domingo, 18 de outubro de 2015

AVISO AOS NAVEGANTES

Venho tentando postar o 3º post de Jorge Vital de Brito Moreira, mas, infelizmente a sua publicação tem apresentado problemas de leitura.
Continuarei a insistir, mas, caso esta mensagem consiga ser lida, estão avisados os leitores das dificuldades encontradas.
Obrigado

Leia esta m atéria em: http://catoverde-cmbryan.blogspot.com.br/

domingo, 11 de outubro de 2015

Em busca do espaço/tempo ganho no Brasil (Parte 2)


A pensata de hoje é um texto de Jorge Vital de Brito Moreira que continua o da semana passada.

Escrevi no texto da semana passada (parte 1) que o objetivo central da nossa viagem pelos estados de Pernambuco e Bahia era chegar no rio São Francisco (no velho Chico), ver a barragem do Sobradinho, conhecer as obras de transposição do rio São Francisco e visitar a cidade e a hidroelétrica de Paulo Afonso.
Informo ainda que a viagem a barragem do Sobradinho, tinha um significado existencial-histórico especial para mim e para o amigo Israel Pinheiro pois fazia aproximadamente 40 anos (1975 e 1976) que tínhamos trabalhado para a população camponesa das antigas cidades de Santana do Sobrado,  Casa Nova, Sento Sé, Remanso e Pilão Arcado. Naquele tempo, Israel e eu (dois jovens sociólogos formados pela UFBa), tínhamos sido contratados, ele, pela EMATERBA, eu, pelo INCRA  para informar e preparar a população local para a moderna e dura realidade que sucederia: A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) ia inundar as suas propriedades rurais com as aguas do Rio São Francisco; a CHESF ia construir a Barragem do Sobradinho e produzir energia elétrica para o país. Assim, era imprescindível que a população fosse transferida com seus animais e pertences para Bom Jesus da Lapa, a famosa cidade, nas margens do velho Chico no estado da Bahia.
No meu caso pessoal, a atual ida a Barragem do Sobradinho, também oferecia um estimulo especial para a memória: era uma oportunidade única para rever alguns dos lugares por onde passaram o vapor e o rebocador que conduziam 31 famílias (162 pessoas), com seus objetos e animais, durante a primeira viagem de transferência de Santana do Sobrado a Bom Jesus da Lapa.  Ainda lembro que eu e Francisca (a assistente social do INCRA) formávamos a dupla escolhida para serem os responsáveis pela segurança e bem estar social (transportação, alimentação e saúde) das primeiras famílias que acreditaram na CHESF/INCRA/EMATERBA, e embarcaram no vapor para viver nas casas e nas terras prometidas pelo INCRA na cidade de Bom Jesus da Lapa.
Nesta recente viagem de carro, vivemos alguns acontecimentos que também eram dignos de registro. Por exemplo, estávamos regressando de Remanso e nos dirigíamos a Casa Nova. Era aproximadamente 1 hora da tarde quando Gabriel, que pilotava o automóvel, percebeu um estranho ruído nos pneus do carro. Depois de estacionar o veiculo no acostamento, Gabriel e eu saímos para verificar qual das 4 rodas emitia o estranho ruído. Descobrimos imediatamente que o pneu dianteiro direito estava deformado pois continha agora três pequenos calombos, umas bolhas de ar na parte externa do mesmo. Agora ficava claro que era necessário e urgente encontrar o serviço de um borracheiro para resolver o problema.
Paramos o carro na primeira borracharia que encontramos em Casa Nova. Pra nossa surpresa, o borracheiro (sentado ou quase deitado numa rede de pano encardido) disse que o pneu estava bom,  sem problemas, e que ainda podíamos rodar muitos quilômetros naquela situação. Do meu ponto de vista, não dava pra acreditar por um segundo nem por um metro naquele homem. Então, saindo da oficina,  disse pro pessoal: - Vamos buscar uma segunda opinião; me parece que esse cabra da peste está com preguiça e não está querendo  deixar o conforto da sua rede pra ganhar uns 20 ou 30 reais dando duro pra resolver nosso problema.
