sábado, 30 de abril de 2011

Um cão uivando para a imortalidade

Antonio Torres comigo no Café da Letras & Expressões no Leblon

Matéria de autoria de Juvenal Azevedo (1) sobre meu amigo Antônio Torres, às vésperas da votação para a cadeira na ABL.

Antônio Torres é um dos candidatos à vaga deixada por Moacyr Scliar na Academia Brasileira de Letras. Segundo os entendidos nos meandros da ABL, Torres é, ao lado de Nerval Pereira, um dos favoritos a envergar o fardão dos imortais.
Na minha opinião, Nerval é um jornalista sério, estudioso e competente, mas falta a ele a chamada bagagem literária. Já Antônio Torres, ademais de suas qualidades pessoais e de caráter, tem uma farta bagagem de livros escritos, publicados e aplaudidos tanto pela crítica quanto pelo público, aqui e no exterior.
Desde sua primeira obra, à qual poderíamos sem exagero classificar de obra-prima, “Um cão uivando para a Lua”, de 1972, até seu livro mais recente, “Sobre pessoas”, de 2007, Torres mostrou ser, fundamentalmente, um escritor.
Um escritor talentoso, dominador de seu ofício, como em “Os homens dos pés redondos”, “Essa terra”, “Carta ao Bispo”, “Adeus, Velho”, “Balada da infância perdida”, “Um táxi para Viena d’Áustria”, “O centro de nossas desatenções”, “O cachorro e o lobo” (que recebeu o Prêmio Hors-Concours de Romance da União Brasileira de Escritores em 1998 e foi traduzido para o francês), “O circo no Brasil”, “Meninos, eu conto” (traduzido para o espanhol na Argentina, México, Uruguai), para o francês (no Canadá e na França), para o inglês (nos Estados Unidos) e ainda para o alemão e o búlgaro, além de ser incluído na antologia dos “100 melhores contos do século”, de Ítalo Moriconi, “Meu querido canibal”, “O nobre sequestrador”, “Pelo fundo da agulha” e “Minu, o gato azul”, uma delícia de livro infantil.
E o que espero que aconteça na ABL, em junho próximo, é o reconhecimento de que aos escritores de ofício se deve abrir o reino dos céus literários. Seria também o autorreconhecimento da Academia a um escritor por ela agraciado em 2000 com o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.
Como a vaga em questão é a de Moacyr Scliar, não custa lembrar que Torres e Scliar se conheceram pessoalmente em 1985, num circuito de palestras pela Alemanha, sendo que foi numa viagem de trem de Colônia para Bielefeld que a amizade se consolidou. Segundo Torres, “fomos só nós dois no trem”. E acrescenta: “Já havíamos conversado em Frankfurt, mas foi tudo muito rápido. Depois daquela viagem para Bielefeld, ficamos amigos para sempre. No Brasil, costumávamos frequentar a casa um do outro entre o Rio e Porto Alegre. E o maior presente que ele me deixou foi seu artigo com o título “Meu querido Antônio Torres”, quando do lançamento do livro “Meu querido canibal”.
Bem. Desconhecedor dos rituais e cânones da Academia Brasileira de Letras, não sei se ao escrever este artigo estarei colaborando ou não para incrementar a candidatura de Torres à imortalidade, de vez que, se consultado fosse, meu amigo quase milenar Antônio Torres, por seu caráter e modéstia que beira a humildade, me impediria de fazer esta declaração pública de amizade e admiração por suas qualidades, tanto pessoais quanto literárias.
Que o Torres e, principalmente, os membros imortais da Academia me perdoem, mas em certas ocasiões calar seria, isso sim, inoportuno. Avante, imortais, façam justiça. Deem a Antônio Torres a cadeira de Moacyr Scliar que, certamente, onde quer que esteja, terá sua aprovação.

(1) Publicado em 29/04/11 pela “Max Press”. Juvenal Azevedo é jornalista e publicitário. Publicou entre outros muitos o artigo: “A revolução criativa no Brasil”, no Observatório da Imprensa em 16/11/2010 http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=616FDS011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A voz de uma luta por posições... E resultados


Avaaz, que significa "voz" em várias línguas, foi lançada em 2007 com uma simples missão: mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo em que a maioria delas quer viver.
Mas a Avaaz (1) está a todo vapor. A escala das suas atividades, o seu crescimento e as suas vitórias são marcantes. Leia alguns dos últimos destaques. E o melhor é que resultados estão sendo alcançados. Os textos abaixo foram extraídos do site em português e apenas revisados por mim.

Proteja o Brasil de Bolsonaro
As idéias racistas e homofóbicas do Deputado Jair Bolsonaro não são uma questão de opinião pessoal, elas são perigosas.
250 pessoas foram assassinadas no Brasil ano passado por serem gays. Enquanto já existem leis para proteger outras formas de discriminação, pessoas GLBT não tem nenhuma proteção legal.
Vamos erguer nossas vozes mais alto que o Bolsonaro e mostrar que os brasileiros apoiam a lei anti-homofobia que irá ampliar as proteções contra a violência e discriminação para todos os brasileiros! Assine a petição agora, ela será entregue em Brasilia em uma grande manifestação pela lei anti-homofobia

Tortura, Guantánamo e os EUA
Inspirados pelo apoio e o incentivo continuo por campanhas para acabar com a tortura e com uma maioria clara de norte-americanos concordando, a Avaaz lançou uma campanha de anúncios nos metrôs de Washington DC. Os anúncios foram pagos por milhares de doações de membros da Avaaz do mundo todo. Eles serviram como um lembrete aos congressistas dos Estados Unidos de que a tortura é ilegal, antiética, assim como desculpa para o recrutamento para as redes de Osama Bin Laden e da Al Qaeda.
A nossa mensagem audaciosa foi coberta pela mídia internacional incluíndo o Washington Post e o Der Spiegel, ressonando também na capital dos Estados Unidos, levando nosso chamado pelo fim do presídio de Guantánamo.

Furando o apagão das comunicações no Oriente Médio
Financiado por quase 30.000 membros da Avaaz, uma equipe está trabalhando diretamente com lideranças dos movimentos pró-democracia na Síria, Iêmen, Líbia e em outros países para distribuir telefones de alto tecnologia e modens de Internet via satélite, conectando-os com as maiores redes de notícias do mundo e ajudando na comunicação. Nós vimos o poder deste trabalho -- ciclos midiáticos globais são gerados por imagens e entrevistas de ativistas locais criadas e distribuídas com a ajuda da nossa equipe. A coragem dos ativistas que estamos apoiando é incrível -- uma mensagem de skype de um deles diz "... as forças de segurança estão vasculhando a minha casa, a bateria do meu notebook está acabando, se eu não estiver online amanhã estou morto ou preso". Ele está bem e as vozes destes corajosos ativistas estão circulando o globo.

Projeto de Lei de Censura do Berlusconi foi Derrubado
O Primeiro Ministro da Itália, Silvio Berlusconi, lidando com controvérsia política e acusações de estupro estatutário perto das eleições, tentou aprovar uma lei de censura no Parlamento que iria silenciar os seus críticos em programas de televisão independentes. Porém os membros italianos da Avaaz reagiram -- gerando uma petição de 70.000 nomes e milhares de telefonemas para o Parlamento em um momento crucial que ajudou a virar a votação a lei foi bloqueada, em uma vitória dos membros da Avaaz pelo futuro da democracia e liberdade de expressão na Itália.

