sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais uma sarneyzada

Em torno de três meses atrás, o jornal O Estado de S. Paulo, publicou matéria em que ligava a Fundação José Sarney a desvio de recursos oriundos da Petrobras. Ainda de acordo com o jornal, esses recursos teriam sido desviados para firmas fantasmas e empresas da família. O episódio integra as inúmeras denúncias que levaram não somente à criação, no Senado, da CPI da Petrobras, como tambem à censura do jornal paulistano, por iniciativa do senador (1) e que se estende até hoje.
O senador divulgou na segunda-feira (26) por meio de sua assessoria em nota oficial, que as denúncias “infundadas e divulgadas pela imprensa inibiram as pessoas de fazerem doações”. E por esse motivo, a fundação ficou sem recursos para continuar e foi forçada a fechar as portas. Localizada no centro histórico da capital maranhense, no Convento das Mercês, prédio tombado que pertence ao governo maranhense, é mais uma evidência daquele Estado ser um feudo do senador.
Nesta nota sobre o fechamento da fundação que leva o seu nome, ao explicar “com profundo sofrimento” (sic) que sua fundação precisou baixar as portas ele elege a imprensa como a culpada pelo fim do patrocínio e pelo fechamento da entidade e omite qualquer referência às denúncias de corrupção.

(1) Sarney foi parlamentar da Arena e sempre esteve alinhado com a ditadura militar. Para ele, censura é algo normal, desde que algo ou alguém incomode os seus interesses de “coronel” nos confins do Maranhão.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Micróbios ou ácaros?


Olhando-se fotos do espaço, nota-se que a espécie humana é como uma doença a contaminar o planeta. Uma doença que a gente aqui em baixo não vê com uma visão tão privilegiada, muito embora, por vezes não nos escapem aos olhos... Tão grotescas e evidentes que são.
A ilustração acima (captada na internet) é uma fantasia, mas explica de forma quase didática o que acontece à Terra, provocado por nós – habitantes “ditos racionais” – nesta desenfreada gana pelo lucro, independente de suas consequências.
A quantidade de automóveis (individuais) movidos a energia fóssil multiplica-se de forma desenfreada. As devastações nas áreas florestais não teem limites. Os despejos tóxicos são despejados nos rios e mares sem controle. As cidades transformaram-se em megalópolis, não se vendo perspectivas ou planos de reestudá-las, diminuindo o seu crescimento desordenado, como um câncer a se espalhar, multiplicando células doentes ao redor do mundo.
Enfim, o desmatamento, a acidificação dos oceanos e a poluição provocada pelo modelo de desenvolvimento ao qual não renunciamos, está a nos transformar em verdadeiros micróbios a devastar a nossa própria moradia. Ou seremos ácaros gigantes? Minúsculas e insignificantes criaturas, praticamente invisíveis às dimensões do universo, a nos julgar os “donos da natureza”.

domingo, 25 de outubro de 2009

Duas pensatas para um domingo


Como?
“O governo dos Estados Unidos se mostrou hoje "muito preocupado" com a decisão da Justiça da Nicarágua que abre caminho para a reeleição do presidente do país, Daniel Ortega.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ian Kelly, disse em comunicado que esta decisão, adotada na segunda-feira passada, segue uma pauta de comportamento que ‘ameaça minar a base da democracia da Nicarágua’.”

A notícia acima (Folha Online) tem uma incongruência notável. Como o governo estadunidense, que sempre manteve a reeleição de seus presidentes, sendo que inclusive somente veio a limitá-las (a apenas duas vezes) em meados do século passado, pode opor-se a isto? E o mais grave de tudo, condenar a receita como antidemocrática.
É muita falta de se olhar no espelho, ou de olhar para o próprio umbigo. Ou será que lá é diferente dos outros países? Sim, são perguntas que ficam no ar à espera de uma resposta à altura de sua gravidade.

