domingo, 30 de abril de 2017

Pensatas de Domingo. A imprensa oficial e a greve geral de 28/04




O que de fato ocorreu neste dia 28 de abril de 2017, para além do que foi divulgado pela grande imprensa burguesa?,  a greve geral atingiu resultados? , e outras perguntas se nos veem à cabeça quando ao assistirmos ou lermos o narrado e divulgado de forma distorcida por canais desta mesma grande imprensa e seus interesses.

Começo pelo fato de que ontem procurei acompanhar por emissoras (des)informativas da TV fechada, e nelas encontrei uma grande contradição entre o que via e o que narravam. A mais completa distorção dos fatos. Um exemplo marcante foi quando a GloboNews transmitia uma passeata direto de Recife, e começou aquele corinho: “... o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.. e logo foi cortada o sinal. Isto, fora as referências ao clichê “vandalismo dos depredadores”, quando quem vandalizava mesmo era a Polícia em sua dura repressão.

Quanto à greve geral, ninguém precisava falar de seus resultados quando as portas de todas as lojas estavam cerradas. Prova maior do que esta? Como declararam alguns comerciantes: “o resultado foi ‘pior’ do que feriado”.

Já no dia seguinte a imprensa escrita evitou abordar o tema. E quando tocou no assunto foi de forma completamente neutra ou se referindo às notícias que se referiam a atos de “vandalismo” e depredações por parte dos manifestantes. Típico de quem não quer reconhecer a derrota dos que se opuseram à greve, como Temer que teve a “cara de pau” de, em comunicado oficial, referir-se ao movimento como “repressão ao direito de ir e vir da população” (risos).

Nunca, nem mesmo no período da ditadura militar, a luta de classes e o totalitarismo estiveram tão evidentes e/ou escancarados quanto no instante pelo qual passa o país. O governo golpista de Temer & Cia. tem sido escancarado em sua repressão à liberdade de expressão por parte da imprensa. Hoje, para se saber algum fato com profundidade e clareza, é necessário se apelar a blogues e outras fontes de informação não oficiais.

Já na mídia internacional encontramos notícias mais críticas como no jornal alemão Deutsche Welle que diz em sua manchete que "Brasileiros se mobilizam pela democracia" e lembra que a última greve geral no Brasil ocorreu em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O diário argentino Clarín alerta para a paralisação como sendo uma das piores sexta-feiras para se movimentar no Brasil, especialmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O noticiário afirma que as reformas trabalhista e da Previdência são o principal motivo dos atos. O texto descreve os últimos acontecimentos em torno dos escândalos de corrupção envolvendo políticos e as empresas Petrobras e Odebrecht. O espanhol El País fala em seu título que "Uma greve geral desafia as reformas do governo brasileiro" e analisa que o governo brasileiro está apostando seu futuro nos próximos dias. O vespertino ressalta que os sindicatos decidiram desafiar as reformas de Temer na rua.

Nos “finalmente”, a marcha da população à casa de Temer em São Paulo, duramente reprimida, ou a violência da PM no Rio de Janeiro e outras capitais que foram ao máximo omitidas. Isto sem se falar da libertação de Eike Batista neste mesmo 28 de abril... até parece que o poder judiciário aderiu à greve!

domingo, 23 de abril de 2017

Pensatas de Domingo. Chávez, Bolívar e a democratização da comunicação



Quando se trata de bolivarianismo estamos falando de um processo de transformações políticas, sociais e culturais
  
Caio Clímaco*
Belo Horizonte, 17 de Abril de 2017

O termo "bolivarianismo" tornou-se conhecido mundialmente por conta do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez que realizou o resgate dos ideais do libertador Simon Bolívar durante o processo de desencadeamento da revolução bolivariana, no final dos anos 1990. Desde então, a expressão é utilizada e caracterizada frequentemente pela grande mídia brasileira com um caráter pejorativo e depreciativo, em que se busca desvirtuar o real significado dessa palavra. Em diversos veículos de comunicação de massa, o "bolivarianismo" é constantemente representado como um projeto de sociedade socialista retrógrada e autoritária que restringe a liberdade de imprensa e diminui o papel das instituições públicas.
 
