sexta-feira, 30 de abril de 2010

Política Externa Independente

Enquanto em Washington representantes de 47 países debatem formas de conter a proliferação nuclear, Brasil e Irã decidiram fechar, dentro de um mês, um acordo para driblar a pressão das sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Teerã que deve aumentar com a provável adoção de sanções.
O entendimento foi alvo de negociações ontem em Teerã, durante o primeiro dia da visita do ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, acompanhado por 80 empresários brasileiros. O ministro deve se reunir hoje com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para falar também de investimentos nacionais naquele país.
Atualmente, as exportações brasileiras ao Irã chegam a US$ 1,2 bilhão. Mas os iranianos dizem que este número pode ser 40% maior, já que eles consideram que quase metade do comércio entre os dois países ocorre por meio de uma triangulação no porto de Dubai. Do Brasil, portanto, a mercadoria sairia como exportação para os Emirados Árabes. Lá, ela seria enviada a Teerã, reduzindo a visibilidade das empresas que negociam com o Irã. O tema da linha de crédito foi alvo do debate de ontem da comissão criada entre os dois governos para repassar os temas bilaterais. O tema foi tratado pelo secretário executivo do MDIC, Ivan Ramalho, que também faz parte da delegação.
Vendas vão de carne a chassi. O Brasil exporta milho em grão, óleo de soja, carne, frango, açúcar, chassi com motor para veículos leves e minério de ferro para o Irã. A lista supera 100 itens, o que inclui ainda autopeças, produtos petroquímicos e celulose. As exportações da carne in natura ao Irã em janeiro somaram 15,6 mil toneladas e superaram em 106% o mesmo mês de 2009.
Política externa independente é uma característica dos governos brasileiros desde João Goulart, com uma dolorosa pausa durante o “reinado” dos generais presidentes...

Charge de Wilmarx

quarta-feira, 28 de abril de 2010

De que lado está o papa?


Acima, o papa Pio XI com Adolf Hitler e Joseph Ratzinger (Bento XVI) na Juventude Nazista

O cardeal Joseph Ratzinger (leia-se papa Bento XVI), resistiu a pedidos para suspender um padre estadunidense acusado de abusar sexualmente de crianças, segundo uma carta de 1985 que contém sua assinatura.
"Ele admitiu ter molestado muitas crianças e disse que tentou molestar todas as crianças que se sentaram em seu colo", disse um advogado de seis das vítimas de Stephen Kiesle, que o entrevistou na prisão.
A carta é o maior desafio para o Vaticano, que insiste em dizer que Bento XVI não teve nenhuma participação em barrar a expulsão de padres pedófilos durante os anos em que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O documento, assinado pelo então cardeal Joseph Ratzinger, foi datilografada em latim e faz parte de anos de correspondência entre a diocese de Oakland-Califórnia e o Vaticano sobre a proposta de suspensão do reverendo Stephen Kiesle.
Kiesle foi sentenciado em 1978 a três anos de liberdade condicional, acusado de amarrar e molestar dois garotos em São Francisco, Califórnia. Ele foi finalmente suspenso em 1987, apesar dos documentos não indicarem quando, como por que, ou qual o papel de Ratzinger na decisão.
Kiesle foi preso e acusado em 2002 por 13 casos de abuso de crianças nos anos 1970. Apenas dois casos não foram excluídos pela Suprema Corte dos EUA – que considerou inconstitucional uma lei da Califórnia estendendo o tempo para prescrição do crime. Em 2004, ele ainda foi acusado de molestar uma menina em sua casa em Truckee, em 1995, e sentenciado a seis anos de prisão. Hoje, com 63 anos, Kiesle vive em um condomínio fechado em Walnut Creek, segundo seu endereço registrado na lista de criminosos sexuais.
O caso ficou parado no Vaticano por quatro anos, até que Ratzinger finalmente escreveu para o bispo de Oakland. Passaram-se mais dois anos até que Kiesle foi finalmente suspenso. A igreja da Califórnia escreveu para Ratzinger pelo menos três vezes para checar a situação do caso. Em um momento, o Vaticano escreveu dizendo que o arquivo devia ter sido perdido, sugerindo reenviar o material.
"O cardeal Ratzinger estava mais preocupado em evitar escândalos do que em proteger crianças", desabafou um advogado que representou algumas das vítimas.

Fonte: Folha de São Paulo

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sinalização importante

Esta placa deveria ser obrigatória em todas as instituições de ensino dirigidas por padres.

A imagem foi obtida na página do Facebook: “CONTRA OS CRIMES DA IGREJA: PANOS E BANDEIRAS NEGRAS PARA RECEBER O PAPA”.

domingo, 25 de abril de 2010

Risadas de domingo

Domingo é um bom dia pra rir um pouco. Por isto vou postar algumas piadinhas que vão nos fazer desopilar o fígado!