Risos matinais na Eldorado
Aconteceu quando eu morei em São Paulo em finais dos anos 60 e princípios dos 70.
Toda manhã, ao acordar eu ia ao banheiro levando um radinho de pilha. E ligava na Rádio Eldorado, do Grupo do Estado de São Paulo, onde havia um jornal sério e bastante informativo de cerca de uma hora de duração. Era uma forma de sair de casa bem informado sobre as notícias, condições de trânsito aqui ou ali. Enfim, tudo o que se precisa saber para estar em dia com as coisas.
A Rádio Eldorado era tão austera que não permitia nem spots, jingles, ou qualquer tipo de comerciais gravados. A propaganda era lida de forma séria por locutores de cabine. Normas de uma emissora que pecava pela austeridade.
O rádio jornal era apresentado por dois locutores que também falavam pausadamente sem estardalhaços. Mas, justamente o que eu gostava era esta personalidade própria que destoava das outras rádios privadas, e, me deixavam mais ligado na informação propriamente dita.
Um dia, um dos compenetrados locutores, em determinado instante começou a rir. Sim... Surpreendente, mas soltou (embora as prendendo) umas boas risadinhas. Daí a instantes, o outro também se riu de algo que até hoje não sei o que foi. Achei estranho, mas passou. No dia seguinte, lá pelas tantas, novamente a mesma situação de risos descontrolados.
Mas, até hoje me intriga o que possa ter causado a situação. Provavelmente alguma palhaçada, algum gesto ou situação engraçada. Sempre fico a imaginar que ambos devem ter levado um “esporro” em regra, e, sem dúvida, até a ameaça de serem despedidos. Eu sei que a coisa terminou e tudo voltou ao normal.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pérolas de Saramago

Saramago estava inspirado nas respostas às acusações da “Igreja ‘Universal’ (1) Apostólica Romana”, devido aos seus comentários por ocasião do lançamento de seu novo livro, "Caim", no domingo passado.
Nesta mais recente obra, ele conta de forma irônica a história de Caim, filho de Adão e Eva que assassinou premeditadamente seu irmão Abel, retomando o tema bíblico que tocara em seu livro “O evangelho segundo Jesus Cristo”, lançado em 1992.
Mas vamos às pérolas antológicas do autor, sem sombra de dúvidas, maior escritor contemporâneo da língua portuguesa, na sua polêmica com a Máfia do Vaticano, que se “ofendeu”, até porque o autor havia deixado claro – ironicamente – que “... sua obra não causará problemas com a Igreja Católica porque os católicos não lêem a Bíblia”.
“A Bíblia é um "manual de maus costumes... Um catálogo de crueldade com o pior da natureza humana”.
"O deus da Bíblia é vingativo, rancoroso, má pessoa e não é confiável".
"Na Bíblia há crueldade, incestos, violência de todo tipo, carnificinas. Isso não pode ser desmentido; mas bastou que eu o dissesse para suscitar esta polêmica... Há incompreensões, já sabemos que sim, resistências, também sabemos que sim, ódios antigos".
"O que eles querem e não conseguem é colocar ao lado de cada leitor da Bíblia um teólogo que diga à pessoa que aquilo não é assim, que é preciso fazer uma interpretação simbólica, e a isto chamam exegese (2)".
"Sou uma pessoa que gera anticorpos em muita gente, mas não ligo. Continuo fazendo meu trabalho".
"Às vezes dizem que sou valente. Talvez seja valente porque hoje não há Inquisição. Se houvesse, talvez não teria escrito este livro. Me apóio na liberdade de expressão para poder escrever".
“Deus e o demônio não estão no céu e no inferno, mas ‘na nossa cabeça’; deus não fez nada durante a eternidade, depois criou o Universo, ao sétimo descansou e não fez mais nada”.
"É obra! É magia! Quase um milagre que certos setores tenham conseguido dizer tanto em relação a um livro que não leram".
Como refresco, o autor esclarece que “A Bíblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário”.
E sobre o seu próximo livro a ser lançado no próximo ano:
"Espero que não seja tão polêmico. Não ando atrás das polêmicas. Tenho convicções e as expresso".

(1) Mais uma vez a lembrar que Universal em latim é Católico. No caso do Brasil é curioso, pois coincidentemente a sua rival do bispo Macedo vem a ser a “Igreja ‘Católica’ do Reino de Deus”.
(2) A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.

Fontes: “Folha Online” e “O Publico” (Portugal) de 21/10/2009.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O mistério do quarto 311

Recebi o texto abaixo diretamente de Portugal e o publico aqui.

“Vejam como é fácil desvendar os mistérios...