Na segunda borracharia, encontramos um sujeito trabalhador: era um pernambucano que resolveu o nosso problema sem pestanejar. Depois de tirar o pneu deformado da frente direita do carro, ele colocou o pneu de socorro naquele lugar e o carro voltou a circular satisfatoriamente: sem o ruído constrangedor de antes.
Este acontecimento me lembrou alguns fatos, quando, naquele tempo longínquo, trabalhando na região como sociólogo, podia observar que as roças dos agricultores pernambucanos eram mais limpas, mas organizadas e mais bem cuidadas que as roças dos agricultores baianos. Naquele tempo, o pessoal já  comentava que os pernambucanos eram mais caprichosos que os baianos.
Ainda que eu seja baiano da gema, a comparação a favor da qualidade do trabalho dos pernambucanos, ainda continua válida para mim: quando comparo, por exemplo, a qualidade do trabalho baiano empregado para realizar o carnaval de Salvador (do trio elétrico e/ou das medíocres fantasias a base  das ordinárias camisas de meia sem gola dos blocos e foliões) e a qualidade do trabalho dos pernambucanos para realizar o carnaval de Recife (dos conjuntos musicais e das sofisticadas fantasias carnavalescas exibidas no desfile do Galo da Madrugada) as diferenças são impressionantes.
Outro exemplo significativo: basta com atravessar a ponte sobre o rio São Francisco para darmos conta das grandes diferenças que existem entre a cidade de Petrolina, em Pernambuco, e a cidade de Juazeiro, na Bahia.  Nas margens pernambucanas, vemos uma cidade ampla, limpa, arejada e organizada, com grandes avenidas e um trafego que flui racionalmente e sem engarrafamento. Nas margens opostas, vemos uma cidade baiana medíocre, suja, pouco arejada, desorganizada, com ruas estreitas e um trafego constantemente congestionado. Essa foi a realidade atual que podemos observar entre as duas cidades.
Também escrevi no texto da semana passada sobre alguns dos aspectos negativos que me surpreenderam na visita a cidade de Salvador: ali destaquei a problemática (desordenada e caótica) ocupação do espaço urbano e o miserável crescimento populacional (material e espiritual) da população de baixa renda devido à péssima distribuição social da produção interna e à proliferação de igrejas protestantes que contribuem para aumentar a alienação e a ignorância do  povo da Bahia. (1)
Agora, gostaria de informar que também experimentei muitos momentos extremamente gratificantes na cidade de Salvador. Ali, pude reunir-me com um grupo de grandes amigos do peito e de geração: além do amigo Israel Pinheiro, encontrei o Júlio, Tucha, Pavese, um amigo sociólogo que trabalhou/trabalhamos juntos com a população ribeirinha e catingueira que foram afetadas pela barragem do Sobradinho. Na cidade, também reencontrei o amigo e cineasta, Edgard Reis Navarro Filho [diretor dos premiados filmes, O Superoutro (curta-metragem) e Eu me lembro (longa)], e o amigo, sociólogo e cineasta sergipano, José Umberto Dias [diretor do celebrado filme O Anjo Negro e do recente filme Revoada (ambos de longa metragem)]. Reencontrei todos estes amigos não apenas individualmente mas pude me reunir coletivamente com todos eles numa lanchonete conhecida como “Pãozinho Delicia” no bairro da Pituba, de frente pro mar da Bahia. E foi um dos encontros mais gratificantes que obtive na cidade em que nasci. Pude conseguir o mesmo tipo de gratificação no fim de semana em que meus amigos cineastas Edgard Navarro, Zé Humberto e eu fomos de carro à Praia do Forte, à Itacimirim e à Imbassai, para passear, comer, e tomar banho de mar. Foi um passeio muito gostoso e maravilhoso.
Em Salvador também pude reunir-me com os professores Vitor e Norma Couto (dois irmãos da cidade de Parnaíba no Piauí; queridos amigos de muitas jornadas) para tomar café, comer cuscuz e pamonha no fim da tarde em frente do mar da Bahia, na lanchonete da “Perini”, na Pituba. Foi um encontro saboroso e bem agradável.
(Continua)

