quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pensatas para uma nova década

Fico a imaginar um mundo sem celular... Não dá! E computador? O que seria de um mundo sem computador? O mais curioso é que já vivi uma época sem essas ferramentas, muito embora seja inimaginável avaliar em nossos tempos que um mundo assim possa ter existido. Nem um sem geladeira, nem mesmo sem maquina de calcular. O certo é que à medida que vamos incorporando certos confortos, tornamos distante algum tempo onde eram possíveis máquinas de escrever e outras traquitanas.
Mas a verdade é que era comum adentrar-se a redação de um jornal ou de uma repartição publica e ouvir o ruído de centenas daquelas máquinas num chacoalhar ensurdecedor. Ou as pessoas penduradas em telefones fixos, mas fixos mesmo, pois na época não existiam ainda nem os “sem fio”. E dizer que tudo isto acontecia há pouco mais de vinte anos atrás.
Neste fim de ano estamos tambem mudando de década. Sim, começamos a segunda de um novo século, que já não é mais tão novo assim. Isto me faz lembrar de que, quando criança me referia aos mais idosos como sendo “do século passado”. Agora somos, quase todos... A princípio estranhei muito deixar os mil e novecentos. Afinal, nascí neles, vivi eles, até então somente eles. Hoje os primeiros que nasceram neste já completaram os dez anos. O tempo voa, e muito em breve seremos pejorativamente “do século passado”...
Acabei de rever “La Dolce Vita” de Fellini. Aliás, pela quinta vez desde que recebi de presente no Natal de 2009. Faz um ano. Mas vale a pena manter contato com este saudoso realizador e sua maneira de descrever o mundo, em que cada cena é a estrofe de um grande poema da vida. Não me canso de descobrir algo novo cada vez que revejo qualquer um de seus filmes. Pena que não se fazem mais diretores como antigamente.
Enquanto isto, temos que conviver com a mediocridade da produção cultural que nos cerca. E não só no cinema, mas em todas as áreas. Vejam por exemplo a música. É ridículo o cenário com que nos deparamos, cheio de Ladies Gagas e sertanejos. Ééécaaa! Realmente a sociedade de consumo arrasou o horizonte e as possibilidades culturais, jogando tudo na lama, nivelando tudo por baixo. Resta-nos rever o que foi feito num passado não muito distante, mas que é infinitamente superior a tudo que está a rolar por aí.
Mas é fim de ano, fim de década, e a vida continua. Hoje contada e recontada na internet, nos jornais virtuais, sempre a nos dar a notícia quase que instantaneamente. E fico a pensar se a gente pode imaginar uma vida sem a web!

domingo, 26 de dezembro de 2010

E viva o humor


Publiquei no meu blogue “Casos” da Propaganda (link ao lado) um breve texto sobre a necessidade do humor nos comerciais de TV. Justo numa época do ano em que precisamos pensar com leveza...

Outro dia liguei a TV e assisti um comercial cujo clima remetia a um “quase” James Bond a entrar num hotel ou algo parecido. A música era tensa e ritmada. Parecia mesmo um trailer do próximo filme da famosa série de espionagem.
Mas eis que de repente revela-se o personagem. Quem? Felipe Massa... Mas como? Um “tampinha”... A cara? De mau. O olhar meio de esquiva. Que forçada de barra, não é mesmo? O pior foi quando ele abriu a boca. Olha gente, deveria ter sido dublado para convencer um pouco mais. No final das contas não ficou o recall do produto. Lembro que era um perfume... Mas a marca? Xá pra lá!
Por outro lado estamos vivendo um bom período de criatividade. E com uma certa dose de humor, um humor leve que andava meio ausente nos intervalos de comercias na TV.
Vamos começar pela campanha da Honda... Aquela que tem um sujeito dentro de um avião. De um lado um gorducho a devorar um “xistudo” da vida. E do outro um bebê a chorar sem parar e no final vomita no ombro de nosso herói, que continua feliz da vida a imaginar o preço do seu Honda.
Esta campanha tem outro filme em que o juiz encontra-se no meio de uma briga entre dois times... Daí entram os técnicos a degladiar-se. E ele, nem aí, olhando feliz a faixa à beira do campo com a oferta da Honda.
Mas tem tambem aquele do Itaú. O sujeito conversando sobre futuro e segurança para a família com uma menina linda no interior de um busão. De repente ela pergunta sorrindo: “Quantos filhos você tem?”, e ele com um sorriso responde: “Mas como é que eu vou saber se eu acabei de conhecer a futura mãe deles?”. Olha gente, genial... Temos que tirar o chapéu para uma cantada como esta.
Sempre achei que humor e publicidade devem andar lado a lado. Afinal, o “Garoto Bom Bril” é a prova disso aí, fazem décadas.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pensatas para uma noite de consoada*

Existe coisa mais saborosa do que uma noite de Natal? Uma data quase impossível de não se engordar uns quilinhos. Tornou-se mesmo, em nossos tempos, uma festa pagã sob a benção de Baco. Mas tambem, fiel aos seus princípios, de reunir pessoas queridas, se divertir, amar a vida.
Publico hoje trechos de dois artigos desta semana.

Como a excelente entrevista de Julian Assange, hoje no Estadão.
Ao ser indagado sobre a afirmação do vice-presidente estadunidense, Joe Biden, que o qualificou de terrorista high tech, e de como essa pressão afeta sua vida...
“Talvez o que mais se aproxime desse tipo de comportamento seja o período macarthista. Vemos declarações de que eu sou um terrorista high tech, de que toda nossa organização deve ser perseguida, como Osama bin Laden. Leis propostas no Senado nos qualificam de ameaça transnacional para que ações possam ser tomadas contra nós. Todo esse comportamento contra uma organização que apenas publicou o material a que teve acesso é alarmante. Isso revela algo que não víamos antes e o quanto a retórica dos EUA sobre a liberdade de imprensa na China ou outros países é falsa. Quando começamos a publicar algo sério, que poderia levar a reformas, e de fato eram informações embaraçosas, vimos as leis e os valores dos EUA serem jogados no lixo, de forma preocupante.”

Ou o artigo do sempre genial Veríssimo a divagar sobre o Natal e cujo trecho a seguir mostra sutilezas de seu pensamento sobre a data...
“(...) Minha mãe era religiosa mas o nosso Natal nunca foi religioso. Às vezes há mais amigos judeus do que cristãos no jantar da véspera, em nossa casa. E aqui entra a ilação, já que se está discutindo tanto crença e descrença em Deus. O Natal nos fornece símbolos de muito mais coisas, e coisas mais importantes, do que questões de fé. Estamos juntos, nos gostamos muito, isso é o que celebramos todos os anos. E nada mais distante de especulações teológicas do que a Lucinda rondando a árvore, tentando adivinhar quais dos presentes são seus.”

(*) É a expressão usada pelos portugueses para o que chamamos de véspera de Natal. Como quase tudo que os nossos irmãos de além mar falam, acho muito curiosa e peculiar.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O que nos espera em 2011?

Estamos aí, no limite de transição de um ano para outro. Uma mera formalidade? Está bem, nada mais do que isso analisando do ponto de vista de contagem de tempo. Por outro lado, esperanças para o ser humano, cuja dose de sonhos nunca se esvai... Sempre um novo impulso nas ilusões de que a vida vai ou até tem que melhorar!
Uns vestem a cor que acham que vai dar sorte... Ou paz... Ou vitória. Juro que não penso muito nessas crendices, embora até, pelas minhas origens e laços não duvidar que os Orixás vão dar uma olhadinha por mim. Ah, esta baianidade que não me abandona. São coisinhas que veem de dentro, lá do fundo de nós mesmos. Maiores até que nossos ceticismos, Oxalá!
Não importa a crença ou o que movam as pessoas, mas no fim de ano sempre depositam alguma dose de confiança, ou seja lá o que for, no ano seguinte. Às vezes fico pensando porque esperam tanta mudança numa simples troca de dias no calendário. Não! Pelo contrário, ficam esperando todo tipo de novidades. E, claro, sempre para melhor.
Bom, 2011 começa com uma mulher, pela primeira vez a nos presidir. Com um palhaço (assumido) no Parlamento. Com o tráfico pacificado (?) no Alemão. Com o mundo devassado e revelado pelo WikiLeaks. Obama bastante desmoralizado... Aliás a “democracia” ocidental como um todo. A Europa em uma sinuca de bico. E nós, emergentes, a despontar para o mundo. Até quando? Até quando as vagas do Capital soprarem em nossa direção. Quer dizer, enquanto isto lhes for oportuno no jogo de segundas e terceiras intenções.
Enquanto isso, e por força do hábito, um Bom Natal para todos. E um Feliz 2011 tambem, porque, afinal, o Ano Novo está aí, em cima da bucha...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pensatas

Foi no mínimo estranha a entrevista de Francis Ford Copola (foto acima) a Jô Soares. O entrevistador estava tenso. Tensão esta que aumentava na medida em que o entrevistado não ria de suas “piadinhas”... Copola é reconhecidamente um homem fechado e de pouca conversa. Alem do mais, estar frente a frente com um Monstro Sagrado nada bem humorado não é fácil! Foram momentos de suspense e falta de graça dos maiores a que assisti na TV. Um verdadeiro “Apocalipse”...

Publiquei esta semana uma postagem sobre as fronteiras de Israel. Pesquisando posteriormente, constatei que na verdade quem mais perdeu territórios em 1967 foi o Egito. Nasser, apressadamente e com nenhuma estratégia declarou que iria atacar Israel, o que provocou uma reação imediata dos israelenses. Estes sim, desfecharam um ataque pelo ar, pegando a poderosa força aérea do Egito no chão e destruindo praticamente todo o poderio de fogo de sua esquadrilha. Alem de, claro, o objetivo interno de conquistar Jerusalem por inteiro. Tanto que de imediato transferiram sua capital para aquela cidade.

