sábado, 21 de março de 2015

EUA: Um país de Pinóquios e Pinochets





O texto a seguir é do Professor Jorge Vital de Brito Moreira, especialmente escrito para Novas Pensatas.



Vivemos num país de Pinóquios e Pinochets. Aqui nos EUA, a mentira é (como na oração católica O Pai Nosso) “o pão nosso de cada dia”, “assim na terra” (da mídia coorporativa), “como no céu” (de Washington, D.C. o centro governamental do país).

Para refrescar a memória dos leitores sobre as histórias de Pinóquio e Pinochet, lembro: Pinóquio é um personagem de uma história infantil. Cada vez que ele contava mentiras seu nariz de madeira crescia desmesuradamente. Pinóquio, de acordo à historia, era um boneco de madeira, um cara de pau, como os representantes da mídia e do governo dos EUA. As aventuras de Pinóquio é o título do livro infantil escrito pelo italiano Carlo Collodi que se tornou mundialmente famoso através do filme Pinocchio, realizado por Walt Disney Productions, uma das mais famosas e mentirosas indústrias de entretenimento do mundo ocidental.

Quanto à Pinochet, não podemos esquecer que ele foi um general chileno que, em 11 de Setembro de 1973, deu um golpe militar contra Salvador Allende, o presidente eleito democraticamente pelo povo do Chile. Com o golpe militar, o general Augusto Pinochet estabeleceu, entre os anos de 1973 e 1990, uma das ditaduras mais sanguinárias e corruptas da história da América do Sul. A ditadura de Pinochet foi responsável pela tortura, desaparecimento e assassinato de centenas de milhares de estudantes, professores, profissionais liberais, artistas, trabalhadores, e  camponeses chilenos (1) Atualmente, Pinochet é considerado como um dos maiores  terroristas (de Estado) da América Latina, além de ser identificado como um dos mais submissos títeres latino americanos a serviço do governo imperial dos EUA.

            O estímulo que me levou a escrever este texto, baseado nas histórias de Pinóquio e Pinochet, foi dado pela notícia que encheu faz algumas semanas os espaços dos jornais, das revistas, dos programas de noticias de TVs dos EUA, da Europa, do Brasil e da América Latina.

Resumo aqui a notícia sensação: a NBC (National Broadcasting Company), a maior e mais antiga rede de televisão e rádio dos Estados Unidos, puniu ao famoso apresentador Brian Williams por mentir para o seu publico. Assim, o famoso apresentador, editor gerente do programa de noticias NBC Nightly News foi punido por contar uma história falsa sobre um incidente que aconteceu na Guerra do Iraque, em 2003. De acordo a noticia, Brian contou que estava a bordo de um helicóptero americano que tinha sido derrubado por granadas lançadas por foguetes inimigos. Alguns soldados americanos, que participaram do acontecimento, desmentiram publicamente a afirmação de Williams, dizendo que ele estava longe do helicóptero atacado. Brian Williams pediu desculpas publicamente, mas NBC suspendeu Brian por seis meses sem remuneração devido as suas falsas declarações.

As noticias que seguiram a suspensão de Brian Williams, também nos informava que milhões de telespectadores estadunidenses (que tem sido fãs de Brian Williams e crentes fies do seu programa NBC Nightly News), ficaram chocadas com a revelação e com a punição do apresentador.

Eu, que não sou fã de nenhum apresentador da mídia corporativa dos EEUU (nem de nenhum programa de noticias desta mesma mídia), não fico chocado, nem surpreendido com a revelação; mas, confesso que fico surpreendido cada vez que constato o elevado nível de ignorância e/ou ingênua credibilidade por parte de milhões de telespectadores estadunidenses para continuar acreditando na decência e honradez da mídia corporativa estadunidense.

Por esta razão, estou sempre perguntando: como é possível que depois do gigantesco escândalo revelador das mentiras da mídia e do governo dos Estados Unidos [da administração do presidente George W. Bush e seu vice Dick Cheney (2)] para ganhar a aprovação da população estadunidense para a invasão e guerra contra a povo do Iraque; como é possível que (depois deste gigantesco fraude informativo) milhões de estadunidenses continuem acreditando nas mentiras da mídia (3) e do atual governo americano (4)?