Comecemos fazendo uma homenagem a Carlos Estevão (1) e suas “Perguntas inocentes”.
Clique na imagem para vê-la ampliada
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Esta parece um papo escatológico. E na verdade o é. No entanto, pelo menos é curtinho... e grosso. Foi-me contado por um amigo do ginásio, que dizia que todas as vezes que acabava um namoro, tinha uma forma muito boa de levar a “ex” para o seu lugar definitivo: o esquecimento.
Era bem simples. Imaginava ela dando uma cagada daquelas, com prisão de ventre, em que a coitada toda torcidinha, mordia os lábios, com os olhos a ponto de saltarem para fora do rosto. No dia seguinte, estava enojado. Nem queria pensar na pobre criatura!
Também...
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Tem aquela do sujeito visivelmente mal humorado.
Chega o amigo perto dele e pergunta:
– Pô, Fulano, você está tão mal. Qual o problema?
O Fulano olha para ele e responde amargurado:
– É, Beltrano – pára, suspira fundo, e continua exclamando – Minha mulher me deixou milionário e separou-se!
– Mas, cara, tá se queixando de que... afinal?!
Fulano respira fundo, uma lágrima se lhe escorre dos olhos e retruca:
– Eu antes era bilionário...
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Um sujeito viajando de madrugada numa estrada deserta. Não via nada por alguns quilômetros, quando enxerga uma luz muito forte.
Vai se aproximando e vê que contra a luz intensa havia uma silhueta intrigante. Uma cabeça enorme, braços maiores ainda, até o chão. Sem dúvida, pensou c’os seus botões, era um E.T.
Pára o carro. Aproxima-se lentamente da silhueta e fala alto e pausadamente:
– José da Silva, comerciário, carioca, brasileiro, habitante do planeta Terra... fazendo contato.
Um certo tempo de silêncio e veio a resposta:
– Severino da Cruz, motorista, cearense, habitante do planeta Terra... fazendo cocô.
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E tem aquela do indivíduo que morreu e foi parar no inferno.
Chegando lá o diabão chefe disse:
Olha, inferno aqui é por país. Você pode escolher o que quiser, mas, detalhe, depois de escolhido vai ficar nele para todo o sempre. E soltou aquela risada cavernosa que só diabos têm.
Dito isto, o indivíduo pôs-se a correr os países. O primeiro foi a França. Chegando lá, encontra uma bichona (ex-cabeleireiro) que lhe explica:
– Aqui, a rotina é a seguinte: 10 horras do dia no fooorno! Abriu uma porta e aquela malta berrando e ardendo nas chamas. Continuou: Depois, meu beeem, tem mais dez horrras de frrigorrífico. Daí abriu uma porta e vários caras tremendo de frio, nus em pêlo. Um verdadeiro inferno!
– E aí, restam quatro horas! É pra descansar? Perguntou o indivíduo.
– Mais ou menos. Falou a bichona frrancessa. Tá vendo aquele carra forrte ali do lado? Ele dá porrrada nas duas horras que faltóm!
O indivíduo agradeceu e se mandou.
Correu vários infernos e a coisa era mais ou menos a mesma coisa com um sotaque diferente. Finalmente deparou-se com uma fila quilométrica. Curioso perguntou ao infeliz que estava ali na fila, que prontamente lhe respondeu:
– Este é o inferno brasileiro... um paraíso... O indivíduo olhou espantado para o ex-infeliz, que prosseguiu: ...O forno está sem carvão, e nem se fala em verba para isso há cerca de dois anos. O frigorífico quebrou no ano passado, mas não se sabe quando nem como será consertado. E quanto ao grandalhão da porrada. Bom... ele é funcionário público... chega, bate o ponto, deixa um casaquinho pendurado na cadeira e só volta no dia seguinte no mesmo horário. Pelo menos é mais ou menos pontual.
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(1) Caricaturista famoso entre os anos 1940/70, Carlos Estevão (1921-1970) foi o criador do imortal personagem “Dr. Macarra”, alem de outras séries famosas como “As aparências enganam” ou “Perguntas inocentes”, publicadas na revista O Cruzeiro, muito embora tenha sido tambem colaborador do Diário da Noite e O Jornal, entre outros.

sábado, 24 de abril de 2010

Alerta sempre vale


Clique na imagem para ampliar
Capturei as imagens de um power point encaminhado pelo meu amigo Antônio Torres, e que achei valer a pena reproduzir aqui.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Alfie ontem e hoje

O fato de rever “Alfie” (1966) foi o tambem o prazer de assistir um filme décadas após e exclamar com os meus botões: “como é atual!”. Após tantos anos o filme parece que foi feito hoje.
A direção de Lewis Gilbert e a interpretação de Michael Caine (como sempre beirando a perfeição) fazem desta obra sobre Alfie Elkins, um homem que se ocupa primordialmente em conquistar mulheres, mas que, em determinado momento começa a ver seus sentimentos abalados por fatos novos e fora do seu controle, como gravidez ou amor paterno, que balançam os seus valores amorais e “machistas”.
Este filme pode ser considerado uma autêntica comédia/drama. E tem uma característica marcante do diálogo do personagem com a platéia, uma abordagem brechtiana de “distanciamento” aplicada ao cinema.
No excelente elenco ainda contamos com a presença da excelente “gordinha tesuda” Shelley Winters no papel de Ruby, Julia Foster, Jane Archer, e, por coincidência, um tal de “Alfie” (1) Bass no papel de Harry.
A história é baseada em peça de teatro de Bill Naughton, o roteiro adaptado é do autor. E a trilha sonora escrita por Burt Bacharach e Hal David, interpretada por Cilla Black é sucesso até hoje, tendo sido cantada tambem por intérpretes como Whitney Houston, Barbra Streisand, Cher ou Dionne Warwick.
Não confundir com a versão estadunidense de 2004, apenas um “arremedo” desta obra prima, apesar do bom elenco liderado por Jude Law no papel de Alfie, Suzan Saradon e Marisa Tomei sob a direção de Charles Shyer.
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(1) Alfie é apelido de Alfred, um nome comum...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O metrô entrando nos trilhos


O metrô do Rio se comprometeu com o Ministério Público a adotar uma série de medidas para melhorar os serviços prestados à população. O acordo foi resultado da Ação Civil Pública devido a problemas como atrasos, superlotação e calor no interior das composições. Para o descumprimento de cada item, foi estipulada uma multa diária de R$ 10 mil, que já está valendo desde o dia 06/04/2010.
A empresa Metrô Rio deverá informar quaisquer atrasos ocorridos, bem como seus motivos, nas composições e estações, fornecendo uma previsão mínima para o restabelecimento do serviço. E obriga a concessionária a inaugurar a estação Cidade Nova até abril de 2011.
Conforme noticiado pela imprensa em fevereiro, o promotor que cuida do caso pedia a suspensão da circulação da Linha 1A, pois há risco de colisão no encontro em “Y” (1), das linhas que vêm da Pavuna e da Tijuca no sentido Zona Sul. Porém este aspecto ficou descartado sob a alegação de que ela dá mais conforto aos usuários.