Seguem aqui os números mais recentes do icasualties publicados ontem sobre a guerra no Afeganistão: os estadunidenses já mandaram para casa este ano os corpos de 479 soldados. Contra 317 no ano passado. A diferença numérica entre os anos de 2009/10 (ainda não terminado) já supera o total de vítimas de 2008 (155). E o pior de tudo é que no final da guerra – que eles não vão ganhar – poderão ainda surgir versões mentirosas e ufanistas como as que existem hoje sobre o Vietnam, e que simplesmente, pasmem, cantam a vitória dos Estados Unidos sobre o pequeno país asiático que no espaço de pouco mais de 25 anos venceu duas potências mundiais, inclusive eles. A outra foi a França.

Ainda do Afeganistão, segundo relatório da ONU, 2.412 civis perderam a vida em 2009 naquele país vitimados pelos conflitos entre forças da OTAN e guerrilheiros.

E o WikiLeaks? Bom, prenderam Julian Assange, alcançando o objetivo inicial de (tentar) calar o incômodo site. Mas o que ficou provado é que o mundo entrou numa era em que os “segredos de estado” estão condenados a não existir mais... Sinal dos tempos! E tratem de medir as suas palavras em suas correspondências top secret, senhores embaixadores...

Imagem incrível a do veículo que transportava o príncipe Charles e Camila Parker Bowles em meio à manifestação de estudantes londrinos a protestar pelo aumento das anuidades universitárias na Inglaterra, que, por acaso deram de cara com a limosine Real, tendo inclusive, quebrado o seu vidro. A expressão do príncipe herdeiro não deu para ver porque estava meio desfocada. Mas a dela era muito nítida; e de um pavor digno dos velhos filmes de horror da Hammer.
Mas como Camila é pavorosa mesmo, não é nada difícil imaginar a cena...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estranha coincidência





Curiosamente a Rede Globo exibiu na noite de quarta feira passada um filme estrangeiro no seu “Cinema Especial”, programa que substitui o tradicional futebol todas as semanas em que não há jogos.
“Duro de matar 4.0”, da série de produções “B”... Ou quem sabe “C” com o ator Bruce Willis foi a bola da vez.
Coincidentemente no dia 1 de dezembro estavam no auge os escândalos do site WikiLeaks e a senhora Clinton debatia-se com indignações sobre a divulgação de arquivos até então “top secret” da correspondência entre diplomatas estadunidenses que foram divulgados em larga escala para o mundo inteiro por intermédio do referido WikiLeaks do australiano Julian Assange, preso ontem em Londres.
Paremos para pensar. O filmeco gira em torno de um hacker que invade os sistemas de segurança dos EUA, e que baratina toda a comunicação naquele país, começando pelo corte de energia e estendendo-se, no final das contas, ao seu objetivo de roubar todas as reservas e riquezas daquele país na tentativa de um golpe de bilhões de dólares.
Não é muita coincidência associar maldosamente a ação do WikiLeaks à temática do filme? E tambem o fato de que em um programa que habitualmente só passam filmes brasileiros logo neste dia exibir uma produção estrangeira abordando um tema tão pontual?
Tirem as conclusões que queiram, mas partindo da emissora que representa os interesses da Matriz Colonial no Brasil, trata-se de uma forma subliminar de induzir o espectador a uma associação direta com o site do australiano que invadiu e divulgou segredos da nação mais poderosa do mundo...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fronteiras...

Tropas israelenses em Jerusalem na guerra dos seis dias.

Está aí, em meio a polêmicas, o reconhecimento por países sul americanos –entre eles o Brasil, a Argentina e o Uruguai– ao direito dos palestinos à posse de seus territórios anteriores à “Guerra dos Seis Dias” de 1967, em que Israel incorporou os territórios ocupados às suas fronteiras aumentando o seu território. Acontece que esta atitude foi uma violação da Convenção de Genebra, que proíbe os vencedores de uma guerra de colonizar terras estrangeiras anexadas.
O cumprimento desta divisão é a reafirmação de uma resolução da ONU da época da criação não somente do Estado de Israel (29 de novembro de 1947), como tambem de um outro, palestino, composto da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalem Oriental. Proposta esta que, de fato nunca foi cumprida pelos hebraicos que ocuparam o que foram as colônias britânicas, desde o termino da Primeira Grande Guerra Mundial, quando o Império Turco Otomano, derrotado, dissolveu-se.
Em 1931 surgia o primeiro grupo terrorista sionista chamado Irgun, cujo objetivo era implantar um estado hebráico por intermédio de ações armadas. Estes grupos foram crescendo em número e importância até o estabelecimento do Estado de Israel em maio de 1948. Um dia depois eclodia uma revolta palestina que culminou no banimento de cerca de 700 mil árabes para o sul do Líbano, famílias fugitivas da guerra, as quais Israel negou-se a reacolhe-los. Na sequência do trabalho efetuado em apoio a estes refugiados, nasceu o “Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados”.
O resto é composto de promessas iniciais não cumpridas a bravatas a que assistimos hoje e que comprovam o comportamento nazifascista dos dirigentes israelenses frente ao não reconhecimento do direito das comunidades palestinas, que habitam um território que tambem é seu, por direito. Uma polêmica de fronteiras mal resolvida que perdura por mais de 60 anos.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Pensata em busca dos fatos sem disfarces

Tenho pensado o quanto a informação midiática, especialmente a da grande imprensa tem-nos privado da “verdade” sobre o que está acontecendo na chamada “guerra ao tráfico”. Trocando em miúdos, aquilo que nos está sendo escondido nesta operação que é tratada pela suspeitíssima Rede Globo como um “momento histórico" para o Rio de Janeiro.
Por outro lado, e até por isto mesmo, venho pesquisando opiniões mais críticas na Tribuna da Imprensa de Helio Fernandes e no Observatório da Imprensa (1), dois respeitados veículos de informação independentes e mais discordantes deste “côro” da mídia “quase” oficial; pois é sabido de todo um envolvimento oportunista da polícia, e do próprio governo estadual com o narcotráfico.
Helio Fernandes levanta a “lebre” de que a intervenção do exército deveu-se tão somente à assinatura do presidente, passando por cima da vontade de “Cabralzinho” que era oponente à ação. Obviamente pelos interesses da máquina montada no Rio de Janeiro e seu comprometimento não somente com a polícia corrupta, como tambem com os traficantes.
Brasil de Fato é tambem uma revista que foge aos parâmetros desta imprensa um tanto quanto comprometida com o poder. Para tornar tudo mais claro e sem máscaras, transcrevo abaixo o esclarecedor texto de Leandro Uchoas para este veículo (2) sobre o controvertido tema:

“Mais de 100 veículos incendiados, granadas e tiros contra delegacias, pelo menos 52 mortos, assaltos em profusão, pequenos arrastões, tiroteios em comunidades pobres. Na penúltima semana de novembro, o Rio de Janeiro esteve entregue à barbárie. Em pânico, parte da população deixou de ir ao trabalho, de frequentar bares, de transitar livremente pelas ruas. E comunidades inteiras, especialmente na Zona Norte, ficaram reféns dos “soldados” do narcotráfico e da insanidade de setores da polícia. Como tem sido comum nesses períodos, a opinião pública assumiu posições conservadoras. Exigia-se punição dura, resultados imediatos. Para os setores sociais de espírito crítico mais desenvolvido, porém, ficou a sensação de que assistia pela TV, ou lia pelos jornais, a uma farsa.
A onda de violência começou no dia 21 de novembro. Carros e ônibus foram queimados pela cidade por jovens ligados ao Comando Vermelho (CV), aliados a setores da Amigo dos Amigos (ADA). Os narcotraficantes teriam se unido contra a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos territórios anteriormente controlados por eles, segundo o discurso oficial. Estudiosos de Segurança Pública consideram essa uma explicação incompleta – além de oportuna ao governo estadual, por supor que a ação criminosa seria a resistência a um bom trabalho. Verdade é que a outra facção expressiva, o Terceiro Comando Puro (TCP), tem se aliado informalmente às milícias, em regiões da cidade, contra as outras duas. Até o aluguel de duas favelas aos grupos paramilitares teria ocorrido. De fato, TCP e milícias têm sido menos afetadas pelas UPPs. A pergunta não respondida, e sequer midiatizada, permanece: por que o Estado evita instalar UPPs nessas áreas?
Correu boato pela cidade, em fase de investigação, de que as ações seriam decorrentes da insatisfação com o aumento no valor da propina a policiais. Por enquanto, a explicação mais lúcida para a onda de violência é a perda de espaço do CV na geopolítica do crime. As milícias, ameaça maior, avançam território, e o setor nobre da cidade, altamente militarizado, segue protegido pelas UPPs. “Aqui no Rio há uma reconfiguração geopolítica do crime”, interpreta José Cláudio Alves, vice-reitor da UFRJ. Ele explica que existe uma redefinição das relações de hegemonia, envolvendo disputa de território. O mapa de instalação das UPPs, somado à expansão das milícias, estaria levando à periferização do CV. A facção tende a se deslocar para as regiões da Leopoldina, da Central do Brasil e da Baixada Fluminense. “Isso leva, inclusive, à introdução veloz do crack no Rio de Janeiro. Ele é baratíssimo. A reconfiguração do crime também leva à reconfiguração do consumo da droga”, explica. Até 2009, o crack praticamente não entrava na cidade.

Tráfico em decadência
Há ainda a interpretação de que o modelo de negócios que se forjou no Brasil, do narcotráfico, estaria em declínio. A milícia, por modernizar o crime, apropriando-se de serviços públicos e disputando a política institucional, teria tornado a economia da droga obsoleta. O ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, que se negou a atender jornalistas, divulgou artigo defendendo a tese. “O tráfico tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, antieconômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los, mantê-los unidos e disciplinados”, diz.