A triste realidade é que milhões de pessoas, dentro e fora dos EUA,  não se dão conta de que os meios de informação/desinformação e o governo do presidente Barack Obama mentem e enganam diariamente a maioria das pessoas de dentro e de fora deste país. São mentiras sistemáticas sobre os acontecimentos relacionados às guerras dos EUA [com a colaboração dos governos de Israel e Arábia Saudita (5)] contra o povo do Iraque, do Afeganistão, do Paquistão, da Síria, do Iêmen, da Palestina, da Líbia. São as frequentes mentiras para ganhar a simpatia e consenso mundial em prol das guerras do imperialismo americano contra os povos do Terceiro Mundo.

 Durantes meses e meses, o governo e a mídia estadunidenses teem produzido uma montanha de mentiras oficiais contra os governos da Venezuela, da Bolívia, do Equador, da Argentina e de Cuba na América Latina e, na Europa, montanha de mentiras contra a Rússia governada pelo presidente Wladimir Putin.

 São mentiras sistemáticas das autoridades dos EUA e da mídia ocidental para favorecer a Petro Poroshenko (o ditador da Ucrânia) e a sua administração de corte nazista. Assim, a mídia e o governo daqui descrevem a atuação imperialista dos EUA, da submissa e cúmplice União Europeia, e da OTAN (a organização militar, guerreira e fascista a serviço do terrorismo de Estado ocidental) na região da Ucrânia como ajuda democrática e humanitária.

Assim, dado o poder do governo e da mídia dos EUA para fabricar consenso através da mentira, o que me tira o sono não é a punição de Brian Williams em si mesma; o que me provoca pesadelos é que indivíduos muito mais mentirosos e perigosos como George Bush, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Barack Obama, Henry Kissinger, Tony Blair, Benjamim Netanyahu (cujas mentiras tem conduzido a prisão, a tortura, aos crimes de guerra e ao genocídio contra milhões de seres humanos), estejam livres e impunes, gozando de liberdade sem qualquer tipo de castigo pelos crimes cometidos contra  a humanidade.

Lembremos, por exemplo, o caso do famigerado Henry Kissinger. Durante o governo do criminoso Richard Nixon (presidente dos EUA que foi forçado a renunciar devido ao processo de impeachment), Kissinger foi nomeado para o cargo de Secretário de Estado do país. Como Secretário de Estado, Kissinger esteve envolvido na guerra do Vietnã (guerra que assassinou mais de 20 milhões de vietnamitas). Kissinger também foi responsável pela intervenção da CIA nos golpes de Estado ocorrido na América Latina (Chile, Argentina, Brasil, Uruguai). Além disso, ele tem sido acusado por organizações internacionais como cumplice da tortura, do desaparecimento e do assassinato de centenas de milhares de cidadãos latino americanos durante as ditaduras militares do general Pinochet, no Chile e do general Jorge Videla, na Argentina; além de patrocinador de regimes ditatoriais (Chile, Brasil, Argentina, Uruguai) tem sido acusado pela colaboração com os planos de extermínio repressivos como a Operação Condor.

As provas da atuação criminosa de Kissinger como terrorista de Estado tem levado a inúmeras investigações, denuncias, acusações e processos diante de tribunais internacionais de justiça responsabilizando-lhe por crimes contra a humanidade. Estes processos judiciais tem lutado para lhe retirar o Prêmio Nobel da Paz que lhe foi concedido descaradamente e colocá-lo na prisão.

Assim, o que mais nos indigna na punição de Brian Williams, é que ela está sendo usada hipocritamente por jornalistas corruptos da mídia corporativa (e  pelas autoridades governamentais) para continuar propagando (através da narrativa visual e retoricamente fraudulenta) o mito de que vivemos num pais democrático, num país que vive dentro da legalidade internacional, num país livre de mentira, de corrupção e impunidade.

No entanto, os dados estatísticos mostram que nada está mais longe da verdade social, que as imagens e as palavras produzidas pela narrativa oficial do governo e da mídia corporativa estadunidense e ocidental (jornais brasileiros e canais de TV como a Globo de Roberto Marinho) são falsificações para continuar enganando a opinião pública mundial.

