domingo, 17 de março de 2019

Pensatas de Domingo. Bolsonaro decreta o fim da política externa independente e estabelece a dependência total ao imperialismo...


Após décadas de uma política externa independente de alinhamento a países do 3° mundo, o Brasil começa hoje uma vergonhosa aproximação com os EUA. E digo vergonhosa porque aquele país imperialista assume hoje sua postura mais reacionária desde há anos. Nem o governo Bush II conseguiu ser tão direitista quanto o Trump.

Enfim, vamos aguardar os próximos passos deste encontro entre os dois presidentes para poder julgar com mais precisão as consequências desta funesta ocorrência.

domingo, 10 de março de 2019

Pensatas de Domingo. Diálogos imprescindíveis (e que você não pode perder)

Jorge Vital de Brito Moreira

Numa cidade gringa, cercada de neve e gelo por todos os lados, Romeu Pinheiro e Tiago Reis, sentam-se para beber um café quente.
Enquanto esperam o esfriamento do café, os dois amigos brasileiros comentam as últimas notícias sobre o Brasil, os EUA, e a Venezuela.
Tiago toma a iniciativa:
- E aí Romeu, você já soube das últimas notícias do carnaval brasileiro?
- Quais são as noticias?
- A escola de samba da Mangueira ganhou o desfile das escolas no Rio de Janeiro com um enredo sobre a História do Brasil. A Mangueira defendeu as lutas históricas do índio, do negro e dos heróis do povo brasileiro oprimido (tais como Zumbi dos Palmares, Lula da Silva e Marielle Franco, entre outros) pela libertação nacional e pela justiça social no Brasil.
- Claro que soube, Tiago! Esta é uma das notícias mais importantes sobre o carnaval brasileiro de 2019: a manifestação da resistência popular contra a ignorância e a estupidez do presidente Bolsonaro e sua família. Tiago, eu também vi no computador e no telefone celular, alguns videoclipes do carnaval mostrando grande número de pessoas dançando, pulando e cantando músicas contra o energúmeno do Bolsonaro. Uma das músicas mais cantadas era uma que expressava a decepção, a frustação, e a profunda raiva do povo contra o imbecil do Bolsonaro. A musica tinha um pesado refrão que dizia e repetia inúmeras vezes o seguinte: “Hei Bolsonaru,u,u vá tomar no cu, vá tomar no cu”.
- Isso é mais uma prova, Romeu, do desgaste do presidente Bolsonaro e da decadência da sua imagem pública diante dos brasileiros. Parece que os brasileiros começaram a se dar conta da manipulação que a direita política e a mídia corporativa  do nosso país impuseram ao nosso povo para colocar Bolsonaro, um sujeito ignorante, arrogante, bárbaro e fascista, como presidente do Brasil.
- Acho que você tem razão, Tiago! Acho que a decepção, a frustração, e a raiva do povo brasileiro com o governo Bolsonaro são as reações iniciais a um conjunto de decisões políticas bárbaras e estúpidas desse governo; decisões que acabaram culminando na burrice diplomática de receber ao agente da CIA, Juan Guaidó, como presidente marionete da Venezuela, imposto pelo EUA ao mundo.
- O que você sabe sobre Juan Guaidó, Romeu?
- O que eu sei é que Juan Guaidó é o boneco marionete que representa o lado venezuelano do terrorismo governamental do  presidente  Donald Trump, do vice presidente Mike Pence, do Secretário do Departamento de Estado, Mike Pompeo, do Conselheiro de Segurança Nacional John Bolton e do “emissário especial” Eliot Abrams (o criador dos esquadrões da morte da Guatemala de Efrain Rios Montt na América Central do escândalo Irã-contra). Juan Guaidó também foi o agente escolhido pelo governo dos EUA, para ajudar na realização de um golpe de estado contra o governo de Nicolás Maduro, o atual presidente, eleito democraticamente pelo povo da Venezuela. Assim, o golpe de estado de Juan Guaidó, contra o presidente Maduro,  legitimaria a  invasão militar e a guerra dos EUA contra o povo venezuelano com o objetivo de expropriar (roubar) o petróleo da Venezuela para entregar as multinacionais petroleiras (a Exxon-Mobil, por exemplo) dos EUA.
- O que você acha de mais abominável em tudo isso, Romeu?
- O mais abominável, Tiago, é que a politica terrorista dos EUA inclui a sabotagem sistemática realizada pelos funcionários terroristas estadunidenses (Michael Pompeo e John Bolton) contra o povo venezuelano. Como sabemos, a Venezuela tem $11 bilhões de dólares em ouro depositado no Banco da Inglaterra. Necessitando usar parte das reservas para pagar pelas importações que tanta falta faz à economia nacional devastada pelas sanções terroristas impostas pelos EUA, a Venezuela solicitou a Inglaterra que transferisse para o país, parte desses 11 bilhões.  
Você não vai acreditar, mas o maior absurdo é que a  Inglaterra, obedecendo as ordens do Secretário de Estado Mike Pompeo e do Conselheiro John Bolton, recusou-se a honrar o “cheque com fundos” do governo venezuelano. Como o canal BNN Bloomberg noticiou: “os funcionários dos EUA estão tentando transferir os fundos venezuelanos no exterior para Juan Guaidó, para aumentar-lhe as chances de efetivamente tomar pleno controle do governo da Venezuela”.
- Bom Romeu, além desse absurdo, o que mais nos surpreende e indigna é observar que as classes médias dos EUA, da Venezuela e do Brasil não aprendem nada da história política; não aprendem nada das relações entre o governo imperial e terrorista dos EUA e os países que teem petróleo, energia e matéria primas estratégicas. A maioria da classe média colonizada dos EUA, da Venezuela e do Brasil ainda acreditam em todas as mentiras que a mídia (os jornais e as TVs) estadunidense, venezuelana e brasileira propagam entre as pessoas ingênuas, e criar consenso para justificar uma guerra e uma invasão da Venezuela.  Mesmo depois das mentiras dos EUA para justificar a invasão e a guerra contra o povo do Iraque e tomar o petróleo daquele país, a classe média nacional e internacional não aprende nada. Mesmo depois das mentiras dos EUA para justificar a invasão e a guerra contra o povo da Líbia e tomar o petróleo do país, a classe média não aprende nada. Mesmo depois das mentiras dos EUA (as pedaladas fiscais) para justificar o golpe de estado contra a Dilma Rousseff e tomar o petróleo brasileiro, a classe media não aprende nada de nada.
- Isso sem mencionar, Tiago, que não aprenderam nada com os golpes militares e as ditaduras militares que os EUA implantaram no Brasil, na Argentina, no Uruguai e no Chile na década de 1960 e 1970 contra a população que foi vítima desta gigantesca tragédia sócioeconômica-política nesses países.
Romeu conclui o diálogo, falando:
- Bom meu velho Tiago! muito obrigado pelo papo, mas vamos ter que interromper esta conversa neste momento; vamos ter de continuá-la num outro dia: tenho que dar aula pros alunos na Universidade em 10 minutos.
- Okay, tudo bem! Obrigado a você também pelo bom papo. Tchau Romeu!