As ações das facções na cidade, em geral, objetivaram sobretudo gerar pânico. Em meio aos veículos queimados, houve poucos feridos. A reação policial foi de potência inédita. Foram mobilizadas todas as polícias, oficiais de outros estados, todo o efetivo em férias e reforços da Marinha, Exército e Aeronáutica. Os blindados, emprestados pela Marinha, eram de forte poderio bélico. Um deles, o M-113, é usado pelos Estados Unidos no Iraque. Cerca de 60% dos oficiais em operação estiveram com a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah). O general Fernando Sardenberg declarou ao O Globo que há similaridade nas ações do Rio e do Haiti. Sandra Quintela, da Rede Jubileu Sul, que acompanha a ocupação do Haiti, considerou o dado grave. “Há muito tempo estamos avisando que isso iria acontecer. Eles treinam lá para praticar aqui”, disse.
As autoridades não explicaram por que o TCP e as milícias não perdem território com as UPPs. Desconfia-se que haja pactos tácitos. “Há o controle eleitoral dessas áreas de milícias por grupos políticos. O Estado não vai jamais debelar isso, porque ele já faz parte, e disso depende sua reprodução em termos políticos, eleitorais. Ele está mergulhado até a medula”, diz José Cláudio. As UPPs têm sido instaladas num corredor nobre do Rio de Janeiro – bairros ricos da zona sul, região do entorno do Maracanã e arredores da Barra da Tijuca. Os narcotraficantes já vinham se refugiando, há tempos, na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão. “Era um tanto quanto previsível que essa barbárie pudesse acontecer”, acusa o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.

Combate seletivo
O professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da Uerj, também desconfia do privilégio da atuação do Estado contra o CV. “Há um tratamento seletivo da polícia, aparentemente. A milícia tende a não entrar em confronto armado com o Estado, e vice-versa”, diz. Embora veja avanços, o sociólogo se diz preocupado com a ação policial, que pode representar um recuo do Estado a posições mais recuadas do passado. O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou em entrevista coletiva que a ADA é uma facção mais “pacífica”, mais preocupada com o comércio de drogas. O CV seria mais “ideológico”, estaria mais disposto à guerra.
Para Antônio Pedro Soares, do Projeto Legal, o modelo de Segurança Pública do governo teria ajudado a gerar esse conflito. As áreas “pacificadas” seriam planejadas de acordo com os interesses da especulação imobiliária. “O que está acontecendo tem a ver com a política de Segurança, que precisa ser melhor discutida. Continua a lógica de uma polícia controlando uma população considerada perigosa”, afirma. Em sua maioria, os ativistas de direitos humanos não negam a necessidade de se prender os narcotraficantes. Entretanto, combatem a execução sumária, e acusam o Estado de perseguir apenas os bandidos da base da pirâmide do crime. “É uma guerra em que só morre um lado, uma cor, uma classe social. É simbólico que tenha acontecido na Semana da Consciência Negra, e dos 100 anos da Revolta da Chibata”, afirma Marcelo Edmundo, da Central de Movimentos Populares (CMP). Desconfia-se que o número de mortos seja muito maior do que o divulgado.”

(1) www.tribunadaimprensa.com.br/ www.observatoriodaimprensa.com.br/
(2) http://www.brasildefato.com.br/

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Um novo tempo

Esta semana o mundo... Ou melhor dizendo, setores antes indevassáveis do mundo vieram à tona e os governos de muitos países, principalmente as grandes potências viram-se repentinamente em uma saia justa.
A verdade é que desde a consolidação da internet como o meio de divulgação de notícias mais eficiente e atualizado não havia acontecido ainda uma situação como a criada pelo site WikiLeaks. O resumo da ópera é que, de repente, começamos a ler a correspondência entre os detentores do poder com uma intimidade que jamais iríamos imaginar alguns anos atrás.
Aí surgiram as mais --para nós-- surpreendentes linhas de raciocínio destes poderosos entre si. E de repente sabíamos (ao vivo e a cores) o que o Departamento de Estado dos EUA pensa de Sarkozy, de Putin e tantos outros.
De uma hora para outra Julian Assange, o fundador da polêmica --agora famosa-- página da web encontra-se no meio de prós e contras, discussões e até ameaças de prisão a esconder-se em lugares os mais variados, tão virtuais quanto o seu próprio negócio...
O importante de tudo isto é que os tempos evidentemente mudaram... E muito. A cada dia que se passa mais e mais noticias chegam ao conhecimento do cidadão comum, que ao abrir um endereço de notícias fica sabendo da última “fofoca”; do próximo passo das forças dos Estados Unidos no Afeganistão a um comentário jocoso de Hillary Clinton sobre um governante qualquer.
Hoje, os gabinetes do poder teem que se esconder, ou procurar formas de se camuflar frente aos ataques de um esperto hacker da vida.

domingo, 28 de novembro de 2010

Pensatas de domingo

Imagem de favela no bairro do Morumbi (São Paulo)

A elite brasileira está a pagar o alto custo de uma desigualdade social que perdura desde os tempos de Colônia e existe até os nossos dias. Não nos esqueçamos que as favelas inicialmente foram criadas pelas classes dominantes com a finalidade de ter seus “serviçais” perto de seus empregos, obviamente as suas mansões. A princípio esta tática funcionou quando as contradições sociais ainda não haviam se agravado. Dos anos 1950 para cá, com a consolidação de um dos capitalismos mais selvagens no mundo isso tudo mudou radicalmente; e os serviçais começaram a ter uma visão diferente da do país feudal que sucumbia...

Será que após tudo o que ocorreu no Rio de Janeiro esta semana, continuarão seguras as realizações da Copa do Mundo (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016)? Difícil decisão para que as coisas continuem a correr com a tranquilidade esperada.

E na Coréia? Afinal quem deu o primeiro tiro? Coincidentemente dois dias antes os estadunidenses denunciavam a existência de mais uma central nuclear na Coréia do Norte, para agravar a sua “preocupação” como xerifes do mundo...
E por que os sul coreanos estariam a realizar operações militares numa área de litígio entre eles e seus rivais do norte?
De minha parte condeno veementemente o regime totalitário (stalinista) vigente na Coréia do Norte. Outrossim não inocento os sul coreanos, satélites que são do governo dos Estados Unidos. De toda forma, fica a pergunta no ar.

O Rio de Janeiro transformou-se em um verdadeiro faroeste...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

De quem é a culpa de tudo isto?

Ou: “A Bósnia é aqui?”... Ou ainda: “Para onde vamos?”. Perguntas que nos fazemos a todo momento.
......
Copacabana, duas da madrugada. Três jovens de cerca de 18 anos saem do bar Alcazar na Avenida Atlântica e se dirigem –um tanto quanto trôpegos— em direção ao posto quatro para alcançar a Siqueira Campos. Riem relaxados, apesar de duros, pois o chope consumiu o dinheiro da suas mesadas. O mais curioso, até por causa da dureza, vão para casa à pé, via Tunel Velho e depois sobem a Real Grandeza, apesar de que de quando em vez apeiam no estribo de uma dos bondes que ainda trafegavam pelas ruas, antes de recolherem... Bonde? Vocês leram certo. Bonde!
Sim, bonde... A história é uma recordação de um Rio de Janeiro que eu vivi, cerca de 40 anos atrás, pois um dos personagens da historinha acima sou eu mesmo. Mas uma Cidade Maravilhosa onde se vagava deliciosamente pelas suas ruas. Mas que não existe mais nos dias em que vivemos esta cruel guerra urbana que tanto nos apavora porque nos mostra o quanto somos vulneráveis no fogo cruzado da polícia (exército e marinha) versus traficantes... A nos transformar em prisioneiros em nossas próprias casas, com medo de sair ou com a ida de alguem querido a qualquer local que necessite deslocamento, pois, neste momento somos vulneráveis aos ataques a veículos, sejam particulares ou coletivos.
O importante é que não devemos nos esquecer que o narcotráfico é uma escória que somente existe porque tambem existem clientes desesperados à sua procura... Afinal, quem é o culpado de tudo isto?

domingo, 21 de novembro de 2010

Pensatas para todos os dias

Um comentário da Professora Stela Borges de Almeida (1), uma constante e sempre enriquecedora leitora deste blogue, despertou-me a curiosidade em conhecer a obra de Zygmunt Bauman, citado por ela. Pus-me desde então a procurar dados que me façam conhecer melhor o pensamento deste filósofo.
Encontrei algum material, mas um que resume muitas de suas ideias está contido numa entrevista (2) concedida a Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke (3), do qual trancrevo abaixo uma parte de uma introdução sobre ele. Sem dúvida este pensador é um elo de ligação do passado, segundo suas definições sobre o “medo sólido” e no presente, o “medo líquido” ... Todo o seu pensamento a vislumbrar um futuro melhor para a humanidade. Bauman tornou-se conhecido por suas análises das ligações entre a modernidade e o consumismo na sociedade neoliberal “pós moderna”.
“Nascido na Posnânia em 19 de novembro de 1925, Bauman escapou dos horrores do holocausto que aguardavam os judeus poloneses na Segunda Guerra Mundial ao fugir com sua família para a Rússia, em 1939. De lá voltou após a guerra, quando se filiou ao partido comunista (4), estudou na Universidade de Varsóvia e conheceu Janina, com quem teve três filhas: Anna (matemática), Lydia (pintora) e Irena (arquiteta).
Descrito certa vez como ‘profeta da pós-modernidade’ (com o que não concorda), por suas reflexões sobre as condições do mundo da ‘modernidade líquida’ (5), os temas abordados por Bauman tendem a ser amplos, variados e especialmente focalizados na vida cotidiana de homens e mulheres comuns. Holocausto, globalização, sociedade de consumo, amor, comunidade, individualidade são algumas das questões de que trata, sempre salientando a dimensão ética e humanitária que deve nortear tudo o que diz respeito à condição humana. Preocupado com a sina dos oprimidos, Bauman é uma das vozes a permanentemente questionar a ação dos governos neoliberais que promovem e estimulam as chamadas forças do mercado, ao mesmo tempo em que abdicam da responsabilidade de promover a justiça social. ‘Hoje em dia’, lamenta ele, ‘os maiores obstáculos para a justiça social não são as intenções... invasivas do Estado, mas sua crescente impotência, ajudada e apoiada todos os dias pelo credo que oficialmente adota: o de que 'não há alternativa’. É nesse quadro que se pode entender sua afirmação de que ‘esse nosso mundo’ precisa do socialismo como nunca antes. Mas o socialismo de que Bauman fala, como insiste em esclarecer, não se opõe ‘a nenhum modelo de sociedade, sob a condição de que essa sociedade teste permanentemente sua habilidade de corrigir as injustiças e de aliviar os sofrimentos que ela própria causou’. É nesse sentido que ele define o socialismo como ‘uma faca afiada prensada contra as flagrantes injustiças da sociedade’.”