Mas os estadunidenses que teem se esforçado para obter informações que transcendam as mentiras da mídia corporativa e governo, também estão conscientes de que os EUA está repleto de repelentes figuras mafiosas, corruptas, ditatoriais, sanguinárias, genocidas que praticam o terrorismo no mesmo estilo do ditador Augusto Pinochet.  Estas figuras, vivas e falecidas, estão situadas em todos os níveis da hierarquia politica e militar dos EUA e incluem uma lista com nomes de presidentes, deputados e senadores, como, por exemplo, o do senador democrata de New Jersey Robert “Bob” Menendez, chair of the Senate Foreign Relations Committee (acusado de alta corrupção financeira e sexual) e o senador republicano John McCain, acusado pelo lobista Jack Abramoff de receber parte do dinheiro roubado aos cassinos dos indígenas dos EUA (6). Esta lista inclui também nomes hierarquicamente inferiores como, por exemplo, como os terroristas membros da CIA, Orlando Bosch Ávila (7) e Luis Posada Carriles (8); ou dos torturadores assassinos, Manuel Contreras e Jaime García Covarrubias chefes da DINA (a policia secreta da ditadura de Augusto Pinochet) e responsáveis pelo plano CONDOR, mas que são protegidos e beneficiados pelo governo estadunidense, como é o caso  de Covarrubias que é atualmente professor num centro de estudos do Pentágono.

Os dados estatísticos também nos informam que os EUA é um país que não respeita a lei, nem respeita os direitos humanos e políticos nacionais e internacionais; é a estatística que nos informa que EUA é o país que possui mais bases militares nos outros países; que os EUA é o pais que mais fabrica e vende armas de destruição massiva; que é o país que mais produz guerras de extermínio e invasões contra os países pobres; que é o pais que mais comete bombardeios, torturas e ataque terroristas (incluindo os ataques através de drones); o país que mais comete espionagem contra países aliados em todo mundo.

Já faz mais de 50 anos que Daniel Elsberg (escandalizado com a mentira dos poderosos Pinóquios, seus superiores anos 60), revelou em 1971 os documentos secretos do Pentágono (Pentagon Papers) para o jornal New York Times. Daniel  Elsberg, contra a submissão e covardia dos funcionários estatais, denunciou as mentiras do presidente Richard Nixon, do Secretario Robert MacNamara e de Henri Kissinger para continuar legitimando o genocídio  dos EUA contra o povo vietnamita na guerra do Vietnã.

Assim, desde a guerra do Vietnã, uma parte da sociedade estadunidense (composta por cidadãos que lutam contra os Pinóquios e Pinochets deste pais) se defendem incessantemente contra a mistificação, contra a manipulação e resistem para manter a consciência ética e humana da solidariedade e cooperação a favor dos povos oprimidos. Estes são os cidadãos, que teem lutado pelo direito a estar bem informado e contra as sistemáticas maquinações do governo e mídia corporativa para fabricar consenso junto à opinião publica mundial através da produção de aberrantes mentiras. 

É dentro da luta contra os Pinóquios e Pinochets que devemos entender as razões porque o jornalista Julian Assange vazou informações secretas para Wikileaks: eram informações que mostravam as sistemáticas violações do governo dos EUA à legalidade internacional: graças às revelações de Julian Assange, hoje estamos, pro exemplo, informados das ações criminosas do governo estadunidense contra os países aliados.

 É também dentro desta luta contra a destruição da consciência e ética humana pelo governo dos EUA, que devemos entender as razões porque o soldado estadunidense Bradley (Chelsea) Manning revelou os video-tapes que mostravam os soldados americanos disparando suas metralhadoras desde um helicóptero contra a população indefesa no Iraque.

            É também dentro da luta contra os Pinóquios e Pinochets que devemos aplaudir as razões do porque o especialista em espionagem estadunidense, Edward Snowden, revelou os crimes de espionagem dos serviços de inteligência estadunidense contra os governos dos países aliados  dos EUA.

