domingo, 28 de novembro de 2010

Pensatas de domingo

Imagem de favela no bairro do Morumbi (São Paulo)

A elite brasileira está a pagar o alto custo de uma desigualdade social que perdura desde os tempos de Colônia e existe até os nossos dias. Não nos esqueçamos que as favelas inicialmente foram criadas pelas classes dominantes com a finalidade de ter seus “serviçais” perto de seus empregos, obviamente as suas mansões. A princípio esta tática funcionou quando as contradições sociais ainda não haviam se agravado. Dos anos 1950 para cá, com a consolidação de um dos capitalismos mais selvagens no mundo isso tudo mudou radicalmente; e os serviçais começaram a ter uma visão diferente da do país feudal que sucumbia...

Será que após tudo o que ocorreu no Rio de Janeiro esta semana, continuarão seguras as realizações da Copa do Mundo (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016)? Difícil decisão para que as coisas continuem a correr com a tranquilidade esperada.

E na Coréia? Afinal quem deu o primeiro tiro? Coincidentemente dois dias antes os estadunidenses denunciavam a existência de mais uma central nuclear na Coréia do Norte, para agravar a sua “preocupação” como xerifes do mundo...
E por que os sul coreanos estariam a realizar operações militares numa área de litígio entre eles e seus rivais do norte?
De minha parte condeno veementemente o regime totalitário (stalinista) vigente na Coréia do Norte. Outrossim não inocento os sul coreanos, satélites que são do governo dos Estados Unidos. De toda forma, fica a pergunta no ar.

O Rio de Janeiro transformou-se em um verdadeiro faroeste...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

De quem é a culpa de tudo isto?

Ou: “A Bósnia é aqui?”... Ou ainda: “Para onde vamos?”. Perguntas que nos fazemos a todo momento.
......
Copacabana, duas da madrugada. Três jovens de cerca de 18 anos saem do bar Alcazar na Avenida Atlântica e se dirigem –um tanto quanto trôpegos— em direção ao posto quatro para alcançar a Siqueira Campos. Riem relaxados, apesar de duros, pois o chope consumiu o dinheiro da suas mesadas. O mais curioso, até por causa da dureza, vão para casa à pé, via Tunel Velho e depois sobem a Real Grandeza, apesar de que de quando em vez apeiam no estribo de uma dos bondes que ainda trafegavam pelas ruas, antes de recolherem... Bonde? Vocês leram certo. Bonde!
Sim, bonde... A história é uma recordação de um Rio de Janeiro que eu vivi, cerca de 40 anos atrás, pois um dos personagens da historinha acima sou eu mesmo. Mas uma Cidade Maravilhosa onde se vagava deliciosamente pelas suas ruas. Mas que não existe mais nos dias em que vivemos esta cruel guerra urbana que tanto nos apavora porque nos mostra o quanto somos vulneráveis no fogo cruzado da polícia (exército e marinha) versus traficantes... A nos transformar em prisioneiros em nossas próprias casas, com medo de sair ou com a ida de alguem querido a qualquer local que necessite deslocamento, pois, neste momento somos vulneráveis aos ataques a veículos, sejam particulares ou coletivos.
O importante é que não devemos nos esquecer que o narcotráfico é uma escória que somente existe porque tambem existem clientes desesperados à sua procura... Afinal, quem é o culpado de tudo isto?

