domingo, 30 de outubro de 2011

Pensatas de domingo


Na Pensata de domingo passado, publiquei neste blogue uma entrevista do pensador Immanuel Wallerstein que provocou algumas discussões quanto a declarações deste acerca de Karl Marx.
Aliás, na ocasião já me referi às declarações como “em grande parte e aspectos bastante polêmicas”, porque sabia que os referidos aspectos levantariam debates.
A essência, no entanto, está no centro da questão do pensamento materialista histórico, no qual o básico, ou seja, a acumulação do capital, a mais valia e a luta de classes (1) são fatores determinantes quanto às posições de Marx em sua análise do capitalismo. Outra coisa: ninguém superou a sua interpretação do sistema. Podem ter acrescentado alguma coisa, mas sempre a partir de suas conclusões.
É também indubitável que o sistema sofreu alterações ao longo desses mais de 150 anos; muitas delas geradas pelas próprias conquistas da classe operária que determinaram adaptações “oportunistas” do capitalismo ao longo da história. Por outro lado, hoje, as condições para uma mudança revolucionária no mundo estão a amadurecer; haja vista o que está acontecendo em Wall Street e em várias outras localidades, até do chamado primeiro mundo. O sistema está realmente caindo de podre, perdendo condições de se sustentar e destruindo-se nas entranhas de suas próprias contradições.
Revoluções somente acontecem no instante em que as condições históricas estejam maduras para que possam se concretizar.

Ao menos 13 soldados estadunidenses foram mortos em um ataque suicida –somente divulgado ontem- em Cabul, capital afegã, quando um carro bomba explodiu um veículo de um comboio da OTAN, segundo testemunho de oficiais presentes no local.
Autoridades dos Estados Unidos citadas pela emissora de televisão CNN ressaltaram que mais detalhes continuam surgindo. Acredita-se que um veículo muito danificado transportava as tropas estrangeiras que estavam no comboio.
Excluindo quedas de helicópteros, este foi o acidente mais mortífero para essas tropas desde que a guerra começou, e que somente este ano já deixou mais de 500 mortos, num total de 2790 desde 2001.
O grupo Taleban assumiu a autoria do ataque em um comunicado divulgado pouco depois, dizendo que lotou um veículo de quatro rodas com 700 kg de explosivos. A região do ataque se encontra sob controle das forças de segurança.

”Os países ocidentais apoiaram Muammar Gaddafi quando isso lhes era vantajoso, mas bombardearam o líder líbio quando ele não servia mais a seus propósitos, a fim de ‘saquear’ o país rico em petróleo”, declarou o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad nesta terça-feira.
“Mostre-me um presidente europeu ou americano que não tenha viajado para a Líbia ou não tenha assinado um acordo com Gaddafi”, disse Ahmadinejad em um discurso transmitido ao vivo e no qual acusou o Ocidente de ordenar a execução do líder líbio. ”Algumas pessoas disseram que eles mataram esse cavalheiro para garantir que ele não pudesse dizer nada, o mesmo que eles fizeram com Bin Laden”, disse
O Irã acusa o Ocidente de ter ajudado a criar o grupo militante muçulmano sunita Al Qaeda, liderado pelo saudita Osama bin Laden, morto pelas forças especiais ianques no Paquistão em maio.
Ahmadinejad disse que a resolução da ONU que aprovou a ação contra Gaddafi foi uma autorização para “saquear” o petróleo líbio.
Poucas vezes li uma declaração tão corajosa, verdadeira e realista da situação na Líbia quanto esta de Ahmadinejad. Merece palmas. De pé!

1. Segundo Marx, luta de classes, é aliás, o motor da história. Não apenas no sistema capitalista, mas ao longo de todos os sistemas anteriores, desde que a sociedade se dividiu em classes.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Os vidros da úlcera


O professor Jorge Vital de Brito Moreira, cujo resumo de currículo está na coluna à direita, nos enviou este conto:

Passou a noite dando voltas na cama incapaz de dormir. Levantou-se, atravessou o quarto e entrou no banheiro. Viu o espelho, aproximou-se e observou as olheiras que marcavam seu rosto esquálido e cansado. Súbito, estendeu a mão, pegou o sabonete e atirou no espelho. Os pedaços do vidro quebrado refletia a raiva que crescia no seu coração.
Enquanto limpava o sangue que corria do corte no braço, lembrava do mal estar que passou no dia anterior quando o patrão lhe chamou ao escritório, fechou a porta e lhe disse:
- John, a partir de amanhã você e os outros operários vão ter de trabalhar um pouco mais porque vou ter de aumentar a jornada de trabalho por mais uma hora. A crise econômica, você sabe, me obriga a fazer isso. Assim, eu preciso que você como supervisor desta firma, informe aos outros da novidade.
- Patrão! – disse John- no mês passado, nós fomos forçados a engolir a sua imposição de aumentar a jornada diária em meia hora de trabalho sem recompensa salarial.
- Eu sei... Eu sei. Eu sinto muito John mas sou obrigado a fazer isso contra a minha vontade para não perder mais dinheiro nesta crise.
- Perder dinheiro! A sua companhia está ganhando mais dinheiro nesta crise que antes dela...
Abriu a porta do escritório e antes de sair, disse:
- Desta vez não podemos aceitar que você queira aumentar os seus lucros sem aumentar o nosso salário. Chega de super-exploração. Desta vez, supervisor ou não, me recuso a informar-lhes desta nova barbaridade. Desta vez, você mesmo vai ter que comunicar.
O patrão não gostou da sua resposta, ficou zangado e ameaçou:
- Tem muita gente lá fora desempregada; e você bem sabe que eles venderiam a própria mãe para tomar o seu lugar nesta fabrica. Por consideração aos seus 20 anos de serviço na companhia e por ser seu amigo, vou tratar de esquecer o que você me disse; porém lhe aconselho a pensar duas vezes antes de se negar a obedecer as minhas ordens... Eu só espero que você não faça a besteira de voltar a cometer tamanha estupidez.
Ele não quis ouvir mais nada. Bateu a porta do escritório, saiu pelo corredor e entrou na oficina para supervisionar os companheiros que lutavam contra o couro, os pregos, os novelos de linha e as máquinas de costurar sapatos.
Parou de supervisionar e sentou-se na cadeira para aliviar as dores que lhe comiam o estomago. Pouco a pouco tomou consciência de que seu sofrimento era infinitamente maior que a úlcera que lhe consumia as tripas. Desejou ter a coragem de um verdadeiro líder para poder comandar os amigos trabalhadores a tocar fogo nesta maldita fábrica. Não só nesta, mas em todas as fábricas como aquela....
Ele ainda não podia acreditar que tenha se entregado ao impulso para dizer as verdades que disse ao patrão. Era inacreditável que tivesse tanta valentia e coragem para desobedecer-lhe e o chamar de mentiroso....
Terminava de colocar o bandaid no corte do braço quando um som de telefone interrompeu o fluxo das lembranças. Saiu do banheiro e foi atender. Reconheceu a voz grossa que do outro lado dizia:
- Escute John, sou eu. Estou telefonando para me desculpar pelas ameaças que lhe fiz. Ontem mesmo me dei conta do meu erro e lhe procurei para me desculpar, mas você já tinha ido embora. Vamos esquecer o que eu disse ontem e volte pro seu trabalho.
John, surpreso mas ainda agitado, disse:
- Patrão! como sou uma pessoa amiga do ser humano posso esquecer e perdoar as suas ameaças de ontem mas como um sujeito...
O Patrão cortou sua fala dizendo:
- John, desejo sinceramente que você não fique zangado. Esqueça a nossa briga e volte pra trabalhar na fábrica sem deixar de ser meu amigo.
John não lhe fez caso e continuou dizendo:
- ...Mas como um sujeito membro da classe trabalhadora eu nunca vou esquecer ou perdoar a sua exploração e a sua dominação. Não, hoje eu não vou trabalhar na fábrica; hoje vou para o centro da cidade para apoiar o movimento contra o capitalismo.
O Patrão ainda insistiu:
- Não fique ressentido homem. Volte para o seu trabalho e conversaremos como amigos. Vamos rir juntos da vida e tratar de ser felizes novamente...
John, agora sem medo, replicou:
- Patrão, não estou ressentido nem acredito que vou ser feliz trabalhando para você. Cada dia que passa estou mais consciente de quem você é e do que você representa. Finalmente posso ver agora o que você foi, o que você é, e será para mim: meu maior inimigo, meu opressor. Não pode haver felicidade para os trabalhadores enquanto a sua classe continuar existindo...
John concluiu o diálogo com o patrão afirmando:
- Mas algum dia, tomara que seja em breve, eu, nós, da classe trabalhadora, não vamos lhe perdoar; nós vamos tomar o poder e vamos acabar com a classe que tem cometido tanta injustiça contra a nossa existência. Só depois de enterrar a sua maldita classe, seremos livres pra construir a justiça social, a autêntica amizade e a verdadeira felicidade.
Sentindo-se revitalizado por ter falado a sua verdade; a verdade da luta de classes, John Shoemaker desligou o telefone e foi preparar-se para unir-se com os companheiros para ocupar Wall Street.