            É dentro desta luta contra que devemos entender as razões porque John Kiriakou, o agente da CIA, denunciou os crimes e as torturas do governo de George W. Bush para a imprensa mundial.

Mas, o governo imperial dos EUA tem imposto uma bárbara e covarde perseguição policial contra a coragem, a valentia, e a elevadíssima consciência intelectual, moral e ética de Julian Assange, de Edward Snowden, de Bradley (Chelsea) Manning.

Para proteger sua integridade física, intelectual e moral, Julian Assange foi obrigado a auto exilar-se na embaixada do Equador em Inglaterra enquanto Edward Snowden foi forçado a auto exilar-se na Rússia.

Bradley (Chelsea) Manning não pode se livrar da injusta punição. Ele está aprisionado na base militar de Quântico (no estado de Virgínia) sob condições de detenção que foram consideradas desumanas e ilegais, e vistas como tortura pela Anistia Internacional. Tão pouco John Kiriakou: ele não teve a oportunidade de escapar ou de auto exilar-se: cumpriu detenção nas prisões dos EUA por denunciar o programa de tortura do governo de George Bush.

Para finalizar, gostaria de informar aos leitores que a mais recente agressão imperialista dos EUA contra a América Latina esta sendo realizada pelo governo de Barack Obama. Obama tem usado os serviços dos Pinóquios e dos Pinochets para ajudar a desestabilizar a Venezuela e, mais uma vez, tratar de dar um golpe militar contra o governo do presidente Nicolas Maduro: um presidente eleito democraticamente pela vontade autônoma e soberana do povo da Venezuela.

Depois do falecimento (do assassinato na opinião de muitos observadores) do presidente Hugo Chavez, as corporações multinacionais, com a ajuda dos acostumados Pinóquios e Pinochets, continuam tratando de

fomentar um golpe militar para implantar uma ditadura que lhes permitam saquear o petróleo do povo venezuelano. Isso é o que podemos observar  com a recente captura dos chefes golpistas, Antonio Ledezma (prefeito da cidade de Caracas), Diego Arria (ex-embaixador da Venezuela na ONU) e o deputado Julio Borges pelo governo de Nicolas Maduro.

Recentemente (18 de março de 2015), Jennifer Rene, também conhecida como "Jen" Psaki (a porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos e ex porta-voz do Presidente dos Estados Unidos – Barack Obama), tratou de atacar o presidente Nicolas Maduro mentindo descaradamente na entrevista para um grupo de jornalistas da imprensa dos EUA. Buscando responder a uma pergunta de uma jornalista (sobre a denuncia do presidente Nicolas Maduro do golpe de estado patrocinado pelo governo do presidente Barack Obama contra o povo da Venezuela), a porta voz Jean Psaki, cínica e descaradamente, respondeu: “Já é uma pratica política de longa data que os Estados Unidos da América (E.U.A) não apoia as transições políticas por meio inconstitucionais. Transições políticas devem ser democráticas, constitucionais, pacíficas e legais." (9)

Ouvindo tão escandalosa mentira da porta voz do governo estadunidense, o jornalista Matt Lee se indignou e replicou ironicamente: “Desculpe... Os E.U.A. têm uma prática de longa data de não promover -o que foi que você disse? Que história é essa de longa data? Isso não é verdade: especialmente no caso da América do Sul e da América Latina, isso não é nenhuma prática de longa data.” E a porta voz, desmascarada, sem poder responder, ficou gaguejando em frente dos jornalistas na sala de imprensa  do Departamento de Estado. (10)

Assim, com ou sem fábula, a verdade aparece unívoca: Vivemos num país de Pinóquio e Pinochets que procura dominar o mundo através das mentiras, dos golpes militares e ditaduras militares.

Enquanto o povo e o governo da Venezuela e de outros países da América Latina, como o Brasil, a Argentina. a Bolívia, o Equador estejam unidos contra o imperialismo americano, continuarão capacitados pra lutar e se defender contra os golpes de estado planejado pelos EUA, pois, muitos ainda sabemos que um povo e um governo realmente unido jamais será vencido.