Solidariedade Global pelo Egito
Nos momentos mais sombrios da luta pela expulsão do Mubarak, os egípcios disseram ao mundo que precisavam de solidariedade -- e os membros da Avaaz responderam. 600.000 abaixo assinados à mensagem de apoio levado direto para a Praça Tahrir pela rede Al Jazeera - ajudando a apoiar um movimento abastecido de esperança nos seus momentos mais difíceis e incertos. Solidariedade Global pelo Egito.

1. Acesse a Avaaz clicando aqui: http://www.avaaz.org/po/  

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nota importante


Este blogue não está recebendo comentários normalmente. Peço aos comentaristas habituais que tenham alguma paciência quanto a uma eventual falha na publicação deles, mas simplesmente não estão chegando à caixa de exibição própria para a liberação dos mesmos.
Obrigado pela compreensão.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

As "coisas" e as nossas vidas



Recebi hoje três vídeos interessantes -“A História das Coisas” de Annie Leonard- acerca da exploração do capitalismo sobre todos os povos, que me foram enviados por uma prima.




Se quiserem podem assistí-los clicando em seus links. Mas o fato é que encontrei esta explicação do Prof. Marcos Francisco Martins do Mestrado em Educação do Centro UNISAL de Americana (SP), a respeito, que considero mais curta e vai direto ao assunto.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Playa Girón, Silvio Rodríguez y la música de resistencia de Cuba (parte 2)


Jorge Vital de Brito Moreira, nosso colaborador, publicou esta matéria (em espanhol) no Rebelión.

(continuação)

Compañeros poetas,
tomando en cuenta
los últimos sucesos
en la poesía,
quisiera preguntar
—me urge—,
¿qué tipo de adjetivos
se deben usar para hacer
el poema de un barco
sin que se haga sentimental,
fuera de la vanguardia
o evidente panfleto,
si debo usar palabras
como Flota Cubana de Pesca
y «Playa Girón»?

Compañeros de música,
tomando en cuenta
esas politonales
y audaces canciones,
quisiera preguntar
—me urge—,
¿qué tipo de armonía
se debe usar para hacer
la canción de este barco
con hombres de poca niñez,
hombres y solamente
hombres sobre cubierta,
hombres negros y rojos
y azules los hombres que pueblan
el «Playa Girón»?

Notas


1) Aquí está la letra completa de “Te doy una canción”. Si el lector también quiere escuchar la música, doy en seguida el link correspondiente: ww.youtube.com/watch?v=G1KZOxS7i9Q


Cómo gasto papeles recordándote,
cómo me haces hablar en el silencio,
cómo no te me quitas de las ganas
aunque nadie me vea nunca contigo.


Y cómo pasa el tiempo
que de pronto son años
sin pasar tú por mí
detenida.

Te doy una canción
si abro una puerta
y de las sombras sales tú.
Te doy una canción
de madrugada
cuando más quiero tu luz.


Te doy una canción
cuando apareces
el misterio del amor
y, si no lo apareces,
no me importa:
yo te doy una canción.


Si miro un poco afuera me detengo,
la ciudad se derrumba y yo cantando,
la gente que me odia y que me quiere
no me va a perdonar que me distraiga.


Creen que lo digo todo,
que me juego la vida
porque no te conocen
ni te sienten.


Te doy una canción
y hago un discurso
sobre mi derecho a hablar.
Te doy una canción
con mis dos manos,
con las mismas de matar.


Te doy una canción
y digo: Patria.
Y sigo hablando para ti.
Te doy una canción
como un disparo,
como un libro,
una palabra,
una guerrilla...
como doy el amor.

2) Ya he hablado anteriormente sobre este tema durante una entrevista sobre el filósofo y maestro Manuel Sacristán Luzón, realizada por el profesor, periodista e intelectual Salvador Lopez-Arnal para rebelión.org. Ver el link: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=69805


3) La música “Playa Girón” no debe ser confundida con Preludio Girón, otra bella canción también de Silvio Rodríguez que trata el tema de la invasión de la Bahia de Cochinos. Para los lectores que quieran escuchar la música “Playa Girón” aquí está el link apropiado: http://www.youtube.com/watch?v=KeifnFAjuEo

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Playa Girón, Silvio Rodríguez y la música de resistencia de Cuba (parte 1)


Jorge Vital de Brito Moreira, nosso colaborador, publicou esta matéria (em espanhol) no Rebelión.

En los años 80, cuando estudiaba en México, DF, escuché por la primera vez una canción de Silvio Rodríguez que decía:

Te doy una canción y digo: Patria. Y sigo hablando para ti.
Te doy una canción como un disparo,
como un libro, una palabra, una guerrilla...
como doy el amor (1)