(parece anedota, mas não é!)

Assim vai a saúde em Portugal. Se não fosse trágico seria para rir... só cá nesta terra, mesmo!
O mistério do quarto 311 do Hospital D. Pedro em Aveiro (facto verídico).
Durante alguns meses acreditou-se que o quarto 311, do hospital Dom Pedro em Aveiro, tinha uma maldição. Todas as sextas-feiras de manhã, os enfermeiros descobriam um paciente morto neste quarto da unidade de cuidados intensivos. Claro que os pacientes tinham sido alvo de tratamentos de risco mas, no entanto, já se não encontravam em perigo de morte.
A equipa médica, perplexa, pensou que existisse alguma contaminação bacteriológica no ar do quarto.
Alertadas pelos familiares das vítimas, as autoridades conduziram um inquérito.
Os doentes do 311 continuaram, no entanto, a morrer a um ritmo semanal e sempre às sextas-feiras.
Por fim, foi colocada uma câmara no quarto e o mistério resolveu-se:
Todas as sextas-feiras de manhã, pelas 6 horas, a mulher da limpeza, desligava os aparelhos do doente para ligar o aspirador!!!”

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Andança. Ou, um tempinho para a poesia



O vídeo clipe acima foi criado e executado por minha irmã (veja em “A arte de viver” na “minha lista de blogs”, ao lado) e mostra a música “Andança”, de Paulinho Tapajós. Os dois se conheceram na Faculdade de Arquitetura da UFRJ, e, desde então são amigos. A música é uma das mais bonitas de toda uma rica musicografia (1) do autor.
Gostei tanto do clipe que estou a postá-lo aqui... Aliás, caso tenham interesse em conhecer mais um pouco dela, além do blogue, acesse o seu canal no YouTube:
http://www.youtube.com/user/MariaCeliaOlivieri#p/c/u

(1) Conheça todas as músicas de Paulinho Tapajós em:
http://www.paulinhotapajos.com.br/musicas2.php

domingo, 18 de outubro de 2009

“Pornôsatas” de domingo

Domingo passado publiquei a triste foto do prédio do Cine Plaza em decomposição. Alias, tenho feito uma série de outras sobre antigas salas de exibição, verdadeiros teatros – hoje decadentes –, a colaborar com o blogue de meu primo André (Setaro’s Blog, aí ao lado), crítico de cinema, pesquisador e professor da sétima arte na UFBa em Salvador.
No dia em que fui à cidade, e, coincidentemente o Rio de Janeiro ganhava a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 passei pela “Pornolândia”, ou o que resta da Cinelândia. Sim, porque à excessão do Odeon, o que sobrou ali foram o Rex, na Álvaro Alvim e o Orly na Alcindo Guanabara. Num lampejo de inspiração bati fotos de ambos (acima).
Entretanto, apesar de não saber se o nome (Pornolândia) existe de fato ou se estou a batizar agora aquele pedacinho meio escondido, atrás da Praça Floriano, a partir do Amarelinho, o Orly, desde que me entendo só passava eróticos ou pornôs. O Rex, eu sou capaz de jurar que não... Pelo menos durante o dia. No entanto, um autêntico “poeira”, exibia antigos filmes “B” na parte da tarde. À noite... Bem, naquelas paragens tudo é possível.
Ao lado deste último sempre houve boates e casas de “Rebolado” (1). Mara Rúbia, Brigitte Blair, Virgínia Lane ou Nélia Paula, entre tantas outras, exibiram seus corpões carnudos no trecho que se estende do Teatro Rival (que até hoje existe) à outra esquina da Álvaro Alvim onde havia a famosa Night and Day, casa noturna no Edificio Serrador, local chic em que eram exibidos emplumados shows de Carlos Machado e Walter Pinto (os chamados reis da noite). E ali mesmo, até o sol raiar, prostitutas e travestis desfilavam pelas estreitas ruas por detrás da Cinelândia em um trottoir frenético.
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Outra pornografia? Enrabaram a gente, pois começou o horário de verão...