Notas:

1) Conforme o relatório oficial da Comissão Valech de 2011, o total de vítimas oficiais entre executados, desaparecidos e torturados durante os 17 anos que durou a ditadura de Pinochet (1973-1990) subiu para 40.280. E no entanto, de entre os grupos de vítimas da ditadura se estima que a cifra supera 100.000 pessoas. Uma das mais contundentes denúncias do golpe militar (e  ditadura do terrorista general Pinochet) no Chile, pode ser vista nas imagens do filme Missing do diretor grego Costa Gavras baseado na historia real do desaparecimento (e assassinato) do jornalista estadunidense, o filme conta com os atores Jack Lemmon e Sissy Spacek como protagonistas.



2) Recentemente, Dick Cheney lançou seu In My Time: A Personal and Political Memoir repleto de auto justificativas mentirosas para legitimar sua decisão ilegal e genocida de declarar a guerra contra o povo do Iraque e para defender o seu programa de torturas em seres humanos indefesos. Mas o livro de Dick Cheney é mais um livro de memoria ficcional tão utilizado pelos responsáveis da invasão e da guerra contra o Iraque para reescrever, em beneficio próprio, a história da guerra. Este é o caso, por exemplo, dos seguintes livros: A Journey, do ex-primer ministro Tony Blair; Decision Points, de George W. Bush; Know and Unknow: A Memoir, do ex-secretário de defesa, Donald Rumsfeld; At the Center of the Storm: My Years at the CIA, do ex-diretor da CIA, George Tenet



3) Antes, durante e depois da administração de George W. Bush, os mais insidiosos Pinóquios a serviço da propaganda mentirosa do governo e da mídia corporativa estadunidenses eram Robert Novak, Judith Miller, Bill O’Reilly e Sean Hannity. Este era um período em que Fox News Channel, FNC (um dos mais desonestos programas de noticias dos EUA) se auto proclamava como o canal de TV que informava de maneira “fair” (justa) and “balanced” (equilibrada).



4) Uma das mais significativas denuncias das mentiras sistemáticas da administração de George Bush, Dick Cheney e seus conselheiros também  pode ser lida no livro Fair Game: My Life as a Spy, My Betrayal by the White House de Valerie Plame Wilson. O famoso filme Fair Play (2010) do diretor Doug Liman está baseado neste livro, na historia da traição de Bush, Cheney e CIA a agente Valerie Plame e a seu esposo, o ex-senador Joseph C. Wilson. O filme Fair Play tem Sean Penn e Naomi Watts como protagonistas.



5) Provas muito escandalosas da relação de cumplicidade terrorista entre governo dos EUA e o governo  da Arábia Saudita pode ser mostrada através da entrevista do professor Aslan Reza, especialista em história das religiões (principalmente da cristã e da mulçumana) nos EUA. Aqui está a pergunta da revista ÉPOCA ao professor Aslan Reza: - A Arábia Saudita é responsável pela ascensão do radicalismo e do terrorismo islâmico? 

Aqui a resposta do professor Aslan Reza: - Sem dúvida. O wahabismo, essa vertente ultra ortodoxa, puritana e pseudo reformista do islamismo sunita, começou na Arábia Saudita, na metade do século XVIII, fundada pelo clérigo Mohamed Ibn Abdul Wahab. É uma religião que prega a volta ao culto monoteísta puro do islã e que chama todos os outros religiosos, islâmicos ou não, de apóstatas. Os sauditas gastaram US$ 100 bilhões nos últimos anos para espalhar essa vertente do islamismo pelo resto do mundo, construindo escolas e mesquitas wahabistas. Não há um canto do mundo em que haja muçulmanos que não tenham sido inundados por dinheiro saudita e por propaganda religiosa saudita. Eles criaram um vírus que se espalhou por todo o mundo muçulmano. Quando você tem um vírus, você precisa erradicar a fonte. Bem, o mundo sabe qual a fonte desse vírus. São os melhores amigos dos Estados Unidos. É absurdo que um país que patrocinou a ascensão de uma ideologia responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas não seja responsabilizado por ela. Ao contrário, continua sendo prestigiado. Quando o rei Abdullah, monarca da Arábia Saudita, morreu na semana passada, o presidente Barack Obama, o secretário de Estado John Kerry e uma dúzia de integrantes do alto escalão do governo americano foram à Arábia Saudita para homenageá-lo. Sem levar em consideração que Abdullah comanda um país que decapita 80 pessoas por ano, condena a 1.000 chibatadas quem manifesta suas opiniões, impede as mulheres de dirigir e de votar e patrocina o terrorismo global.  Isso não é estranho? Se a Arábia Saudita não fosse o maior produtor de petróleo do mundo, seria tratada como a Coreia do Norte, com asco, rejeição e sanções internacionais.