domingo, 23 de outubro de 2011

Pensatas de domingo, ou “O capitalismo está derretendo”


A frase inserida no título acima é de Immanuel Wallerstein (1), que sustenta a tese de que o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. Para ele, vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta. Ou seja, nossas escolhas realmente importam. “Quando o sistema está estável, é relativamente determinista. Mas, quando passa por crise estrutural, o livre arbítrio torna-se importante.”
As declarações, em grande parte e aspectos bastante polêmicas, foram colhidas em 4 de outubro pela jornalista Sophie Shevardnadze, que conduz o programa Interview na emissora de televisão russa RT.

Leiam, a seguir, a entrevista:

Sophie Shevardnadze - Há exatamente dois anos, você disse ao RT que o colapso real da economia ainda demoraria alguns anos. Esse colapso está acontecendo agora?
Immanuel Wallerstein - Não, ainda vai demorar um ano ou dois, mas está claro que essa quebra está chegando.
Sophie - Quem está em maiores apuros: Os Estados Unidos, a União Europeia ou o mundo todo?
Immanuel - Na verdade, o mundo todo vive problemas. Os Estados Unidos e União Europeia, claramente. Mas também acredito que os chamados países emergentes, ou em desenvolvimento – Brasil, Índia, China – também enfrentarão dificuldades. Não vejo ninguém em situação tranquila.
Sophie - Você está dizendo que o sistema financeiro está claramente quebrado. O que há de errado com o capitalismo contemporâneo?
Immanuel - Essa é uma história muito longa. Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo. Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais uns 20, 30 ou 40 anos. Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo. E é claro: podem existir dois pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do capitalismo.
Sophie - Qual a sua visão?
Immanuel - Eu gostaria de um sistema relativamente mais democrático, mais relativamente igualitário e moral. Essa é uma visão, nós nunca tivemos isso na história do mundo – mas é possível. A outra visão é de um sistema desigual, polarizado e explorador. O capitalismo já é assim, mas pode advir um sistema muito pior que ele. É como vejo a luta política que vivemos. Tecnicamente, significa é uma bifurcação de um sistema.
Sophie - Então, a bifurcação do sistema capitalista está diretamente ligada aos caos econômico?
Immanuel - Sim, as raízes da crise são, de muitas maneiras, a incapacidade de reproduzir o princípio básico do capitalismo, que é a acumulação sistemática de capital. Esse é o ponto central do capitalismo como um sistema, e funcionou perfeitamente bem por 500 anos. Foi um sistema muito bem sucedido no que se propõe a fazer. Mas se desfez, como acontece com todos os sistemas.
Sophie - Esses tremores econômicos, políticos e sociais são perigosos? Quais são os prós e contras?
Immanuel - Se você pergunta se os tremores são perigosos para você e para mim, então a resposta é sim, eles são extremamente perigosos para nós. Na verdade, num dos livros que escrevi, chamei-os de “inferno na terra”. É um período no qual quase tudo é relativamente imprevisível a curto prazo – e as pessoas não podem conviver com o imprevisível a curto prazo. Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no dia seguinte ou no ano seguinte. Você não sabe o que fazer, e é basicamente o que estamos vendo no mundo da economia hoje. É uma paralisia, pois ninguém está investindo, já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta. Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe – mas não investir torna a situação ainda pior. As pessoas não sentem que têm muitas opções, e estão certas, as opções são escassas.
Sophie - Então, estamos nesse processo de abalos, e não existem prós ou contras, não temos opção, a não ser estar nesse processo. Você vê uma saída?
Immanuel - Sim! O que acontece numa bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a uma situação relativamente estável. Quando a crise acabar, estaremos em um novo sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente importa. Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona perfeitamente bem. Nesse caso, investimos uma quantidade imensa de energia e, no fim, tudo volta a ser o que era antes. Um pequeno exemplo. Estamos na Rússia. Aqui aconteceu uma coisa chamada Revolução Russa, em 1917. Foi um enorme esforço social, um número incrível de pessoas colocou muita energia nisso. Fizeram coisas incríveis, mas no final, onde está a Rússia, em relação ao lugar que ocupava em 1917? Em muitos aspectos, está de volta ao mesmo lugar, ou mudou muito pouco. A mesma coisa poderia ser dita sobre a Revolução Francesa.
Sophie - O que isso diz sobre a importância das escolhas pessoais?
Immanuel - A situação muda quando você está em uma crise estrutural. Se, normalmente, muito esforço se traduz em pouca mudança, nessas situações raras um pequeno esforço traz um conjunto enorme de mudanças – porque o sistema, agora, está muito instável e volátil. Qualquer esforço leva a uma ou outra direção. Às vezes, digo que essa é a “historização” da velha distinção filosófica entre determinismo e livre arbítrio. Quando o sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, o livre arbítrio torna-se importante. As ações de cada um realmente importam, de uma maneira que não se viu nos últimos 500 anos. Esse é meu argumento básico.
Sophie - Você sempre apontou Karl Marx como uma de suas maiores influências. Você acredita que ele ainda seja tão relevante no século XXI?
Immanuel - Karl Marx foi um grande pensador no século XIX. Ele teve todas as virtudes, com suas ideias e percepções, e todas as limitações, por ser um homem do século XIX (2). Uma de suas grandes limitações é que ele era um economista clássico, e era determinista demais. Ele viu que os sistemas tinham um fim, mas achou que esse fim se dava como resultado de um processo de revolução. Eu estou sugerindo que o fim é reflexo de contradições internas. Todos somos prisioneiros de nosso tempo, disso não há dúvidas. Marx foi um prisioneiro do fato de ter sido um pensador do século XIX; eu sou prisioneiro do fato de ser um pensador do século XX.
Sophie - Do século 21, agora…
Immanuel - É, mas eu nasci em 1930, eu vivi 70 anos no século XX, eu sinto que sou um produto do século XX. Isso provavelmente se revela como limitação no meu próprio pensamento.
Sophie - Quanto – e de que maneiras – esses dois séculos se diferem? Eles são realmente tão diferentes?
Immanuel - Eu acredito que sim. Acredito que o ponto de virada deu-se por volta de 1970. Primeiro, pela revolução mundial de 1968, que não foi um evento sem importância. Na verdade, eu o considero o evento mais significantes do século XX. Mais importante que a Revolução Russa e mais importante que os Estados Unidos terem se tornado o poder hegemônico, em 1945. Porque 1968 quebrou a ilusão liberal que governava o sistema mundial e anunciou a bifurcação que viria. Vivemos, desde então, na esteira de 1968, em todo o mundo.
Sophie - Você disse que vivemos a retomada de 68 desde que a revolução aconteceu. As pessoas às vezes dizem que o mundo ficou mais valente nas últimas duas décadas. O mundo ficou mais violento?
Immanuel - Eu acho que as pessoas sentem um desconforto, embora ele talvez não corresponda à realidade. Não há dúvidas de que as pessoas estavam relativamente tranquilas quanto à violência em 1950 ou 1960. Hoje, elas têm medo e, em muitos sentidos, têm o direito de sentir medo.
Sophie - Você acredita que, com todo o progresso tecnológico, e com o fato de gostarmos de pensar que somos mais civilizados, não haverá mais guerras? O que isso diz sobre a natureza humana?
Immanuel - Significa que as pessoas estão prontas para serem violentas em muitas circunstâncias. Somos mais civilizados? Eu não sei. Esse é um conceito dúbio, primeiro porque o civilizado causa mais problemas que o não civilizado; os civilizados tentam destruir os bárbaros, não são os bárbaros que tentam destruir os civilizados. Os civilizados definem os bárbaros: os outros são bárbaros; nós, os civilizados.
Sophie - É isso que vemos hoje? O Ocidente tentando ensinar os bárbaros de todo o mundo?
Immanuel - É o que vemos há 500 anos.