Fue una experiencia única, conmovedora e iluminadora: la combinación tan bien hecha por Silvio entre música, poesía, romance y política en la composición “Te doy una canción” me ayudó a quitar lentamente (fue un proceso) de la cabeza el principal ideologema de muchos artistas y estetas brasileños que trataban de inculcarnos el dilema: “no se puede conyugar arte y política; o el uno o el otro”. Lógicamente, algunos de ellos creían en eso por convicción ideológica o por razones comerciales, pero otros lo repetían por temor a la represión y la censura del Acto Institucional 5, de las autoridades militares.
Por esa época, antes de salir de Brasil, ya conocía algunas letras y músicas de protesta como “Apesar de Você” de Chico Buarque de Holanda así como otras excelentes composiciones políticas del compositor que también fueron prohibidas por la censura de nuestro país. Eran tiempos de la dictadura militar y uno tenía que engullir muchas directrices (muchas serpientes) fascistas en lo artístico, cultural y político para seguir aguantando la infernal cotidianidad brasileña.
Por estudiar violoncello, saber tocar la guitarra y cantar músicas brasileñas me invitaban frecuentemente para tocar mi guitarra en las serenatas sobre las playas blancas de Salvador-Bahía. Aquí y allá (entre las músicas románticas y sentimentales que predominaban en el repertorio de las serenatas), yo siempre encontraba el espacio para incluir de “contrabando” la extraordinaria música política “Viola Enluarada” de Marcos Valle, además de otras de la misma calidad y género de los compositores Geraldo Vandré, Edú Lobo y el mismo Chico Buarque.
A pesar de todo lo anterior, fue, como decía, cuando me encontraba en México (y empecé a escuchar a Silvio Rodríguez, a Pablo Milanés, y a la “nueva trova cubana”) que me fui liberando completamente de la cantiga ideológica del “arte por el arte”, encontrando espacio para aprender una estética y una poética que (como nos decía Sartre) fueran comprometidas con los “condenados de la tierra” de nuestro tiempo. Aun recuerdo la fuerte impresión que me dejó el primer concierto de Silvio y Pablo en el Auditorio Nacional de México en Chapultepec. Después, estuve presente en el Festival de Varadero y en el Teatro Karl Marx (lugares donde los dos se presentaban) en la Habana durante mi corto viaje a Cuba.
Para aquellos que tocaban la guitarra española, era un placer adicional aprender a tocar y a cantar las músicas de Silvio Rodríguez (“Te doy una canción” “Rabo de Nube”, “La Masa”, “Sueño Con Serpientes”, “Pequeña Serenata Diurna” “Nuestro Tema”, “Unicornio”, etc.) y de Pablo Milanés (“Yolanda”, “Yo Pisaré Las Calles Nuevamente”, “La Vida No Vale Nada”, “Pobre del Cantor”, “Años”, etc.)
De esta forma, poco a poco, me fui dando cuenta de que los relatos generados no sólo por la poesía y las politonales sino por la estética, por la filosofía, por la literatura y por lo artístico en general, eran discursos culturales ideológicos que atendían a diversas funciones sociales y que como todos los otros discursos producidos por el lenguaje, estaban sujetos a los cambios profundos que se procesaban en la realidad histórica.
Los estudios en México también me ayudaron a conocer y apreciar las corrientes del pensamiento filosófico, económico, social y político, y muchas informaciones que eran prohibidas por la dictadura militar de Brasil(2). Muchas de las noticias e informaciones políticas publicadas por periódicos mexicanos, no se conocían por la mayoría de la población de Brasil, o, cuando las publicaban, lo hacían desde la perspectiva de la imprenta y media de derecha vinculadas a la dictadura, al imperialismo y al gran capital de EUA.
Las noticias sobre la “Guerra de Vietnam” o la “Revolución Cubana”, por ejemplo, eran las más distorsionadas por la prensa y media brasileña anti-democrática: trataban de desconocer y esconder las victorias militares y políticas de los dos pequeños países (David) que no sólo desafiaran sino que derrotaran a la mayor potencia imperial (Golias) que ya hubo en la historia de la humanidad. Así, no se podía desconocer y esconder aquellas gigantescas victorias por mucho tiempo. Vietnam y Cuba fueron y continúan siendo gigantescos símbolos de esperanza; símbolos de las extraordinarias luchas victoriosas realizadas por los oprimidos en contra de las agresiones del opresor.
No me recuerdo, mientras vivía en Brasil hasta fines de 1978, haber leído nunca una noticia referente a una de las más importantes victorias militares y políticas de Cuba (después de la revolución) contra el imperialismo de EUA. Me refiero aquí al intento de invasión de Cuba a través de la “Bahía de Cochinos” o de “Playa Girón” y a la derrota de millares de cubanos gusanos armados por los militares estadounidenses en el litoral cubano.
Para aquellos de la generación de jóvenes que aun no lo saben, Playa Girón es una pequeña playa en la Bahía de Cochinos, situada al centro sur de Cuba. La Bahía y su playa pasaron a la historia nacional e internacional en el 17, 18, 19 de 1961, cuando fue escogida como uno de los puntos de desembarco para la invasión de Cuba. La invasión realizada aproximadamente por 1500 exiliados cubanos, patrocinados por el gobierno de EUA y la CIA, fue derrotada por las fuerzas del gobierno de Fidel Castro y Che Guevara. A lo largo de 3 días, se desarrollaron combates en numerosos lugares de la Bahía, siendo Playa Girón el último punto ocupado por los invasores antes de su derrota.
Muchos años después, Silvio Rodríguez, compuso la música “Playa Girón”, dedicada a los pescadores de un barco con este nombre en el que estuvo trabajando durante 1969. Sin embargo, como ya sugerimos, el tema Playa Girón tiene más de un sentido. Se refiere tanto al barco como a la batalla ganada por los cubanos. Una vez más, Silvio Rodríguez vino a despertar mi curiosidad sobre la historia cubana a través de su extraordinaria composición intitulada “Playa Girón”. Una vez más, Silvio creaba un poema y una música que lograba mezclar artísticamente su experiencia personal (y corporal), la discusión estética moderna y la historia política de Cuba (en contra del imperialismo internacional) con una maestría sin igual.(3)
En un modesto homenaje a los 50 años (1961-2011) de la heroica victoria de los cubanos en Playa Girón, al barco del mismo nombre y al papel ejemplar de la música de resistencia política cubana, me gustaría, reproducir en seguida la extraordinaria composición “Playa Girón”(3) con la esperanza de que pueda provocar en los jóvenes estudiantes la misma curiosidad y el mismo entusiasmo que me han despertado desde 1980.

(continua)
As notas seguirão na parte 2 desta postagem...

domingo, 24 de abril de 2011

Perdas imperiais


Fazia tempo que eu não publicava neste blogue os números da invasão do Afeganistão. Mas agora, quase findo o primeiro quadrimestre de 2011, achei que seria uma boa ocasião para verificar a quantas Mr. Obama está a afundar o povo estadunidense em sua guerra sangrenta contra seu quase xará Osama...
No balanço geral, as tropas estadunidenses estão quase empatadas com a totalidade do ano passado. São hoje 98 versus 99 em 18 de abril de 2010. No entanto estes foram todos os ianques que tombaram no ano de 2006.
O que motivou uma redução no total geral da chamada “Coligação” (1) foi uma retirada progressiva de soldados britânicos o que reduziu as suas baixas de 36 para 16 no mesmo período.
Mas o que eles chamam de “outros” (others) também caiu de 27 para 21, porque boa parte desses outros também cortaram seus efetivo militares.

1. 162 em 2010 e 135 em 2011.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O olhar do diretor. Ou a versão definitiva de Cleópatra