(1) A sinalização é fundamental para que este encontro de linhas em “Y” possa funcionar sem riscos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O professor Setaro relaxa


Após o sucesso do lançamento de seus livros, André Setaro curte um merecido relax, enquanto verte alguns goles de uma cerveja gelada no Porto da Barra, ao mesmo tempo em que era entrevistado pelo jornal “A Tarde” de Salvador.
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A foto é de Margarida Neide para aquele jornal.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os números não mentem


Clique na imagem para ter uma leitura comparativa melhor
No quadro acima, a comparação entre os meses de fevereiro e abril de 2010. E a constatação de que em quatro meses, a soma de perdas dos estadunidenses já superou o total dos anos de 2005 e é mais do dobro, comparada a fevereiro deste ano...

domingo, 18 de abril de 2010

Preocupatas de domingo*


Esta Pensata é o resultado de um grande susto que levei após ouvir aquele boato de que a Livraria Travessa (a original) iria fechar as portas.

Foi meu amigo e escritor Antônio Torres quem me apresentou à Livraria Travessa, aquela mesmo (ilustração acima) da Travessa do Ouvidor, 17, quase em frente ao Monumento a Pixinguinha. Era nos tempos em que ele ainda trabalhava em agência de publicidade... E eu tambem.
Apesar de trabalhar em Botafogo, uma vez por semana eu ia à Cidade almoçar com ele. E depois do almoço, quase sempre dávamos umas voltinhas pelo Centro do Rio, que tem de tudo um pouco.
E um belo dia, batemos na Travessa, a da Travessa mesmo, até porque na época era a única.
Mas hoje, a Travessa tem tambem aquela da Avenida Rio Branco, 44, no Centro, instalada no andar térreo do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e em um dos últimos exemplares dos elegantes prédios da antiga Avenida Central (projeto do arquiteto Ramos de Azevedo) inaugurado em 1908 e hoje tombado pelo seu valor histórico.
Alem desta existe a do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na Rua Primeiro de Março, 66, e a de Ipanema, na Avenida Visconde de Pirajá, 572, no coração comercial do bairro. Existe outra no Shopping Leblon, e inauguraram mais recentemente a da Rua 7 de setembro, 54... E esta me fez aumentar a suspeita que, por ser tão próxima da Travessa do Ouvidor, poderia vir a substituí-la.
Daí, outro dia passei por lá e confirmei que ela (aquela da Rua da Travessa) permanece abertinha da silva. Ufa, pra mim foi o fim de um pesadelo...
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(*) O título original desta postagem era "A Travessa continua na Travessa", mas eu mudei depois que a Ieda Schimidt enviou um comentário... E me inspirou ao respondê-la.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Será que deus evoluiu?

Ao investigar as convicções sobre o desenvolvimento da espécie humana, pesquisa Datafolha mostrou que a maioria crê em deus e em Darwin simultaneamente. Para 59%, o homem resulta de milhões de anos de evolução, mas guiada por um ente superior, informa reportagem publicada na sexta-feira passada pela Folha de S. Paulo.
Um em cada quatro brasileiros, acredita que o ser humano foi criado por deus. Para 8%, a evolução se dá sem interferência divina. Os índices variam segundo a classe social e o nível de educação. Quanto maiores a renda e a instrução, maior é a parcela de darwinistas e menor a de criacionistas – que dão mais peso à ação divina.
Os resultados são semelhantes aos europeus e contrastam com os dos Estados Unidos. Segundo pesquisa (Gallup 2008), entre os estadunidenses os criacionistas somam 44%. Os evolucionistas com deus, 36%, e os darwinistas "puros", 14%.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A gaveta

Mais uma incursão minha em tentativas literárias. Este conto foi escrito em 1998.

Selma chegou com uma sacola na mão. Abriu a gaveta.
- Ih, não vai caber. Observou Sérgio olhando para ela.
Selma, como que ignorando o comentário dobrou a sacola de plástico e com maestria a ajeitou na gaveta. Fechou. Olhou para o lado na direção de Sérgio com ar de vitória e retrucou orgulhosa:
- Eu sei os limites da minha gaveta!
Risos.

Antônio chegou ao lado de Sérgio. Seu jeito era malicioso, um tanto jocoso.
- Você reparou naquela lourinha nova da contabilidade?
- Claro... respondeu Sérgio com mais malícia ainda.
- Sabe o nome dela?
- Não. Ainda não sei.
- Sislene. Vê se pode. Tão gostosa, com um nome tão escroto.
- Puta merda, ela não merecia. Mas, bem que ela, no fundo no fundo... tem um jeitinho tão suburbaninho! - Pausa - Mas que é gostosinha, ah, isso é.
Houve um breve silêncio.
- Sabe o que que eu acho? Acho que a gente tem que chamar as mulheres com o nome que a gente acha que elas devem ter. Por exemplo. Essa tal de Sislene, foi esse o nome que você falou, não foi? Acho que ela tinha que se chamar... Débora. Sim, Débora é um nome que combina com ela. Tem cara de Débora.
- Bem melhor. Ah! Débora, que bundinha linda. Que peitinhos, hummm!
- Tem alguém comendo?
- Já?... Sei lá!
- Bom, sabe como é aqui, né!? É uma comilança danada. - Sérgio aproximou-se mais de Antônio e sussurou - Sabe a secretária do Albano, aquela gostosíssima?
Antônio balançou a cabeça.
- Pois bem, sabe quem está comendo?
- Quem?
- O Alfredo.
- É mesmo. Puta que pariu! E eu que não tirava o olho dela. Achava até que ela dava bola pra mim. Ah, que filha da puta!