1. Sociólogo estadunidense (Nova Iorque, 1930), mais conhecido pela sua contribuição à teoria do “sistema mundo”, que o tornou um símbolo da crítica ao capitalismo global e originou o seu apoio aos movimentos anti sistêmicos. No Brasil, seus artigos são publicados nas revistas ”Fórum” e na virtual “Outras Palavras” http://www.outraspalavras.net/ , que nos proporcionou a tradução acima.

2. De forma diferente do que pensava Marx, Wallerstein acredita que o sistema não sucumbirá num ato heróico, mas sim desabará sobre suas próprias contradições. No entanto, é importante ressaltar que, opostamente a certos críticos “mecanicistas” do pensador alemão (desde Kautsky), ele não está sugerindo que as ações humanas sejam irrelevantes.
Alem do mais não é dialético pensar que algumas concepções de Marx não poderiam sofrer a ação do tempo e das transformações do próprio sistema ao longo do processo histórico.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A guerra acabou?


A morte de Kadafi não significa a velha máxima de “rei morto, rei posto” de forma tão simplista. Na verdade as contradições na Líbia são muito mais complexas do que se possa imaginar. A começar pela rivalidade entre as tribos que integam o grupo de rebeldes que o derrotaram.
Na realidade, quem ganhou a guerra foram os intensos bombardeios da OTAN e o apoio dos Estados Unidos e seus comparsas, suprindo as forças “vitoriosas” de sofisticados e modernos armamentos, sem os quais não teriam conseguido o seu intento.
Sem dúvida que Kadafi era um ditador. Mas o que virá por aí? Sem dúvida uma outra ditadura. Talvez pior, pois se o primeiro, pelo menos fez algum esforço social investindo em creches, saúde e educação, não se sabe quais serão as medidas do(s) seu(s) sucessor(es)... O certo é que vai haver uma tentativa da composição de um governo que possa agradar às tribos rivais; já em sangrenta disputa pelo poder.
Pelo menos, e obviamente vai ser um governo que não poderá sequer tentar manter as ricas reservas de petróleo sobre o domínio da Líbia, motivo que originou a invasão do país pelo ocidente, a derrubada e morte do governante.
Findo a primeira etapa deste jogo de xadrez, ficou evidente que no Paquistão houve um “teatro barato” e sem provas conclusivas. A exibição do corpo de Kadafi nos leva a uma pergunta elementar: por que não exibiram o supostamente morto Osama bin Laden e o jogaram apressadamente no oceano?

Os caminhos da revolução passam pela Grécia


A cada dia a situação na Grécia está se tornando mais revolucionária. O país foi paralisado por uma onda de greves, agora centradas no setor público e nas empresas estatais. Esta é a resposta que os trabalhadores estão a dar na tentativa de se livrarem dos pesados ataques do governo. Estas greves foram precedidas pelo movimento de ocupação estudantil nas universidades e escolas no mês de setembro, e há mobilizações nos locais de trabalho onde se encontram os sindicatos mais poderosos da classe trabalhadora, que estão ocupando muitos prédios governamentais.
Pela primeira vez os setores estatais têm o apoio da maioria esmagadora dos trabalhadores desempregados e do setor privado. A percepção de que estes setores (funcionários públicos) eram privilegiados, não existe mais porque é precisamente ele que se encontra no alvo das medidas mais recentes, com demissões em massa e cortes de até 50% em seus salários. A linha que dividia e separava os trabalhadores públicos e privados não existe mais e isso é resultante dos ataques desesperados realizados pelo governo.
Agora, também no setor privado, vemos uma gigantesca investida do governo com a nova lei exigida pela equipe constituída por responsáveis da UE e FMI que negociaram as condições de resgate financeiro na Grécia (tambem na Irlanda e Portugal), apresentada ao parlamento na última semana, a qual visa reduzir o salário mínimo de 750 para 550 euros, desprezando o Acordo Coletivo Geral Nacional e os demais acordos coletivos setoriais. O resultado de tudo isso é que a atmosfera entre os trabalhadores tem se tornado mais e mais militante.
O clima está amadurecendo e indo além da greve geral de 48 horas, iniciada na última 4ª feira. A ideia de que é preciso fazer uma greve total --e política-- está clara, e significa uma virada da situação na Grécia. É a expressão da intensa raiva gerada no seio dos trabalhadores em todo o país, que não estava preparado para segurar todos os ataques que estão acontecendo. A luta de classes declarada que está acontecendo ali é um importante marco para a revolução anti capitalista mundial.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Os protestos se agigantam


Segue abaixo a íntegra do importante pronunciamento da jornalista canadense Naomi Klein aos ocupantes de Wall Street, movimento que se espalhou por mais de 1.000 cidades em todo o mundo, protestando contra o sistema capitalista e a injustiça social, numa demonstração de insatisfação das massas populares. Em São Paulo os manifestantes tambem continuam acampados no Vale do Anhangabau.