Fato é que, quando se trata de bolivarianismo, estamos falando de um processo de transformações políticas, sociais e culturais, baseadas no resgate da história e da identidade do povo latino-americano e, mais do que isso, estamos falando também de participação popular, democracia direta e poder popular. O termo tem sua origem baseada no projeto de libertação iniciado por Simon Bolívar que teve continuidade nos governos da Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. Simon Bolívar é um personagem importantíssimo na história da luta pela independência de pelo menos 6 países na América Latina (Bolívia, Equador, Colômbia, Panamá, Peru e Venezuela) e tinha como guia para as suas ações o lema "Pátria ou Morte", no entanto, a importância histórica do seu legado é pouquíssimo reconhecida no Brasil.
 
Nascido em 1783, na cidade de Caracas, na Venezuela, Simon Bolívar teve como ideal de sua vida a libertação e a independência dos povos da América da Latina. Para ele, somente a partir da liberdade dos povos latino-americanos seria possível alcançar outras conquistas importantes. Tanto lutou que conseguiu. Bolívar, mesmo sendo de origem aristocrata, não se vendeu a uma possível vida de privilégios e acabou sendo bastante influenciado pelas ideias libertadoras do pedagogo Simon Rodriguez, seu principal mentor. Durante o período de estudos que teve na Europa, acabou influenciado também pelas ideias iluministas e teve uma formação de caráter humanista.
 
Em 1813 liderou a luta pela independência na Venezuela, sendo proclamado El Libertador após vencer duras batalhas contra os espanhóis colonizadores. A partir daí participou da fundação e foi governador da Grande Colômbia (composta por Bolívia, Equador, Venezuela e Panamá), governou o Peru e a Bolívia e, ainda hoje, esse importante personagem da história influencia povos no continente sul-americano e em outras partes do mundo através de seus escritos, inspirando liberdade, autonomia, firmeza, valentia e força espiritual. Cabe ressaltar também que, ainda no século XIX, Simon Bolívar compreendeu a importância da comunicação em sua época, criando o jornal Correo del Orinoco que serviu como um importante instrumento propagandístico dos seus ideais e que tinha como lema a seguinte frase: "Somos libres, escribimos en un país libre y no nos proponemos engañar al público", ou somos livres, escrevemos em um país livre e não nos propomos a enganar o público.
 
Mas por que então a grande mídia brasileira teima em trabalhar para defenestrar este importante símbolo mundial? Por que será que nós brasileiros não conhecemos o legado e as ideias de Simon Bolívar? Para responder a essas questões convido o leitor(a) a refletir sobre o comportamento da grande mídia brasileira no decorrer da história recente do Brasil. Vamos resgatar aqui apenas um importante exemplo, mas em todo caso é possível fazer pesquisas mais aprofundadas na internet para se encontrar diversos outros casos semelhantes, pois este é o modus operandi dos grandes meios de comunicação.
 
A Rede Globo por exemplo apoiou, em 1964, o Golpe Militar que sequestrou a democracia brasileira por mais de 20 anos, além de assassinar e torturar militantes de esquerda e outros civis. Se não bastasse o apoio ao golpe, a grande mídia foi a responsável por contribuir incisivamente na marginalização de importantes militantes que atuaram contra o regime autoritário dos militares, foi o caso por exemplo de Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional, organização de esquerda que lutou arduamente pela conquista da democracia. Marighella foi e continua sendo acusado – pelos mesmos meios de comunicação – de facínora e terrorista, tudo isso porque, assim como Simon Bolívar, lutou pela liberdade de seu povo.
 
Em resposta a segunda pergunta podemos afirmar que não conhecemos o legado de Simón Bolívar porque temos um sistema de comunicação extremamente elitizado e concentrado nas mãos de pouquíssimas pessoas. Para se ter uma ideia melhor, quatro famílias são detentoras dos principais veículos de comunicação do país, seja ele revista, rádio, tv ou portais da web, somando um patrimônio de mais de 30 bilhões de reais. Essas famílias não possuem o mínimo de comprometimento com a democratização da informação e o pior, inventam a seu bel prazer as verdades que lhe convém, criando os heróis e os vilões de acordo com o seu interesse próprio.
 
