segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Uma praça para Gilda


É muito importante que se diga que a luta contra preconceitos, desde os raciais até os sexuais, passando pelos religiosos fazem parte importante no posicionamento das esquerdas contra o capitalismo discriminatório e fascista em todo o mundo.
A matéria abaixo fala de um personagem real que viveu em Curitiba. No momento estão começando a construir uma nova praça naquela cidade (a Praça de Bolso da Gilda) em homenagem à sua memória. E é necessário o apoio de todos nós, da esquerda principalmente, para que esta praça torne-se uma realidade.


O Editor


Texto de Washington Cesar Takeuchi (Circulando Curitiba)

“... a mão estendida, um chute na cara...e nunca houve uma mulher como Gilda, um trocado ou beijo na boca maldita...”

Esse é um trecho da música “Nunca houve uma mulher como Gilda” do grupo Curitibano “Lívia e os Piá de Prédio”, feita em homenagem a um dos personagens mais conhecidos de Curitiba da segunda metade da década de 1970 até início dos anos 1980: a Gilda, o travesti mais famoso que Curitiba já teve.

Boca Maldita
A Gilda apareceu em Curitiba e tinha como palco a Boca Maldita. Lá era temida e admirada por todos. Temida porque um pedestre mais distraído poderia ser abordado por ela/ele e se não desse um trocado, receberia da Gilda um beijo, se possível na boca. E admirada por ter coragem de ser quem era no centro machista de Curitiba, a Boca Maldita. Dizem que era pouco apreciada pelo presidente eterno da Boca Maldita (Anfrísio Siqueira), que segundo relatos, tentou o quanto pode afastá-la da Boca Maldita e do Carnaval de Curitiba. Protagonista do célebre episódio, confirmado por alguns e desmentido por outros (inclusive o próprio Anfrísio Siqueira), no qual teria impedido a Gilda de subir no carro da Banda Polaca com um chute na cara.

Como morei no Edifício Asa durante o reinado da Gilda na Boca Maldita, a via com frequência perseguindo alguns passantes, para diversão dos que observavam na segurança das janelas e marquises. Não raro, alguém combinava com ela um beijo surpresa num colega ou num parente de fora, para depois, virar chacota de ter se tornado mais uma vítima da Gilda.


Lançamento da “Praça de Bolso da Gilda”
A melhor lembrança que tenho da Gilda aconteceu num dia de muita chuva. Naquela tarde, enquanto todas as pessoas surpreendidas pela chuva buscavam a proteção e se apertavam debaixo das marquises, lá no meio da XV, no coração da Boca Maldita, sozinha estava a Gilda de braços abertos, dançando e dando boas vindas à tempestade.

Morreu na miséria, doente, abandonada e enterrada como indigente no cemitério do Santa Cândida.

Procurando informações sobre a Gilda na internet, encontrei uma crônica do Dante Mendonça) e a partir dessa crônica, encontrei um curta metragem sensacional do diretor de cinema Yanko Del Pino concluído em 2007 e que está disponível na internet no link¹. Ambos, a crônica e o curta são imperdíveis para entender melhor a Curitiba e a Gilda dos anos 70/80.

Como não tenho fotos da Gilda, optei por postar fotos da Boca Maldita, palco de suas artes.”


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domingo, 25 de dezembro de 2016

Pensatas de Domingo: "A esperança no Brasil e EUA no final de 2016"


Jorge Vital de Brito Moreira

Em primeiro lugar, agradecemos aos parentes e amigos que nos desejam (a mim e a minha família) um “Feliz Natal” e um “Prospero Ano Novo”. Em segundo, queremos retribuir desejando Boas Festas não só para os parentes e amigos, mas para todos aqueles que estão sendo oprimidos pelo totalitário sistema capitalista neoliberal brasileiro.

Quase sempre, os cartões de Boas Festas que recebemos demandam a renovação da nossa esperança (por um mundo melhor), lembrando-nos implicitamente que “a esperança é a última que morre”. Até aqui tudo parece estar bem, mas eu continuo me perguntando: Que tipo de esperança ainda deveremos ter nestas festas de fim de ano?