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(1) Teatro de Rebolado era a designação popular do Teatro de Revista, que se estendeu dos 1930 à década de 60 e começou a sua decadência durante a ditadura militar, sob os auspícios do “moralismo” da Universal Romana...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Obamis


Já circulava pela Rede a imagem da réplica de um cartaz da campanha de Barack Obama/Mussum.
Agora entrou um outro com a mesma figura (talvez a simbolizar o Pelé) a gozar o “imperador do universo” pela derrota de Chicago na disputa dos Jogos Olímpicos de 2016. Achei oportuna e engraçadis. Por isso a publico. Afinal o que é ruim para os Estados Unidos é sempre bom para o resto do mundo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uessan

A luta pelo direito de nos chamarmos americanos é um princípio básico e realístico de nossa situação geográfica. Somos americanos todos aqueles que nasceram do Alasca à Patagônia. No entanto, e, principalmente gentes de gerações anteriores à minha diziam: “Fulano está na América” com a maior naturalidade quando alguém ia aos Estados Unidos. Como? E aqui, onde estamos?
Os povos hispânicos, tanto na América, quanto em Europa (os próprios espanhóis) referem-se aos ianques como “estadunidenses”. Eu adotei, de uns anos para cá, esta designação. Pelo simples direito de ser tambem um americano. E creio que todos, brasileiros, argentinos ou dominicanos, deveríamos estar a exigir isto.
Mas em inglês e outras líguas deveria haver um movimento neste sentido. “É interessante lançar o termo "Uessan" em inglês pra que, algum dia, eles se deem conta de que eles não são exclusivamente Os Americanos ...” É também importante dizer que este texto, bem como a proposta do título de nacionalidade em inglês é de meu filho, Gustavo, que inclusive, em determinada ocasião publicou no antigo Pensatas (1) uma matéria a defender a tese de que somos todos americanos e não apenas os estadunidenses.

(1) O artigo foi postado no Pensatas em fevereiro de 2007 e republicado no Novas Pensatas em 6 de novembro de 2008.

domingo, 11 de outubro de 2009

Uma só pensata de domingo...

... Mas para pensar muito! Fiz esta foto do que resta do cinema Plaza para o blogue do meu caro Professor André Setaro (link ao lado) que a publicou.
O Plaza não era o melhor cinema da cidade, nem sequer da velha Cinelândia. No entanto, acredite, era um cinema do tempo em que os cinemas existiam. Antes desta era em que surgiram lanchonetes, por acaso com telas de projeção.
As salas de então podiam ser menos confortáveis. O som era horrível em 80% deles. Havia muitos com as famosas cadeiras de pau... Diversos sem ar condicionado e por aí afora... Mas eram cinemas com características próprias e personalidade. Muito mais baratos dos que os que estão “pelaí”, justificavam o título de entretenimento de massas.
Hoje são estandartizados, e, como bem lembra o Professor Setaro, nem nos lembramos em qual vimos o filme “tal”, tal a sua similitude. Afora o fato de, por serem encontrados geralmente inseridos dentro de shoppings, se transformaram em mais algumas lojinhas de consumo volátil, tal e qual as outras existentes nestes locais.
Os velhos e bons cinemas, aqueles que o espectador escolhia ao ler a programação nos jornais, e, portanto a dedo, pelo filme que exibia, ou por suas estrelas, diretores ou gêneros, estão a acabar, sobrando uns poucos remanescentes... Porque a maioria se travestiu em igrejas evangélicas, academias de ginástica, ou, nos tempos em que eram permitidos, bingos. Ainda, para agravar, ruínas como o triste caso acima exemplificado.
Saudosismo? Sem dúvida que sim. Mas boas lembranças de um tempo em que a cultura atingia todas as classes. De um tempo em que havia respeito e atenção àquilo a que se ia assistir; em que não existiam celulares a tocar frequentemente, ou o barulho desagradável de pipocas em sacos... Um verdadeiro saco.
Um minuto de silêncio aos cinemas que morreram. Outro minuto de silêncio à sétima arte, que Hollywood, hoje em dia contribuindo a vulgarizá-la, ajudava então a torná-la imortal. Em época em que se produziam filmes idem...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

E Sartre tinha razão...