1) Gostaria de esclarecer que não tenho religião: não sou católico ou protestante; não acredito em candomblé, macumba, nem em outra forma de religiosidade massiva que vem sendo propagada pela estrutura de dominação politico-ideológico do sistema capitalista atual. No entanto gostaria de afirmar que, na minha opinião, a expansão colonizadora imperialista massiva das igrejas fundamentalistas no Brasil além de ser um produto da pobreza material do nosso povo, é também um dos resultados da anti democrática perseguição ideológica-politica criada pelo governo do Papa polonês João Paulo II (em aliança com os  governos neo-liberais de Ronald Reagan e Margareth Tatcher) contra a “Igreja da opção preferencial pelos pobres”, defendida pelo Papa João XXIII, pelo Papa João Paulo I,  e pela Teologia da Libertação.

domingo, 4 de outubro de 2015

Pensatas de domingo. Em busca do espaço/tempo ganho no Brasil


Este texto de Jorge Vital de Brito Moreira é um importante depoimento de um brasileiro morando no exterior por cerca de 30 anos e suas observações sobre aspectos da nossa atualidade.

Estou de volta à Gringolândia: regresso de uma viagem ao Brasil e gostaria de escrever umas linhas relatando um pouco da experiência de um brasileiro/estadunidense no nosso grande país. Estive um mês e quinze dias em terras brasileiras e durante este período realizei/realizamos duas extraordinárias viagens por cidades dos estados da Bahia e Pernambuco. Como tenho muita coisa pra contar vou dividir este relato em duas partes: na primeira parte darei uma visão geral da viagem; na segunda, darei uma visão mais particular e detalhada das relações sociais e humanas (amizade, família e pessoas nas ruas) no Brasil.

Parte I

O percurso da primeira viagem compreendeu, por um lado, as importantes cidades de Salvador, Feira de Santana, Senhor do Bomfim, Juazeiro, Santana do Sobrado, Sobradinho, Casa Nova e Remanso, no estado da Bahia. Por outro lado, no estado de Pernambuco, o percurso começou na moderna, ampla e arejada cidade de Petrolina, e incluiu as importantes cidades de Santa Maria de Boa Vista, Cabrobó, Belém do São Francisco e Petrolândia. Depois de Petrolândia, voltamos ao estado da Bahia onde visitamos a famosa e importantíssima cidade de Paulo Afonso. Logo, atravessamos as cidades de Cicero Dantas, Ribeira do Pombal, Tucano até chegarmos a cidade de Araci. De Araci regressamos a Salvador, depois de parar em Feira de Santana (a princesa do sertão baiano).
Este grande percurso foi efetuado num automóvel da marca francesa Peugeot e contou com a presença do amigo e professor aposentado, Israel Pinheiro (o proprietário do veículo) e do seu filho Gabriel Pinheiro, enquanto eu, acostumado carona nas viagens pelo Brasil, ajudava a dirigir o automóvel quando o jovem Gabriel se cansava e o pai dormia no “berço esplendido” do banco traseiro do automóvel.
 Chegar no Rio São Francisco, ver a barragem do Sobradinho, conhecer as obras de transposição do Rio São Francisco e visitar a cidade e hidroelétrica de Paulo Afonso, constituíam-se no objetivo central da viagem por Pernambuco e Bahia.
Antes do começo da viagem, passei a primeira semana da minha visita na cidade do Salvador onde tive a oportunidade de observar alguns importantes fenômenos que atraíram imediatamente a minha atenção. Um dos que mais atraíram a minha atenção na cidade foi o enorme crescimento da população soteropolitana. No estado da Bahia, não somente na cidade de Salvador, mas na de Feira de Santana também, o aumento da população invadiu meus olhos, e, acredito, invadirá os olhos de qualquer pessoa que tenha visitado o estado nestes últimos anos.
 O que mais me impressionou no crescimento populacional foi a forma assimétrica, desorganizada e caótica em que se processa a ocupação e o uso do solo pela população e pelos transportes nestas duas cidades. Nas duas, a proliferação da população de baixa renda (formada, de acordo aos conceitos da economia politica capitalista, pelo proletariado super explorado e por seu exército industrial de reserva) se evidencia de modo ostensivo na ocupação do espaço urbano via a extensa proliferação das favelas de nossas cidades.
Um segundo fenômeno que magnetizou a minha atenção (em quase todas as cidades que atravessamos de carro ou caminhando), foi o notório aumento do numero de igrejas cristã-fundamentalistas (tais como a “Igreja Universal do Reino de Deus”, “Testemunhas de Jeová”, “Igreja Batista’, e muitas outras) não somente em Salvador e Feira de Santana mas em outras cidades do estado da Bahia. Elas estão crescendo agressivamente por lá. Na minha viagem anterior ao Brasil, eu costumava brincar com meus amigos dizendo: “Quando me aposentar vou voltar pro Brasil e vou fundar uma igreja evangélica na cidade do Salvador.  Não existe melhor negócio para ganhar dinheiro fácil na “Bahia de Todos os Santos”. Atualmente, meus amigos me informam que a proliferação destas igrejas protestantes é um fenômeno que pertence ao Brasil inteiro, não somente ao estado da Bahia. E o prof. Israel Pinheiro, um dos grandes amigos baianos, acaba de me prevenir: - Seu Jorge, não se surpreenda se o Brasil virar uma republica evangélica dentro de uns poucos anos!
Um terceiro fenômeno que captou/captava a minha atenção foi que o nosso país se encontra numa crise econômica, social e politica assustadora. No nível econômico, a minha  experiência sensorial complementava o que eu já tinha lido nos negativos dados empíricos da estatística nacional: estes dados mostravam a desaceleração da economia agroexportadora, a queda na acumulação de capital, o aumento do desemprego e a diminuição do valor dos salários nos custos de produção das mercadorias brasileiras. No plano político, pude testemunhar a significativa decadência do prestígio político do PT (Partido dos Trabalhadores e de seus lideres atuais) e o avanço ideológico da direita antidemocrática (PMDB, PSDB e outros partidos) e da sua abominável doutrina neoliberal dentro do Brasil.
            Um quarto fenômeno que magnetizou a minha atenção foi o relacionado com a extraordinária proliferação de motos como meio de transporte popular (particular e público) e do uso dos sofisticados telefones celulares nas principais cidades que percorremos: principalmente entre a população (de média e baixa renda) nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Bomfim, Juazeiro, Petrolina, Casa Nova, Remanso, Paulo Afonso. Na cidade de Juazeiro e Petrolina, a marcante impressão que ficou foi a seguinte: quando estava nas ruas destas cidades não decorria um só minuto sem que visse a intensa circulação de diversas motos, perto e longe do espaço onde me encontrava fisicamente num determinado momento.

