Tema do hino alemão entre 1922 e 1945 |
Como reconhecer um
fascista? Vamos começar por algumas características típicas daquela
ideologia, com base em análise realizada sobre os regimes que
vigoraram na Itália, na Alemanha, na Indonésia, além de muitas das ditaduras latinoamericanas.
E logo no primeiro item desta lista lemos as seguintes palavras: “Regimes fascistas tendem a fazer uso
constante de lemas patrióticos, slogans, símbolos, músicas e outros apetrechos.
Bandeiras são vistas em todos os lugares, assim como símbolos nacionais em
roupas e demonstrações públicas.“
“Deutschland über alles” (Alemanha
acima de tudo) não foi apenas o hino alemão, mas a trilha sonora do nazismo
durante a Segunda Guerra Mundial e todos os acontecimentos terríveis que
permearam o período. É, no mínimo triste, que 66 anos após a Alemanha retirar a
estrofe de seu hino nacional, estejamos utilizando exatamente o mesmo mote como
slogan oficial de Bolsonaro: “Brasil acima de tudo” (Brazilien über Alles).
O autor do
hino alemão foi o compositor Joseph
Haydn em 1797, a canção foi originalmente composta em
comemoração do aniversário do líder do Sacro Império Romano-Germânico, o
imperador Francisco II. Em
meados de 1840, o império entrava em decadência, mas o movimento de unificação
das nações germânicas ganhava força. Foi então que August Hoffmann compôs uma
nova letra para o hino, enfatizando a ideia de que união era mais importante do
que qualquer coisa. A música começava com o “Deutschland, Deutschland über alles, über alles in der Welt”, ou
“Alemanha, Alemanha acima de tudo, acima de tudo no mundo”.
Foi no dia
11 de agosto de 1922 que o primeiro presidente da República de Weimar, o
social-democrata Friedrich
Ebert, elevou a Canção dos
Alemães à condição de hino nacional (1). Mas foram os nazistas, que
tomaram o poder 11 anos mais tarde que reduziram
o hino à primeira estrofe, adicionando
o seu grito de guerra “Bandeiras
ao alto, cerrar fileiras… e blá, blá, blá...”.
Mesmo hoje a versão “Deutschland über alles” do
hino alemão é motivo de polêmica, sendo que o cidadão alemão, em regra, evita
entoar a música, pelo que ela remete à construção simbólica de
regimes fascistas, capaz de moldar consciências individuais ao desejo do
partido ou de um líder (o que inclui não apenas hinos, mas
bandeiras, uniformes, apetrechos, etc). Mesmo no caso da versão pós 1991, nota-se
ainda que, em execuções públicas, muitos alemães não costumam cantar o hino,
apenas ficando em posição de sentido, em virtude da chaga aberta pelo
nacionalismo extremado.
1. Por incrível que pareça, um governante como Ebert, filiado à II Internacional Socialista, oficializou esta frase que viria a ser o espírito da Alemanha nazista...
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