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Pensatas de Domingo


Cinema e Ideologia no filme “Roma”(1): a Colônia, o PRI, o “Massacre de Tlatelolco”,  o “Massacre de Corpus Christi”,  a “Tragedia de Iguala”



Jorge Vital de Brito Moreira



Recentemente assisti ao filme “Roma” (2018) do diretor mexicano Alfonso Cuarón Orozco que ganhou o premio “Leão de Ouro” do Festival de Veneza. Mas o filme não trata da famosa capital da Itália europeia, trata, isto sim, da colônia Roma, um bairro da cidade do México, a capital do país asteca.

O filme “Roma” combina então narrativa e espetáculo com o objetivo de representar a história de uma família de classe média alta da colônia Roma durante os anos 70.

Baseado num memorial dos anos 1970 no México, o filme  relata os acontecimentos centrados na  vida da família de Sofia  (uma senhora da classe média alta) e a de sua empregada domestica conhecida por Cleo. O lar de Sofia é formado pelo marido Antônio, seus quatro filhos pequenos, sua mãe Teresa, uma segunda  empregada, Adela, e um  empregado masculino que também funciona como chofer de um dos  carros da família.

Em geral, gosto da excelente performances dos atores, sobretudo da  atuação de Yalitza Aparicio no papel da empregada Cleo. Também gosto da locação escolhida: da paisagem que é bela e  bem agradável. Gosto da fotografia em branco e negro que é excelente, sobretudo nas panorâmicas e nos planos longos. Gosto também de algumas sequências de cenas tais como a da festa noturna da grande família no campo (sequências que me lembraram as cenas fellinianas do excepcional “A doce vida” de Fellini) que além de muito bem filmadas, funcionam adequadamente, como um dos marcos apropriados, para revelar os elementos inquietantes e insólitos de uma noite em que se celebra a afluência, a ostentação e a abundância da classe branca e rica sobre a sociedade mestiça mexicana.