“Eu amo vocês.
E eu não digo isso só para que centenas de pessoas gritem de volta “eu também te amo”, apesar de que isso é, obviamente, um bônus do microfone humano. Diga aos outros o que você gostaria que eles dissessem a você, só que bem mais alto.
Ontem, um dos oradores na manifestação dos trabalhadores disse: “Nós nos encontramos uns aos outros”. Esse sentimento captura a beleza do que está sendo criado aqui. Um espaço aberto (e uma ideia tão grande que não pode ser contida por espaço nenhum) para que todas as pessoas que querem um mundo melhor se encontrem umas às outras. Sentimos muita gratidão.
Se há uma coisa que sei, é que o 1% adora uma crise. Quando as pessoas estão desesperadas e em pânico, e ninguém parece saber o que fazer: eis aí o momento ideal para nos empurrar goela abaixo a lista de políticas pró-corporações: privatizar a educação e a seguridade social, cortar os serviços públicos, livrar-se dos últimos controles sobre o poder corporativo. Com a crise econômica, isso está acontecendo no mundo todo.
Só existe uma coisa que pode bloquear essa tática e, felizmente, é algo bastante grande: os 99%. Esses 99% estão tomando as ruas, de Madison a Madri, para dizer: “Não. Nós não vamos pagar pela sua crise”.
Esse slogan começou na Itália em 2008. Ricocheteou para Grécia, França, Irlanda e finalmente chegou a esta milha quadrada onde a crise começou.
“Por que eles estão protestando?”, perguntam-se os confusos comentaristas da TV. Enquanto isso, o mundo pergunta: “por que vocês demoraram tanto? A gente estava querendo saber quando vocês iam aparecer.” E, acima de tudo, o mundo diz: “bem-vindos”.
Muitos já estabeleceram paralelos entre o Ocupar Wall Street e os assim chamados protestos antiglobalização que conquistaram a atenção do mundo em Seattle, em 1999. Foi a última vez que um movimento descentralizado, global e juvenil fez mira direta no poder das corporações. Tenho orgulho de ter sido parte do que chamamos “o movimento dos movimentos”.
Mas também há diferenças importantes. Por exemplo, nós escolhemos as cúpulas como alvos: a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o G-8. As cúpulas são transitórias por natureza, só duram uma semana. Isso fazia com que nós fôssemos transitórios também. Aparecíamos, éramos manchete no mundo todo, depois desaparecíamos. E na histeria hiper-patriótica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi fácil nos varrer completamente, pelo menos na América do Norte.
O Ocupar Wall Street, por outro lado, escolheu um alvo fixo. E vocês não estabeleceram nenhuma data final para sua presença aqui. Isso é sábio. Só quando permanecemos podemos assentar raízes. Isso é fundamental. É um fato da era da informação que muitos movimentos surgem como lindas flores e morrem rapidamente. E isso ocorre porque eles não têm raízes. Não têm planos de longo prazo para se sustentar. Quando vem a tempestade, eles são alagados.
Ser horizontal e democrático é maravilhoso. Mas esses princípios são compatíveis com o trabalho duro de construir e instituições que sejam sólidas o suficiente para aguentar as tempestades que virão. Tenho muita fé que isso acontecerá.
Há outra coisa que este movimento está fazendo certo. Vocês se comprometeram com a não-violência. Vocês se recusaram a entregar à mídia as imagens de vitrines quebradas e brigas de rua que ela, mídia, tão desesperadamente deseja. E essa tremenda disciplina significou, uma e outra vez, que a história foi a brutalidade desgraçada e gratuita da polícia, da qual vimos mais exemplos na noite passada. Enquanto isso, o apoio a este movimento só cresce. Mais sabedoria.
Mas a grande diferença que uma década faz é que, em 1999, encarávamos o capitalismo no cume de um boom econômico alucinado. O desemprego era baixo, as ações subiam. A mídia estava bêbada com o dinheiro fácil. Naquela época, tudo era empreendimento, não fechamento.
Nós apontávamos que a desregulamentação por trás da loucura cobraria um preço. Que ela danificava os padrões laborais. Que ela danificava os padrões ambientais. Que as corporações eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com vocês, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econômico baseado na ganância era algo difícil de se vender, pelo menos nos países ricos.
Dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.
A questão é que hoje todos são capazes de ver que o sistema é profundamente injusto e está cada vez mais fora de controle. A cobiça sem limites detona a economia global. E está detonando o mundo natural também. Estamos sobrepescando nos nossos oceanos, poluindo nossas águas com fraturas hidráulicas e perfuração profunda, adotando as formas mais sujas de energia do planeta, como as areias betuminosas de Alberta. A atmosfera não dá conta de absorver a quantidade de carbono que lançamos nela, o que cria um aquecimento perigoso. A nova normalidade são os desastres em série: econômicos e ecológicos.
Estes são os fatos da realidade. Eles são tão nítidos, tão óbvios, que é muito mais fácil conectar-se com o público agora do que era em 1999, e daí construir o movimento rapidamente.
Sabemos, ou pelo menos pressentimos, que o mundo está de cabeça para baixo: nós nos comportamos como se o finito – os combustíveis fósseis e o espaço atmosférico que absorve suas emissões – não tivesse fim. E nos comportamos como se existissem limites inamovíveis e estritos para o que é, na realidade, abundante – os recursos financeiros para construir o tipo de sociedade de que precisamos.
A tarefa de nosso tempo é dar a volta nesse parafuso: apresentar o desafio à falsa tese da escassez. Insistir que temos como construir uma sociedade decente, inclusiva – e ao mesmo tempo respeitar os limites do que a Terra consegue aguentar.
A mudança climática significa que temos um prazo para fazer isso. Desta vez nosso movimento não pode se distrair, se dividir, se queimar ou ser levado pelos acontecimentos. Desta vez temos que dar certo. E não estou falando de regular os bancos e taxar os ricos, embora isso seja importante.
Estou falando de mudar os valores que governam nossa sociedade. Essa mudança é difícil de encaixar numa única reivindicação digerível para a mídia, e é difícil descobrir como realizá-la. Mas ela não é menos urgente por ser difícil.
É isso o que vejo acontecendo nesta praça. Na forma em que vocês se alimentam uns aos outros, se aquecem uns aos outros, compartilham informação livremente e fornecem assistência médica, aulas de meditação e treinamento na militância. O meu cartaz favorito aqui é o que diz “eu me importo com você”. Numa cultura que treina as pessoas para que evitem o olhar das outras, para dizer “deixe que morram”, esse cartaz é uma afirmação profundamente radical.
Algumas ideias finais. Nesta grande luta, eis aqui algumas coisas que não importam:
Nossas roupas.
Se apertamos as mãos ou fazemos sinais de paz.
Se podemos encaixar nossos sonhos de um mundo melhor numa manchete da mídia.
E eis aqui algumas coisas que, sim, importam:
Nossa coragem.
Nossa bússola moral.
Como tratamos uns aos outros.
Estamos encarando uma luta contra as forças econômicas e políticas mais poderosas do planeta. Isso é assustador. E na medida em que este movimento crescer, de força em força, ficará mais assustador. Estejam sempre conscientes de que haverá a tentação de adotar alvos menores – como, digamos, a pessoa sentada ao seu lado nesta reunião. Afinal de contas, essa será uma batalha mais fácil de ser vencida.
Não cedam a essa tentação. Não estou dizendo que vocês não devam apontar quando o outro fizer algo errado. Mas, desta vez, vamos nos tratar uns aos outros como pessoas que planejam trabalhar lado a lado durante muitos anos. Porque a tarefa que se apresenta para nós exige nada menos que isso.
Tratemos este momento lindo como a coisa mais importante do mundo. Porque ela é. De verdade, ela é. Mesmo.”

domingo, 16 de outubro de 2011

Pensatas de domingo

Vassouras contra a corrupção em frente ao Congresso em Brasília
Avaaz (1) completou 10 milhões de assinantes em todo o mundo. Segundo sua própria definição, “Avaaz, que significa ‘voz’ em várias línguas européias, do oriente médio e asiáticas, foi lançada em 2007 com uma simples missão democrática: mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem. “
Muitas lutas foram, e estão sendo realizadas, com vitórias por esta organização, facilitada pela agilidade da internet, ao intervir em causas internacionais urgentes, desde a pobreza global até os conflitos no Oriente Médio ou às mudanças climáticas.
Acesse o Avaaz, inscreva-se e receba os seus boletins sobre cada novo movimento. Ela é uma importante mídia independente a qual devemos e podemos prestigiar. Em troca, informações sobre acontecimentos que são escondidos e/ou omitidos pela grande imprensa.

Os protestos contra a corrupção que ocorreram em dezenas de cidades no Brasil, não consideraram um fator elementar: no sistema capitalista não há parlamento sem corrupção! Os interesses e a riqueza da classe dominante compram os congressistas a partir de grandes investimentos em suas campanhas eleitorais, o que já os deixa com o “rabo preso”. Para alem disso os lobbies continuam a tarefa de comprar políticos a todo instante.
Valem o esforço da empreitada e as “vassourinhas” verde e amarelas espetadas nos chãos pelo Brasil afora, mas...