Barack Obama acaba de ganhar o Prêmio Nobel da Paz. E daí? Em 1973 o assassino de massas Henry Kissinger o ganhou tambem.
Ainda é cedo para julgar a que veio Obama à frente do império... Talvez, pelo fato de ser um negro merecesse, por vencer preconceitos em um país onde há alguns poucos anos isto seria inimaginável. Talvez, por ter derrotado Bush, o Calígula estadunidense (ou seria o Nero?) o maior débil mental a assumir algum tipo de governo nos tempos modernos (1).
Jogada de marketing? Certamente. Obama sempre investiu pesadamente nesta área. Aliás, não é uma excessão. Nos Estados Unidos tudo se resume a promoção e todos são simplesmente marca, produto... Propaganda. Aprenderam muito com a publicidade local e com as estratégias de Paul Joseph Goebbels.
O fato é que ao ler a notícia hoje pela manhã, lembrei-me que em 1964, Jean-Paul Sartre recusou o Prêmio Nobre de Literatura. Talvez tenha sido o maior e mais significativo ato público/político de sua vida...

(1) Eu me refiro a países do primeiro mundo. Pelos nossos lados, estamos cansados de ver...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Uma teoria sobre “a Voz”

Estava a observar no dueto Sinatra/Jobim (“Medley” - 1967) um detalhe que vem a comprovar uma coisa que penso sobre o Sinatra (the Voice), o maior fenômeno musical de todos os tempos na música popular, não só estadunidense, mas mundial. Houve alguém igual? Ele conseguiu ser clássico no popular. Ele sempre se superou a todo instante.
E um detalhe importante a observar é que o cigarro afinava a sua voz. Notem o cigarrinho na mão antes mesmo de acender, a fumacinha a subir, o prazer das tragadas aliado à sua arte “carusiana” do cantar, já que um ítaloamerican, não poderia deixar de tê-la. Deixei o cigarro há mais de vinte e cinco anos, mas quando vejo uma cena dessas dá vontade, juro, de acender um novamente.
Mas, resumo da ópera, a teoria é a seguinte: Sinatra tinha um músculo extra no canto da boca. Um algo mais físico, para além de sua imensa bossa, sensibilidade e garra na interpretação. Pode parecer maluquice, e, quem sabe é. No entanto, basta observar suas expressões quando diz: “... Yes I will give my heart gladly”... E tambem em outros momentos.
Observem os detalhes: http://www.youtube.com/watch?v=l5qQNsP1Edc&feature=related

domingo, 4 de outubro de 2009

Pensatas variadas para um domingo

Sai do metrô justamente no momento em que a candidatura do Rio vencia a disputa para as Olimpíadas de 2016. O Amarelinho abarrotado de gente. Pena que segundos antes (enquanto pegava a câmera), estavam todos de braços para cima a comemorar. Teria sido um instantâneo fora de série. Mas está aí, registrado o bom e velho bar da Cinelândia com a multidão a assistir pela TV um momento histórico para a Cidade Maravilhosa.

Olimpíadas 1
O Rio de Janeiro ganhou a peleja. Curioso, mas quando Obama compareceu eu temi que fossemos perder. Chicago foi a primeira a cair. Pasmem! Foi uma vitória. Para o povo carioca isto pode vir a ser muito bom. Para os bolsos de uns poucos também.
Mas, vamos torcer para que isto aumente o nosso – um tanto quanto pequeno – metropolitano, cujas linhas não chegam ainda aos 40 km num aglomerado de 6 milhões de habitantes. Que se urbanizem favelas, como fizeram com a Dona Marta. Que se ampare o menor abandonado que vaga pelas ruas da cidade, etc... etc...
Aguardemos pois, o início das medidas que terão que ser tomadas a partir de muito mais breve do que pensa bastante gente por aí. Até porque em 2014, dois anos antes estaremos sediando uma das chaves da Copa do Mundo. Pau na obra!

Olimpíadas 2
Saravá Drummond, Tom e Vinícius, Caymmi, Cartola, Zé Kéti, Nara Leão, Glauber, Oscarito e Grande Otelo, Dercy, Ankito, Portinari, Eliana Macedo, Ivon Curi, Paulinho Costa, João Moacyr de Medeiros e Cid Pacheco, Gonzagão, Alfredo Souto de Almeida, Gonzaguinha, Nelson Rodrigues, Cyll Farney, Fernando Torres, Adolfo Celi, Caio Domingues, Di Cavalcanti, Elis, Carequinha, Villa Lobos, Vianinha, Abelardo Barbosa, Bruno Giorgi, João Saldanha e incontáveis outros “cariocas”, poetas, compositores, publicitários, comediantes, pintores, e por aí afora, nascidos em qualquer parte do mundo, mas que aqui estiveram e se foram amando este pedaço ímpar de terra. A eles devemos o sucesso desta cidade tão maravilhosa pela imagem que eles tanto ajudaram a construir e que culminaram nas Olimpiadas de 2016. Porque ser carioca é, antes de mais nada um estado de espírito!