(Fim da primeira parte)
           

domingo, 27 de setembro de 2015

Pensatas de domingo. Dilma: da berlinda ao abandono


No dia 15 de fevereiro deste ano, postei neste blogue “Dilma na berlinda” em que abordava manifestações contra a presidente programadas para o mês seguinte –justamente 30 dias após a data daquela publicação–, em que a oposição, liderada pelo PSDB e setores ainda mais à direita iniciavam um pré-teste para medir suas forças e até que ponto poderiam chegar.
Hoje, decorridos sete meses daqueles acontecimentos chegamos a um ponto crítico, em que a direita, acobertada por uma mídia quase que exclusivamente privada, patrocinada por seus anunciantes, ligados à alta burguesia local e ao imperialismo globalizado, instituiu um processo de radicalização em cima de políticas duvidosas do PT, principalmente nos escândalos envolvendo a Petrobras, que ficaram conhecidos como “Operação Lava Jato”.
Outro dado curioso deste processo é que a mídia construiu um mito de que praticamente a corrupção no Brasil começou com os governos do PT; como que esquecendo que desde o início da colonização portuguesa ela (a corrupção), veio a reboque. E mais curiosamente ainda, amplos setores da opinião pública, mormente a pequena burguesia, embarcaram nesta versão.
Nascido com o apoio da CIA, o PT nunca foi de fato um partido de esquerda. Sempre assumiu uma posição, no máximo reformista, tendo adotado o neoliberalismo capitalista desde que assumiu o poder federal, ao manter a política econômica de seu antecessor, o tucano FHC. Mas a verdade mesmo é que “pisou na bola” desde o início. O escândalo do “mensalão” já significou um passo na direção de seu fracasso. Apesar de que a implantação de uma CPI para investigar o ocorrido tenha sido uma prova inédita de transparência neste país. Um exemplo disso é que o PSDB arquivou toda e qualquer possibilidade de investigações de seus deslizes governamentais, tanto na área federal quanto nas estaduais, e até municipais.
Mas voltando à vaca fria, os governos do PT entregaram-se à tradicional orgia da corrupção no Brasil, não somente nada fazendo para combatê-la, como entrando de cabeça no olho do furacão. Resultado: o total desmoronamento de suas promessas enquanto oposição, de que a combateriam quando governantes. Hoje, o PSDB veste a camisa de “honestinho”, fazendo oposição ao PT, enquanto o PMDB chantageia o governo em larga escala, ameaçando abandonar uma aliança que remonta aos tempos do governo Lula. É bom lembrar que o atual vice-presidente, Michel Temer é do PMDB.
A Dilma, em franco abandono, resta ser governada pelo PMDB; e a prova disso tem sido a reforma ministerial em andamento.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Ainda sobre Michael Löwy: seu novo livro