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, advertiu nesta quinta feira que "pouco" se transmite sobre a repressão a protestos nos Estados Unidos e na Europa, e culpou o capitalismo por toda a "convulsão" atual.
"Vejam vocês a repressão nos EUA, o pouco que transmitem, também na Grécia e em toda a Europa. O mundo está convulso", disse Chávez, referindo-se às manifestações dos últimos dias em várias cidades dos EUA, como Washington, Nova Iorque, Boston, Los Angeles, São Francisco e Chicago, assim como em vários países europeus.
O líder venezuelano atribuiu a "convulsão" ao capitalismo, um sistema que qualificou como "contrário à vida e ao ser humano".

O fato é que as manifestações, originadas na Espanha e seguidas em Wall Street contra o sistema e a exploração se espalharam pela Europa e todos os continentes. É a voz do povo!

Uma grande quantidade de lixo hospitalar dos Estados Unidos foi apreendida no porto de Suape em Pernambuco. Ao investigar, a Saúde Pública e o Ibama chegaram a lençóis e jalecos manchados de sangue com nomes de hospitais dos EUA sendo vendidos a quilo por R$ 10,00 (dez reais) em uma loja de uma das principais ruas de Santa Cruz do Capibaribe, cidade de 87 mil habitantes naquele Estado. Mas, o pior é que a empresa pernambucana responsável pelos dois contêineres apreendidos revelou que irá receber outros 14 vindos dos Estados Unidos na próxima semana.
Depois que soube das experiências com doenças venéreas promovidas pelos ianques na década de 1940, fico desconfiado que estas remessas possam ser muito além de uma “limpa” de lixo hospitalar, o que por si só já se constituiria em uma atitude de proporções criminosas.

Nota-se o silêncio da Rede Globo sobre os Jogos Pan Americanos 2011 em Guadalajara, coincidentemente este ano em que, pela primeira vez perderam o direito exclusivo das transmissões para a Record.

Os estudantes chilenos, que vinham realizando protestos a favor de uma educação gratuita de qualidade, conseguiram uma expressiva vitória em plebiscito organizado por eles e pelo Colégio dos Professores (não aceito oficialmente pelo governo) realizado naquele país, no qual venceram com 87,15% dos votos.
E no Brasil? Não se notam movimentações neste sentido a não ser esporadicamente em alguma nota aqui, outra ali... Pelo jeito, vamos continuar privatizando cada vez mais, tanto a educação quanto a saúde.

Teerã rebateu como “amadoras” as acusações dos Estados Unidos a um complô para assassinar Abel Al Jubeir, o embaixador da Arábia Saudita em Washington. Em declarações o Ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antônio Patriota admitiu “lacunas” nas provas estadunidenses contra os iranianos.
O que fica evidente é que estão mesmo preparando o terreno para uma intervenção no Irã. Com todo apoio do Estado (sionista) de Israel.

Esta semana me veio à memória uma recordação de infância, talvez a mais antiga que tenha de meu pai. Foi num dia em que ele chegou em casa com um pequeno marionete de “Carlitos”. Lembrei-me que fiquei fascinado com o bonequinho a se mexer de forma mágica, pois ele colocou apenas uma luz direcionada para a figura na sala escura, e a movimentava mexendo as suas pernas, provavelmente os seus braços. São lampejos, frações... Tão longínquas que somente agora as resgatei. A poesia é algo inesquecível!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O protestos em Wall Street. Ao vivo e a cores



“Por que eles estão protestando?’, perguntam-se os confusos comentaristas da TV. Enquanto isso, o mundo pergunta: ‘por que vocês demoraram tanto? A gente estava querendo saber quando vocês iam aparecer.’ E, acima de tudo, o mundo diz: ‘bem-vindos’. Dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.”
Naomi Klein (Autora de “A doutrina do Choque”)

Na semana passada o Professor Jorge Moreira nos enviou uma matéria sobre o movimento “Ocupar Wall Street”, que foi postado na sexta feira, 7 de outubro.
Assista no vídeo acima, cenas de um dos dias em que as forças de repressão efetuaram mais prisões –cerca de 700– durante manifestações na Ponte do Brooklin, quando o povo estadunidense extravasava seu protesto ao sistema capitalista e sua intrínseca exploração, mais abusiva a cada dia que passa.
Em pouco mais de três semanas, o movimento cresceu e se espalhou por dezenas de grandes e médias cidades nos Estados Unidos da costa leste à costa oeste, inclusive Washington.
Parte do expressivo silêncio da mídia nesse tempo se explica pelo compromisso dos manifestantes com a Não Violência. Não houve vitrines quebradas, saques ou incêndios que pudessem provocar comoções em nome da “lei e da ordem”, que sempre atraem a imprensa e os tornam vulneráveis a críticas. A outra parte, claro, deve-se ao objetivo desta mídia em não divulgar os acontecimentos.
Para completar, voltando ao que disse a jornalista e ativista canadense Naomi Klein durante seu pronunciamento em Wall Street (1): “(...) O meu cartaz favorito aqui é o que diz ‘eu me importo com você’. Numa cultura que treina as pessoas para que evitem o olhar das outras, para dizer ‘deixe que morram’, esse cartaz é uma afirmação profundamente radical...”

1. Leia a íntegra do discurso de Naomi em:

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Cairá Quem Caiu?

A equipe do CQC, tendo em primeiro plano Marcelo Tás e ao fundo Rafinha Bastos
Um imbróglio mais complexo do que poderia se supor, o incidente entre a Band e Rafinha Bastos após a piada sobre Wanessa Camargo. Por trás disso está a produtora original do programa: a Eyeworks (ex Cuatro Cabezas), de origem argentina, mas atualmente uma empresa holandesa, que tem produções no formato do CQC (Custe o Que Custar) na Argentina, Espanha, Itália, Portugal (1), Chile e México, países onde se chama CQC (Caiga Quién Caiga).
A Eyeworks alega não ter gostado da postura da emissora televisiva porque o teor do CQC em todo o mundo é a descontração e a irreverência. Para quem não se recorda, a Band suspendeu a participação do humorista após ele ter declarado que “comeria” a cantora e o bebê, já que ela está grávida. Sem dúvida uma piada “apimentada” (3), digamos assim... Mas o fato é que agora o próprio Rafinha declarou que não quer voltar, e há o risco da rede perder o programa para a Record ou o SBT, que estão como abutres na espreita, quanto ao desenrolar dos acontecimentos.
A Band, no entanto, garante que o seu contrato com a Eyeworks vai até 2015.
A produtora, para alem disto alega que o CQC é um dos principais programas da Band (que não tem um Ibope lá tão bom em outros horários). Aliás, existem vários outros gerados pela produtora, como A Liga e o Agora é Tarde, talk show de Danilo Gentili (que faz parte da equipe do CQC) que começou em apenas um dia na semana e hoje se estende a três já se constituindo na segunda audiência da emissora, O seu congênere, Programa do Jô (Globo), encontra-se em momento de visível decadência.
Mas, afinal quem vai cair neste custe o que custar da vida?

1. Na Argentina onde se originou o CQC, o programa existe desde 1995.
1. Em Portugal o nome também é Caia Quem Caia.
3. Hoje, então com tal do “politicamente correto”, humor ficou uma atividade muito difícil...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um bom ritmo para esta semana



Saudades de Leny Andrade! A grande Leny do Bottle’s Bar no inesquecível “Beco das Garrafas”. A mesma do espetáculo “Gemini V” com Pery Ribeiro e do “Bossa Três”. E uma das responsáveis pelo surgimento do Tamba Trio.
Tem muito tempo que não a vejo no Brasil. Mas não custa recordar a bossa, a jinga e a musicalidade desta intérprete emblemática de nossa música; no melhor que ela tem. Aqui, interpretando “Flor de Liz” (Djavan), muito bem acompanhada da pianista californiana Stephanie Ozer e sua excelente banda de Jazz e Brazilian Jazz.
Boa semana a todos...

domingo, 9 de outubro de 2011

Pensatas de domingo, pensamento do dia, universidades, chicotadas...