Hollywood dos espíritos
Não se trata apenas de um “filme de terror”. Hollywood é um centro espírita, sobretudo um forte divulgador da filosofia kardecista.
Costumo dizer que sou contra qualquer religião (1). Mas aí eles vêem com aquele papo furado de que são uma “ciência”. Que ciência? A ciência da crendice, do esoterismo. Olha este tipo de ciência existe desde que um primitivo antepassado do homem jogava ossos na tentativa de adivinhar o futuro de uma tribo ou de simples membros dela.
É evidente que Hollywood, desde que surgiu está impregnada de uma forte dose do pensamento espírita. E isto se faz notório nas temáticas de filmes a defender teorias integradas neste segmento filosófico-religioso.
Para citar os mais representativos, podemos recordar filmes como “Os outros”, “Ghost”, “Os órfãos”, “Voltar a morrer”, “Em algum lugar do passado” ou “O sexto sentido”. Todas, obras que tiveram pesado suporte publicitário quanto de seus lançamentos.
Isto fora a série incontável de filmes “B” com espectros, morto-vivos, vampiros e outras aberrações do gênero, que demonstram o quanto a capital do cinema ianque está impregnada dessa crença.
Não que não os assista. Vi muitos deles, mas de uns tempos para cá, passei a pensar o quanto elas não são pura obra do acaso, mas parte de uma engrenagem propositadamente dirigida à lavagem cerebral das multidões.

Hitler, Bush e outros, pelo menos não eram hipócritas
Mas Barack é. E como!
Veio-me à cabeça que o ditador fascista, pelo menos era claro em suas intenções. Um instrumento do capital está sempre à busca de conquistas para a expansão de seus patrões. E daí, o afroamerican de alma branquíssima fica a simular um comportamento humanista e/ou humanitarista, etc e tal.
Gente, ele foi claro desde o início. Suas promessas de concentrar o fogo sobre o povo do Afeganistão atrás do seu quase xará, mostram claramente o seu espírito revanchista contra aquele que atingiu o império em seu coração, deixando-o à caçoada, mostrando a sua fragilidade. Bush, neste e em outros sentidos também não disfarçava, como Obama disfarça.

Pra finalizar
Pensem, reflitam. Houve, há, haverá... Será? Música (tempo/espaço) mais linda (2) do que “Garota de Ipanema”? Ave Vinícius! Ave Tom!... Saudades!

(1) Sou contra do ponto de vista filosófico, no entanto defendo a liberdade de expressão religiosa.
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(2) Uma versão da “Garota de Ipanema” que conheci ontem, mas vale a pena: http://www.youtube.com/watch?v=yW33r5X4uRs
Mas se preferir a clássica “The girl from Ipanema” com, nada mais nada menos, que Sinatra and Tom, veja em http://www.youtube.com/watch?v=B2UYVvkpYRo

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Brasil, o país do passado

Estava a assistir um trechinho do “Programa do Chacrinha” e pensei o quanto demos largos passos para trás em nível cultural. Para início de conversa, Chacrinha era o popular, em certo sentido brega, nem que kitsch, mas “o brega”...
E o que o povo assiste hoje? Gugu? Faustão? Pessoal a coisa tá cada dia pior.
Quem se apresentava no pedacinho do programa (do Chacrinha) era o Ivan Lins. Hoje só pinta pagode, sertanejo ou axé. De quando em vez tem-se a sorte de dar cara a cara com uma Maria Rita. Obviamente descuidos da “produção”.
A conclusão a que se chega é que o país já foi culturalmente muito melhor. Restam apenas as “ivetesangalos” e os “incríveishulcks” da vida. Fora os “robertoscarlos”, por sinal, origem desta postagem.
Coisa mais triste chegar à conclusão que o futuro já foi.