 
Bressane e a câmera
 “Júlio Eduardo Bressane de Azevedo, nascido no Rio de Janeiro em 13 de fevereiro de 1946, é um digno representante do cinema marginal brasileiro e começou como assistente de direção de Walter Lima Júnior em 1965.”
Mais ou menos assim, as enciclopédias e outras publicações resumem – a princípio – a obra de Julio Bressane, realizador que ao lado de Cacá Diegues, Paulo César Saraceni e Arnaldo Jabor formam um pequeno grupo de autores de cinema em atividade neste país.
Continuando um breve resumo de sua trajetória, estreou em 1967 como diretor em "Cara a cara”, sendo na ocasião selecionado para o Festival de Brasília. Em 1970, após exílio político em Londres, fundou ao lado de Rogério Sganzerla a “Belair Filmes”, quando optaram por um modelo de realizar filmes de baixo custo de produção e com isso conseguiram rodar seis longas em seis meses.
No entanto foi antes disso, em 1969, que dirigiu “Matou a família e foi ao cinema”, um marco em sua carreira como cineasta. E o seu currículo, inclui prêmios como o “Troféu Candango” de melhor diretor, por “Miramar” (1997) e “São Jerônimo” (1999) e prêmio de melhor roteiro por “Dias de Nietzsche em Turim”, todos no Festival de Brasília.
Não se limitando à sua atividade no cinema, Bressane publicou “Alguns” pela Imago em 1996, “Cinemancia” (2000) e“Fotodrama” (2005) também pela mesma editora. Para além disso, escreveu diversos ensaios sobre Robert Bresson, Brás Cubas, Vidas Secas, Augusto de Campos e Ralph Waldo Emerson. Além de “Bressane discute o cinema de Jean Marie Straub”.
“Cleópatra”, seu penúltimo filme (1), foi apresentado em 2007 no “Festival de Cinema de Veneza”, fora da competição e foi premiado como melhor filme do “Festival de Brasília” no mesmo ano. E justamente devido a este filme fiz esta introdução acerca do autor, e sobre a película também quero tecer algumas linhas e comentários.
No título acima ousei tachá-la de “a versão definitiva”! Muitos haverão de achar isto pretencioso, quando na verdade o cinema estadunidense a filmou em diversas produções milionárias, envoltas em muito marketing e estrelas inesquecívies no Star System, das quais a de 1963, com Elizabeth Taylor, Richard Burton e Rex Harrison e direção de Joseph L. Mankiewikz é a mais conhecida (2).
Como um filme brasileiro, pobre, quase que inteiramente gravado em um estúdio, cujos cenários vão se alternando gradativamente e com algumas poucas externas, sem grande (ou nenhum) manejo de multidões pode ser nomeado a “versão definitiva” em uma temática tão estranha ao nosso cinema?
O fato é que o filme de Bressane pode ser considerado menos “faraônico” do que os demais, mas muito bem realizado em sua simplicidade. E por que? Basicamente porque ele não está procupado em ostentar e/ou competir com as citadas super produções gigantescas. Mas sim com uma exposição íntima e sensual da mais famosa rainha de todos os tempos, posto que Cleópatra (3) unia uma cultura que incluia o domínio de seis línguas, aliando a sede de cultura à presença da biblioteca de Alexandria, a seus pés.
Mas a sua sede por sexo era igualmente evidente, e numa família habituada ao incesto, chegou a casar-se com seu irmão. Bressane explora a fundo este seu lado ninfomaníaco e o tranforma num gestual, um verdadeiro balé erórico e apimentado, dando rítmo à obra com uma luz maravilhosa em sua fotografia (de Walter Carvalho) num jogo de luz, sombras e o hábil movimento delas.
E aí está o dedo do autor (4), porque se notamos que o filme não gastou milhões em cenários pomposos, mostra-os muito fiéis à época, refletindo até a diferença de luminosidade entre as cenas passadas em Roma das vividas em Alexandria. E o clima, o clima do filme cria ambientes perfeitos e irretocáveis a quaisquer que sejam os acontecimentos, o que o fez ser aclamado euforicamente em Veneza. Em alguns momentos chegou a me lembrar “Satyricon’ de Fellini.
E mesmo caracterizado por cenas lentas e longas –bem ao estilo daquele Antonioni da marcante trilogia--, “Cleópatra” de Bressane nos prende do início ao fim de forma muito especial e particular. Alessandra Negrini, Miguel Falabella e Bruno Garcia estão perfeitos e muito bem dirigidos pelo autor como Cleópatra, Julio Cesar e Marco Antonio, respectivamente. Fora o som, mixado entre ruídos de ventos e ondas, músicas clássicas e rítmos bem brasileiros, dando-lhe uma personalidade ímpar (5).
Por tudo isto, considero a primeira a até hoje única versão lusófona da atraente faraó do Egito não somente uma obra prima, como a sua “versão definitiva”.

1. O último filme de Bressane, “A erva do rato” foi realizado em 2008.

2. Elizabeth Taylor foi a primeira atriz a receber um cachê de US$ Um Milhão para interpretar o papel título. Mas existem mais de 40 versões de Cleópatra ou filmes em que ela é citada. O primeiro mais conhecido foi o de Georges Meliès de 1899, porém os mais badalados são os de 1919 com Theda Bara, a conhecida estrela do cinema silencioso e a super produção de Cecil B. De Mille (1934) com a não menos famosa Claudette Colbert. Há uma nova (também super) produção em andamento ao que tudo indica com Angelina Jolie e direção de Scott Rudin.

3. Cleópatra foi a última reinante da dinastia de Ptolomeu, general que governou após a conquista daquele país pelo rei macedônio Alexandre III. O nome Cleopatra significa "glória do pai", Thea significa "deusa" e Filopator "amada por seu pai".

4. A diferença entre o “autor” e o “artesão” no cinema está no estilo e na particularidade com que o primeiro marca a sua presença e personalidade realizadora num filme. O artesão compõe bem, mas não assina a sua obra com sua característica pessoal. Um fosso que os separa.

5. O som é conduzido por Guilherme Vaz, um dos cinco “Candangos” que o filme farurou no 40º Festival de Brasília e inclui “Felicidade”, de René Bittencourt, cantada por Noel Rosa e “Há Um Deus”, de Lupicínio Rodrigues, na voz de Dalva de Oliveira.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

“Antes... Antes se tem que pensar o filme...”


A frase deste título é proferida pelo professor André Setaro na excelente e bem produzida entrevista produzida pela TV UFBa (1), como diz o seu nome a TV da Universidade Federal da Bahia, onde André leciona na cadeira de cinema da FaCom (Faculdade de Comunicação). Ele chegou a formar-se em Direito, mas sempre manteve o objetivo de persistir no cinema.
Carioca de nascimento, André foi para a Bahia ainda na sua primeira infância. Convivi com ele, ainda adolescentes, quando rodávamos pelas tortuosas ruas da velha Salvador, pois naqueles tempos pretéritos (2) a cidade de Salvador era bem menor e provinciana do que hoje.
Juntos conhecemos Walter da Silveira e suas exibições de filmes raros como as animações do escocês Norman McLaren produzidas no Canadá, ou a obra de Buñuel e Fritz Lang, sempre acompanhadas de palestras e comentários por ele proferidas. Coisa rara numa época em que não havia vídeos. DVDs? Nem pensar!
Walter, talvez tenha sido o maior conhecedor de cinema que este país já conheceu. Ou melhor a Bahia conheceu. Isolado do centro nervoso da cultura (Rio e São Paulo) era até conhecido nos círculos de iniciados e aficionados do cinema, mas nunca conseguiu uma projeção nacional a exemplo de outros críticos e ensaístas seus contemporâneos.
Uma parte da entrevista é passada na Sala Walter da Silveira que André define como “quase uma cinemateca”. Mas vale a pena conhecer o pensamento deste ensaísta, professor e crítico de cinema que é André Setaro, herdeiro de Walter da Silveira e sua rica relação com o cinema.

1. A entrevista é dirigida por Sophia Midian com produção de Helen Campos .
2. Palavra que André Setaro gosta de empregar em seus textos...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A história secreta da Rede Globo (parte 5)


Este quinto episódio da série da TV pública britânica (BBC) mostra mais explicitamente que todos os outros até o momento a sujeira –também explícita-- de Roberto Marinho e seus asseclas contra o povo brasileiro.
Até porque ao dissecar um momento crucial neste país, nos trás a falcatrua, a roubalheira e a cínica distorção dos fatos pela gangue do Sr. Marinho ao narrar os acontecimentos do último debate das eleições presidenciais de 1989, quando Fernando Collor a venceu, por obra e graça da Rede Globo.
Vários depoimentos ao longo desta narrativa deixam bem claro este fato. E mostram porque eles odiavam Leonel Brizola que, pela sua sinceridade (eu diria até uma certa ingenuidade) foi sepultado politicamente por estes marginais no poder da comunicação no Brasil.
Mas, assista. E conclua porque uma frase ficou tão popular nos anos 1970, 80 e 90: “Ligue-se! Desligue a Globo!”