“Os dias de gastar dinheiro que não temos
em coisas das quais não precisamos
para impressionar as pessoas com as quais
não nos importamos chegaram ao fim.”

Tim Jackson

Achei muito apropriado este pensamento, pois ele, particularmente no momento em que a crise capitalista se agrava, tem tudo a ver com uma crítica à sociedade de consumo, seus valores supérfluos e voláteis.

E por falar em consumismo, é um absurdo o que está a acontecer com o Shopping Norte em São Paulo, construído sobre um antigo “lixão” (1), que apresenta forte risco de explodir sem aviso prévio. A questão é que os proprietários entraram com uma liminar para desobedecer à sua impossibilidade de permanecer aberto, colocando em risco a vida de milhares de pessoas que o frequentam.
Depois de semanas de impasses, na última 5ª feira a prefeitura da cidade conseguiu fechá-lo após mais evidências de grande vazamento de gás metano em novas medições. No dia seguinte já estava reaberto...

No ranking das 200 melhores universidades do mundo, o Brasil aparece com apenas uma, a USP. E mesmo assim lá na rabada, em 178º lugar. Aliás, a única na América ao sul do Rio Grande. Consequência clara de uma política de séculos de colonização cultural em todos este pedaço do mundo destinado ao subdesenvolvimento e ao atraso. Em outras palavras: a estar “deitado eternamente em berço esplêndido!”

Voltando à “novela” do “Toddynho”; pela primeira vez, a PepsiCo admitiu que houve falhas no processo produtivo em sua fábrica de Guarulhos (São Paulo). O erro fez com que embalagens contivessem produtos de limpeza no lugar do achocolatado. Na linha de montagem da fábrica --que funciona 24 horas e produz mais de um milhão de unidades por dia--, o produto já pronto é levado dos tanques, por tubulações, até as máquinas que o envasa. Salve-se quem puder!

Chicotadas na cadeia? Sim, esta foi a proposta feita pelo Senador Reditário Cassol (PP/RO), para ser aplicada em presos que não querem trabalhar. Segundo suas próprias palavras: “criar facilidade para pilantra, vagabundo, sem-vergonha, que devia estar atrás da grade de noite e de dia trabalhar, e quando não trabalhasse de acordo, o chicote voltar, que nem antigamente”. Mas que antigamente será este?

Havia pensado em postar alguma nota sobre as manifestações em Wall Street, mas o fato é que o Professor Jorge Moreira me enviou uma excelente matéria que publiquei na sexta à noite.
Obtenham mais informações e solidarizem-se com o movimento do povo estadunidense em Wall Street acessando:

No Oriente Médio, os Estados Unidos e membros da OTAN forçaram o reconhecimento --pela ONU-- dos rebelados na Líbia, mantêm bombardeios intensos e diários sobre a pequena Sirte, propagada pela grande mídia como “o último baluarte do regime de Kadafi”, mas até agora não podem declarar uma vitória. Até porque as tribos “vitoriosas” (?) se atracam umas contra as outras em Trípoli.
Não foi à toa quando eu disse que esta guerra seria um complicado jogo de xadrez.

Enquanto isto, na Síria...

Começou na última 5ª feira (06/10) o Festival do Rio 2011, que fica em cartaz até o dia 18 de outubro. Tem filme pra todo gosto. O problema, como sempre, é adequar horários e cinemas. Sempre achei um tanto quanto confusa a programação (2).

1. Estranho que somente agora tenha surgido o problema, pois este shopping é antigo, tendo sido inaugurado em 1984.

2. Caso queiram conferir:

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tem Wall Street os dias contados?


Mais um texto do Professor Jorge Moreira, cujo currículo resumido está na coluna ao lado.

Diz o ditado popular: “não se pode tapar a luz do sol com o telefone celular”.

Todos aqueles que se deixaram iludir pelo uso da tecnologia e pelo discurso ideológico em prol do capitalismo estão atualmente surpreendidos pelo reaparecimento e expansão dos movimentos de protesto contra o neoliberalismo e a globalização capitalista.

Todos aqueles que dormiram sonhando que as palavras “luta de classes” e sua realidade social haviam deixado de existir na nossa sociedade globalizada, despertaram confundidos com a “ressurreição” da “guerra de classes” nos países da Europa, da América do Norte, da América do Sul, da Ásia e da África.

A eclosão, aumento e expansão dos movimentos de resistência contra o capitalismo na Grécia, na Islândia, no Egito, na Espanha, no Chile e nos EUA, se revelaram como prova cabal da necessidade de terminar com a dominação, a exploração, e a miséria produzidas pelo neoliberalismo e pela globalização (pela expansão do imperialismo) capitalista. Assim, os atuais movimentos de protestos respondem a um processo histórico onde, cada dia que passa, os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres na nossa sociedade.

Vejamos por exemplo o movimento de protesto "Vamos Ocupar Wall Street". Ele está crescendo diariamente e está se espalhando por outras cidades dos EUA: Boston, Chicago, Los Angeles, Portland, São Francisco, entre outras. Os manifestantes têm falado: "Nós, os 99% deste país não vamos mais tolerar a ganância e a corrupção do 1% restante".

Para aqueles que ainda se recusam a explicar o processo de enriquecimento da pequena minoria através da dominação e da exploração da grande maioria, gostaria de mostrar-lhes os novos dados sobre o aumento do empobrecimento da classe trabalhadora e da classe média neste país:

Recentemente, o censo dos EUA informou que 46,2 milhões de americanos viviam na pobreza em 2010 (2,6 milhões de aumento sobre 2009) para chegar a 15,1 por cento, a maior taxa de pobreza desde 1993. Em termos de números, é o maior total já registrado pelo censo desde que começou a medir essa categoria, há 52 anos. Em resumo, os dados do censo mostram que um de cada seis estadunidenses vive na pobreza e que o poder da classe média estadunidense vai se esgotando com o avanço do neoliberalismo.

Por isso (mesmo com a sabotagem e a ocultação da informação por parte da mídia), o movimento "Vamos ocupar Wall Street" continua crescendo e se fortalecendo progressivamente com a adesão dos sindicatos e dos estudantes que têm se juntado às marchas de protesto contra o aumento do desemprego e da repressão policial contra os manifestantes.

Faz pouco dias, por exemplo, foi dado início a uma ação judicial contra a prisão em massa de 700 pessoas que participaram no sábado passado, de uma marcha na Ponte do Brooklyn durante as manifestações do movimento.
A ação acusa o Departamento de Polícia de Nova York de um "esforço premeditado, planejado, preparado com antecedência e calculado para limpar as ruas de manifestantes e perturbar o crescente movimento de protesto naquela cidade."
Os protestos de "Vamos ocupar Wall Street" entraram agora numa nova fase, pois na quarta feira passada o movimento pôde produzir a maior concentração de pessoas até aquela data. Isso se deve a que os sindicatos municipais da cidade e os estudantes universitários começaram a se juntar aos manifestantes na marcha pelo município.
Deve-se também a adesão de um conjunto de intelectuais e artistas da esquerda política dos Estados Unidos: o filósofo Noam Chomsky, o cineasta e ativista Michael Moore, a artista Yoko Ono (viúva do Beatle John Lennon), Susan Sarandon.
Na ultima manifestação do movimento “Vamos Ocupar Wall Street” (na quarta feira passada, dia 5 de outubro), milhares de pessoas encheram as ruas do centro de Nova York para participar do maior protesto realizado até hoje. Dezenas de milhares de pessoas, junto aos membros dos sindicatos de massa e dos estudantes, marcharam desde a Praça da Liberdade Foley Square até o local do acampamento de protesto onde centenas de manifestantes estão dormindo durante quase três semanas.
Atualmente, para milhões de pessoas dos EUA e outros países do mundo, Wall Street é símbolo do que existe de pior na realidade neoliberal e anti democrática. Para elas, Wall Street representa a financeirização da economia, onde os recursos do Estado e os investimentos são controlados pelo capital financeiro que está destruindo as indústrias, o emprego e prejudicando muitos outros setores produtivos.