domingo, 21 de novembro de 2010

Pensatas para todos os dias

Um comentário da Professora Stela Borges de Almeida (1), uma constante e sempre enriquecedora leitora deste blogue, despertou-me a curiosidade em conhecer a obra de Zygmunt Bauman, citado por ela. Pus-me desde então a procurar dados que me façam conhecer melhor o pensamento deste filósofo.
Encontrei algum material, mas um que resume muitas de suas ideias está contido numa entrevista (2) concedida a Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke (3), do qual trancrevo abaixo uma parte de uma introdução sobre ele. Sem dúvida este pensador é um elo de ligação do passado, segundo suas definições sobre o “medo sólido” e no presente, o “medo líquido” ... Todo o seu pensamento a vislumbrar um futuro melhor para a humanidade. Bauman tornou-se conhecido por suas análises das ligações entre a modernidade e o consumismo na sociedade neoliberal “pós moderna”.
“Nascido na Posnânia em 19 de novembro de 1925, Bauman escapou dos horrores do holocausto que aguardavam os judeus poloneses na Segunda Guerra Mundial ao fugir com sua família para a Rússia, em 1939. De lá voltou após a guerra, quando se filiou ao partido comunista (4), estudou na Universidade de Varsóvia e conheceu Janina, com quem teve três filhas: Anna (matemática), Lydia (pintora) e Irena (arquiteta).
Descrito certa vez como ‘profeta da pós-modernidade’ (com o que não concorda), por suas reflexões sobre as condições do mundo da ‘modernidade líquida’ (5), os temas abordados por Bauman tendem a ser amplos, variados e especialmente focalizados na vida cotidiana de homens e mulheres comuns. Holocausto, globalização, sociedade de consumo, amor, comunidade, individualidade são algumas das questões de que trata, sempre salientando a dimensão ética e humanitária que deve nortear tudo o que diz respeito à condição humana. Preocupado com a sina dos oprimidos, Bauman é uma das vozes a permanentemente questionar a ação dos governos neoliberais que promovem e estimulam as chamadas forças do mercado, ao mesmo tempo em que abdicam da responsabilidade de promover a justiça social. ‘Hoje em dia’, lamenta ele, ‘os maiores obstáculos para a justiça social não são as intenções... invasivas do Estado, mas sua crescente impotência, ajudada e apoiada todos os dias pelo credo que oficialmente adota: o de que 'não há alternativa’. É nesse quadro que se pode entender sua afirmação de que ‘esse nosso mundo’ precisa do socialismo como nunca antes. Mas o socialismo de que Bauman fala, como insiste em esclarecer, não se opõe ‘a nenhum modelo de sociedade, sob a condição de que essa sociedade teste permanentemente sua habilidade de corrigir as injustiças e de aliviar os sofrimentos que ela própria causou’. É nesse sentido que ele define o socialismo como ‘uma faca afiada prensada contra as flagrantes injustiças da sociedade’.”

(1) Stela formou-se em Sociologia. Professora Adjunta Sociologia da Educação/UFBa (até 2000). Professora Visitante UEFS (2000-2005) e UFSE (2005-2007). Atualmente dedica-se a Estudos e Pesquisas sobre Cultura, Política e Cinema e possui um blogue cujo link é: http://stelalmeida.blogspot.com/ que também está marcado ao lado.
(2) Se quiser saber mais, acesse e leia a entrevista completa em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20702004000100015&script=sci_arttext
(3) Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke é professora aposentada da Faculdade de Educação da USP e pesquisadora associada do Center of Latin American Studies, Universidade de Cambridge. É autora, entre outros, de Nísia Floresta, o Carapuceiro e outros ensaios de tradução cultural (Hucitec, 1996) e As muitas faces da história (Unesp, 2000), editado também em inglês, The new history: confessions and conversations (Polity Press, 2002).
(4) Desligando-se do PC polonês por óbvias discordância dos princípios da “momenkatura”, o filósofo e sociólogo deixou o seu país fixando-se na Inglaterra. No início da década de 1970 ele assumiu o cargo de professor titular da Universidade de Leeds, permanecendo neste posto por pelo menos vinte anos.
(5) Em outras palavras, a sociedade de consumo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mais um papo de cachimbeiro