(1) Stela formou-se em Sociologia. Professora Adjunta Sociologia da Educação/UFBa (até 2000). Professora Visitante UEFS (2000-2005) e UFSE (2005-2007). Atualmente dedica-se a Estudos e Pesquisas sobre Cultura, Política e Cinema e possui um blogue cujo link é: http://stelalmeida.blogspot.com/ que também está marcado ao lado.
(2) Se quiser saber mais, acesse e leia a entrevista completa em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20702004000100015&script=sci_arttext
(3) Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke é professora aposentada da Faculdade de Educação da USP e pesquisadora associada do Center of Latin American Studies, Universidade de Cambridge. É autora, entre outros, de Nísia Floresta, o Carapuceiro e outros ensaios de tradução cultural (Hucitec, 1996) e As muitas faces da história (Unesp, 2000), editado também em inglês, The new history: confessions and conversations (Polity Press, 2002).
(4) Desligando-se do PC polonês por óbvias discordância dos princípios da “momenkatura”, o filósofo e sociólogo deixou o seu país fixando-se na Inglaterra. No início da década de 1970 ele assumiu o cargo de professor titular da Universidade de Leeds, permanecendo neste posto por pelo menos vinte anos.
(5) Em outras palavras, a sociedade de consumo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mais um papo de cachimbeiro

Outro dia pensei em publicar um novo papo destes. Até porque há muito tempo não fumava e saboreava os deliciosos e indescritíveis Dunhill de latinha. E, coincidentemente neste fim de semana uma leitora que costuma comentar neste blogue lembrou os meus “papos de cachimbeiro”.
Há uns três meses, uns amigos estavam em Paris e eu encomendei uma latinha dessas. De vez em quando faço isto, mas sei lá por que cargas dágua havia tempo que não o fazia. Como estes são amigos de longa data, eu, rompendo minha timidez pedi... Como encomenda –e fiz questão de frisar que era uma encomenda.
Eles ficaram lá por um bom tempo, já que foram visitar a filha que mora por aquelas bandas desde 2001. Mas quando voltaram... Cá estava entre os meus dedos a preciosa latinha fechada a vácuo. Ela inclusive tem uma inscrição para inserir uma moeda e torcê-la após o ar soltar-se, como num “peido” silencioso ela abre-se exalando o agradável aroma do fumo Latakia, originário dos Balcãs. Que foi o que fiz com o maior prazer!
O tabaco era o Early Morning Pipe (foto) que acho um dos mais deliciosos. Com apenas o senão de ocupando metade de sua embalagem ter estampado um horrível alerta de Fumer tue. Argh, este antitabagismo fascista!
O certo é que tenho me deliciado de uma a duas vezes por semana com a raridade; pois desde que passaram a não importá-lo mais se tornou difícil estar com uma latinha dessas na sua gaveta de fumos e cachimbos. Daí o prazer é menos contínuo... Mas por isto mesmo muito maior.

domingo, 14 de novembro de 2010

Pensatas de domingo

O “novo” como conceito mágico do consumo
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Curiosamente o capitalismo tem coisas que deixam a gente a pensar o quão óbvias podem ser, mas tambem o quanto ficam embutidas, quase a fazer com que nos esqueçamos que estão em seu âmago. E, claro, no individualismo e competitividade inerentes ao próprio sistema.
É o caso dos produtos que são renovados sem uma necessidade do consumidor, mas sim por um estímulo provocado pelo próprio fabricante com o apoio de todo a aparato midiático e publicitário do sistema. A palavra mágica é “novo”. Vejamos o mais elementar e notório dos exemplos que é o do automóvel. Sim, o carro que é um dos mais fortes ícones do status e da vaidade.
O consumidor é levado a trocar o seu carro “velho” por um “novo”, que geralmente é pouquíssimo diferente do anterior. A não ser por algum detalhezinho aqui, outro ali... Mas é “novo”, certo? Isso é o que importa. Na verdade o fabricante daquele produto supervaloriza o conceito do “novo”. E grande parte das pessoas o troca pelo simples fato de estar trocando o “velho” e estar atualizado ao adquirir o “novo”. O que os leva à sensação de superioridade em relação ao próximo. Seja o vizinho... Ou o cunhado.
Claro que na maioria dos outros produtos, o consumismo se sustenta pelo mesmo princípio. Assim, ter uma geladeira “nova” torna mais importante uma dona de casa que a exibe como um troféu para as amigas. Ou o fato de ter uma bicicleta “nova” faz o menininho olhar com desdem o seu coleguinha ao lado.
São “necessidades” criadas pelas classes dominantes em relação à aparência e não à necessidade real. Claro que um carro, uma geladeira ou uma bicicleta podem chegar a um ponto que precisem ser trocados. Pelo simples fato de que envelhecendo fiquem defeituosos ou ineficientes. Mas no caso o problema é tão somente a necessidade do capitalista continuar produzindo mais e mais, porque afinal, o lucro não pode cessar. Fatores que se agravaram com o desenvolvimento da sociedade de consumo.
Por esta razão observamos as festas e comemorações que o capital transformou em orgias de consumo desenfreado. Vamos começar pelo Natal, aquela que mais perdeu suas características religiosas iniciais para se tornar numa das maiores demonstrações de consumo em nossos tempos. Mas com o passar dos meses os shoppings e as indústrias não perdem de vista o aumento de suas vendas. Daí vem a Páscoa... Vem o Dia das Mães, vem o Dia Disso ou Daquilo, até que desfechamos no próximo Natal, num ciclo interminável e contínuo de, na maioria das vezes, supérfluos sendo consumidos.
E para alem disso as Liquidações. De Verão, de Inverno, de Queima Total. E por aí uma variedade de outras a tentar o pobre indivíduo, uma vítima indefesa e sujeita a bombardeios constantes de apelos consumistas.

sábado, 13 de novembro de 2010

O livro do ano

Outro dia, ao acessar o excelente blogue de Eliana Bueno Ribeiro (1), dei de cara com uma postagem intitulada “Extra! Extra! O livro do ano!”. Não notei que a “biografia não autorizada de Tonico Pereira” era de autoria de minha querida amiga... Acontece que com o desencontro entre nós quando de sua última vinda ao Brasil, devido à campanha política em que fui trabalhar fora do Rio de Janeiro, justo nos meses em que esteve aqui, não fiquei sabendo.
Ontem ao acessar o seu excelente blogue (Caderno de Paris), constatei que o livro era de sua autoria. Ora bem (como dizem os lusos)... Só me resta pedir-lhe milhões de desculpas pela distração e dar-lhe os parabéns, ficando no entanto a curiosidade de ler o livro.

(1) http://cadernodeparis.blogspot.com/ Vale a pena vocês conhecerem este blogue... Que tambem está aí ao lado na "minha lista de blogues".

domingo, 7 de novembro de 2010

Pensatas dominicais

O G-20 estará reunido esta semana na Coreia do Sul para debater o futuro da economia mundial. O centro das discussões, tudo leva a crer, será a chamada "guerra cambial".
Como decorrência das medidas defensivas adotadas pelos Estados Unidos frente à sua crise interna, o dólar vem perdendo valor no cenário cambial. Essa desvalorização prejudica as exportações da maioria dos países, que veem seus produtos se tornarem mais caros no mercado internacional. Os principais atingidos são os chamados “emergentes”, incluído aí o Brasil.
No entanto, reclamações sobre a política monetária dos EUA também partiram de países desenvolvidos. O ministro da Economia alemã afirmou na semana passada estar preocupado com que os Estados Unidos estejam tentando estimular o seu crescimento ao injetar liquidez na economia.
Mas a China também é apontada por muitos economistas como uma das responsáveis desta chamada guerra cambial. Com câmbio fixo, Pequim consegue manter sua moeda sempre atrelada ao dólar e desvalorizada em relação a outras moedas.
A ONU alertou que o resultado desse tipo de medida tem sido a transferência dos recursos para mercados emergentes em forma de capital especulativo. "Mais uma vez, o problema nos países ricos está sendo exportado”, afirmou o secretário-geral da Conferência para o Comércio e Desenvolvimento, Supachai Panitchpakdi.
Na realidade e por trás de tudo o quadro se resume à crise sistêmica do capitalismo, e mais uma vez o capital monopolista internacional tentando se proteger a qualquer custo. Nem que seja através de uma verdadeira guerra. Afinal, guerra é guerra!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cadê o comprovante?

Finda mais uma eleição voltamos à velha questão levantada por Brizola de que as urnas eletrônicas deveriam emitir um comprovante para ficar em nosso poder. Um caso a pensar! Afinal, o que custa a emissão de um tíquete para ficar com o cidadão que votou? Será que é tão complicado assim? Garanto que foi mais difícil criar as maquinetas do que arranjar uma forma de imprimir a prova do voto.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Perdas imperiais

Estão aí acima os números atuais (1) das baixas na tropas invasoras no Afeganistão. Pode-se constatar que os totais são superiores aos do ano passado à exceção dos britânicos que se retiraram de uma das zonais mais ferrenhas de combate, o que reduziu bastante a perda.
É importante lembrar que ainda faltam dois meses para terminar o ano de 2010...