Sérgio estava impaciente, inquieto. O ambiente era saturado, abafado, enfumaçado. Sérgio sempre sofrera um pouco de claustrofobia. Virou-se bruscamente para Júlia:
- Aquele cara está olhando para você.
Júlia franziu a testa.
- Que é isso, Sérgio... você bebeu um pouquinho demais, vai!
- Não, Júlia, não. Eu tenho certeza que aquele crápula, aquele imbecil, aquele sei lá o quê olhou pra você, e eu vou...
- Você não vai a lugar algum, Sérgio. Olha o tamanho dele...
- Quer dizer que você já notou até o tamanho dele, né?
- Sérgio, querido, que babaquice! Sérgio, vou propor uma coisa.
- Fala...
- Vamos pedir a conta... Vamos embora.
- Vamos... Mas antes eu vou tomar satisfações com aquele cara.
- Sérgio! Tô falando sério! Deixa isso pra lá!
- Não.
Sérgio levantou-se bruscamente, meio que cambaleante. Júlia tentou segurar. Levou um safanão. Ficou estatelada na cadeira.

- Alô!... Selma, como vai. Bom, eu estou... é... ah foi terrível. Também eram três. Não deu pra começar sequer. Hum... Júlia terminou comigo, ficou puta da vida. Quê que eu posso fazer, né? Como? É, só vou trabalhar amanhã. Por enquanto estou meio quebrado. Obrigado... tá... obrigado mesmo por ter ligado.. Ok. Ah, Selma... Sabe de uma coisa... sabe mesmo? Eu não sei os limites da minha gaveta, sabe, não sei.
Risos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Lançamento HOJE em Salvador, Bahia


13 de abril de 2010 às 20 horas
na SaladearteCinema do Museu, na Av. Sete de Setembro (Museu Geológico da Bahia).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O cinema passado a limpo

Para alem de ser meu primo, considero o Professor André Setaro (1) um dos maiores conhecedores de cinema no Brasil. Ia escrever um texto sobre e para o lançamento de seus três livros em noite de autógrafos, dia 13/04/2010 (quarta feira) em Salvador, Bahia (2). No entanto ao ler o seu blogue (3) ontem, travei conhecimento com este brilhante resumo de sua trajetória escrito pela jornalista Aleksandra Pinheiro e o transcrevo abaixo:

Um homem chamado cinema

André Setaro estreou na crítica cinematográfica há cerca de 40 anos, quando escreveu seu primeiro ensaio na imprensa, no antigo Jornal da Bahia, defendendo a importância de Jerry Lewis. Em vez de submeter-se aos padrões ideológicos da época, preferiu privilegiar a estética cinematográfica, tal e qual aquele personagem quixotesco de Nós que nos amávamos tanto, de Ettore Scola. É o próprio Setaro quem explica as reações na ocasião: “Se até hoje muitas pessoas não compreendem o valor de Jerry Lewis, acham que é um diretor de sessão da tarde, imagine naquele período ideologizado? Fui logo chamado de alienado”, relata, com o riso irônico de quem sempre amou muito mais o cinema do que as revoluções.

Seu amor pelo cinema, reiterado na militância da imprensa diária, especialmente no Jornal Tribuna da Bahia, ganha agora o sabor da permanência. A editora Azouge, em parceria com a Edufba, lança no próximo dia 13 de abril, Escritos sobre o cinema, trilogia de um tempo crítico.

A obra 'setariana' está dividida em 3 volumes: No Vol I encontramos os escritos sobre filmes, atores e diretores que marcaram a história do cinema e também depoimentos e artigos com inclinações autobiográficas. Além das impressões do crítico sobre Orson Welles, Kurosawa, Fellini, Godard, Bergman, entre outros ícones, fica-se também conhecendo a trajetória e paixão de Setaro pelo seu objeto de desejo e estudo.

O Vol II é dedicado integralmente ao cinema baiano que este ano completa 100 anos. Nas resenhas críticas, o autor fala sobre as obras e cineastas pioneiros na Bahia (a exemplo de Roberto Pires e Glauber Rocha) e também reflete sobre os homens e as circunstâncias que permitiram o surgimento e a efervescência do cinema na província. Setaro rende homenagens ao mestre Walter da Silveira e ao lendário Clube de Cinema da Bahia, assim como reconhece o valor de empreendedores, a exemplo de Guido Araújo e sua longeva Jornada de Cinema. Fala sobre o boom superoitista e recorda com ternura dos cinemas de rua de Salvador, como o Guarany, Excelsior, Liceu, Tamoio, Bahia, Pax, Aliança, Jandaia.

No Vol III Setaro trata especificamente da linguagem cinematográfica: Embrenha-se pelos caminhos teóricos, destaca as escolas, os autores, mas nunca perde de vista aquilo que o crítico Inácio Araújo, autor do prefácio da sua trilogia, definiu como “uma prazerosa proposta civilizatória”.

Este farto material estava praticamente destinado ao esquecimento, já que André Setaro, apesar do incentivo que sempre recebeu dos colegas e alunos, recusava a ideia de transformar tudo em livro: “Amigos sempre me falaram para escrever um livro, mas eu nunca quis”, relata, destacando que foi convencido da viabilidade do projeto pelo jornalista e escritor Carlos Ribeiro, que há mais de 15 anos insistia na publicação destes textos. Foi assim que, a partir de 2005, Carlos Ribeiro juntou-se a Carlos Pereira, André França, Marcos Pierry e alguns outros ex-alunos de Setaro e decidiram, de forma voluntária, realizar o trabalho de pesquisa e seleção da obra: ‘O enorme esforço dos professores que realizaram o trabalho foi, em si, um reconhecimento à contribuição de André Setaro ao cinema da Bahia e do Brasil. É um material valiosíssimo, que necessitava ser preservado.’, destaca Carlos Ribeiro, organizador dos três volumes.“

(1) Graduado em Direito pela UFBa (1974), fez mestrado em História e Teoria da Arte pela Escola de Belas Artes, na mesma universidade(1998). Atualmente é professor adjunto do Departamento de Comunicação tambem na UFBa. Crítico cinematográfico do jornal Tribuna da Bahia, desde agosto de 1974 e colunista cinematográfico da revista eletrônica Terra Magazine http://terramagazine.terra.com.br/ onde publica ensaios e críticas todas as terças feiras.