Outro dia pensei em publicar um novo papo destes. Até porque há muito tempo não fumava e saboreava os deliciosos e indescritíveis Dunhill de latinha. E, coincidentemente neste fim de semana uma leitora que costuma comentar neste blogue lembrou os meus “papos de cachimbeiro”.
Há uns três meses, uns amigos estavam em Paris e eu encomendei uma latinha dessas. De vez em quando faço isto, mas sei lá por que cargas dágua havia tempo que não o fazia. Como estes são amigos de longa data, eu, rompendo minha timidez pedi... Como encomenda –e fiz questão de frisar que era uma encomenda.
Eles ficaram lá por um bom tempo, já que foram visitar a filha que mora por aquelas bandas desde 2001. Mas quando voltaram... Cá estava entre os meus dedos a preciosa latinha fechada a vácuo. Ela inclusive tem uma inscrição para inserir uma moeda e torcê-la após o ar soltar-se, como num “peido” silencioso ela abre-se exalando o agradável aroma do fumo Latakia, originário dos Balcãs. Que foi o que fiz com o maior prazer!
O tabaco era o Early Morning Pipe (foto) que acho um dos mais deliciosos. Com apenas o senão de ocupando metade de sua embalagem ter estampado um horrível alerta de Fumer tue. Argh, este antitabagismo fascista!
O certo é que tenho me deliciado de uma a duas vezes por semana com a raridade; pois desde que passaram a não importá-lo mais se tornou difícil estar com uma latinha dessas na sua gaveta de fumos e cachimbos. Daí o prazer é menos contínuo... Mas por isto mesmo muito maior.

domingo, 14 de novembro de 2010

Pensatas de domingo

O “novo” como conceito mágico do consumo
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Curiosamente o capitalismo tem coisas que deixam a gente a pensar o quão óbvias podem ser, mas tambem o quanto ficam embutidas, quase a fazer com que nos esqueçamos que estão em seu âmago. E, claro, no individualismo e competitividade inerentes ao próprio sistema.
É o caso dos produtos que são renovados sem uma necessidade do consumidor, mas sim por um estímulo provocado pelo próprio fabricante com o apoio de todo a aparato midiático e publicitário do sistema. A palavra mágica é “novo”. Vejamos o mais elementar e notório dos exemplos que é o do automóvel. Sim, o carro que é um dos mais fortes ícones do status e da vaidade.
O consumidor é levado a trocar o seu carro “velho” por um “novo”, que geralmente é pouquíssimo diferente do anterior. A não ser por algum detalhezinho aqui, outro ali... Mas é “novo”, certo? Isso é o que importa. Na verdade o fabricante daquele produto supervaloriza o conceito do “novo”. E grande parte das pessoas o troca pelo simples fato de estar trocando o “velho” e estar atualizado ao adquirir o “novo”. O que os leva à sensação de superioridade em relação ao próximo. Seja o vizinho... Ou o cunhado.
Claro que na maioria dos outros produtos, o consumismo se sustenta pelo mesmo princípio. Assim, ter uma geladeira “nova” torna mais importante uma dona de casa que a exibe como um troféu para as amigas. Ou o fato de ter uma bicicleta “nova” faz o menininho olhar com desdem o seu coleguinha ao lado.
São “necessidades” criadas pelas classes dominantes em relação à aparência e não à necessidade real. Claro que um carro, uma geladeira ou uma bicicleta podem chegar a um ponto que precisem ser trocados. Pelo simples fato de que envelhecendo fiquem defeituosos ou ineficientes. Mas no caso o problema é tão somente a necessidade do capitalista continuar produzindo mais e mais, porque afinal, o lucro não pode cessar. Fatores que se agravaram com o desenvolvimento da sociedade de consumo.
Por esta razão observamos as festas e comemorações que o capital transformou em orgias de consumo desenfreado. Vamos começar pelo Natal, aquela que mais perdeu suas características religiosas iniciais para se tornar numa das maiores demonstrações de consumo em nossos tempos. Mas com o passar dos meses os shoppings e as indústrias não perdem de vista o aumento de suas vendas. Daí vem a Páscoa... Vem o Dia das Mães, vem o Dia Disso ou Daquilo, até que desfechamos no próximo Natal, num ciclo interminável e contínuo de, na maioria das vezes, supérfluos sendo consumidos.
E para alem disso as Liquidações. De Verão, de Inverno, de Queima Total. E por aí uma variedade de outras a tentar o pobre indivíduo, uma vítima indefesa e sujeita a bombardeios constantes de apelos consumistas.