(1) http://www.icasualties.org/

domingo, 31 de outubro de 2010

Pensatas de domingo

O quê você acharia da rainha da Inglaterra dando palpites nas nossas leis e nos nossos problemas internos? Ou do imperador do Japão? Ou do Dalai Lama? Indo mais longe, mesmo algum presidente de qualquer país!
Sei lá... Bate mal no meu íntimo ouvir ou ler a notícia de que o papa é contra o aborto no Brasil! Tudo bem que ele recomende aos bispos, seus representantes, qualquer opinião que possam dirigir aos seus “fiéis”. Mas divulgar isto publicamente?! Afinal eu não tenho nada a ver com o que ele pensa. E nem quero saber! Alem de se constituir em notória intervenção de um Estado nos negócios internos de outro.
Ainda mais ele, o representante de uma das últimas monarquias absolutistas. Vai se catar, Bento XVI... Vai cuidar das centenas de padres pedófilos que você acoberta, em nome do deus de quem se diz apóstolo (1)!

Hoje é dia de exercer o papel criado pelo poder, o poder de fato, o poder estabelecido pela burguesia em nos iludir de que “votar é importante”. Quando na realidade os eleitos o são pelo poder econômico e lobbies...
Mas o que nos resta? Minha intenção real era o voto nulo. Mas, num momento em que o energúmeno FHC (2) e sua quadrilha estão arriscados de voltar ao centro de direção deste país, só me resta mesmo votar na sua opositora. Voto triste, pois não confio na candidata, não sinto firmeza nas suas propostas, nem acredito nas suas promessas. Mas voto nela para derrubar o outro (muito pior em tudo). Infelizmente e mais uma vez o voto (in)útil!

Hoje tambem é noite de Halloween. Noite de que mesmo? Olha só isto não tem nada a ver com nossos costumes ou folclore. E não é xenofobia. É uma questão de apenas valorizar os ricos costumes populares nativos. Mas, a globalização tem dessas coisas. Impõe novos costumes e festas “populares”, como este que surgiu dos povos gauleses e britânicos entre os anos 600 e 800 e foram exportadas para os países colonizados pela Inglaterra.
Porem o terror mesmo vai ser enfrentar um dia 31 inteiro à espera do resultado das eleições. E ver se conseguimos banir pra longe Serra, FHC e toda a sua camarilha. Pelo menos por mais quatro anos.

(1) Historicamente os Ortodoxos foram a primeira grande cisão no Catolicismo porque discordavam de ter um representante máximo do seu deus na Terra. Eles continuaram com os patriarcas (reles mortais) como seus chefes.
(2) Os direitos autorais da expressão pertencem ao Professor André Setaro.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sinistra armação?

Bem, eu não duvido... Principalmente porque o alerta partiu de uma fonte confiável. Segundo porque eu não duvido mesmo que do sinistro candidato (e seus articuladores) poderia sair algo no gênero.
Está bem, recebi milhares de e-mails falando de “armações” deste ou daquele candidato. Mas este por ser preparado para amanhã, justo no dia do debate da suspeitíssima Rede Globo, faz sentido. E muito. Transcrevo-o abaixo.
“Quando parecia que o bate-boca na campanha eleitoral já havia reduzido sua intensidade, uma nova denúncia promete esquentar a reta final da campanha. Ideóloga do PT, a filósofa Marilena Chauí diz que a campanha do PSDB pretende fazer uma armação no comício de Serra no próximo dia 29. A idéia é que militantes tucanos usem camisas do PT e comecem a simular brigas e confusão.
Em texto publicado no portal Rede Brasil Atual, mantido por sindicatos filiados à CUT, a professora da USP acusa o plano, que estaria sendo articulado para se tornar “um novo caso Abílio Diniz”, em alusão à prisão dos sequestradores do empresário, em 1989. Na ocasião, houve denúncia de que policiais os obrigaram a usar camisetas do PT, em plena campanha presidencial, na qual Lula acabou sendo derrotado.
‘A campanha tucana passou do deboche para a obscenidade e recrutou o que há de mais reacionário, tanto na direita quanto nas religiões’, disse Marilena Chauí ao portal. A denuncia ocorreu durante encontro entre estudantes e professores universitários e políticos, na USP.”
Pode até ser que não aconteça, mas caso ocorra, fica registrado!
A propósito, ontem assisti ao vivo e a cores o dito candidato ao ser inquirido sobre a abertura de sindicância pela possível fraude na licitação de obras (1) numa linha do metrô de São Paulo, respondeu que o caso não deveria ser averiguado. Quando o repórter perguntou “Por que?”, ele simplesmente respondeu: “Porque não!”.
Eu hein!

(1) O jornal Folha de São Paulo havia publicado em abril o resultado da referida licitação. E agora, quando da abertura dos envelopes, relembrou o fato republicando a matéria.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

De pirilampos e risadas

Apesar de pouco conhecido no Brasil, Herman José é um famoso comediante português que eu via na TV (RTP 1) nos três anos em que morei por aquelas bandas. Neste vídeo podemos conferir a sua comicidade e relaxar bastante. Vale a pena conferir.

domingo, 24 de outubro de 2010

Bolas e bolinhas de domingo

Lembro das Atualidades Francesas, um telejornal de cinema –na época em que estes eram exibidos nos telões das salas de projeção—que começava com uma música, a qual tornou-se marcante com a imagem do mundo (claro que uma bola) a ilustrar a famosa trilha musical.
Nestes tempos a TV ainda não exercia o poder que tem hoje, então dominado pela mídia impressa. Mas nos cinemas assistiam-se jornais nacionais e estrangeiros. Assim, as grandes distribuidoras, como a Metro, a Fox e outras tinham os seus. Não cheguei a conhecer muitos deles, porque na época já existiam os nacionais, como o da Atlântida ou o famoso Canal 100, que ficou marcado por bolas de futebol (1).
Mas de bola o Brasil entende. Que o diga o futebol. No rádio eram comuns programas como No Mundo da Bola. Outrossim, a expressão “este mundo é uma bola” era muito comum. Tambem se costumava exclamar “você é uma bola” quando alguem dizia coisas engraçadas.
Bolas à parte nos surpreendemos nesta última semana com uma bolinha de papel quicando na cabeça de um candidato à presidência. Viu-se nitidamente a tal bolinha bater na careca do dito cujo. Ninguem quase notou, mas minutos depois, após um telefonema em seu celular, viu-se tambem o mesmo candidato em cortes fotográficos sucessivos levar a mão à cabeça e, em seguida entrar numa van e correr a um hospital para fazer exames. E o mais engraçado é que, mesmo sendo careca, não ficou nenhuma marca. Apesar de correligionários do candidato afirmarem que outro objeto mais pesado o atingiu na ocasião.
Enquanto isto, sua adversária, segundo relatos de presentes ao local em que se encontrava, supõe-se, era “quase atingida” por sacos plásticos repletos de água. Mais bolas na jogada, às vésperas dos 70 anos de nascimento do Rei do Futebol (leia-se da bola), o senhor Edson Arantes do Nascimento.
Donde se pode concluir que, voltando à antiga expressão popular, esta eleição, alem de ser indubitavelmente a mais nojenta de todos os tempos, é mesmo uma bola... Murcha, ora bolas!

(1) O Canal 100 ficou muito conhecido por exibir sempre em seu grande final um jogo de futebol.

sábado, 23 de outubro de 2010

HOLOCAUSTO!

As denúncias contra o abuso de poder e a omissão de dados reais pelo governo estadunidense no Iraque reflete a que ponto chegou o governo Bush. E o de Obama, pois quem cala consente!
Práticas de extermínio de populações civis e de tortura, aliás, teem sido uma marca tambem no Afeganistão (vide matéria “Crimes hediondos” publicada no dia 1 deste mês). Agora, a ONU exige que a “autoridades” do governo dos EUA se explique perante aquele organismo, pois em nome daquela organização praticaram centenas, talvez milhares de atos de vandalismo e selvageria.
As denúncias que vieram do site WikiLeaks mostraram que as forças armadas ianques esconderam dados preciosos, tendo diminuído o número total de vítimas civis, ao mesmo tempo em que não revelaram a maioria dos casos de tortura física impostos à população daquele país invadido. Segundo a fonte, o ódio aos estadunidenses por parte de civis, aumentou com as desbaratadas e sádicas ações de marines e outras tropas, inclusive de outros países da OTAN.
O certo é que este verdadeiro holocausto tem que ser apurado. E que os culpados de tais atos teem que ser julgados e punidos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O tiro pode sair pela culatra



Transcrevo abaixo a matéria de Luciano Martins Costa publicada hoje no “Observatório da Imprensa” http://www.observatoriodaimprensa.com.br/index.asp sobre o “atentado” ocorrido ontem contra (ou a favor?) do candidato José Serra.

“COBERTURA ELEITORAL
O atentado de Campo Grande
Por Luciano Martins Costa em 21/10/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 21/10/2010

