
exemplo, o que acaba gerando grande animação nos estadunidenses, pois ganham,
dessa forma, um novo aliado latinoamericano em meio a conflitos diplomáticos
envolvendo imigração e negociações comerciais.
1. Doutor (2008) e mestre (2003) em Ciência Política pelo IUPERJ,
graduado em Jornalismo pela UFRJ (1999). Professor-adjunto do Departamento de
Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi
pesquisador-visitante nas universidades Torcuato di Tella (Buenos Aires,
Argentina) e New School (Nova York, Estados Unidos), assessor da Anistia
Internacional e do Secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, pesquisador no Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas. Lecionou na Academia Militar das Agulhas Negras e
realizou palestras na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e no
Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais do Ministério das Relações
Exteriores. Tem experiência com cooperação internacional na América Latina e na
África e recebeu prêmios acadêmicos ou bolsas de estudo do Ministério das
Relações Exteriores, CAPES, União Latina, Latin American Studies Association,
Fundação Robert Bosch. Integra o Conselho Consultivo do Nexus Fund (Estados
Unidos) e o juri do prêmio The Bobs - the best of online activism da Deutsche
Welle. Foi membro do Conselho Nacional de Juventude.
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