(2) Em breve a coleção estará à venda em todo o país. Para quem morar ou estiver em Salvador, o evento será dia 13 de abril às 20 horas na “SaladearteCinema do Museu”, na Av. Sete de Setembro (Museu Geológico da Bahia).

(3) Link em “minha lista de blogues”ou
http://setarosblog.blogspot.com/

domingo, 11 de abril de 2010

Boccaccio 70, quase cinco décadas depois


Da esquerda para a direita: Marisa Solinas, Anita Eckberg (com Peppino De Filippo), Romy Schneider e Sophia Loren

Quando vi “Boccaccio 70” no cinema, havia sido cortado o episódio de Mario Monicelli.
Agora, revendo o filme em DVD, finalmente consegui assisti-lo. E não tinha conhecimento da razão de o terem cortado... Achava até que teria sido por motivos de censura (1), porem, o professor Setaro me esclareceu que foi devido ao tempo do filme que ficaria longo demais.
Inspirado no clássico “Decameron”, de Boccaccio, quatro grandes mestres do cinema Fellini, Visconti, De Sica e Monicelli, criaram uma comédia inesquecível em quatro episódios (2) abordando moralismo e puritanismo. A grande virtude deste filme foi a de reunir tão excelentes diretores ao mesmo tempo.
O mais rico em tudo isto é comparar num só filme as sutilezas e diferenças de estilo e pensamento de cada um dos quatro gênios.

No episódio de Monicelli “Renzo e Luciana”, com Marisa Solinas e Germano Gilioli, a divertida história de um casal da classe operária que tem de manter em segredo o seu casamento, para não perder o emprego. Um dia eles são descobertos pelo chefe e acabam despedidos. Está lá o dedo do realizador e sua crítica à sociedade. Bem ao seu estilo.

“As tentações do Dr. Antônio”, episódio do GRAAANDE Fellini e uma crítica mordaz à direita católica que o arrasou quando do lançamento de “La dolce vita”. Detalhe genial a sua perfeição em transformar Anita Ekberg (3) numa gigantesca criatura, somente usando ângulos como plogée e contre plongée e um cenário reduzido em escala.
Anita está belíssima, e Peppino De Filippo fora de série em sua performance no papel do “moralista” – imoral, como todos eles.

Visconti e a critica de um Materialista Histórico – mais conhecidos como marxista (4) – à decadência da aristocracia... Perfeito! O seu humor sutil e a beleza de Romy Schneider fazem de “O Trabalho” uma contemplação pitoresca do casamento. A vingança “explícita” de uma mulher às infidelidades do marido (Thomas Milian).

E, at last but not least, fechando com chave de ouro, “A rifa”, cujo prêmio é “apenas” uma noite com uma esplendorosa Sophia Loren, a exibir bondosamente o seu farto e generoso colo mediterrâneo. E tudo ao estilo inconfundível de De Sica.

É muito! É demais em qualidade... É arrepiante ver que um filme, 46 anos após ser realizado está ali, na sua frente com uma qualidade que põe no chinelo as “obras” (???) que se produzem por aí, às toneladas...
Quase cheguei às lágrimas pela emoção que isto me causou.

(1) Monicelli não era benquisto pelos generais de plantão por ter realizado “Os companheiros” (1963)

(2) Era muito comum na Itália nos anos 1960 realizar filmes com episódios de um ou mais diretores.

(3) La Eckberg foi uma das razões que provocaram grandes polêmicas em relação ao filme.

(4) Marx batizou suas idéias de Materialismo Histórico. E se opôs quando começaram a chamá-la de Marxismo.

sábado, 10 de abril de 2010

Massacre de civis no Iraque em 2007


Acima imagens da sangrenta sequência

Um vídeo divulgado na internet (05/04/2010), no qual militares invasores aparecem disparando indistintamente contra crianças e pessoas desarmadas, prova que o exército dos Estados Unidos se omitiu sobre os eventos de 12 de julho de 2007, quando mais de dez iraquianos morreram e duas crianças ficaram feridas em uma ofensiva.
O vídeo é acompanhado pelo áudio da conversa dos militares estadunidenses durante a operação. É possível ver um grupo andando pelas ruas de Bagdá (quadro 1). Em seguida se ouve os pilotos identificando-os como rebeldes e as pessoas são baleadas. Em terra, uma van aparece para resgatar os feridos e também é bombardeada (quadros 2 e 3).
No dia seguinte ao ataque, o exército ianque divulgou a sua versão para os acontecimentos, que, inclusive matou jornalistas da agência Reuters de notícias.
De acordo com os militares, os helicópteros se encaminharam para o local para dar apoio a uma equipe em terra que combatia tropas insurgentes munidas de armas de fogo. De cima, os pilotos teriam visto pessoas armadas no chão e levado o massacre adiante. Na realidade eram jornalistas e fotógrafos da agência com máquinas que foram confundidas com armas devido às objetivas muito longas (quadro 4).
Durante a gravação, é possível ouvir os militares zombando das pessoas alvejadas. “Ah, yeah, olha só esses malditos mortos. Bacana”, um atirador afirma.
Quando as tropas do solo chegaram ao local, encontraram duas crianças feridas dentro da van bombardeada, ouve-se: “Bem, é culpa deles se trazem suas crianças para a batalha”.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

As 50 maiores mentiras do mundo

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O texto abaixo foi publicado no blogue “Professor Texto” (link ao lado) do meu amigo Luiz Favilla com o título “1 de abril: acredite se quiser”.