Foi mais ou menos como num jogo de futebol: o zagueiro encosta no atacante, o atacante se atira dentro da área, rolando, se contorcendo, na esperança de que o árbitro apite um pênalti. Mas as câmaras são soberanas. Elas mostram que o zagueiro mal tocou no centroavante, que o atacante se atirou, que não está machucado, que está simulando. Ainda assim, alguns narradores gritam: "Pênalti!". E no dia seguinte, os analistas vão bater boca o dia inteiro: foi, não foi, o juiz acertou, o juiz roubou.
Na cena reproduzida pelo Jornal da Record, o candidato José Serra vem caminhando, sorridente, pela rua do comércio de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Vem cercado de correligionários e seguranças. Mais adiante, seu caminho está bloqueado por uma passeata de petistas, que podem ser identificados por suas bandeiras vermelhas.
A comitiva do candidato oposicionista segue na direção dos adversários, arma-se um rápido entrevero, no qual um petista é agredido por três acompanhantes do candidato Serra, que está abrigado à porta de uma loja.
Apartam-se as brigas, Serra retoma a caminhada.
Então, alguma coisa o atinge na cabeça.
Pela câmara da TV Record, observa-se que o candidato apenas passa a mão na cabeça, constatando que não está ferido. É levado, então, por seus acompanhantes para um hospital.
Corta para o médico que o atendeu. A frase é clara: ele não tem nem um arranhão. A reportagem esclarece: o candidato foi atingido por um rolinho de plástico, um desses adesivos de campanha amarrotado.
Agora, a mesma cena no Jornal Nacional, da TV Globo: tudo quase igual, exceto no momento em que José Serra é atingido. Substitui-se, então, a imagem em movimento, que mostra apenas um susto da vítima, por uma fotografia, tirada de cima para baixo, de efeito muito mais dramático.
Quando chega o trecho da entrevista do médico, sua voz desaparece e em lugar da versão oficial do hospital entra o locutor, que apaga a informação de que o candidato não sofreu sequer um arranhão e a substitui por uma versão mais grave. A encenação se completa com o candidato sendo entrevistado, sob uma tensa luz azulada, com olhar de vítima.
Simulando uma contusão
O episódio, condenável sob todos os aspectos, deve, no entanto, ser visto como resultado da irracionalidade e radicalização da campanha eleitoral.
Mas as versões apresentadas pela imprensa merecem uma análise à parte.
Uma curiosidade: quem teria descido do Olimpo global para comandar a edição de tão importante reportagem? Que critérios do manual de ética e jornalismo da Rede Globo foram brandidos para justificar a transformação de um episódio banal, mais do que esperado no ambiente de conflagração que os próprios candidatos andaram estimulando, em uma crise republicana?
As evidentes diferenças nas edições do Jornal Nacional, muito mais dramático, e do Jornal da Record, que tratou o episódio com mais naturalidade, sem deixar de condenar os excessos de militantes, têm a ver com jornalismo ou com engajamento eleitoral?
No boletim online do Globo, distribuido às 14h18 da quarta-feira, "Serra é agredido durante enfrentamento de militantes em ato de campanha no Rio".
Na edição de papel, primeira página do Globo, "Serra é agredido por petistas no Rio". No complemento, a informação alarmante: por orientação médica, o candidato cancelou o resto da agenda e submeteu-se a uma tomografia num hospital da Zona Sul.
Título na primeira página do Estadão: "No Rio, petistas agridem Serra em evento".
Na Folha, em foto menos dramática, "Serra toca local em que foi atingido por um rolo de adesivos…"
Quanto pesa um adesivo de campanha enrolado? Cinco, dez gramas?
E a tomografia? É resultado da conhecida hipocondria do ex-governador ou parte da estratégia para transformar um episódio grotesco e banal em atentado político? Como uma bolinha de papel, dessas que os alunos atiram uns nos outros nas salas de aula, poderia virar motivo de comoção nacional?
Em seu artigo na edição desta quinta-feira [21/10] da Folha de S.Paulo, a colunista Eliane Cantanhêde transforma o projétil de papel em "bandeirada" na cabeça e afirma que José Serra, literalmente, apanhou na rua.
Quanto vale um jornalismo dessa qualidade?
A chamada grande imprensa perdeu completamente as estribeiras.”

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Debate? Como? Quando?

O mais incrível nestes debates entre Dilma e Serra é a falta de debate. Não se respondem às questões colocadas. Cada um fala para um lado ignorando perguntas e falando aquilo que lhes vem à cabeça. Por vezes fica impossível saber o que um candidato pensa do assunto colocado por seu adversário. São monólogos a dois.
Pelo menos nestes dois relativos ao segundo turno isto tem sido sistemático.
Por vezes me pergunto por que estou a assisti-los. Fica no ar uma sensação de vazio. São como se fossem dois autistas a falar de seu mundo como se o outro não existisse...
E assim seguem as campanhas de Dilma Serra e José Roussef.

domingo, 17 de outubro de 2010

De um domingo ao outro

Bem, esta semana não tive tempo mesmo de postar uma pensata sequer. Mas a verdade é que não tive tempo mesmo. Cheguei a pensar numa, cujo título seria “Segundo turno” e começava dizendo: “Quem será que ganha? Dilma Serra ou José Roussef?”. Sim, porque acho que a semelhança entre os pretendentes ao “cetro” se nivela pelo mais profundo de suas mediocridades.
Mas sigo falando sobre eleições neste simulacro de democracia que faz o povo acreditar que ela exista. O certo, porem, é que não pode ser o Serra. Até porque não é possível imaginar o PSDB de volta ao poder na atual conjuntura. Seria um retrocesso!
O que está claramente exposta é uma manipulação de pinça aos votos religiosos. Vide o “santinho” distribuído pelos tucanos enaltecendo Jesus... E o mais surpreendente é que 300 mil anos após o surgimento do Homo Sapiens ainda exista tanta força na religião. É a prova de que a humanidade em pleno século XXI ainda continua tão primitiva quanto naqueles idos, pois no meu entender, religião seria um assunto superado pelo progresso da ciência que derrubou tudo o que elas defendiam... E o pior: continuam a defender com suas devidas e oportunistas adaptações.
Mas não, a espécie continua a se agarrar a deuses, ou pior ainda a um deus único. E com o agravante de que, se no início era pela total ignorância do que acontecia ao seu redor, hoje a crença em poderes “superiores” é o fruto de organizações mafiosas que lhes impõem continuar acreditando neste “conto de fadas”. Prova de que a ignorância ainda domina a mente das pessoas.
O resumo da ópera é que a manipulação “espiritual” dos votos está clara.
Mas existem outras formas de fazê-la. Vejam a imagem acima (para amplia-la, clique nela). A manipulação já começa com a inversão no título. No quadro de um conhecido diário paulista, o correto seria se escrever: “Dilma sofreu maior baixa entre o evangélicos no Datafolha”. Da forma que está escrita induz ao raciocínio de que a queda foi nas pesquisas como um todo e não (no caso) entre os evangélicos. Alem disso na ilustração dos resultados da pesquisa colocam Serra em primeiro na ordem de leitura da esquerda para a direita. Apesar de que sutilmente ele está um pouco mais abaixo os índices numéricos estão no mesmo plano. O que tambem confunde os leitores.
E vejam bem, dona Marina que é “crente” citou até o termo “satanização” em recente pronunciamento sobre as eleições. Ridículo! E o mais grave é que as polêmicas em torno de religião estão no tema aborto. Ora, é sabido que o Brasil é um dos países mais atrasados do mundo na questão. E que um incontável número de mulheres morrem em consequência do aborto ilegal, este sim o que deveria ser combatido através da legalização.
Para finalizar, não me permito ser contra as pessoas manifestarem suas crenças. Apenas critico a impossibilidade que isto representa para a evolução da humanidade que prova estar se modificando muito pouco ao longo dos séculos e das evidências dos avanços e conquistas da ciência. Continuamos uns primatas!

domingo, 10 de outubro de 2010

Pensatinhas de domingo

Morreu em um zoológico na África do Sul, aos 52 anos, Charlie o “chimpanzé fumante”. Detalhe: a vida média da espécie é de cerca de 40 anos. O porta-voz da entidade, Qondle Khedama afirmou que o animal morreu apenas devido à idade avançada. Os antitabagistas radicais estão caladinhos... Hehehe!

Infeliz a declaração do Sr. da Silva no tocante à oposição de alguns jornais à candidatura da dona Dilma acusando-os de se comportarem como “partidos políticos”. Ora, na Europa os órgãos de imprensa assumem abertamente os seus candidatos preferidos. Aqui, o Estadão fez sua opção, enquanto os outros se manifestaram de forma indireta para um lado ou outro. Não é por aí Lula...

Só para atualizar, segundo o site icasualties (1), o número de soldados invasores mortos no Afeganistão superou (e muito) os do ano passado inteiro --de 521 no total. Em 2010 já alcançou os 572. Somente entre as tropas estadunidenses as quedas passaram de 317 para 375. E olha que ainda faltam alguns meses para o ano terminar.

As abstenções no primeiro turno destas últimas eleições totalizaram 24,6 milhões. Um recorde e um caso a pensar, pois acabou em terceiro lugar na contagem geral, à frente de Marina Silva. A abstenção quase vai para segundo turno, não é mesmo?

E por falar em Marina, a coisa está meio cinza entre ela e a reacionária direção dos verdes. Estes não gostaram dos comentários sobre o “apetite por cargos” e do apoio a Serra. Não lhes agradaram tambem as declarações dela sobre a possibilidade de neutralidade no segundo turno. O que eles se esquecem é que Marina teve os seus votos não por causa do partido, mas dela. Para alem disso, o “nanico” PV foi um fiasco em todas as outras áreas não elegendo sequer um governador ou senador (2) e ficando em 12º lugar na nova composição de deputados federais.

O governo “comunista burocrata stalinista” chinês, na verdade a segunda maior economia capitalista do mundo, não está nada satisfeito com a premiação de Liu Xiaobo com o Nobel da Paz. Afinal ele é um ferrenho e atuante dissidente do jurássico regime totalitário naquele país e encontra-se preso a cumprir uma pena de 11 anos de reclusão. Apesar de ser uma premiação questionável (3) o acontecimento é uma batata quente nas mãos dos governantes chineses.

Com Serra na reta final desta última etapa das eleições, surge novamente o fantasma das “doações” de estatais aos grupos monopolistas do capital “nacional” e internacional... Principalmente agora com a anunciada maior participação de FHC em sua campanha, a hedionda criatura que doou a lucrativa Vale do Rio Doce e tantas outras empresas a preços de banana. Vade retro. Espero que seja apenas um “fantasma”!

E o aborto? Os dois “finalistas” são a favor, mas ambos se declaram contra, tendo em vista captar votos do eleitorado religioso. Será que voltamos à Idade Média?