O livro “Revolta e Melancolia” percorre música, literatura, artes plásticas, filosofia. Rousseau, Goethe, Stravinski, Rosa Luxemburgo, Tolstói, Marx, Balzac compõem a trama da análise. Os autores propõem um conceito abrangente de romantismo como estrutura mental, forma de ver o mundo. Nessa concepção, o romantismo teria dimensões não apenas nas artes e na filosofia, mas na economia e no pensamento político, bem como nas ciências humanas. Seria também algo maior do que um movimento temporal do início do século XIX, mas uma estrutura de pensamento identificável já a partir de meados do século XVIII e perdurando até os dias atuais.
Esta concepção mais abrangente de romantismo dos autores explica o fenômeno como uma reação à modernidade capitalista. Uma reação interna, portanto operante com a própria visão de mundo gerada pelo capitalismo. Uma reação tradicionalista, que idealiza um passado (imaginado) naquilo que ele tinha de não-capitalista e de pré-capitalista. Para chegar a esta idéia os autores partiram do campo das análises marxistas da sociedade e da cultura, especialmente as teorias literárias de Lucáks e Lucien Goldman, apesar destes autores apresentarem uma visão diferente sobre o romantismo.
Para os autores, o romantismo não é só um movimento artístico do século 19: está nas jornadas de Maio de 1968, na luta ambiental, nas artes no Brasil dos anos 1960, na resistência armada às ditaduras militar na América Latina, em protestos contemporâneos na Europa, nos EUA e na América Latina.
A ênfase está no que os sociólogos definem como romantismo revolucionário –“o que não deseja uma volta ao passado, mas uma volta pelo passado, em direção à utopia futura”, diz Löwy.
Publicado em francês originalmente em 1992, o livro interpreta manifestações de oposição ao avanço capitalista. “Naturalmente o romantismo se transformou. Suas formas são diferentes das do século 19 e das de 30 anos atrás. Mas a análise continua válida. O romantismo é uma crítica à civilização burguesa, que continuará a existir enquanto persistir a burguesia”, afirmam os autores.

1. Michael Löwy nasceu em São Paulo em 1938. Licenciou-se em Ciências Sociais na USP em 1960 e doutorou-se na Sorbonne, sob a orientação de Lucien Goldmann, em 1964. Vive em Paris desde 1969, onde trabalha como diretor de pesquisas no CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e dirigiu um seminário na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Considerado um dos maiores pesquisadores das obras de Karl Marx, Leon Trotski, Rosa Luxemburgo, György Lukács, Lucien Goldmann e Walter Benjamin, tornou-se referência teórica para militantes revolucionários de toda a América Latina. É autor de livros traduzidos em 25 línguas, entre os quais “Marxismo, Modernidade e Utopia” e Walter Benjamin: aviso de incêndio”.

2. Robert Sayre nasceu nos Estados Unidos e vive na França desde 1980, onde é professor emérito de English and American Studies na Universidade de Paris Est Marne-la-Vallée. Realizou seus estudos avançados na Columbia University e lecionou na Harvard University. Autor de diversos artigos e sete livros, alguns em parceria com Michael Löwy, publicou, recentemente, La Modernité et son ‘Autre’: récits de la rencontre avec l’Indien en Amérique du Nord au 18e siècle”.