Apesar do ritmo lento da narrativa cinematográfica  centrada na desinteressante monotonia da família de Sofia, um dos momentos mais interessantes e reveladores do filme “Roma”  aparece quando a senhora Teresa leva a empregada Cleo à uma loja de móveis para comprar um berço do bebê que irá nascer em breve. Nesse dia, enquanto os estudantes protestam nas ruas mexicanas, seus protestos são reprimidos  com os assassinatos  (a tiros de balas) realizados pelo grupo paramilitar “Los Halcones”. Quando um estudante ferido e uma estudante fogem correndo para dentro da loja, os  membros do grupo paramilitar matam ao estudante, enquanto os demais clientes escondem-se aterrorizados na própria loja.

Nesse ponto, um membro atirador do grupo paramilitar aponta sua arma  para Cleo: é Fermín (o mexicano que lhe deixou grávida mas que recusou-se a reconhecer a paternidade desaparecendo rapidamente da sua vida afetiva) que logo depois de reconhecer a Cleo, foge do local junto aos demais assassinos do grupo paramilitar.

Esse momento do filme “Roma” é muito interessante e revelador para mim porque me fez recordar das minhas terríveis experiências como estudante e professor na cidade do México, nas minhas relações sociais e humanas com os mexicanos que viviam nas colônias Roma, Churubusco e na colônia Copilco.

Quando cheguei no México em 1978 para estudar uma maestria em Estudios Latinoamericanos na Universidad Nacional Autónoma de México, meus colegas universitários, me relataram (desde seu ponto de vista de estudantes mexicanos oprimidos, golpeados e traumatizados sistematicamente pela repressão do Estado priista, do PRI, ao movimento estudantil) sobre o que tinha ocorrido durante “O Massacre de Tlatelolco” (2) sob as ordens do presidente  Dias Ordaz na “Plaza de las Tres Culturas” da cidade do México, no dia 2 de outubro de1968. Também relataram o que tinha ocorrido durante “O Massacre de Corpus Christi”, conhecida como “El Halconazo” (3) por ter sido perpetrado pelo grupo paramilitar “Los Halcones” em 10 de junho de 1971, durante o período de governo do presidente Luis Echeverria Alvarez.

Na cidade do México, eu mesmo sofri  em carne própria a repressão do governo do PRI quando, ainda estudante, consegui um emprego na “Facultad de Economia da UNAM” para ensinar Economia Política aos estudantes de licenciatura. Durante este período participei das manifestações estudantis contra a administração da Facultad imposta pela reitoria da UNAM, e fui colocado na cadeia pelos policiais da Secretaria de Gobernación sob a direção do Coronel Espinosa.

Dada a realidade da repressão política e militar que suportamos no México e que continua aprofundando-se cada década que passa, como podemos verificar pela tragédia e desaparecimento dos estudantes de Iguala (4) durante o governo do presidente Peña Nieto, a primeira coisa que me chamou a atenção no filme “Roma”, foi o seu título: Porque intitular o filme “Roma” em vez do seu nome real “colônia Roma”?

Uma possível resposta seria: apesar de que a cidade do México e sua colônia Roma nascerem de um processo de colonização espanhola (católica, branca e racista) que foi estabelecida no México depois da Invasão e Conquista do país pelo genocida Hernan Cortez, a classe dominante (branca, católica e descendente dos colonizadores) continua tratando de apagar da memória do povo oprimido, as marcas da abominável tragédia histórica que fundou a cidade do México. Esta repressão semântica e simbólica do inconsciente político mexicano (5) se estabelece como a tentativa ideológica de esconder politicamente o significado do processo da acumulação originaria de capital no México com o objetivo de escamotear a violenta luta de classes/raciais que se processa historicamente no país asteca e na América Latina.