(1) Para consultas, acessar www.icasualties.org
(2) Até o PSOL elegeu um senador pelo Amapá.
(3) O prêmio já teve Henry Kissinger entre os seus agraciados...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Deu coluna do meio

O primeiro turno das eleições teve lá as suas surpresinhas. Ou não? Aqui no Rio, o crescimento de Marina Silva foi um fenômeno que, de qualquer forma refletiu a surpresa que obteve nas urnas em nível nacional. Bem, o certo é que ela ficou em segundo lugar no estado, deixando Serra em terceiro.
Marina levou os votos dos descontentes e decepcionados com os escândalos na candidatura governista. Mas será que no segundo turno os votos que foram para ela vão seguir este curso? E o PSDB, vai apelar novamente para mais escândalos? Por seu lado, o PV é um partido mais alinhado à direita. Já no primeiro turno, Gabeira e grande parte da sua direção estavam em aliança aberta com o PSDB. Agora, de cara manifestaram seu apoio ao tucano.
Marina pediu um tempo de 15 dias para se definir. E apesar de sua tendência ser de acabar assumindo uma posição neutra na contenda, suas origens são petistas. Há uma grande parte de setores daquele partido que tem simpatias por ela até hoje. Estão jogando com possibilidades. É o tal caso: “quem dá mais?” São cargos e muitos mais interesses em jogo nesta aliança da segunda volta das eleições.
Apesar das especulações é um pouco cedo para se chegar a conclusões. A verdade, no entanto, é que um futuro muito breve dirá. Por enquanto o certo mesmo é que deu coluna do meio!

A ilustração acima foi publicada no jornal O Dia do Rio de Janeiro. Afinal como são parecidos. E no caso, qualquer semelhança não é mera coincidência.

domingo, 3 de outubro de 2010

Pensatas de domingo

No último domingo, falei aqui em revolução. Falei tambem da insanidade que é tentar este caminho dentro do sistema e com os instrumentos que o próprio sistema oferece. Mais uma vez falei ainda do quanto o stalinismo desviou as ideias de Marx para um caminho desastroso. Aliás, há muito tempo defendo justamente a tese de que esta distorção aconteceu a partir de 1917 na Rússia.
A realidade é que precisamos voltar algum tempo na história para tentar compreender melhor toda esta questão.
Marx viveu no século XIX. O capitalismo se desenvolvia de vento em popa com a classe burguesa no poder. Aparentemente o novo sistema trouxe progressos incontestáveis e maravilhosos. Como a máquina a vapor, a eletricidade, o motor a explosão e tantos outros, que, com o passar do tempo tornar-se-iam um verdadeiro desastre para a humanidade, e que culminariam com a destruição da natureza com que hoje convivemos, passados mais de dois séculos do início da revolução industrial.
Porem o sistema carregava em seu bojo aquilo que Marx determinou como a sua antítese: o proletariado. Acontece que o filósofo, mentor do Materialismo Histórico, viveu uma época de exploração abusiva por parte da burguesia. Para alem da extrema miséria das massas amontoadas em bairros sem a menor estrutura e higiene, do abuso sem freios do trabalho, inclusive o infantil, com jornadas de trabalho que alcançavam as 16 horas por dia... Ou mais.
A partir de 1917, quando os bolcheviques tomaram o poder na Rússia, e após a grande crise capitalista no final da década seguinte, a classe dominante cercou-se de alguns cuidados. Adotou a Internacional Socialista (II Internacional) e iniciou através de políticas social democratas reformistas alterações nas regras do sistema, tentando torna-lo mais “humano”. Na verdade era o medo, um pavor das consequências da revolução sobre as massas operárias de todo o mundo, que conforme previra Marx em seu “Manifesto Comunista” iria virar o planeta de ponta cabeça.
Mas o que Marx não podia prever em seu tempo era o posterior surgimento de uma aristocracia no seio do próprio proletariado. Uma camada privilegiada inserida na classe presumivelmente revolucionária. E muito menos que esta aristocracia iria se expandir progressivamente chegando ao ponto de, em finais do século XX, a classe operária não poder mais ser considerada um instrumento de derrubada da burguesia e, portanto, do capitalismo. O sistema minou e “comprou”aqueles que iriam substitui-los no poder de uma forma sutil e venenosa.
Chegamos ao ponto de perguntar: se vai haver alguma revolução, como será então? Quem a comandará? Ora, alguns pensadores já a partir da Escola de Frankfurt, principalmente Herbert Marcuse preocuparam-se um tanto com o fato chegando a apontar o lumpesinato e outros setores marginalizados da sociedade neste papel. Mas a verdade é que não há uma saída lógica nos dias em que vivemos. O fato é que apesar de o sistema estar falido, e, ao que parece, não ter muito o que oferecer alem do consumismo e da destruição do próprio planeta, está incólume e soberano já que nada se lhe opõe.
Voltemos a Marx. Creio que ninguem analisou e criticou o capitalismo como ele. O problema é que seus seguidores oficiais, oportunisticamente não ofereceram uma continuidade ao seu pensamento a partir das mudanças do próprio capitalismo em sua evolução. A burocracia soviética o estacionou de uma forma mecânica e rudimentar. O “marxismo oficial” tornou-se medíocre. Tão medíocre quanto aqueles que o manipulavam; e despencaram com a queda da chamada cortina de ferro.
Por seu lado o próprio pensador não enxergara que o capitalismo ao revirar e revolver a Terra sem limites, surgira para progressivamente destrui-la, realidade que no distante século XIX era de difícil avaliação.
Respostas para isto ainda não surgiram em definitivo, mas estão a ensaiar os seus passos na própria luta pela preservação da vida. O fato é que no decorrer da história deste século, se a raça humana não sucumbir nas mãos do capitalismo em sua sedenta (e sangrenta) busca pelo lucro a qualquer custo, surgirão caminhos, em que certamente, pelo seu valor histórico, estarão pesando muitas das valiosas ideias de Marx.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Crimes hediondos

“Médicos pesquisadores do governo dos Estados Unidos infectaram intencionalmente nos anos 1940 um grupo de 696 cidadãos da Guatemala com gonorreia e sífilis para a realização de estudo sobre a eficácia de medicamentos. A denúncia foi feita por Susan Reverby, pesquisadora do departamento de estudos de saúde da mulher da Faculdade Wellesley, estado de Massachusetts.” (1)
....
Quê que é isso minha gente?! Falou-se tanto dos crimes nazistas usando cobaias humanas... E aparece uma notícia dessas?
Imagino o quanto foi disseminado este tipo de experiência aqui no quintal dos Estados Unidos ao sul do Rio Bravo. Quantos de nós americanos fomos exterminados por estadunidenses em suas pesquisinhas?!
Ficam apenas as perguntas no ar.

(1) Texto extraído do UOL (01/10/2010 - 11:17 Daniella Cambaúva Redação)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Crimes de guerra

Uma publicação do Washington Post relata que provas contra cinco soldados estadunidenses acusados de matar civis por diversão e, em alguns casos, de desmembrar corpos e conservar ossos das vítimas, começaram a ser examinadas na segunda-feira (27 de setembro) pelo Exército dos Estados Unidos.
O assunto é extremamente delicado para o exército que se “esforça” para ganhar a “confiança” da população afegã, em particular na província de Kandahar, principal concentração de Talebans, onde os fatos ocorreram.
A audiência tratou do caso do soldado Jeremy Morlock (1), de 22 anos, originário do Alasca. Ele lidera o grupo de militares acusados dos assassinatos. Outros sete soldados serão julgados por obstruir a investigação do caso. E também indiciados por ter surrado um de seus companheiros, para obstruir uma investigação sobre o consumo de haxixe.
As autoridades ainda acusam Michael Gagnon, outro militar, de ter conservado o crânio de um cadáver e um terceiro, Corey Moore, de ter esfaqueado um dos corpos, alem de vários soldados de tirar fotos de suas vítimas.
A publicação informou que a “brincadeira” dos soldados teria começado no último inverno, quando um afegão se aproximou de um soldado na localidade de La Mohammed Kalay. À medida que o homem se dirigia a eles, Morlock criou uma situação de tumulto para dar a impressão que estava sob ataque. Seus companheiros abriram fogo e mataram o afegão.
Segundo o jornal, as mortes em questão teriam sido cometidas puramente “por esporte” da parte de soldados alcoolizados e drogados.
Um caso macabro!

(1) Coincidentemente, os “Morlocks” são uma espécie degenerada da humanidade que no romance “A máquina do tempo” de H.G. Wells tornam-se antropófagos, vivendo no subsolo e devorando passivos humanos engordados por eles mesmos, que restaram a vagar pela superfície em um futuro bastante distante.

domingo, 26 de setembro de 2010

Pensatas de domingo

Durante os anos de ditadura militar criamos o hábito do voto útil. Votei muitas vezes em quem eu não acreditava apenas para me opor ao regime e eleger alguém que estivesse do lado oposto deles.
Hoje, com a pseudo democracia (1) instalada, as coisas mudaram de feição. Existe um quadro político dos mais caóticos possíveis. Por um lado o PT, querendo se perpetuar de qualquer forma no poder. De outro uma oposição tentando armar um golpe à base de escândalos. E correndo no meio disto a raia miúda, os “nanicos” como são chamados, alguns desejando realizar uma “revolução” dentro do próprio sistema. Mais do que uma utopia, uma verdadeira insanidade.
Vamos começar pelo que chamo de pseudo democracia, que é essa estupidez de se achar que o voto é algo válido para o povo. O voto na democracia ocidental é uma máscara para esconder os poderosos grupos econômicos que a financiam. Uma eleição custa milhões, algumas bilhões, em que os capitalistas jogam suas cartas em troca de favores futuros. O eleito já surge com o rabo preso. Daí os escândalos, o tráfico de influencias, a corrupção deslavada.
Nossa classe política em particular é o reflexo deste quadro, principalmente porque no Brasil a punibilidade é dúbia. Em outros países os jogos desse tipo são camuflados porque quem é surpreendido no meio deles não escapa de um severo revés. Aqui impera a cara de pau, o cinismo. Vejam por exemplo os muitos casos dos que estão concorrendo a cargos políticos, mas legalmente não deveriam nem se candidatar. Somente no caso do “Ficha Limpa” são mais de 170 nomes. Mas correm o risco... Se colar, colou!
O Partido dos Trabalhadores chegou ao poder após várias e seguidas tentativas frustradas. Sem dúvida o governo atual criou uma base política com os mais pobres através de “esmolas” bem geridas, como o Bolsa Família. Isto elevou o poder aquisitivo de uma população antes marginalizada do mercado de consumo. Mas com isto o PT fez um jogo que beneficiou e enriqueceu muito mais a burguesia, ao criar condições para fortalecer o capitalismo internamente.
Por outro lado, nas duas gestões do PT surgiram comprovados atos de corrupção, escândalos e abusos de poder. O “mensalão” talvez tenha sido o maior deles, mas agora o também corruptíssimo PSDB, na sua ambição de voltar às rédeas do governo, anda fuçando novos tropeços da classe dirigente em Brasília. E tem conseguido alcançar o seu objetivo apoiado por amplos setores da grande imprensa.
Quando afirmo que eu voto nulo, é porque não vejo saída possível neste cenário. Primeiro temos um tipo de regime que chamam de democracia, porem está longe de sê-lo. E quando digo isto não me refiro apenas ao Brasil, mas a todos os países que o adotam. Infelizmente, aqui não nos oferecem nem a possibilidade de não se comparecer às urnas por ser o voto obrigatório. Segundo e simplesmente porque entre os candidatos não vejo nenhum em quem possa votar.
Pelo menos a minha consciência fica tranquila.