(6) O filme Casino Jack (2010) estrelado pelo ator Kevin Spacey mostra a relação de corrupção entre o lobista Jack Abramoff, o congressista Tom Delay, o senador John McCain e o roubo perpertrado aos cassinos indigenas por eles. O livro do jornalista Gary Chafetz (Boston, U.S.A.) The Perfect Villain: John McCain and the Demonization of Lobbyist Jack Abramoff também denuncia a relação  entre o senador John MCain e Jack Abramoff.



7) Orlando Bosch Ávila é um agente terrorista  da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) que foi chefe da Coordenação das Organizações Revolucionárias Unidas (CORU uma organização terrorista anti-Castro. Bosch Ávila fazia parte da Operação Condor, operação que coordernava as atividades repressivas das ditaduras militares do Cone Sul durante a década de 1970. Além do atentado terrorista (06 de outubro de 1976) de voo 455 da Cubana de Aviação, que matou todas as 73 pessoas a bordo. Foi alegado que o planejamento deste ataque terrorista foi feito na reunião realizada em Washington DC, no mesmo ano, 1976. No planejamento participou Bosch, o terrorista Luis Posada Carriles e Michael Townley, o ex-agente dos EUA e da DINA chilena, durante o regime militar de Augusto Pinochet. O planejamento e o assassinato (na capital dos EUA) do general chileno Orlando Letelier (ex-ministro do deposto presidente Salvador Allende Gossens que foi assassinado pelos militares do general Pinochet).



8) Luis Posada Carriles foi acusado de terrorista pelos governos de Cuba e Venezuela pois foi um dos responsáveis de planejar e executar o atentado terrorista (06 de outubro de 1976) de voo 455 da Cubana de Aviação, que matou todas as 73 pessoas a bordo. Posada Carrilles foi o organizador de uma série de atentados contra hotéis em Havana-Cuba em 1997. Ele foi membro do Exército dos Estados Unidos e fez carreira policial na Venezuela antes do governo de Hugo Chaves. Posada Carrilles está acusado de ter ordenado a tortura e assassinado vários seres humanos detidos por razões políticas. Ele também foi um membro da chamada Operação 40, orquestrada pela CIA dos EUA, que planejou e executou  a invasão da Baía dos Porcos, em 1961. Felizmente abortada pela  resistência e guerra  revolucionária do povo cubano.



9) Jen Psaki:“As a matter of long-standing policy, the United States does not support political transitions by nonconstitutional means. Political transitions must be democratic, constitutional, peaceful and legal”.

Matt Lee: “Sorry. The U.S. has—whoa, whoa, whoa—the U.S. has a long-standing practice of not promoting—what did you say? How long-standing is that? I would—in particular in South and Latin America, that is not a long-standing practice.” O leitor pode seguir o desmascaramento das declarações mentirosas de Jen Psaki e do governo dos EUA neste website:

https://www.youtube.com/watch?v=frO1T3vZNrA


domingo, 15 de março de 2015

Pensatas de domingo e a TV que TV!