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Professor Jorge Moreira, a entrevista


Em entrevista a “Rebelión”, nosso colaborador, o Professor Jorge Moreira(1) tece comentários diversos, mas enfocados essencialmente no sistema capitalista, sua infra estrutura e os conseqüentes reflexos sobre o ser humano, individual e coletivamente.
No inicio da entrevista o prof. fala sobre a sua primeira viagem aos EUA e como se deu conta da violencia das relações entre o capital e o trabalho após uma visão de um único trabalhador no campo com seu trator. A partir deste ponto ele aprofunda suas reflexões sobre o lupem proletariado. Em outras palavras, “o acúmulo de capital a partir do ‘exército industrial de reserva’ do proletariado, uma grande massa de homens e mulheres desempregados”, segundo suas próprias palavras.
Depois analisa também a ilusão estimulada pela burguesia acerca da URSS sob o comando de Stalin, onde, para ele, de fato nunca existiu uma sociedade socialista, mas sim o processo de acumulação de capital através de uma nova classe burocrática, que, devido à ausência de uma classe burguesa, estabeleceu uma ditadura cuja finalidade era a formação do capitalismo. Porém um capitalismo de estado altamente centralizador.
Chega, finalmente, ao aprofundamento da atual crise do capitalismo, baseado na atualidade do próprio livro “O Capital” de Marx, quando diz que: “(...) para conseguir seus gigantescos lucros, os capitalistas criaram um processo escandaloso de transferir riquezas dos que teem menos (trabalhadores urbanos, rurais e a classe média) para os que possuem mais, beneficiando sempre aos mais ricos.” E continua: “(...) Por exemplo, nesta crise atual os bancos ganharam mais dinheiro (muitos bilhões de dólares) que antes do início da crise; oficialmente, os grandes bancos lucraram até com a queda e a falência do Banco dos irmãos Lehman (Lehman Brothers) uma das cinco maiores companhias de serviços financeiros dos EUA”... O resultado? Transformaram a redução do emprego em mais lucro e mais riqueza para a burguesia: criaram um processo de expansão do crédito através do mercado imobiliário e da especulação do sistema hipotecário que produziu a gigantesca crise capitalista atual.
O Professor pondera: “A mim, me parece que não existirá nenhuma possibilidade de sobrevivência para a humanidade dentro do modo de produção capitalista. Em definitivo, o capitalismo produziu uma sociedade onde não se pode deixar de produzir, necessária e simultaneamente a destruição da natureza, da espécie humana e de outras espécies do planeta. Basta para comprovar isto usar a razão e a sensibilidade consultando os dados disponíveis”.
O professor Jorge apóia as suas considerações teóricas expondo os dados sócio-economicos mais recentes da ONU, da FAO, da OMS e do NIH (U. S. National Institute of Health) que mostram a terrível situação de BILHÕES de seres humanos (adultos e crianças) que vivem miseravelmente sob o capitalismo; que vivem cronicamente desnutridos, sem acesso a medicamentos, à água potável, à eletricidade, a sistema de esgotos; sem acesso a trabalho, a escolas e hospitais.
E finaliza dizendo que “(...) O sistema capitalista não serve nem para os Estados Unidos, nem para o mundo.” Clique no link abaixo e leia a entrevista completa.


(1) Jorge Vital de Brito Moreira é baiano e estudou Ciências Sociais na UFBa. Fez estudos de pós-graduação em Sociologia (México) e Literatura (EUA) onde recebeu o titulo de doutor (Ph.d) com uma tese sobre o escritor Antonio Callado.
Nos EUA, tem ensinado na University of California San Diego (La Joya), University of Minnesota, Washinton University, Lawrence University e University of Wisconsin.
Tem publicado ensaios (sobre diferentes escritores brasileiros e latinoamericanos) e é autor-colaborador do livro Notable Twenty Century Latin America Women (2001).
Em 2007, publicou na Bahia o livro Memorial da Ilha e Outras Ficcões romance e contos).
Atualmente escreve artigos e ensaios para o destacado diário www.rebelion.org de grande circulação em Espanha e América Latina.

domingo, 17 de abril de 2011

Recordações de domingo

Foto de meu pai trabalhada
no Photoshop
Hoje publico aqui um texto que fiz e distribui apenas no mais íntimo da família quando meu pai ainda estava no hospital, cerca de três semanas antes de falecer. Não é uma poesia, porque não sou poeta nem jamais me propus a sê-lo. No entanto o acho poético e sincero. Gostaria até que mais pessoas o conhecessem. Por isto, posto aqui neste domingo. Como se fosse um quadro, já envolto em brumas do passado... Mas tão presente em minhas recordações.


Lembranças

Outro dia lembrei de você falando comigo, e, sorrindo me dizer que quando bebê, me pegava com apenas uma mão e me dava um banho. Gostava de ver o seu sorriso nos momentos em que narrava esse acontecimento e estendia a mão a imitar o gesto. Achava uma forma de demonstrar o seu carinho por mim.
Mas tambem lembrei dos tempos em que você saia do trabalho, no Banco do Brasil e ia dar aulas à noite. Aulas de contabilidade. Isso porque as agruras da vida faziam com que o suor na testa tivesse que ser redobrado para sustentar a prole de cinco filhos, entre eles, eu...
Lembrei de um dia, há quase cinquenta anos atrás, no corredor lá de casa, em que me abracei a você, chorando, porque você, em determinado momento, a conversar comigo comentou que um dia morreria; e eu senti um grande vazio na sensação da sua falta!
Lembrei de nossos papos após voltar do cinema... O Nacional, na esquina da Voluntários com Real Grandeza. Os bons tempos de “poeiras” e matinês. O Botafogo, o Guanabara. Matinês que continuaram até em torno de um ano e meio atrás, quando começou a ficar mais difícil você andar. As últimas foram no Estação Unibanco Arteplex. Você adorava, até porque não tinha escadas nem elevadores. Mas você ia de bengala... Curtia o cafezinho, na entrada e vibrava com os filmes que via...
Mas lembrei também de sua impaciência, que tantas vezes me irritava. De seus mal humores, suas ansiedades. Lembrei que sabia cobrar alguma tarefa que me dava nos últimos anos. Como devedês que encomendava, ou idas à Cassi para buscar remédios.
Por isso mesmo lembrei dos tempos, não muito distantes em que o acompanhava, quatro, às vezes cinco vezes por semana nas idas à fisoterapia, exames ou médicos diversos. Às sextas, quando íamos à psicóloga, você gostava invariavelmente de sentar-se no Cafeína da Constante Ramos e saborear seu café expresso acompanhado de uma torta... Sempre a mesma torta de ameixa! Era um ritual...
Lembrei que estou com a encomenda mais difícil de encontrar. “Melodia da Broadway”. Você queria de qualquer ano... Encontrei a versão de 1938, o filme que lançou Judy Garland. Vibrei quando o encontrei, após tantos meses procurando nas bancas e casas de DVD’s. Está aqui em casa e outro dia lhe falei no hospital que estava comigo. Senti que você sorriu... Foi uma recompensa para mim. Hoje, ao ver a embalagem, marejei os olhos... Um choro silencioso de saudade! Como aquele, há quase cinquenta anos atrás. No corredor lá de casa!
Lembrei...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os marcianos atacam novamente


Acho que esta matéria, publicada pela primeira vez em março de 2008 e republicada cerca de um ano e meio depois continua tão atual quanto às épocas anteriores. Para mim ela é importante também por reforçar a minha tese do “Partido Único da Burguesia” no país sede do império. Enfim, mudam as facções, mudam os nomes, mas o direcionamento é o mesmo.