(1) Leia mais sobre o assunto em “A grande Utopia” publicado neste blogue em 13 de fevereiro de 2009.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E o palhaço o que é?

Palhaço era ladrão de mulher! Agora é de voto mesmo!
Certa vez atribuiu-se a Charles de Gaulle, então presidente francês, a frase: “O Brasil não é um país sério”. Sempre achei que ele tinha razão, mas outro dia ao ler que o ridículo comediante Tiririca estava liderando a contagem dos votos de São Paulo em todos os tempos (vejam bem, em todos os tempos), sendo também, pelas projeções o deputado mais votado do país conclui que o general presidente da França tinha razão absoluta.
Palhaçadas à parte, assistimos hoje uma disputa presidencial entre a defesa do indefensável por parte dos governistas e a tentativa de um golpe eleitoreiro a partir de escândalos por parte da oposição. Ridículo! Por outro lado, Romário sendo um dos mais votados entre os eleitores do Rio de Janeiro, famosos e popozudas se candidatando por aí afora às dúzias.
O pior de tudo é que quem pensa que com isto está anulando o voto (como nos tempos do “Cacareco” ou do “macaco Tião” (1) está plenamente enganado. O seu voto está a reforçar algum “candidato real” cuja possibilidade de defender alguma plataforma, seja lá qual seja inexiste. Note-se o slogan de Tiririca que é “Pior que tá, não fica”. E o pior é que vai ficar pior mesmo!
Nem preciso me estender muito no assunto. A questão está aí, claramente exposta. Que se candidatem ainda vá lá. Mas que se elejam? E expressivamente... Aí é que pega! E nos faz pensar seriamente que este não é mesmo um país sério.

(1) Durante a ditadura as pessoas, expressaram seus votos em animais do zoológico como forma de manifestar seu repúdio ao regime de então, anulando o voto ainda escrito à mão. Foram os casos acima citados que tiveram uma grande representatividade.

domingo, 19 de setembro de 2010

De volta às pensatas de domingo

Volto a este blogue, após ausência, no auge da sucessão presidencial. E que sucessão? Campanhas beirando o que há de mais baixo em artimanhas e baixarias.
Li no dia 15 deste mês na Tribuna da Imprensa um artigo em que Helio Fernandes cita uma matéria publicada na Carta Capital referindo-se à divulgação por Verônica Serra – filha do candidato do PSDB –, do vazamento na internet das contas de 60 milhões de correntistas em 2001 pela empresa Decidir.com da qual era sócia. Para não me deter demasiado no assunto, a quem interessar, maiores informações em http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=11565
Cada dia chego à conclusão que a minha decisão pelo voto nulo continua sendo a melhor possível. Afinal, no nebuloso caso do acesso aos dados da própria Verônica, quem pode provar de quem foi a culpa? Terá sido da corrupção na máquina governamental? Ou simplesmente uma armadilha plantada pelo próprio candidato do PSDB? Afinal este partido já nos deu dois governos de FHC que entregou o país a preços de banana em privatizações suspeitas. E, pelo jeito herdou a vocação moralista e golpista da antiga UDN. Não tomo partido de ninguém, porque suspeito de todos. Mas vale a pena ler a matéria citada acima.
Quanto à “renúncia” da ex-ministra Erenice e os novos escândalos envolvendo funcionários da Casa Civil, a “coisa” inicialmente parece que deixou uma situação feia para o lado da candidata do PT! As próximas pesquisas, no entanto, é que dirão...
Volto também com o Jornal do Brasil somente em sua versão digital. E o anúncio de que o New York Times especula esta mesma saída para a sua crise. E, por falar em imprensa, o Estadão chegando aos 415 dias de censura. Uaaau! Que “democracia” é esta?
No Afeganistão a coisa continua meio estranha para os estadunidenses que até nesses idos de setembro perderam mais soldados do que no ano passado inteiro: 333 a 317 segundo o site icasualties. Enquanto isso, Obama anunciou uma retirada de tropas do Iraque, enviando 53 mil para casa e mantendo 50 mil no país ocupado a título de apoio logístico. Pra quê tanta gente? Não dá pra engolir...
Em Nova Iorque o prefeito Michael Bloomberg projeta estender a proibição ao fumo em áreas não cobertas da cidade. Deixei o cigarro na década de 1980, lá se vão cerca de trinta anos, mas acontece que acho um absurdo este papo de fumante “passivo”. Há um exagero apoiado pela mídia a reforçar o duvidoso argumento – que repetido mil vezes já se transformou numa verdade. Bloomberg declara que as pessoas poderão de fato respirar “ar puro” nos parques e nas praias. Mas e a poluição causada pelos automóveis, fábricas, etc? Isto é ar puro desde quando?
E mais uma vez os ciganos, vítimas “pobres” do nazismo e outras tantas perseguições, protestam, mas sua voz não tem força para repercutir e se espalhar pelo mundo. O que ficou evidente foi que o “furioso” Sarkozy tomou uma atitude que lhe fez cair a máscara. Se é que já vestiu alguma!
Afinal, o quê o Papa foi fazer na Inglaterra?
Mas o pior é saber que Resident Evil está na sua quarta versão... E enchendo os cinemas. Sem trocadilhos: que horror!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O fim das coisas

Com o título de Morte sem epitáfio, Alberto Dines publicou no Observatório da Imprensa no último dia 16 uma crônica que não só transcrevo como faço questão de comentar pela sua lucidez e pelo seu peso histórico de uma realidade que transformou o cenário jornalístico do Rio de Janeiro em um monólogo...


“Os sinos não dobram quando fecha um jornal, mas dobram pelo jornalismo. Nenhum jornal é uma ilha – menos um jornal, menor a imprensa. Menos um diário, menor o continente, o mundo, a humanidade.”
Neste parágrafo inicial, o jornalista já nos dá uma ideia da dimensão da catástrofe. De quanto pesa a ausência de um jornal e da imensidão de sua falta num cenário em que é importante a pluralidade de opiniões e as opções a que fica sujeito o leitor e/ou cidadão, em última instância aquele que usufrui destas opções necessárias ao seu objeto de escolha.

“Pífia, lamentável, a repercussão do anúncio do fim do Jornal do Brasil impresso. Ninguém vestiu luto – só os jornalistas – porque há muito aboliu-se o luto. O luto e a luta. Sobreviventes não lamentaram, dão-se bem no jornalismo morno, sem disputa. Juntaram-se para revogar a concorrência e enterraram a porção vital do seu ofício. Esqueceram a animada dissonância, preferiram a consonância melancólica.”
Aqui, Dines é brilhante, primeiro por constatar que poucos sentiram tanto o desaparecimento do referido veículo de comunicação quanto aqueles que, pela profissão exercida necessitam o oxigênio fornecido pelo próprio mercado. Quando diz que “... juntaram-se para revogar a concorrência...” fica claro o quanto o fim de um jornal significa no seu mercado. Pois como tambem diz que “sobreviventes não lamentaram, dão-se bem no jornalismo morno, sem disputa...” Uma lamentável conclusão!

“O derradeiro confronto jornalístico no Rio talvez tenha se travado no início dos anos 70 (ou fim dos 60) quando Roberto Marinho decidiu que O Globo não poderia ficar confinado ao esquema de vespertino e passou a circular aos domingos. Em represália, Nascimento Brito decidiu que o JB invadiria a segunda-feira. Encontro de gigantes, disputa de qualidade. Mesmo com a ditadura e a censura como pano de fundo.”
Isto remonta a tempos --que a maioria nem se lembra-- em que existiam os matutinos (jornais mais nobres) e os vespertinos (jornais mais vulgares). Tempos em que O Globo, em seu crescimento, começou a reivindicar sob a proteção das asas dos militares no poder um espaço maior como porta-voz deles mesmos, os generais-presidentes. O Jornal do Brasil, até pelo seu corpo editorial, representante de uma voz que pretendia se opor ao regime ditatorial até onde fosse permitido, era um obstáculo necessário de ser derrubado a qualquer custo.

“Sem competição, o jornalismo perdeu o elã; desvirtuado, virou disputa pelo poder. Exatamente isso atraiu Nelson Tanure, o empresário que investe em informática, estaleiros e faz negócios pelo negócio. Não lhe disseram que empresário de jornal não precisa escrever editoriais, basta gostar do ramo e ser fiel a ele.”
Neste particular, Alberto Dines reflete à disputa entre os dois jornais, na captura do que havia de melhor no JB para O Globo, a esvaziar os colunistas daquele jornal (se necessário a peso de ouro) para este, sem o menor elã (segundo suas palavras). Uma disputa que nos deixou apenas o saudoso e brilhante Fausto Wolff, que veio a falecer ainda como colunista diário do velho JB”. Os demais estão todos justamente n’O Globo!
Quanto a Nelson Tanure... Até valeu a tentativa. Mas o que tem o... a ver com a s calças?

“Simbólico: o fim do JB impresso foi confirmado na edição de quarta-feira (14/7) sob a forma de anúncio, publicidade. Aquela Casa não acredita em texto. E o seu jornal morreu sem epitáfio.”

Triste, muito triste...