A Constituição brasileira nos garante o direito à informação, no entanto, o que acontece na prática é um monopólio dos meios de comunicação por parte dessas famílias e o distanciamento da sociedade a esse direito. Além disso, a Constituição de 88 também proíbe deputados e senadores de participarem de organização definida como "pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público", no entanto pesquisas publicadas pelo site “Donos da Mídia” apontam que cerca de 20 senadores, 40 deputados federais, 55 deputados estaduais e 147 prefeitos são sócios ou diretores de empresas de radiodifusão.
 
Fica nítido que os personagens relevantes de nossa história estarão subjugados aos interesses de quem controla os meios de comunicação no país. A história de resistência e de luta do povo brasileiro e latino-americano estará debaixo do tapete enquanto não existir um processo de democratização da mídia no Brasil.
Uma frase que se tem escutado com certa frequência ultimamente é de que "estamos vivendo tempos sombrios". É hora portanto de resgatarmos a nossa história, nossos heróis nacionais e latino-americanos, pois um povo sem memória é um povo sem história. É hora de democratizarmos a comunicação e de compreendermos este direito como um direito legitimamente nosso, do povo brasileiro. Um direito que não nos será dado e que precisa ser conquistado, pois não é de interesse dessas organizações que a sociedade brasileira compreenda a sua história. Mais do que nunca é necessário compreendermos o nosso passado para que possamos construir o futuro de forma consciente, utilizando nossas próprias mãos para dar um sentido de pátria a este país.
 
*Caio Clímaco é estudante de Ciência do Estado e militante da Consulta Popular.

domingo, 16 de abril de 2017

Pensatas de Domingo. “Errar é humano, insistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano”