Na década de 1950, nomeadamente durante o período macartista, a propaganda ianque era contra os comunistas. Aqueles que comiam criancinhas ou as “bondosas velhinhas do meio-oeste” especializadas em fazer tortas de maçã. Com a queda do império soviético, a guerra fria acabou. Acabou? A secretária de Estado estadunidense, Condoleezza Rice (a atual é Mrs. Clinton), justificou a incursão colombiana no Equador. E afirmou: “As fronteiras são importantes, mas não podem ser usadas como um esconderijo para terroristas que depois vão matar civis inocentes”. Concluiu: “Temos que nos preocupar com o terrorismo e o bem-estar dos Estados da região”.

Ao longo da história, a principal ameaça real de agressão em toda a América teem sido os Estados Unidos. As intervenções ianques no continente, como o incentivo aos golpes militares nos anos 1960 e 70, contra governos legalmente eleitos, causaram milhares de mortos e deixaram sequelas principalmente nos países do cone sul (1). No Chile os ianques financiaram e foram articuladores do sangrento golpe de Pinochet contra o governo de Salvador Allende. Anteriormente já estimulavam regimes ditatoriais, como o de Jimenez na Venezuela e Stroessner no Paraguai. Na América Central, a Nicarágua sofreu intervenção dos Estados Unidos – durante o governo do “progressista” Franklin Delano Roosevelt – para assassinar Sandino em uma covarde emboscada. Além disso, houve violentas intervenções em El Salvador, na Guatemala, e mais recentemente em Granada. Só para citar algumas.

Condoleezza confirmou, na sua visita ao Brasil, a nova doutrina das relações internacionais do império com o mundo. A de que as fronteiras não podem ser refúgio para terroristas. Mas o que são ou quem são os terroristas? A CIA assassina e financia golpes, mas não é terrorista, por que é estadunidense? Agora só falta mesmo voltarem os filmes de ficção científica em que a alusão aos comunistas era muito clara. Desta vez, os “maus da fita” serão os terroristas. E certamente teremos “marcianos” de turbante e barbas (como bin Laden) ou fantasiados de guerrilheiros colombianos das FARC.

(1) Aqui, por terras tupiniquins, o golpe de primeiro de abril de 1964 foi sabidamente manobrado por Lincoln Gordon embaixador dos EUA na ocasião.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"Cleópatra", o trailer...



Achei o trailer de Cleópatra de Júlio Bressane.
E tem mais, redescobri como postar vídeos no Blogger. Na verdade haviam mudado a forma de postá-los. E agora ficou mais fácil! Bem aproveitem o filme. E comentem, claro!

Coisas do Brasil. “Cleópatra”, por exemplo

Miguel Falabella e Alessandra Negrini como Júlio Cesar e Cleópatra. Alguém viu?
Fico por vezes alarmado como o cinema brasileiro tem coisas inexplicáveis. Enquanto os filmes de Daniel Filho ficam meses nas salas de exibição, “Cleopatra” de Julio Bressane (1), passou, mas muito mal divulgado e poucos “eleitos” ou “sortudos” o assistiram.

Mas ganhou vários prêmios no Festival de Brasília. Segue a ficha técnica:
Diretor: Julio Bressane - Elenco: Alessandra Negrini, Miguel Falabella, Bruno Garcia, Heitor Martinez, Lúcio Mauro, Taumaturgo Ferreira - Produção: Lúcia Fares, Tarcísio Vidigal - Roteiro: Júlio Bressane - Fotografia: Walter Carvalho - Duração: 100 min - Ano: 2007 - País: Brasil - Gênero: Drama - Cor: Colorido - Estúdio: Grupo Novo de Cinema e TV

1. Um dos representantes do “cinema marginal brasileiro”, Júlio Bressane começou a fazer cinema como assistente de direção de Walter Lima Júnior, em 1965. Dirigiu, entre outros “Cara a cara”, 1967 (seu primeiro filme), “Matou a família e foi ao cinema”, 1969, “O mandarim”, 1995 e “A erva do Rato”, 2008, sua última realização.

domingo, 10 de abril de 2011

Neste domingo... Chacrinha no ar!

Por questões técnicas novamente não foi possível inserir o vídeo diretamente nesta postagem. Clique no título acima que o link se abre.

Estava a comentar sobre a genialidade de Abelardo Barbosa, vulgo Chacrinha (1917/1988). O vídeo anexo trás uma apresentação da cantora Gretchen no programa dele, então na Band (naquele tempo ainda TV Bandeirantes).
Mas o mais importante é analisarmos o quanto a televisão aberta caiu de qualidade no Brasil. Está certo que um outro Chacrinha, o rei da comunicação, o autor das frases “quem não comunica se trumbica” e “Na televisão, nada se cria, tudo se copia”, entre tantas outras (1), seria difícil de ser substituído. Mas, aqui entre nós, os que o substituíram não teem a menor competência. E quem não tem competência... Não deveria se estabelecer; de acordo com o ditado popular.
O fato é que o “fenômeno” Chacrinha se estabeleceu desde que começou como locutor na Rádio Tupi e manteve um padrão de “categoria esculhambada” (2) durante mais de quatro décadas. Lançou as famosas “chacretes” e um júri que incluía figuras folclóricas como a Elke Maravilha.
Desde os 1970, Chacrinha ficou conhecido como o “Velho Guerreiro”, depois da homenagem feita a ele por Gilberto Gil que assim se referiu a Chacrinha numa letra de canção muito conhecida que compôs cujo título era “Aquele Abraço”.
Hoje o povo que se aguente com os “Faustões” e “Gugus” da vida!

1. Utilizou bordões e expressões que se tornaram populares, como "Teresinhaaa!", "Vocês querem bacalhau?", "Eu vim para confundir, não para explicar!" ou “Como vai, vai bem? Veio a pé ou veio de trem?”.