01 - Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. 02 - Não nos procure, nós o procuraremos. 03 - Pode deixar que eu te ligo. 04 - Puxa, como você emagreceu. 05 - Fique tranqüilo, vai dar tudo certo. 06 - Quinta-feira, sem falta, o seu carro vai estar pronto. 07 - Pague a minha parte que depois eu acerto contigo. 08 - Eu só bebo socialmente. 09 - Isso é para o seu próprio bem. 10 - Eu estava passando por aqui e resolvi subir. 11 - Estou te vendendo a preço de custo. 12 - Não vou contar pra ninguém. 13 - Não é pelo dinheiro, é uma questão de princípios. 14 - Somos apenas bons amigos. 15 - Que lindo é o seu bebê. 16 - Pode contar comigo. 17 - Você está cada vez mais jovem. 18 - Eu nem reparei que você usava peruca. 19 - Nunca broxei antes. 20 - Você foi a melhor transa que eu já tive. 21 - Não contém aditivos químicos. 22 - Estou sem troco, leve um chiclete. 23 - Obrigado pelo presente, era exatamente o que eu estava precisando. 24 - Não se preocupe, essa roupa não vai encolher. 25 - Não se preocupe, essa roupa vai lacear. 26 - Essa roupa é a sua cara. 27 - Eu não pude evitar. 28 - Tudo o que é meu, é seu. 29 - O salário vai subir. 30 - Eu não sou candidato. 31 - Começo a dieta na segunda. 32 - O trabalho engrandece o homem. 33 - Isso nunca aconteceu comigo. 34 - Isto vai doer mais em mim do que em você. 35 - Dinheiro não traz felicidade. 36 - Você sempre foi a única. 37 - Pode ir que vou depois. 38 - Eu nem estava olhando. 39 - Que bom que você já arrumou outra, estou feliz. 40 - A amizade é o que importa. 41 - Juro que não estava sabendo. 42 - Não fui eu que contei. 43 - Está perfeito. 44 - Esse carro nunca foi batido, só fica na garagem. 45 - Não folga que sou faixa-preta. 46 - Eu liguei, mas ninguém atendeu. 47 - Beleza e dinheiro não importam: o que vale é estar feliz. 48 - Ela era virgem quando a conheci. 49 - Nunca te traí. 50 - Essas mentiras acima, nunca falei.

Há muitas explicações para o 1 de abril ter se transformado no Dia da Mentira ou Dia dos Bobos. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1 de abril.
No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou "A Mentira", um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. "A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.
(fonte: wikipédia - pra quem acredita nela, é claro)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma notícia preocupante


"Venda de carros bate recorde e deve passar de 320 mil unidades no mês".

Esta manchete do Estadão Online na semana passada é motivo deveras preocupante quanto ao futuro do país no tocante ao modelo de desenvolvimento adotado (ou imposto) por estas “bandas brasilis” e ao desequilíbrio ecológico.
É notório que a sociedade capitalista consolidou-se através do uso do automóvel, principalmente após Henry Ford desenvolver e viabilizar a produção em massa desses veículos.
Isto porque acentuou o individualismo e a competição entre a população em busca de status pessoal.
Estamos presenciando o surgimento de uma “nova classe média” (a antiga “classe” C), decorrente do crescimento do capitalismo no Brasil.
Antes tínhamos a classe média oriunda de parte da “velha aristocracia” (pequenos burgueses urbanos), compostos basicamente para preencher o aparelho de Estado que servia às classes dominantes.
O crescimento assustador na venda desses “monstrinhos” individualizantes faz parte de um grande projeto do governo do sr. da Silva (1) – ele mesmo integrante destes “novos ricos” que em sua maioria provêem de setores mais privilegiados do proletariado – a chamada “aristocracia operária”, e é formada por aquele tipo de sujeito que coloca no seu vidro traseiro um adesivo com a frase: “eu não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho”.
Este boom na fabricação acelerada de veículos, alem do mais é uma das causas de poluição atmosférica mais conhecidas.

(1) O estímulo ao consumo reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e aumentou de forma exagerada o prazo das prestações na compra de veículos motorizados, chegando em alguns casos a mais de oito anos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pré Jornada Internacional de Cinema - BA

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Stela B. de Almeida, socióloga e Professora Adjunta de Sociologia da Educação/UFBa (Universidade Federal da Bahia) enviou-me informações que, de forma resumida, publico abaixo (1).

Mostra de filmes:
Povos Indígenas do Brasil
Sala Walter da Silveira
9 a 15 de abril de 2010
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Programação especial do Clube de Cinema da Bahia, com filmes dedicados à luta dos Povos Indígenas do Brasil. Após a sessão de 15 de abril haverá um debate no qual contaremos com a participação especial de Maria Hilda Paraíso, Hirton Fernandes, Yakuy Tupinambá e Franklin Oliveira Jr.

Exposição Fotográfica:
Guido Boggiani y el Chaco. Una Aventura del Siglo XIX
Biblioteca Pública do Estado
9 a 15 de abril de 2010
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Exposição fotográfica do trabalho pioneiro do pintor e fotógrafo italiano Guido Boggiani (1861-1901). Nome de destaque da pintura naturalista na Itália, o artista veio em 1887 para a América do Sul, passando a pesquisar, a vida e cultura dos índios do Gran Chaco, região fronteiriça entre Brasil, Argentina e Paraguai. Sua obra foi salva por Alberto Vojtech Fric (1882-1944) que conseguiu recuperar 415 fotos.