Jorge Vital de Brito Moreira

Na cidade de Madison, capital do estado de Wisconsin, Romeu de Oliveira e Egroj Russell, dois amigos brasileiros que vivem atualmente nos EUA, sentam-se num bar mexicano para beber margaritas, provar o tira gosto de carnitas, e comentar as últimas notícias. Egroj pergunta:
- E aí Romeu, o que você achou da justificativa dos EUA para o ataque alucinado do presidente Donald Trump à Síria? O ataque do Trump lhe pegou de surpresa?
- Não, meu amigo... o ataque de Trump não me pegou de surpresa porque eu estava prevendo que ele ia lançar mão desse acostumado recurso terrorista dos EUA para aumentar a sua popularidade e a sua credibilidade que estavam em declínio.  Mas o ataque com 59 mísseis Tomahawk, ordenado pelo presidente Trump contra o Aeroporto Shayrat da Síria, não passou de mais uma exibição da estupidez, da arrogância e da prepotência do governo imperial dos EUA, pois a justificativa de Trump para atacar a Síria é mais uma escandalosa mentira como podemos verificar pelas denúncias da Rússia, da Síria, da Bolívia e de outros países que insistiram na falta de provas para apoiar a acusação dos EUA sobre a utilização de armas químicas pelo governo da Síria. Assim, voltamos para aquele mesmo ditado que foi criado depois da derrubada das torres gêmeas de Nova York, e que diz: “errar é humano, insistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano”.
-Queria lhe informar, Romeu, que li as últimas declarações da organização dos Doutores Suecos pelos Direitos Humanos (SWEDHR) sobre o assunto e a SWEDHR responsabilizou a organização “White Helmets” (Cascos Brancos) e os “terroristas moderados” financiados pelos EUA, por esta encenação do uso de armas químicas na Síria. Aliás, a SWEDHR já tinha denunciado os “White Helmets” por terem sidos os responsáveis pelo assassinato de crianças da Síria e usarem as imagens das crianças mortas como propaganda visual contra o governo da Síria.
-Sim, Egroj, também li estas informações. E elas também revelavam que os “White Helmets” é uma organização financiada pelo bilionário estadunidense George Soros, pelos EUA e pela Inglaterra; uma organização que está associada à CIA (Central de Inteligência dos EUA), a Hollywood, e a determinados setores da indústria cinematográfica estadunidense. Aliás, esta associação entre os “White Helmets”, a CIA, Hollywood, Netflix e o ator e diretor George Clooney, foi denunciada recentemente depois que o documentário “White Helmets” ganhou o premio Oscar de Hollywood de 2017.
- Essa associação entre a presidência, Hollywood, a CIA, o Pentágono, os militares e a mídia corporativa, não é uma coisa nova Romeu! Foi revelada para o público em 1977 de uma forma muito inteligente pelo filme (comédia) estadunidense intitulado “Wag the Dog” que foi exibido no Brasil com o título de “Mera Coincidência”.
- De que trata este filme?
- O filme conta a história do presidente dos EUA que se vê  envolvido num escândalo sexual. Diante do escândalo sexual, da queda da credibilidade e da popularidade do presidente, um dos seus assessores (Roberto de Niro) ligado a CIA, contrata um produtor de Hollywood (Dustin Hoffman)  para inventar um filme (um filme dentro do filme) sobre uma guerra no estrangeiro, para salvar o presidente do escândalo sexual. Através desse filme produzido por Hollywood, o presidente dos EUA foi capaz de desviar a atenção pública para a “guerra inventada” cinematograficamente em vez do escândalo sexual. O filme produz uma representação muito realista do que se passa politicamente nos EUA do passado, do presente e do futuro.
Egroj mordeu um taco mexicano de carnitas e logo perguntou:
- Existem outras razões porque você estava esperando este ataque terrorista de Donald Trump?
- Claro meu caro Egroj. Aqui estão as razões. Em primeiro lugar, o Donald Trump estava sendo submetido à constante e sistemática acusação do Partido Democrata, da mídia corporativa (CNN, MSNBC, New York times, Washington Post...), dos órgãos de inteligência, de ter sido beneficiado pela Rússia; que a Rússia ajudou Trump a ganhar as eleições presidenciais dos EUA.
Romeu, bebeu um gole de margarita, logo continuou:
- Em segundo lugar, o Trump estava sendo acossado por sucessivas derrotas: tanto no Congresso (pela rejeição de seu projeto para eliminar o Affordable Care Act, o “Obamacare”), como na Justiça dos EUA (pela rejeição dos seus “Decretos-leis” que queriam impedir a imigração da população de sete países aos EUA).
Romeu, mordeu um pedaço do taco de carne mexicana, e, logo prosseguiu:
-Em terceiro lugar,  Donald Trump estava sendo pressionado pela queda no seu índice de aprovação (de 46 para 38 por cento) nas últimas semanas diante da opinião pública dos EUA. Ou seja, bastava iniciar uma nova guerra (ou continuar com as guerras intermináveis nos países pobres) para Trump imediatamente parar a queda  de sua popularidade e da sua credibilidade no país; para imediatamente criar o consenso entre os estadunidenses.
Estimulado pela argumentação de Romeu, o amigo Egroj pondera:
- Por isso, o Donald Trump, decidiu apelar para a mesmo tipo de mentira, o mesmo tipo de farsa e o mesmo recurso terrorista que tem sido efetivo para todos os presidentes (republicanos e/ou democratas) anteriores a ele. Desta vez, o pretexto de Trump para bombardear a Síria foi a acusação (sem provas) da utilização de “armas químicas” por parte do governo Sírio.
- É isso aí! O governo Trump está usando o mesmo tipo de pretexto mentiroso, o mesmo tipo de farsa que foi usado antes pelo governo de George W. Bush contra o Iraque (a acusação de que Saddam Hussein possuía armas de destruição massivas, bombas atômicas), ou seja, como recurso terrorista para invadir o Iraque e iniciar a guerra contra este país.
Egroj sintetiza seu pensamento:
- Em poucas palavras, o novo presidente dos EUA (supremacista, racista e militarista), não fez mais do que dar continuidade (através do ataque terrorista à Síria de Bashar al-Assad), a longa história e a perene tradição dos governos estadunidenses: propagar mentiras para enganar a opinião pública de dentro e fora dos EUA e atacar países e população dos países pobres do Oriente Médio. Uma tradição que tem sido intensificada pelas últimas presidências de governantes terroristas e genocidas como os ex-presidentes George W. Bush, Barack Obama.
- O discurso de Trump durante as primeiras semanas no poder enganaram parte da opinião pública. As aparências indicavam que ele como presidente atuaria de forma  diferente dos presidentes anteriores; que ele faria uma política independente dos poderes estabelecidos. Recentemente, Trump trocou seu discurso em 180 graus: Antes, no seu discurso, a OTAN não prestava pra muita coisa. Agora a OTAN é imprescindível nos seus planos de governo.  Antes, no seu discurso, a Rússia era uma nação imprescindível e que era necessário ter uma boa relação com Putin para resolver os problemas mundiais. Agora, no discurso dele, as relações entre a Rússia e os EUA chegaram ao seu ponto mais baixo.
- Qual é a conclusão que podemos tirar de toda essas mudanças do Trump?
- A conclusão que podemos tirar é que o presidente Donald Trump, como todos os presidentes anteriores foi finalmente submetida ao poder do estado profundo dos EUA. Em poucas palavras, de agora em diante, o presidente Trump, vai ouvir, obedecer e fazer a mesma politica que todos os presidentes fizeram antes dele; ou seja: vai se submeter as decisões do Complexo Industrial Militar e das agencias de espionagem e inteligência (CIA, FBI, NS), às diretrizes ideológico e políticas dos Newcons (novos conservadores), às exigências financeiras econômicas de Wall Street e das corporações multinacionais do imperialismo dos EUA. Em resumo, no essencial não vai mudar absolutamente nada com o governo de Trump.
- Okay mano. Vamos ter que parar este papo por aqui! Vamos tomar a última margarita, a saideira,  e vamos embora imediatamente porque não podemos dirigir embriagados neste país de merda!
- See you later, aligator.
- After awhile crocodile.