Assim, o filme é narrado desde o ponto de vista de uma classe social privilegiada ligada a um estrato privilegiado da sociedade mexicana associada ao domínio do Partido Revolucionário Institucional (PRI) e a visão social européia colonizadora. Ou seja o filme fala pelos vencedores da história mexicana moderna: uma narrativa que idealiza a família mexicana de classe alta como  veículo da missão “filantrópica/civilizatória” branca movida pelo desejo continuado de justificar e legitimar os laços da dependência e dominação do povo mestiço mexicano pelo PRI. As representações culturais negativas dos mexicanos de classe baixa (de empregadas domésticas e de mexicanos recrutados pelo governo mexicano priista para ajudar ao aparato repressivo do estado mexicano a oprimir a população de classe baixa) e as representações positivas da “bondade filantrópica” dos seus empregadores contribuem para racionalizar e justificar os custos humanos do empreendimento capitalista do sistema politico mexicano. É neste sentido que não deveríamos esquecer que “Roma” foi disposto no catálogo de filmes pela Netflix (a multinacional distribuidora capitalista de filmes da indústria cultural), que não tem medido os esforços para ganhar dinheiro (lucrar) com este filme mexicano que já conseguiu a nomeação para 10 prêmios “Oscar”; prêmios provenientes da mais poderosa indústria capitalista de cinema do planeta terra: Hollywood.

Devido a todas estes problemas ideológicos que aparecem no filme “Roma” de Alfonso Cuarón, estou plenamente de acordo com a análise do fílósofo Slajov Zizek quando sintetiza e diz que “o filme 'Roma' está sendo aplaudido pelos motivos errados” (6)





1) Roma, MEX/EUA, 2018); Drama; Direção: Alfonso Cuarón;
Elenco: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Diego Cortina Autrey, Carlos Peralta, Marco Graf, Daniela Demesa, Nancy García García, Verónica García, Andy Cortés, Fernando Grediaga, Jorge Antonio Guerrero, José Manuel Guerrero Mendoza;
Roteiro: Alfonso Cuarón; Duração: 135 min.



2) O Massacre de Tlatelolco (também conhecido como a “Noite de Tlatelolco”  segundo a escritora mexicana Elena Poniatowska) teve lugar durante a tarde e noite de 02 de outubro de 1968 na Praça das Três Culturas, em Tlatelolco, na Cidade do México (apenas dez dias antes do início dos Jogos Olímpicos de 1968, na mesma cidade). Até hoje, o verdadeiro número de mortes permanece incerto: algumas fontes afirmam para mais de mil mortes, outras fontes apontam para um número entre 200 e 300 mortos, enquanto fontes  oficiais do governo indicam 40 mortos e 20 feridos. Além do grande número de pessoas feridas, milhares de prisões foram feitas.



3) O Massacre de Corpus Christi chamado “El Halconazo” (devido à participação de um grupo paramilitar identificado com o nome de Halcones)  se refere aos eventos ocorridos na Cidade do México em 10 de junho de 1971 quando uma manifestação estudantil em apoio aos estudantes de Monterrey foi violentamente reprimida por um grupo paramilitar a serviço do estado mexicano priista. O presidente Luis Echeverría Álvarez rompeu com os acontecimentos, mas nunca esclareceu a situação que sempre foi oficialmente negada. Dos fatos sangrentos, ninguém assumiu a responsabilidade e muito menos foi levado à justiça.



4) O desaparecimento forçado de Iguala (em 2014) foi uma série de episódios de violência que ocorreu durante a noite de 26 de Setembro e na manhã de 27 de Setembro, 2014, na qual a polícia municipal e estadual de Iguala perseguiu e atacou os alunos da Escola normal Rural de Ayotzinapa (a 257 km ao sudeste de Iguala). Neste confronto, jornalistas e civis ficaram feridos. Os eventos deixaram um saldo de pelo menos 9 mortos,  27 feridos e 43 alunos desaparecidos até os atuais dias do ano de 2019.



5) Fredric Jameson.O Inconsciente Político: a Narrativa Como Ato Socialmente Simbólico. (1992).



6) Veja o artigo “Roma esta sendo aplaudido pelos motivos errados” de Slavoj Zizek, no link abaixo:





domingo, 3 de fevereiro de 2019

Pensatas de Domingo. Brasil: Mar de lama na Vale de lágrimas



Jorge Vital de Brito Moreira

No estado de Wisconsin, sob uma temperatura de 35 graus centigrados abaixo de zero, Romeu Pinheiro e Tiago Reis, dois amigos brasileiros, para evitar os atoleiros provocados pela tempestade de neve, estacionam o carro em frente de uma cafeteria da cidade de Green Bay. Sentam-se para beber chocolate quente e falar das últimas notícias do Brasil e do mundo.
Enquanto esperam pela melhora da tempestade de neve, Romeu, soprando para esfriar o chocolate quente, comenta:- Que tempo desgraçado! Que frio heim!
Tiago responde:- Esta temperatura é capaz de matar pinguins, focas e ursos polares; imagine seres humanos como você e eu...
Depois de provar seu chocolate, Tiago pergunta:
- E aí Romeu, você já sabe das trágicas notícias sobre a absurda quantidade de brasileiros assassinados pelo rompimento da barragem em Brumadinho?... De acordo com as notícias do Jornal do Brasil, 115 mortos e 248 desaparecidos é o saldo atual (até o dia 02 de fevereiro de 2019), desta nova tragédia brasileira. Tudo isso pegou-lhe de surpresa?
- Não Tiago... esta nova tragédia brasileira não me pegou de surpresa porque não é a primeira vez que a companhia multinacional Vale S.A provoca este mar de lama e corrupção neste vale de lágrimas que é o Brasil da nossa geração.
- Tudo isso tem provocado uma grande indignação nacional e internacional - disse Tiago.
- Mas a grande indignação nacional e internacional provocada pela infame atuação desta multinacional contra a população de Minas Gerais, deveria também levar os brasileiros a tomar consciência de quem são os maiores responsáveis por esta tragédia nacional.
- O que você quer dizer?
- Para começar, a população brasileira e internacional deveria deixar de ser ignorante a respeito dos motivos econômico-políticos da multinacional Vale S.A. para produzir estas tragédias, e, dos  políticos brasileiros responsáveis pelos trágicos resultados da privatização da ex-Companhia  Vale do Rio Doce do Brasil...
Depois de beber um gole do chocolate, Romeu continua:
- Para todos aqueles que ainda não sabem o que tem acontecido na historia dessa privatização, deveríamos informar-lhes que a ex-Companhia Vale do Rio Doce foi privatizada no dia 6 de maio de 1997 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso com financiamento subsidiado, disponibilizado aos compradores, pelo BNDES. Isso foi realizado para o beneficio privado de família Cardoso e para aumentar os lucros das multinacionais estrangeiras deste setor da economia brasileira.
- Quem diria! Logo o Fernando Henrique Cardoso!
 - Pois bem, a raça canina que me perdoe, mas  essa cachorrada, essa traição nacional do Fernando Henrique Cachorro e do PSDB, durante seu governo neo-liberal, é um dos principais responsáveis por este mar de lama e de corrupção no país; por este vale de lágrimas provocado por esta nova tragédia brasileira.