Refletindo, como cidadão brasileiro, sobre a desgraça que nos aconteceu em 2016: sobre a desgraça do golpe de estado que o PMDB/PSDB aplicaram contra o Brasil e a presidenta Dilma Rousseff no ano de 2016 não vejo razão pra ter esperança no futuro do povo brasileiro; refletindo sobre o interminável sofrimento que os golpistas Temer, Cunha, Cardoso, José Serra, Aécio Neves, Sergio Moro teem estado (e estarão) causando à população brasileira  explorada, dominada, oprimida e crucificada pela atual crise do sistema capitalista neoliberal brasileiro em sua subordinação ao imperialismo dos EUA, não vejo, sinceramente, razão para ser otimista quanto ao  futuro do Brasil.

De igual modo, refletindo, como cidadão estadunidense, sobre as eleições presidenciais de 2016 nos EUA, tampouco vejo nenhuma razão para ser otimista. Se a boa notícia foi que Hillary Clinton do Partido Democrata perdeu as eleições presidenciais, a má notícia foi e tem sido que o candidato republicano, Donald Trump, venceu essas mesmas eleições. 

Assim, sem ter querido ser pessimista, mas procurando ser, sobretudo, realista, escrevi um texto “O Macarthismo voltou aos EUA: triunfará o golpe de estado?” para Novas Pensatas que refletia o que tenho estado sentindo. Ou seja, meu texto mostra, num pé de página, que não vejo razão para ter esperança ou ser otimista do nosso futuro nos EUA. O texto dizia o seguinte: “Em poucas palavras, tanto Hillary Clinton, do Partido Democrata, quanto Donald Trump, do Republicano defendem integralmente os interesses da plutocracia estadunidense (uma minoria de menos de 1% da população local) e estão a serviço da continuidade do capitalismo imperialista estadunidense. Portanto, não me parece que exista nenhuma solução humana digna para a maioria da população trabalhadora dos EUA ou do resto do planeta, seja com Hillary Clinton ou com Donald Trump.” (1)

A julgar pelos intermináveis sofrimentos provocados pelas intermináveis guerras de destruição, pela espionagem e pelas torturas do governo dos EUA sobre milhões de seres humanos (refugiados ou não) dos países do oriente médio, da Ásia, da África e da América Latina (incluindo o Brasil); a julgar pelo poder da demagogia dos presidentes dos EUA para enganar, com a ajuda da mídia corporativa, a opinião publica mundial, não tem existido, nem existirá nenhuma luz no final do túnel para acabar com o caos e a barbárie infernal causadas pelos EUA a população mundial. Quando me refiro à sistemática demagogia (promessas que não são cumpridas), às mentiras e falsificações dos presidentes dos EUA, para manter o imperialismo, o colonialismo e o patriarcalismo, tenho estado especialmente indignado com a atuação demagógica do presidente democrata, Barack Obama, durante estes oitos anos, para reproduzir e manter a exploração, a dominação e a hegemonia do capital financeiro (de menos de 1% da população), sobre a maioria dos seres humanos oprimidos neste planeta (2). E antecipo (para advertir àqueles que necessitam se iludir através dos rituais e das festas de fim do ano) que tampouco não haverá nenhuma esperança de mudança para a humanidade explorada, dominada e oprimida pelos EUA, durante o próximo período de governo do presidente republicano, Donald Trump.

Para mim, a única forma de esperança que posso conceber para os brasileiros e estadunidenses é lutar e procurar resistir a completa destruição da natureza, da espécie (humana, animal e vegetal) e do planeta Terra, é continuar lutando para produzir, criar e estabelecer um novo sistema sócio-econômico-cultural (uma nova forma de sociedade) para a humanidade; uma sociedade que supere a história infame da sociedade capitalista neoliberal/imperialista no mundo; uma nova forma de sociedade onde exista e prevaleça a justiça social para todos os homens de boa vontade deste planeta.

1) O texto “O Macarthismo voltou aos EUA: triunfará o golpe de estado?” pode ser lido em Novas Pensatas de 16 de dezembro de 2016 no link:

http://novaspensatas.blogspot.com/2016/12/o-macarthismo-voltou-aos-eua-triunfara.html


2) Ontem, depois de ter escrito este novo texto para Novas Pensatas, recebi uma notícia que parece indicar alguma esperança: pela primeira vez, depois de 40 anos, o governo dos EUA, numa virada histórica, decidiu se abster de bloquear no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que condena a expansão dos assentamentos de Israel nos territórios palestinos ocupados. Pela primeira vez, o atual governo dos EUA, enfrentou-se politicamente a sistemática humilhação que governo sionista e racista de Benjamin Netanyahu vem infligindo durante oito anos ao presidente Barack Obama e a sua administração governamental.