segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Todo o capitalismo cumprimentou Bolsonaro


Donald Trump e os principais Governos satélites da América Latina cumprimentaram no penúltimo domingo (28/10) o presidente eleito do Brasil, expressando seu desejo de fortalecer as relações bilaterais e trabalhar de mãos dadas. Em alguns casos foi questão de minutos. Argentina, México, Colômbia, Peru e Chile saudaram o resultado de uma eleição que levou a extrema direita ao poder com uma margem de mais de 10 pontos percentuais, inaugurando uma nova era na política do país sul-americano.

As posições políticas de Bolsonaro podem colocar em aperto os presidentes conservadores do continente, sobretudo os mais moderados, mas os laços econômicos e a diplomacia obrigam a um trato cordial. “Nosso desejo (é) para que esta nova etapa do país vizinho seja de bem-estar e união. Esperamos continuar nossa relação de irmandade para fortalecer vínculos políticos, comerciais e culturais”, escreveu o mandatário colombiano, o conservador Iván Duque, em sua felicitação. Antes dele, um comunicado oficial da Chancelaria destacou uma relação estratégica caracterizada pela “bem sucedida cooperação” no âmbito político, comercial e de investimento.

Um dos primeiros em disparar sua mensagem foi o mexicano Enrique Peña Nieto, que no próximo 1º. de dezembro passa a faixa ao esquerdista Andrés Manuel López Obrador. “Em nome do povo e do Governo do México felicito a Jair Bolsonaro por sua eleição como presidente da República Federativa do Brasil, em uma exemplar jornada que reflete a fortaleza democrática desse país”, afirmou pelo Twitter, enquanto seu sucessor, ao menos por enquanto, evitou se pronunciar.

O argentino Mauricio Macri, que há alguns dias já recebeu uma ligação de Bolsonaro para tratar de ações conjuntas, insistiu na colaboração entre os dois Executivos. “Felicitações pelo triunfo no Brasil”, disse. “Desejo que em breve trabalhemos juntos pela relação entre nossos países e o bem-estar de argentinos e brasileiros.” O presidente chileno, o direitista Sebastián Piñera, já tinha afirmado que o programa econômico do Bolsonaro ia numa “boa” direção. Neste domingo aplaudiu “seu grande triunfo eleitoral”. “Felicito ao povo brasileiro por uma eleição limpa e democrática (...). Convido-o a visitar o Chile e estou seguro de que trabalharemos com vontade, força e visão de futuro em favor do bem-estar de nossos povos e da integração”, ressaltou.

O peruano Martin Vizcarra desejou a seu futuro homólogo brasileiro “os maiores sucessos em sua gestão”, uma mensagem semelhante à do equatoriano Lenín Moreno, que expressou “os melhores augúrios” ao ganhador de uma eleição que qualificou de “nova façanha democrática”. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, foi além e, em vez de se ater à cordialidade diplomática, aplaudiu a “mensagem de verdade e paz” do presidente-eleito. “Conta com o compromisso da Secretaria Geral da OEA de trabalhar de forma conjunta pela democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento de região”, disse.

Do outro lado do mundo, na França, o presidente Emmanuel Macron afirmou na segunda feira (29/10), através de um comunicado, que seu país continuará cooperando com o Brasil, inclusive em políticas relacionadas ao meio ambiente. “A França e o Brasil teem uma parceria estratégica baseada em valores comuns de respeito e promoção de princípios democráticos. É no respeito desses valores que a França deseja continuar sua cooperação com o Brasil na resolução de grandes questões, como paz, segurança internacional e meio ambiente, no contexto do Acordo Climático de Paris", afirmou.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que vigiará o respeito pelos direitos humanos no Brasil. "É uma decisão soberana dos brasileiros a quem eleger presidente da República. Como houve alguns comentários preocupantes durante a campanha, só posso dizer que, como um escritório (da ONU), vamos estar muito atentos, porque queremos que, em uma democracia tão importante da América Latina, os direitos humanos continuem a ser respeitados e que a democracia continue consolidada", afirmou a ex-presidente chilena.


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