A Samsung admitiu publicamente que seus aparelhos de televisão são capazes de gravar conversas dos espectadores e transmitir esse conteúdo para um banco de dados controlado pela empresa. Até ontem, você assistia a TV. Hoje, é a TV que te vê e te ouve. Onde vai estar seu jornal amanhã?
A Samsung, indústria coreana de tecnologia digital, admitiu publicamente, há duas semanas, que seus aparelhos de televisão são capazes de gravar conversas dos espectadores e transmitir esse conteúdo para um banco de dados controlado pela empresa. Basta que o cidadão habilite o comando de voz do televisor inteligente – chamado no mercado de smart TV – para fazer o controle remoto de suas funções, que o sistema habilita o aparelho a gravar tudo que é captado pelo microfone, transmitindo os dados para a central da Samsung.
Também a Apple já anunciou a colocação, no mercado, de um monitor de tela plana que agrega todas as funcionalidades da televisão inteligente e com um processador poderoso o suficiente para cumprir os atributos de um computador com grandes recursos. Como nos tablets e nos melhores laptops, o novo equipamento tem uma câmera de alta definição capaz de registrar imagens e sons no ambiente. Da mesma forma, a escolha do usuário poderá colocá-lo em comunicação direta e ao vivo com uma central de serviços onde suas expressões visuais e sonoras serão armazenadas.
O propósito desses avanços é transformar o ponto de entretenimento típico das famílias contemporâneas em um sistema de distribuição de tarefas e informações para outros aparelhos da casa, inclusive os telefones móveis registrados na rede. Quem estiver encarregado da cozinha poderá ativar o fogão para prover a família com o fast food da ocasião ou encomendar e pagar uma pizza, sem se levantar do sofá. Câmeras com reconhecimento de feições e programas que validam as vozes completam o pacote, e o nível de privacidade vai depender do cuidado ou da habilidade de cada um ao usar esses recursos.
Boa parte dessas novidades, e outras ainda mais curiosas, já vem sendo anunciada há mais de uma década. O jornalista brasileiro Ethevaldo Siqueira, juntou algumas delas num livro publicado em 2004, com contribuições de especialistas, cujo título é 2015 – Como Viveremos.
É interessante observar o quanto a tecnologia evoluiu nesse período. Aquele futuro de dez anos atrás chegou rapidamente, e o ser humano mal teve tempo de aprender a usar as teclas virtuais de seus smartphones.
A TV que te vê vai mudar o sentido da palavra telespectador.
Onde vai estar o jornal?
Essas novidades colocam em pauta algumas questões interessantes: uma delas é o controle sobre a vida social assumido por empresas de tecnologia, que liberam a aplicação prática do conhecimento acumulado conforme seus interesses de mercado, que não dependem necessariamente do interesse dos cidadãos. Essa mudança estabelece um novo processo na apropriação da tecnologia, pelo qual os conglomerados chamados de mídia tornam-se dependentes dos engenheiros que projetam tais parafernálias.
Há uma diferença básica no novo cenário: antes, um veículo impresso podia ser apenas isso – um meio de comunicação visual numa plataforma de papel. Hoje, a maioria dos veículos da mídia tradicional precisa migrar para sistemas de publicação multiplataforma, ou no mínimo produzir uma versão digital para a internet e para os aparelhos móveis de comunicação.
O progressivo avanço do televisor inteligente sobre os aparelhos passivos que recebem e exibem uma programação fixa em tempo presente obriga a novas estratégias e a modelos de negócio inovadores. A mídia tradicional, estruturada sobre o conceito de mediação no qual o público é sujeito passivo, quase objeto do processo comunicacional, teria fôlego para esse desafio?
Ainda mais importante: essas empresas teriam interesse em adotar uma linha de tecnologias que reduz seu papel como filtro de notícias e opiniões? Qual seria o perfil mais adequado de um jornalista nesse contexto em que não apenas o usuário dos meios mas principalmente o fabricante dos equipamentos assumem o controle dessas interações?
Quem usa um aparelho celular com sistemas de localização que agregam continuamente informações sobre o trânsito, alertas sobre acidentes ou a presença de barreiras policiais no caminho pode imaginar como seria simples um aplicativo como o Waze, por exemplo, funcionar sobre uma base de tipo noticioso, com textos, som e imagem.
Jornalistas sempre serão necessários para colher e selecionar esse material, mas quem assegura que eles precisarão trabalhar numa grande redação, sob uma marca da mídia tradicional?
Até ontem, você assistia a TV. Hoje, é a TV que te vê e te ouve.
Onde vai estar seu jornal amanhã?

Texto de Luciano Martins Costa publicado no Boletim 203 de Controvérsia