2. Em 1943 lançou na Rádio Fluminsense um programa de músicas de Carnaval chamado “Rei Momo na Chacrinha”, que fez tanto sucesso que passou a ser conhecido como Abelardo "Chacrinha" Barbosa. Nos anos 1950 comandaria o programa “Cassino do Chacrinha”, no qual lançou vários sucessos da música brasileira como Estúpido Cupido de Celly Campello, além de ter lançado artistas como Raul Seixas, Roberto Carlos ou Paulo Sérgio...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Globo x Brizola

Abaixo, reproduzo postagem feita no antigo “Pensatas”. Para assistir ao vídeo, clique (1) no link abaixo:


A propósito do choque entre a Rede Globo de Televisão e o ex-governador Leonel Brizola, que postei neste blog no último domingo, dia 11 (Pensatas de domingo II). Nele, referia-me também ao fato de que o governo dos Estados Unidos, por intermédio da CIA (Central Inteligence Agency) dera toda força à fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT, em função de enfraquecer o maior perigo aos seus interesses: Leonel de Moura Brizola.
A Rede Globo esperou o momento certo para entrar na briga. Mas, quando entrou, entrou para valer, cumprido o seu papel e os seus compromissos para com Washington. Como um grande veículo da mídia, formador de opinião, destruiu e desconstruiu a imagem do inimigo comum, levando-o a uma posição, no final apenas defensiva e acuada diante do seu poderio.
Uma prova desta contenda, são alguns trechos do “Direito de Resposta" exercido pelo político em 15 de março de 1994 contra a Rede Globo (cumprindo determinações do Juiz de Direito de uma Vara Criminal da Cidade do Rio de Janeiro). O texto foi lido no "Jornal Nacional" por Cid Moreira, onde o governador e líder trabalhista acusava:
... "Todo mundo sabe que só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça"...
... “Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua cordial convivência com os regimes autoritários, particularmente com a ditadura que durante vinte anos governou este país”...
... “Fui achincalhado, apontado como demente senil. Tenho 70 anos, 16 a menos que meu difamador Roberto Marinho. Se é essa a idéia que ele tem das pessoas de cabelos brancos, que tome para si o conceito"...
... Tudo na Globo é tendencioso e manipulado" ... A emissora “ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder"...
... “Se tivesse as pretenções eleitoreiras de que tentam me acusar, não estaria lutando com um gigante como a Rede Globo. Faço isto porque não cheguei aos 70 anos para me acomodar”...
... “Que o povo brasileiro faça o seu julgamento, e, separe em sua consciência aqueles que são dignos e honrados, daqueles que foram sempre servis, gananciosos e interesseiros”. Disse, finalizando.
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(1) Por questões técnicas não pude inserir o vídeo diretamente nesta postagem.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A História Secreta da Rede Globo (Parte 4)



Aqui a manipulação da notícia pela Rede Globo demonstrada por fatos concretos como a omissão de informações. Exemplo? A emissora entrevista um empresário (Mario Garnero) e um líder sindical (Lula da Silva). Mas só coloca no ar a do empresário. Ou para divulgar o índice de inflação anuncia primeiro o rendimento da poupança, conduzindo uma má notícia para um “final feliz”
Entretanto a mais grave colocação neste capítulo é a distorção de pesquisas na eleição estadual no Rio de Janeiro em 1982. Brizola, notório desafeto da Globo, iria eleger-se governador e a Globo/Proconsult armaram um esquema fraudulento de apuração e computação dos votos em que estava embutido no sistema de apuração da Proconsult um redutor de votos de Brizola, beneficiando seu oponente, de modo a que Brizola jamais pudesse ganhar a eleição.
Alertado por correligionários sobre a fraude que estava sendo montada na apuração e computação dos votos, Brizola contratou o Instituto Pasqualini para uma análise técnica da questão e foi constatada a fraude no sistema de apuração Proconsult/Rede Globo, conseguindo consolidar sua vitória.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Novo link no pedaço

Clique na imagem para ampliá-la
Maurilo Andréas, amigo, redator publicitário, poeta, escritor e blogueiro, tem um novo blogue. Trata-se de “Livraiada – Livros que eu li, livros que eu estou lendo, coisas assim”.
Li e gostei. Por isto o indico aqui. O link é: http://livraiada.blogspot.com/ que também está aí ao lado...

domingo, 3 de abril de 2011

Minhas “Pensatas... dos outros” no domingo

Hoje, nessas “Pensatas de domingo” estou a postar dois ensaios: “Será que o Brasil comeu a conversa fiada do presidente Obama?” e “Crônica de uma ‘traição’ anunciada”. Ambos os textos do professor Jorge Moreira.


O professor Jorge de Brito Vital Moreira é colaborador deste blogue. Baiano, graduou-se em Ciências Sociais na UFBa. Pós graduou-se em Sociologia (México) e Literatura (EUA) onde recebeu o titulo de doutor (Ph.d) com tese sobre o escritor Antonio Callado.
Lecionou nas ‘University of California – San Diego’, ‘University of Minnesota’, ‘Washinton University’, ‘Lawrence University’ e atualmente na ‘University of Wisconsin’.
Publica regularmente ensaios sobre escritores brasileiros e latinoamericanos, é autor colaborador do livro “Notable Twenty Century Latin America Women” tendo publicado na Bahia o livro “Memorial da Ilha” e “Outras Ficcões”.

Atualmente escreve artigos e ensaios para o destacado diário “Rebelion” de grande circulação na Espanha e América Latina.

1. Será que o Brasil comeu a conversa fiada do presidente Obama?”

“A luta de classes existe, de acordo; mas é a minha classe, a dos ricos, a que dá a batalha... e vamos ganhando.”
Warren Buffett (“o terceiro homem mais rico do planeta”, revista Forbes)