sábado, 13 de novembro de 2010

O livro do ano

Outro dia, ao acessar o excelente blogue de Eliana Bueno Ribeiro (1), dei de cara com uma postagem intitulada “Extra! Extra! O livro do ano!”. Não notei que a “biografia não autorizada de Tonico Pereira” era de autoria de minha querida amiga... Acontece que com o desencontro entre nós quando de sua última vinda ao Brasil, devido à campanha política em que fui trabalhar fora do Rio de Janeiro, justo nos meses em que esteve aqui, não fiquei sabendo.
Ontem ao acessar o seu excelente blogue (Caderno de Paris), constatei que o livro era de sua autoria. Ora bem (como dizem os lusos)... Só me resta pedir-lhe milhões de desculpas pela distração e dar-lhe os parabéns, ficando no entanto a curiosidade de ler o livro.

(1) http://cadernodeparis.blogspot.com/ Vale a pena vocês conhecerem este blogue... Que tambem está aí ao lado na "minha lista de blogues".

domingo, 7 de novembro de 2010

Pensatas dominicais

O G-20 estará reunido esta semana na Coreia do Sul para debater o futuro da economia mundial. O centro das discussões, tudo leva a crer, será a chamada "guerra cambial".
Como decorrência das medidas defensivas adotadas pelos Estados Unidos frente à sua crise interna, o dólar vem perdendo valor no cenário cambial. Essa desvalorização prejudica as exportações da maioria dos países, que veem seus produtos se tornarem mais caros no mercado internacional. Os principais atingidos são os chamados “emergentes”, incluído aí o Brasil.
No entanto, reclamações sobre a política monetária dos EUA também partiram de países desenvolvidos. O ministro da Economia alemã afirmou na semana passada estar preocupado com que os Estados Unidos estejam tentando estimular o seu crescimento ao injetar liquidez na economia.
Mas a China também é apontada por muitos economistas como uma das responsáveis desta chamada guerra cambial. Com câmbio fixo, Pequim consegue manter sua moeda sempre atrelada ao dólar e desvalorizada em relação a outras moedas.
A ONU alertou que o resultado desse tipo de medida tem sido a transferência dos recursos para mercados emergentes em forma de capital especulativo. "Mais uma vez, o problema nos países ricos está sendo exportado”, afirmou o secretário-geral da Conferência para o Comércio e Desenvolvimento, Supachai Panitchpakdi.
Na realidade e por trás de tudo o quadro se resume à crise sistêmica do capitalismo, e mais uma vez o capital monopolista internacional tentando se proteger a qualquer custo. Nem que seja através de uma verdadeira guerra. Afinal, guerra é guerra!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cadê o comprovante?

Finda mais uma eleição voltamos à velha questão levantada por Brizola de que as urnas eletrônicas deveriam emitir um comprovante para ficar em nosso poder. Um caso a pensar! Afinal, o que custa a emissão de um tíquete para ficar com o cidadão que votou? Será que é tão complicado assim? Garanto que foi mais difícil criar as maquinetas do que arranjar uma forma de imprimir a prova do voto.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Perdas imperiais

Estão aí acima os números atuais (1) das baixas na tropas invasoras no Afeganistão. Pode-se constatar que os totais são superiores aos do ano passado à exceção dos britânicos que se retiraram de uma das zonais mais ferrenhas de combate, o que reduziu bastante a perda.
É importante lembrar que ainda faltam dois meses para terminar o ano de 2010...

(1) http://www.icasualties.org/