Wall Street é fonte de uma grande desigualdade e injustiça social no país. Em Manhattan, na cidade de Nova York, um 1% da população (uma minoria) controla 60% da riqueza.

Wall Street também é, para muitos, a fonte da mais alta corrupção por causa de sua influência e financiamento das campanhas políticas dos presidentes e outros cargos políticos. Assim, o setor financeiro tem dado dinheiro para membros de ambos partidos: republicanos e democratas.

Ultimamente muitos estadunidenses também estão se dando conta de que o presidente democrata Obama foi comprado pelo capital financeiro de Wall Street.

Apesar do crescimento do movimento, existem críticas ao mesmo pelos dois lados: o da direita e o da esquerda política dos EUA. Neste texto só comentaremos algumas criticas da esquerda, pois, como sabemos, a direita estadunidense só manifesta o seu interesse para conservar a ordem social vigente, além de contar com o serviço da grande mídia dos EUA (Fox, CNN, ABC, NBC e outras) para defender seus interesses e as suas críticas ao movimento.
Por isso vou comentar rapidamente duas das críticas da esquerda ao movimento que me parecem pertinentes.
A primeira crítica tem que ver com seu objetivo central: "que o presidente Barack Obama ordene uma Comissão Presidencial que seja encarregada de pôr fim à influencia que o dinheiro tem nos nossos representantes em Washington".
A segunda esta relacionada à heterogeneidade (diferentes mentalidades) dos indivíduos e dos grupos e com a falta de líderes que sejam capazes de criar uma organização para gerar as ideias, os compromissos e as atitudes que sejam consequentes com os objetivos estabelecidos coletivamente.
Na primeira crítica se levanta a questão da ingenuidade do objetivo (ou demanda) já que muitos duvidam (com razão) de que o presidente Barack Obama tenha poder ou vontade política para atuar contra os grupos financeiros que sustentam a sua campanha política e a dos representantes democratas.
Na segunda crítica se levanta a questão da falta de uma organização do movimento já que sua falta o deixaria débil, a mercê da manipulação política dos partidos existentes, sobretudo, da manipulação do partido democrata que historicamente tem atuado efetivamente nesta direção.
No início, o partido democrata aparece como se estivesse apoiando as demandas do movimento, logo começa a atuar para esvaziá-las do seu conteúdo rebelde, finalmente trata de capitalizar os membros do movimento para votar a favor dos democratas nas eleições em turno.
Historicamente, esse tipo de atuação do Partido Democrata tem esvaziado e frustrado a luta dos movimentos sociais por objetivos progressistas. Um exemplo recente deste tipo de manipulação foi conseguir esvaziar o movimento dos jovens contra a Guerra do Iraque, pois o objetivo central do partido era anexar os participantes do movimento à campanha presidencial do candidato democrata John Kerry. A derrota da luta foi dupla: nem John Kerry ganhou as eleições, nem o movimento contra a guerra do Iraque pode levantar o voo que necessitava.
Diante da proximidade das eleições presidenciais nos EUA, não duvido da consideração de que o partido democrata vai tentar mais uma vez frustrar, esvaziar e paralisar a luta política contra “Wall Street”, o neoliberalismo e a globalização.
Desde meu ponto de vista, as duas críticas são importantes e necessárias para chamar a atenção aos perigos que o movimento está exposto, pois dadas as experiências políticas vividas e aprendidas, nenhuma reforma econômica, social e política importante podem ser obtida através da participação do Partido Democrata e muito menos dos republicanos.
Nesse ponto, a minha sugestão seria que deveríamos deixar de perder nosso tempo com os princípios, interesses e objetivos do Partido Democrata e vamos usar a nossa energia (gerada pela injustiça e pela indignação social) para produzir uma nova organização política neste país: devemos construir uma nova organização cujos princípios e objetivos democráticos sejam formulados a partir dos interesses socialistas e coletivos; e da efetiva participação política das classes sociais da base da pirâmide da nossa sociedade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

As aparências enganam








Outro dia fiquei sabendo que o “Toddynho" estava a provocar problemas sérios em consumidores no Rio Grande do Sul. Logo em seguida, que o achocolatado tambem se encontrava com dificuldade para compra nos pontos de venda no Rio de Janeiro.
Saí à cata de informações sobre o caso, e de fato as encontrei. Entre outras, a notícia de que as análises feitas pela Vigilância da Saúde do Rio Grande do Sul em produtos do primeiro lote com registros de problemas apontaram um pH de 13,3, índice que se aproxima ao de materiais como água sanitária e soda cáustica. A escala vai de zero a 14.
Somente em Porto Alegre, foram registrados nove casos de pessoas que passaram mal. Há notificações em 12 cidades de várias regiões do Estado --até em municípios a mais de 300 quilômetros de Porto Alegre. No total, já foram registradas 29 queixas de queimaduras desde a semana passada em todo o Estado. Por enquanto não houve mortes, segundo as autoridades sanitárias, porque ao sentir algum gosto estranho as pessoas param de ingerir o líquido. Crianças são a maioria das vítimas com reações mais graves.
Mas por que estará sumindo no Rio de Janeiro? A princípio pode ser apenas uma necessidade de reabastecer o mercado no sul, mas, e se não for apenas isso?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

As duas faces de uma moeda

Goebbels mandou cunhar em 1933 esta moeda comemorativa de uma expedição à Palestina do Barão Von Maldenstein e Kurt Tochler da Executiva Sionista Alemã

Um amigo ligou para mim dizendo achar “ousada e perigosa” a postagem sobre o nazi sionismo, que é um perigo, que pode ser confundida... E tal e coisa.”
Eu lhe respondi que os sionistas fazem com que as pessoas se confundam. Que a intenção deles é esta. Ou seja: falou mal, duvidou de alguma coisa, está queimado... E ponto final! Isto, para alem de chantagem é o oposto do livre pensamento, bem ao estilo nazista. É o “pensamento único”, a “verdade absoluta”.
Vejam bem, para início de conversa, a entrevista reproduzida na matéria é com Ralph Schoenman, um judeu, mas jamais um sionista. E o seu trabalho sempre foi sério, fruto de pesquisas e conclusões baseadas em documentações históricas.
O fato é que a colaboração dos dirigentes sionistas com os nazistas, agora que estou a pesquisar o assunto com mais atenção, está muito bem documentada. Um dos exemplos mais reveladores foi o de Rudolf Kastner, vice presidente da Federação Sionista Alemã (Zionistische Vereinigung für Deutschland), que negociou diretamente com Eichmann. Outra: a Gestapo, em 1935, expediu uma circular à polícia alemã dizendo que os sionistas não deveriam ser tratados com o mesmo rigor que os demais judeus. Que dirigentes sionistas romperaram o boicote anti fascista mundial contra Hitler, através da companhia Haavara (1), cujo empreendimento teve a participação de futuras autoridades de Israel --como Ben Gurion, Golda Meir e Levi Eshkol, entre outras.
Outro fator evidente é que os sionistas estavam essencialmente preocupados em levar para a Palestina, judeus ricos que pudessem contribuir com o futuro. O “resto” seria apenas massa de manobra para, pela quantidade, acelerar as possibilidades de negociar a implantação do Estado de Israel. E mais, o judeu comum queria fugir do nazismo, mas se dirigir a outros países e não à Palestina.
O forte anti semitismo alemão não impediu que houvesse colaboração entre os nazistas e os sionistas. Adolf Hitler e seu grupo enxergavam o sionismo como uma forma de resolver o problema judaico em seu país, de forma a esvaziar a Europa de judeus. Muitas autoridades sionistas (em troca de ganhos políticos) permaneceram indiferentes a tragédia de seu próprio povo.
No entanto essa aliança com governantes anti semitas não era nenhuma novidade, e já existira num passado, então não tão distante --fins do século 19 e início do 20--, quando os sionistas, aliás por intermédio direto de Theodor Herzl, o fundador da organização fizeram acordos com o Czar, num país onde os conhecidos Pogroms (2) eram rigorosos e massacrantes. Estas alianças foram motivadas por intenções semelhantes às motivadas pela aproximação aos nazistas, o de estimular a saída de judeus da Rússia em direção à Palestina.
E hoje? Desde finais dos anos 1990 grupos neo nazistas e sionistas aliaram-se para divulgar na Internet uma grande quantidade de mensagens dirigidas diretamente contra árabes (tambem semitas) e muçulmanos.
Membros de grupos de extrema direita europeus se prepararam para deixar de lado seus sentimentos anti semitas para dividir espaço na internet com propagandas extremistas pró Israel, em meio ao aumento da violência no Oriente Médio, revelou um artigo da Reuters.
É importante que se pense um pouco sobre tudo isso!