- Bromeu, já que você mencionou o mar de corrupção no Brasil, o que você acha das noticias sobre o  envolvimento criminoso do Flavio Bolsonaro, o filho do presidente Jair Bolsonaro, na corrupção ligada ao seu motorista Queiroz e às quadrilhas de bandidos responsáveis pelo assassinato de Marielle Franco?
- Tiago, depois de ler as notícias e as últimas denúncias dos jornalistas brasileiros sobre o caso da associação criminosa do Flavio Bolsonaro com seu motorista Queiroz, eu não tenho  dúvida a respeito do envolvimento do Flavio e da família Bolsonaro com a corrupção e com as quadrilhas criminosas do Rio de Janeiro. 
- Bromeu, o que você pensa das noticias sobre o problema da fé religiosa da população brasileira e sua ligação com o caso do médium espírita, o criminoso João de Deus?
- Custa admitir,Tiago, que parte significativa da população brasileira (e estrangeira) seja tão infantil, tão crédula e tão ingênua para continuar acreditando que impostores, psicopatas e sociopatas como o médium espirita João de Deus (e outros impostores igualmente aberrantes de outras agrupações religiosas) sejam indivíduos capazes de realizar milagres divinos e curar pessoas doentes? Custa acreditar que durante 40 anos, um criminoso como João de Deus (um suposto médium espírita) tenha usado e abusado do seu poder de enganar e mistificar as pessoas crédulas para explorar e beneficiar-se sexual e economicamente delas...
Também custa admitir, Tiago, que depois do impeachment do corrupto presidente  Fernando Collor (e da sua impostura como caçador de marajás), parte significativa da população brasileira tenha, mais uma vez, se deixado enganar pela sua boa fé na propaganda da mídia nacional-multinacional e tenha votado num individuo completamente ignorante, despreparado, corrupto, racista e fascista como Jair Bolsonaro (um empregado beócio menor do governo Donald Trump) para ser o presidente do Brasil. Ou seja, também custa acreditar, Tiago, que os brasileiros sejam capazes de superar essa gigantesca regressão política, econômica, social e cultural do Brasil bolsonarista, sem meter-se numa grande luta para reconquistar a sua relativa independência,  sua autonomia e sua roubada democracia. Somente através do desenvolvimento de grandes movimentações sociais seremos capazes de nos fortalecer para lutar contra a subserviência e a dependência do governo neoliberal dos Bolsonaros aos governos imperialistas de Donald Trump e ao governo sionista de Benjamin Netanhyahu.
- Romeu, por falar dos milhões de brasileiros enganados pela fé na propaganda da mídia nacional-multinacional, é também inacreditável que brasileiros, latinoamericanos, estadunidenses e europeus acreditem, mais uma vez, nas mentiras e falsidades da )  da mídia estadunidense (New York Times, Washington Post, CNN, Fox, CNBS) e da mídia brasileira (TV Globo, Folha de São Paulo, revistas Veja e Isto é) sobre a Venezuela e seu presidente  Nicolas Maduro.
- Olha Tiago, quase todos os dias muitas pessoas lúcidas se perguntam: Como foi possível que a população dos EUA e a população mundial ilustrada tenham sido enganadas pelas narrativas mentirosas do governo Bush/Cheney/Rumsfeld com a ajuda da mídia corporativa ocidental? Como foi possível que a administração Bush, com a ajuda de conselheiros terroristas como John Bolton e da mídia estadunidense, produzisse um ponto de vista que aprisionou a opinião pública estadunidense e mundial na crença de que Saddam Hussein possuía bombas atômicas e nucleares (armas de destruição massiva, Weapons of Mass Destruction) para jogar contra os EUA? E como foi possível que criminosos como George Bush, Dick Cheney, Rumsfeld e John Bolton e sua administração republicana tenha saído livre do crimes que cometeram no Iraque e no Afeganistão?
E o mais absurdo, Tiago, é constatar que parte significativa da população dos EUA, da Europa, do Brasil, da Argentina, da Colombia, e do Peru, voltaram a acreditar nas historias mentirosas propagadas pelo presidente Trump, pelo seu conselheiro de segurança (o terrorista John Bolton) e pela mídia estadunidense para justificar um novo golpe de estado dos EUA para depor Nicolas Maduro, o presidente elegido democraticamente pelo povo da Venezuela. A arrogância, a prepotência e a desumanidade do terrorista John Bolton foi mostrada, mais uma vez, recentemente,  quando ameaçou o presidente da Venezuela com a utilização da tortura estadunidense aplicada na baia de Guantánamo, Cuba, contra Maduro.
Além disso, Tiago, as noticias do Wall Street Journal propagam que os EUA está planejando (com a ajuda do Brasil, da Colombia, da OEA e do cartel de Lima) uma invasão e uma guerra contra a Venezuela para depor o presidente Maduro. As noticias também propagam que Trump contratou recentemente mister Elliot Abrams, “Secretário Assistente para Guerras Sujas” de Ronald Reagan como enviado especial, para barbarizar a Venezuela e os venezuelanos (isto é, para assassinar e  torturar os trabalhadores, os camponeses, os estudantes, os intelectuais, artistas e povo trabalhador daquele país) com o objetivo central de se apropriar e roubar o petróleo do povo venezuelano para beneficiar as multinacionais petroleiras dos EUA.
Também sabemos, Tiago, pelas noticias recentes que mister Elliot Abrams (com sua experiência de assassinatos e tortura massiva na América Latina), trabalhará na Venezuela para aplicar o modelo utilizado pelos EUA nas guerras contra a Líbia e o Oriente Médio: o modelo no qual os Estados Unidos produz milhões de seres humanos assassinados, torturados e refugiados mas que recebem ajuda da encenação midiática criada pela farsa de que os EUA (demonstrou nas guerras) o seu grande amor pela democracia e pelos direitos humanos.
Bom Romeu, obrigado pela conversa tão esclarecedora. Já  bebemos nosso chocolate e o tempo melhorou. Acredito que já podemos  dirigir o carro sem problemas. Vamos?
- Okay Tiago, obrigado pelas perguntas. Só desejo que o tempo melhore também para os brasileiros e que o nosso Brasil possa sair do mar de lama e corrupção em  que está atolado.