(1) Maiores informações e a programação completa está no blogue “Cultura, Política e Cinema” (link ao lado) ou http://stelalmeida.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Uma homenagem ao charme da beleza feminina

Notem estes olhos... Melhor dizendo, este olhar. Olhem fixamente, fitem-no. Encantem-se com o seu poder de sedução. Ou como comentou nesta postagem (e faço questão de acrescentar aqui) em momento de grande inspiração o professor André Setaro: “... olhos suplicantes de desejo!”
Poucas vezes existiu uma mulher como Capucine. Lembro que quando a vi a pela primeira vez no cinema ela me impressionou e atraiu de imediato. Seus gestos delicados e acentuadamente femininos, seu charme, tudo de uma sensualidade envolvente.
Por acaso estou a falar dela porque revi recentemente “O que é que há gatinha”, 1965 (1), quando por coincidência – e infelizmente –, se completaram 20 vinte anos de sua morte.
Capucine, neé Germanine Lefébvre (2) nasceu em Toulon, França, em 6 de janeiro de 1928 e deixou a vida pulando do 8º andar do edifício em que vivia em Lausanne, Suíça, após uma crise de depressão no dia 17 de março de 1990. Uma morte trágica para quem nos encantou e nos conquistou naqueles momentos inesquecíveis em que a vimos nas telas.
Antes de ser atriz, Capucine frequentou a Escola de Belas Artes para em seguida transformar-se numa das modelos mais importantes da França, tendo trabalhado para a Maison Givenchy no mesmo período em que, naquela grife, Audrey Hepburn tambem era manequim. Nos anos 1960 houve “rumores” de um caso com o ator estadunidense William Holden com quem filmou “O leão” em 1962.

(1) Dela ainda tenho em casa “A pantera cor de rosa” (1963) e Fúria no Alaska” (1960).

(2) Lefébvre, aliás, é o nome de seu personagem em “O que é que há gatinha?” (What’s new pussycat? ), direção de Clive Donner e roteiro de Woody Allen, em seu primeiro trabalho tambem como ator.

domingo, 4 de abril de 2010

Uma frase para marcar o dia

Denis Diderot (Langres, 5 de Outubro de 1713 – Paris, 31 de Julho de 1784) foi um mestre em frases que refletiam o seu pensamento, como: “Perguntaram um dia a alguém se havia ateus verdadeiros. Você acredita, respondeu ele, que haja cristãos verdadeiros?” ou “Devem exigir que eu procure a verdade, não que a encontre”

Mas há uma frase de Diderot que eu acho tão especial que apenas troquei os dois personagens e adaptei à nossa realidade.
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"O mundo só será feliz no dia em que o
último dos capitalistas assassinos
for enforcado com as tripas do último
dos papas pedófilos"
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A frase original é “O mundo só será feliz no dia em que o último dos reis for enforcado com a tripas do último dos cardeais”

Cachimbadas de domingo

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Como diminuíram as tabacarias do Rio de Janeiro! Aliás, creio eu ser um fenômeno nacional. E por que não dizer mundial? Em parte, consequência do “antitabagismo fascistóide” que nos assola, e, por outro lado, penso eu, que cachimbo saiu de moda. Embora o vendedor da Gryphus – tabacaria da cidade em que compro meus tabacos – garanta que teem muitos jovens aderindo ao velho hábito.
Eu me torno até meio repetitivo, mas uma vez contei neste blogue que houve um tempo em que existiam dezenas de quiosques e lojinhas, para alem das grandes tabacarias, claro, onde se podiam comprar cachimbos e tabacos da melhor qualidade por essas bandas cariocas. Nesta época cheguei a ter mais de 50 cachimbos e fumava com frequência o saudoso (1) Balkan Sobraine e os Dunhill (2) que foram os primeiros a sumir do mercado.
Mas acabou que desapareceram quase todas as espécies de fumos importados. Havia muitos holandeses e de outras nacionalidades. Hoje apenas se encontram nas tabacarias o Half & Half e algumas variedades de Borkhum Riff. Não me pergunte por que, mas é isso mesmo.
É verdade que aumentou, e muito, a variedade de tabacos tupiniquins. Mas o certo é que os preços destes tambem aceleraram de forma assustadora. Hoje compra-se um Half & Half por 22 a 24 reais. Mas por outro lado bons fumos nacionais estão na casa dos R$ 14,00 pra cima. O negócio é fumá-los. Até porque se escolhendo bem são de boa qualidade e comparáveis aos estrangeiros... À exceção do velhos e bons Dunhill de Latakia. Estes são incomparáveis!
Quanto aos cachimbos, continua a existir em grande variedade. E muito embora os nacionais tenham melhorado muito, existindo alguns de briar (3), os europeus ainda são superiores. Mas estão bastante caros. No entanto, faz algum tempo que não compro cachimbos novos, até porque ainda tenho uma coleção com mais de trinta.

(1) Era um fumo constituído por uma mistura de folhas claras e escuras de Virgínia com uma seleção de Macedonia, e enriquecido com folhas de Latakia, fabricado pela Gallagher (Londres) que, infelizmente o retirou de produção...

(2) Os Dunhill continuam a ser fabricados, mas os seus importadores (sabe-se lá porque) não mais os distribuem.