1. O Acordo Haavara foi assinado em 25 de agosto de 1933, entre a Federação Sionista da Alemanha, o Banco Anglo Palestino e as autoridades econômicas da Alemanha nazista. O acordo foi projetado para facilitar a emigração de judeus alemães para a Palestina. O emigrante pagava um certo montante de dinheiro a uma empresa de colonização sionista, a título de investimento, e recuperava os valores pagos na forma de exportações alemãs para a Palestina.

2. Pogrons constituaim-se em ataques violentos a grupos, com a destruição simultânea do seu ambiente (casas, negócios, centros religiosos). Historicamente, o termo tem sido usado para denominar atos de violência, espontânea ou premeditada, contra judeus, protestantes, ciganos e outras minorias étnicas da Europa. De acordo com os registros historicos, a imigração judaica da Rússia aumentou drasticamente naqueles anos, totalizando cerca de dois milhões de judeus russos entre 1880 e 1918.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma máfia em ação


Li ontem nos jornais que o “modelo Dilma”, explorado amplamente na campanha eleitoral de 2010, conseguiu de fato obter contratos com baixos preços de pedágio e cronogramas curtos na entrega de grandes trechos.
Mas a fórmula fracassou resultando em sucessivos atrasos nas obras obrigatórias, protestos de usuários e ações do Ministério Público Federal contra a demora na melhoria das estradas.
A mudança veio agora, quando a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) lançou a concessão dos 475,9 km da BR-101 que cortam o Espírito Santo.
Ao contrário dos editais anteriores, o da BR-101/ES elimina grandes obras nos primeiros anos de concessão. A concessionária terá até 23 anos para entregar a duplicação de 418 km da estrada. Quê que é isso?
É a máfia de meia dúzia das grandes construtoras que só querem ganhar, ganhar e ganhar sem nada dar em troca. E o pedágio no Brasil, principalmente os de São Paulo, são considerados os mais caros do mundo.
Por outro lado, dona Dilma reformula, sempre a favor dos interesses do grande capital. É na realidade o “modelo Dilma” que não difere muito do “Modelo Lula”, que por outro lado é uma continuidade do “modelo FHC”.

domingo, 2 de outubro de 2011

Pensatas de domingo, mentiras lavadas e deslavadas


Em minha última postagem no dia 28 de setembro abordei um tema polêmico que acho necessário reforçar aqui. É sobre a grande mentira que o sionismo conta sobre a fundação do Estado de Israel, omitindo o seu racismo extremista e sua origem assassina, fatores que naturalmente permanecem até hoje.
A aliança com os nazistas precisa ser melhor divulgada, melhor analisada e melhor discutida. No entanto, na verdade tem-se mantido oculta e restrita ao conhecimento de poucos, enquanto se extermina o povo palestino, isolando-os em guetos e utilizando-os como cobaias no experimento de novas armas, tal e qual alegam ter sido feito com eles (judeus) durante a 2ª Grande Guerra Mundial.
A entrevista com Ralph Schoenman (transcrita na publicação) é uma evidência de toda esta realidade acobertada pelos criminosos no poder, ostensivamente sustentados pelos imperialistas estadunidenses e, claro, o grande capital que está por trás de todos eles.
Enquanto isso a legalização do Estado Palestino fica cada vez mais difícil.

Também toquei anteriormente no assunto da produção de ópio no Afeganistão. Procurei novos números, mas há uma defasagem, com poucos (ou nenhum) dados disponibilizados de 2006 para cá.
É notório que a grande imprensa ocidental culpa em uníssono os talebãs pela produção de ópio naquele país. No entanto, a presença militar dos EUA tem servido para restabelecer o tráfico da droga ao invés de erradicá-lo, como cinicamente alardeia-se. Outra grande mentira manipulada e não divulgada pela mídia, bastando para isto checar alguns números.
Falta mesmo reconhecer que o governo talebã foi útil na implantação de um bem sucedido programa de erradicação de drogas, inclusive com o apoio das Nações Unidas.
Este programa de erradicação por eles aplicado levou a um declínio de 94% no cultivo do ópio. Em 2001, segundo números da ONU, a produção do ópio caiu para 185 toneladas. Imediatamente depois da invasão liderada pelos EUA em Outubro de 2001, a produção aumentou drasticamente, voltando aos seus níveis históricos já em 2002 (ver demonstrativo na tabela acima).
O Gabinete de Drogas e Crime das Nações Unidas, com sede em Viena, divulgou na ocasião que a colheita de 2006 foi em torno de seis mil toneladas, 33 vezes superior ao nível de produção de 2001, com o programa do governo talebã (3.200% de aumento em cinco anos).
Como adendo informativo: um quilo de ópio produz cerca de 100 gramas de heroína (pura). Seis mil toneladas de ópio permitem a produção de mais de 1.200 toneladas de heroína com um grau de pureza de 50 por cento.
O Afeganistão e a Colômbia são as maiores economias produtoras de droga do mundo, que alimentam uma florescente economia do crime. Estes países estão fortemente militarizados. O comércio de drogas é protegido. E está amplamente documentado que a CIA desempenhou um papel importante no desenvolvimento dos triângulos de drogas tanto da América Latina quanto o da Ásia.
É oportuno lembrar que a Colômbia possui em seu território sete bases militares estadunidenses. Coincidência, não? E que três delas foram implantadas no atual governo de Obama.
O FMI avaliou a lavagem total de dinheiro entre US$ 590 e US$ 1.500 bilhões de dólares por ano, representando 2 a 5% do PIB global segundo o Asian Banker. Uma grande fatia dessa lavagem de dinheiro em todo o mundo, conforme as estimativas do FMI, está ligada ao narcotráfico.

E as UPPs? Outra mentira repetida a torto e a direito bem perto da gente, aqui mesmo no Rio de Janeiro. Trata-se de uma forma clara de jogar a sujeira debaixo do tapete.
O que acontece é que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) apenas “legalizaram” o tráfico de drogas com a participação mais efetiva da Polícia Militar na sua dinâmica. Em outras palavras, a PM pega o seu quinhão ao encenar uma grande farsa que apenas mascara a realidade. Ela passa a fazer parte mais ativa e presente das ações, ordenando e administrando (legalmente) a distribuição das drogas e na realidade tirando um peso de cima de seus comparsas. Uma barbaridade. Uma hipocrisia. Os habitantes das comunidades sabem disso. Nós, moradores da “baixa” mais urbanizada é que somos enganados pela mídia, sempre com a Rede Globo à frente.
Outro fator que pesou demais na instalação dessas unidades foi a possibilidade de ampliação da área de atuação da marginalidade ligada às drogas. Hoje elas se espalharam não somente pelo interior do Rio de Janeiro, mas até de outras unidades da federação.