Zuim em jantar do Clube de Criação no restaurante do Minas Tênis Clube (1) |
Quando cheguei a Beagá, em 1985 para assumir a direção de
criação da ASA, estava com todo o gás. Afinal, era a primeira vez que eu
alcançava este posto. Apesar dos quase vinte anos de janela e exatos quarenta
de vida, fiquei preocupado com a nova função e a responsabilidade a ela
inerentes. Afinal, eram três duplas de criação, um estúdio (que nem me lembro
de quantos profissionais), além da produção gráfica, o tráfego e o RTVC, tudo
sob o meu comando. E eu não conhecia ninguém, pois também nunca trabalhara no
mercado mineiro.
Em determinada ocasião, algum tempo antes, fizera uma
investida em Belo Horizonte, visitando a Setembro. Estive na época com o Almir
Salles, por indicação do meu sogro, que o conhecia, e fui apresentado ao David
Paiva, que era o diretor de criação. Na mesma ocasião rodei bolsinha pela
L&F, ocasião em que conheci o Bosco e o Jura. Mas, minhas férias acabaram e
eu não fechei nada de concreto. Daí, voltei para o Rio de Janeiro.
Mas, anos depois, estava eu ali na ASA. Carlos Areias, com
quem trabalhara na Salles, me chamou para lá. Fui, conversei com o Edgard
Mello, e, quando voltei, pedi demissão da Contemporânea, explicando ao Mauro,
que a minha saída era por um motivo justo. Eu ia ser diretor de criação. Em
suma, uma nova oportunidade em minha carreira. Claro que o Mauro ficou
chateado, mas isso são outros quinhentos (2).
Alguns meses após, já devidamente entrosado com minha equipe
de criação, que incluía o Sérgio Torres, a Lucinha Lobo, e outros profissionais
de primeiro time, tive o convite para me candidatar a presidente do Clube de
Criação de Minas. O clube estava meio parado, segundo eles. O Daniel de
Freitas, muito ocupado com as tarefas de sua nova agência, a DNA, não tinha
muito tempo para se dedicar às tarefas e desafios constantes de um clube que
precisava se firmar no cenário da publicidade mineira.
Acabei topando. Falou-se com o Daniel e me candidatei. Mas,
fiz a proposta de dividir a presidência com dois profissionais. Seria um
“triunvirato”. Entraram na jogada o Jackson Drummond Zuim, diretor de criação
da Livre (3), na época a agência mais criativa do mercado e o Marcus Vinícius
um RTVC da SMP&B, outra agência que despontava no cenário.
Fomos eleitos. Pouco tempo depois, o Marquinhos voltou a
Goiânia, sua terra natal, pois recebera uma proposta irrecusável. Na verdade
nem chegou a assumir o cargo. No seu lugar, entrou o Jenner Leite, um jovem
diretor de arte que estava na RC, outra agência crescendo em Belô. Criamos, o
Zuim e eu, um anúncio gostosíssimo com a frase do Groucho Marx: “Eu não entro
para um clube que me aceite como sócio”, e um texto brilhante do Zuim, o que
não era novidade.
Mas, havia um problema seríssimo. O clube não tinha sede. De
início sacamos a idéia de fazer as “Zorras de Criação”. As “zorras” eram
eventos que aconteciam uma vez por mês, patrocinados pelas agências, que
bancavam um churrasco, ou uns salgadinhos regados a muita cerveja e “golos” da
boa pinga mineira. Porque, detalhe, o clube também não tinha reserva nem
capital de giro. Começamos a organizar as associações, cobrar as mensalidades,
emitir carteirinhas, em suma fazer com que aos poucos tivéssemos algum dinheiro
em caixa... e, claro, uma "cara" de clube.
Paralelamente realizávamos uma reunião de diretoria por
semana. Em bares, e cada um pagando as suas despesas. E eram reuniões que
começavam às oito da noite, e, às vezes acabavam com o raiar do dia. Ainda bem
que geralmente eram feitas às sextas. Mas, até hoje não sei como não bati o
carro, não me estoporei todo numa dessas, pois saia das reuniões “pra lá de
Bagdá”. Muitas das vezes, começávamos num bar e íamos de um para o outro. Na
maioria dessas reuniões, conversas sobre o clube começavam e terminavam no
primeiro bar. Daí em diante era papo de bêbado, piadas e risadas. Um clube
etílico. Na acepção da palavra.
Mas, eu sei que deixamos uma caixa legal. No ano seguinte
quando convocamos as eleições, confesso que estava cansado pra cacete. Doido
para deixar o cargo, mas, apesar dos porres me sentia vitorioso. E a vitória
era tão evidente que fui chamado pelo Chico Bastos, eleito o novo presidente,
para ser o vice-presidente. Não pude recusar, mas... bom aí é outra história.
Um dia desses eu conto.
1. Procurei a “danada” desta foto quando postei um outro caso
do Zuim e não a encontrei. Segue agora.
2. O Mauro Matos nunca gostou que profissionais saíssem da
sua agência. Anos depois, em entrevista ao site do CCRJ ele confirmou isso.
3. Depois da saída do Zuim da direção de criação da Livre, assumi o seu posto naquela agência.
Texto originalmente
publicado no blogue “Casos da Propaganda” em 9/12/ 2012.
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