domingo, 9 de abril de 2017

Pensatas de Domingo. Um ataque que põe o mundo em risco.



Navios de guerra dos EUA no Mediterrâneo lançaram dezenas de mísseis Tomahawk que atingiram a base aérea de Shayrat, que segundo versão do Pentágono estava envolvida no ataque com armas químicas efetuado nesta semana.
Esta foi a primeira grande decisão de política externa de Trump desde que tomou posse, em janeiro, com o tipo de intervenção direta na guerra civil síria, que seu antecessor, Barack Obama, evitava. Os ataques foram reação ao que Washington diz ter sido um ataque com gás venenoso realizado pelo governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, e que matou ao menos 70 pessoas em território tomado por rebeldes.
A Rússia alertou nesta sexta-feira que os ataques com mísseis de cruzeiro dos Estados Unidos contra a base aérea síria podem ter consequências “extremamente sérias”, num momento em que a primeira grande incursão do presidente Donald Trump em um conflito externo abriu um racha entre Moscou e Washington.
“Condenamos fortemente as ações ilegítimas dos Estados Unidos. As consequências disto para a estabilidade regional e internacional podem ser extremamente sérias”, disse o enviado adjunto da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Vladimir Safronkov, durante encontro nesta sexta-feira do Conselho de Segurança da ONU.
Autoridades estadunidenses informaram forças russas antes dos ataques a mísseis e evitaram atingir militares russos. No entanto imagens de satélites sugerem que a base hospeda membros das forças especiais russas e helicópteros, parte dos esforços do Kremlin para ajudar Assad na luta contra o Estado Islâmico e outros grupos opositores.
 “Anos de tentativas anteriores de mudar o comportamento de Assad fracassaram e fracassaram muito dramaticamente”, disse Trump ao anunciar o ataque na noite de quinta-feira em seu resort na Flórida, onde se encontrava com o presidente da China, Xi Jinping.
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse: “Estamos preparados para fazer mais, mas esperamos que isto não seja necessário”, disse ao Conselho de Segurança da ONU. “Os Estados Unidos não irão tolerar quando armas químicas forem usadas. Está em nosso interesse vital de segurança nacional evitar a disseminação e uso de armas químicas.”
Aliados dos EUA na Ásia, Europa e Oriente Médio expressaram apoio, embora por vezes com cautela.
A Rússia se juntou à guerra em nome de Assad em 2015, levando o confronto a favor do presidente. Embora apoiem lados opostos na guerra entre Assad e rebeldes, Rússia e EUA dizem compartilhar um único inimigo principal: o Estado Islâmico.
Damasco e Moscou negaram que forças sírias estavam por trás do ataque com gás, mas países ocidentais rejeitaram a explicação de que químicos vazaram de um galpão de armas de rebeldes após um ataque aéreo.
Além disso tudo, é bom lembrar que sob supervisão da ONU a Síria já havia eliminado suas armas químicas em 2014...