(3) "Briar" é a denominação em inglês (em francês bruyère) para a madeira da parte entre a raiz e o tronco (vulgarmente conhecida como "cepo"), da “Erica arbórea”, árvore pequena que cresce na região mediterrânea. A sua raiz destaca-se pela longevidade, resistência ao calor e boa aparência.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A fita branca e o futuro cinzento (ou as raízes do mal)


“(...) Não ficaria feliz se esse filme fosse visto como um filme sobre um problema alemão, sobre o nazismo. Este é um exemplo, mas significa mais que isso. É um filme sobre as raízes do mal. É sobre um grupo de crianças, que são doutrinadas com alguns ideais e se tornam juízes dos outros – justamente daqueles que empurraram aquela ideologia goela abaixo deles. Se você constrói uma idéia de uma forma absoluta, ela vira uma ideologia. E isso ajuda àqueles que não têm possibilidade alguma de se defender, de seguir essa ideologia como uma forma de escapar da própria miséria ... Em nome de uma ideia bonita pode-se virar um assassino ...”
Michael Haneke em entrevista ao “New Yorker (outubro de 2009).

Ele é um dos mais importantes cineastas da atualidade (1). Suas realizações costumam provocar perplexidade por abordarem sem firulas ou rodeios a violência, tanto física quanto psicológica. Em “A fita branca (Das weisse band), Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2009, Haneke chega a incomodar, tal a violência de certas cenas e diálogos.
Narrada pelo professor (interpretado por Christian Friedel) de uma pequena cidade no interior da Alemanha, a história inicia-se no ano de 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, onde a vida é ditada pelos rigorosos princípios “moralistas” do puritanismo luterano, da submissão e do autoritarismo, um eixo das relações antagônicas entre proprietários de terras e camponeses, entre homens e mulheres... Entre pais e filhos.
Neste pequeno povoado começam a acontecer uma série de agressões inexplicáveis, mas curiosamente em série, cujos autores se constituem num enigma. Logo no início do filme, um arame estendido no local em que passava a cavalo o médico local, a morte violenta e dramática de uma camponesa, duas crianças brutalmente espancadas, o incêndio de um celeiro na fazenda.
Tudo isto em preto e branco, numa narrativa “noir” e um rigor fotográfico da dramática escuridão que traduz de forma exata o próprio lado escuro e obscuro do ser humano (e da história), onde os rumores e o mistério provocam o medo numa progressão que deixa o espectador preso à tela... Sim, medo; o mesmo medo que observamos em “M – o vampiro de Dusseldorf” (Fritz Lang 1931) ou em “O ovo da serpente” (Ingmar Bergman 1977).
Um medo que tambem foi o embrião do nazismo (3), que o alimentou e o sustentou. Um medo que se estendeu através de todo o século XX nos invadindo em profunda escuridão psicológica, destacadamente nas formas das ditaduras fascistas à direita ou stalinista, supostamente à esquerda (2), marcando um período cinzento da humanidade.

(1) Seus filmes mais importantes são “A professora de piano”, e “Caché”. Também realizou, entre outros, “Violência gratuita”, “O castelo” e “Código desconhecido”.

(2) Sempre defendo a tese de que Stalin (e o stalinismo que o sucedeu) deturpou e “quase” enterrou os princípios do Materialismo Histórico, deixando a esquerda numa encruzilhada frente ao futuro.

(3) Respeito o ponto de vista do diretor... Tanto que comentei sobre o stalinismo porque sei que ele (Haneke) acredita que outras ideologias podem levar a este mesmo ponto (cinzento) da história. Leiam na introdução a esta matéria, nas palavras do próprio diretor.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Série Amarela - 1

Virou uma obsessão nacional o assassinato da menina Isabela e o envolvimento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá (1). Mas, talvez poucos se lembrem da pequena Tânia e de Neyde Maria Lopes, a “Fera da Penha”. Pretendo com ele iniciar e relembrar alguns "affaires" dito hediondos e/ou sensacionalistas, pratos feitos para a imprensa, particularmente a “marrão”.

O caso d’A Fera da Penha

Neyde conheceu Antônio Couto Araújo. Apaixonaram-se e começaram então a ter encontros freqüentes. Em pouco tempo, Neyde descobriu que Antônio, era na verdade casado e pai de duas crianças. Exigiu então que ele se separasse da esposa e das filhas. Ao ver que Antônio não abandonaria sua família, Neyde aproximou-se de Nilza Coelho Araújo (esposa de Antônio), fingindo ser uma velha colega de colégio. Não suportando ser “a outra” na vida do “amado”, decidiu tramar sua vingança contra o amante. Neyde viu em Tânia, 4 anos, filha mais velha do casal, o seu alvo ideal.
No dia 30 de junho de 1960, Neyde telefonou para a escola de Tânia, e, fazendo-se passar pela mãe, disse que precisava que a menina fosse mais cedo para casa e que mandaria uma amiga para buscá-la. Neyde pegou a menina e ficou a vagar sem rumo com Taninha por seis horas. Passou numa farmácia onde comprou um litro de álcool. Às oito da noite, levou a pequena Tânia ao galpão do Matadouro da Penha, executando friamente a indefesa vítima com um único tiro na cabeça. Em seguida, cruelmente ateou fogo em seu cadáver.
As investigações policiais levaram a Neyde, que negou o crime e forneceu pistas falsas, sempre a mentir, a refutar a autoria do crime. Após o laudo final da perícia ela já não tinha mais como fugir às evidências e acabou por confessar a autoria do crime. Foi condenada a 33 anos de prisão, mas após cumprir 15 anos, ganhou a liberdade condicional por bom comportamento. Ficou conhecida como “Fera da Penha” e diz-se que até hoje vive em um apartamento na Penha, após ter-se casado com o diretor da prisão em que cumpriu pena...

(1) Esta postagem foi publicada no antigo “Pensatas” em maio de 2008 no auge da fase inicial do "caso Nardoni".

Série dedicada à “Coleção Amarela”, uma publicação da Editora Globo (a de Porto Alegre) nos anos 1930/50, constando dela romances de autores conhecidos no gênero de mistério, tais como Edgar Wallace, Sax Rohmer, S. S. Van Dine, Agatha Christie e Georges Simenon, entre outros.