Jorge de Brito Vital Moreira

Nos dias 19 e 20 de Março, o presidente dos EUA, Barack Obama, visitou o Brasil pela primeira vez desde que assumiu a função em 2009. Mister Obama, veio ao nosso país acompanhado de sua família, e teve uma agenda protocolar com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Logo, ele também visitou a favela Cidade de Deus na cidade do Rio de Janeiro onde (como Bill Clinton no passado) utilizou a sua imagem populista e a retórica demagógica para engabelar o povo brasileiro. Depois de fazer mais um discurso enganador no Theatro Municipal , Mister Obama seguiu a sua viagem para uma visita imperial ao Chile e a El Salvador.
Deixando de lado o protocolo e a diplomacia (sempre hipócrita e desonesta) do governo de Mister Obama (e dos demais presidentes estadunidenses), que vem sendo utilizada para defender os interesses imperiais da burguesia e do complexo industrial militar dos EUA, tratemos de entender quais são os objetivos fundamentais da visita do atual presidente ao nosso país.
Do ponto de vista econômico, muito alem dos negócios ligados aos jogos olímpicos, a administração Obama tem tido planos de usar a visita ao Brasil para ajudar os EUA a sair da gigantesca crise do sistema capitalista. Dado as vacilações da presidente Dilma Rousseff (em relação à compra dos aviões de combate), Mister Obama, tem como objetivo urgente tratar de desfazer o projeto de compra dos 36 aviões à firma francesa Dassault para, desta forma, beneficiar as companhias estadunidenses que abocanharia um contrato inicial de seis bilhões de dólares, colocando-se na perspectiva preferencial de que o contrato poderia se estender amplamente, elevando significativamente o valor da aquisição em dólares, se o governo de Dilma Rousseff, decide (como eles estão esperando), ordenar a compra de mais 120 aviões nos próximos anos.
Entre os objetivos políticos a curto e médio prazo, a administração de Obama pretende entorpecer a crescente coordenação e integração político-econômica entre determinados países da America do Sul, dado que eles têm sido importantes não somente para congelar o instrumento neo liberal do ALCA, como para frustrar as conspirações golpistas dos EUA na Venezuela, na Bolívia e no Equador.
Nesta direção, a administração de Obama, vai tratar de continuar semeando tempestades entre os governos más radicais da região (Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador) e os mais moderados (Brasil, Argentina e Uruguai), que juntos teem lutado para encontrar uma solução ao dilema: obedecer cegamente às ordens imperiais ou seguir lutando para realizar os ideais de libertação nacional que todos países do ALBA estão conquistando.
Sem duvida que entre os objetivos estratégicos da visita do presidente, o mais imediato (manifestado sistemática e histericamente pela mídia e os governos de Bush Jr. e Obama) é o de tratar de isolar ou destruir o governo (eleito democraticamente pelo povo venezuelano) do presidente Hugo Chávez e para consegui-lo, a Casa Branca (White House) apelará para qualquer mecanismo possível, quer seja ele de caráter legal, ilegal ou criminal.
Mas o objetivo fundamental dos EUA a médio e longo prazo é avançar no controle da região Amazônica, pois ela constitui o espaço territorial onde se encontram as extraordinárias riquezas que o imperialismo (reproduzindo a sua tendência histórica de se apropriar criminal e indefinidamente dos recursos naturais de outros países do planeta) deseja assegurar para a classe dominante dos EUA que, como já sabemos, pretende que toda a terra e suas riquezas naturais (água, minerais estratégicos, petróleo, gás, biodiversidade e alimentos) lhes pertencem por “direito natural”.
Historicamente, seria um gigantesco erro do governo brasileiro se no presente e futuro se decidir a comprar os aviões e a tecnologia militar de EUA, dado que tal compra, recolocaria nosso pais, mais uma vez, em uma posição de dependência e subordinação diante daqueles que estão tratando (veladamente) de se apropriar dos imensos recursos naturais da nossa região Amazônica.
Depois das inúmeras guerras de conquistas das riquezas dos países (1) que EUA veem invadindo sistematicamente durante mais de um século, ainda existirão brasileiros que acreditem que Estados Unidos será um bom amigo do Brasil e não apelará para o uso de sua força militar para defender os seus interesses arrebatando os recursos naturais da região amazônica?
E dentro do conjunto desses objetivos que observamos, juntos a vários patriotas brasileiros, que não foi nada casual que o império de EUA reativara a sua IV Frota pelos mares da América do Sul e do Caribe logo depois que Brasília anunciara o descobrimento de uma gigantesca jazida de petróleo submarino em frente ao litoral paulista.
Por tudo isso, tratarei de ampliar a resposta à minha pergunta inicial (será que o Brasil comeu a conversa fiada do presidente Obama?) apresentando para o público brasileiro meu texto “Crónica de una ‘traición’ anunciada” (publicado inicialmente em espanhol pelo jornal rebelión.org) que o blog “Novas Pensatas” me solicitou para publicá-lo em língua portuguesa.

1. Recentemente, durante a visita ao Brasil, o governo dos EUA, sob o comando de Barak Obama, decidiu atacar a Líbia para se apropriar dos recursos naturais (o petróleo) da nação africana. Para esconder as abomináveis intenções colonialistas e enganar a população mundial com o falso pretexto da “intervenção humanitária”, os EUA, junto à França, Inglaterra, Espanha e outros paises da OTAN, conseguiram uma resolução 1073 do Conselho de Segurança da ONU (que sabemos está sob o controle de EUA) para invadir a Líbia.
Mas a cumplicidade da ONU não conseguiu convencer a Ralf Nader, o candidato a presidência dos EUA, que expressou a sua indignação nas seguintes palavras: “Não fazemos mais que assassinar inocentes. Porque não nos pronunciamos dizendo o que pensam muitos experts em direito internacional? O governo Obama está cometendo muitos crimes de guerra. Se devemos fazer um juízo político de Bush, também deveremos fazer de Obama”.
Por outro lado, o representante Dennis Kucinich (Democrata por Ohio) assegurou que o presidente Barack Obama não tem autoridade constitucional para ordenar as forças armadas dos EUA a participar em um ataque contra Líbia. “Isso é um ato de guerra”, ele se pronunciou.
A Constituição dos EUA (U.S. Constitution. Article 1, Section 8) diz que somente o Congresso pode declarar guerra a um país. Portanto, de acordo com o representante Kucinich a decisão de Obama é inconstitucional e ele poderia ser submetido a juízo político (impeachment).
Os congressistas progressistas Maxine Waters (D-CA), Jerrold Nadler (D-NY), Donna Edwards (D-MD), Mike Capuano (D-MA), Rob Andrews (D-NJ), Sheila Jackson Lee (D-TX), Barbara Lee (D-CA), Eleanor Holmes Norton (D-DC) e Dennis Kucinich (D-Ohio), asseguraram que “todos eles fizeram objeções à constitucionalidade das ações do presidente Obama” durante a conferencia telefônica que tiveram com ele.
***

2. Crônica de uma "traição" anunciada

Jorge de Brito Vital Moreira
Rebelião

"Temos que pensar com o pessimismo da razão, mas agir com o otimismo da vontade. O socialismo é a esperança."
Antonio Gramsci

I

Quando o advogado e senador democrata Barak Obama publicou seu livro "The Audacity of Hope" ("A Audácia da Esperança"), as pessoas, penso eu, precisavam acreditar em alguma coisa nova (após a infame administração de Bush) e foram seduzidas pelo discurso de um advogado democrata estadunidense. No entanto, eu e umas poucas pessoas, como sempre, resistimos.

"Desculpem-me", disse eu, “mas eu não vou me iludir com as aparências e com a retórica bombástica (mas demagógica) dos políticos liberais burgueses. A propósito, não vou desperdiçar o meu voto com os republicanos ou democratas, pois eles são, na sua maioria, hipócritas, cínicos e/ou corruptos.”

No estilo “politicamente correto”, tudo na aparência de Obama (mulato esguio, elegante, alto, falante, educado, eloquente) sugere a aparencia de um " homem de bem". Em sua carreira de profissional liberal (advogado, político, senador, presidente), também se destaca, porque tudo nele é apresentado como um bom presente(de grego?). A realidade pura e simples é que nunca me enganei com a retórica oportunista dos advogados norte-americanos, e já naquela “tempo remoto", eu tinha que chamar o candidato Obama de "o palhaço das ilusões perdidas", porque só desta forma, poderia identificar o que ele realmente era: um dos maiores demagogos/populistas a serviço das corporações do Império estadunidense.

Como esperado, o tempo tem dado razão às minhas previsões pessimistas sobre o advogado liberal. Quase tudo que é importante no que prometeu e promete (não só na campanha eleitoral, mas sobretudo como o presidente em exercício), não foi, nem será cumprido. Vamos recordar aqui alguns exemplos de sua retórica bombástica e demagógica:

-“Acabar com a guerra no Iraque que Bush inventou e foi justificada com base em mentiras sobre Saddam Hussein e sobre a existência de ‘armas de destruição em massa, ADM, levando as tropas dos EUA à invasão daquele pais.”

-“Acabar com as prisões ilegais, as torturas e assassinato dos prisioneiros em Abu Ghraib (Iraque), Guantanamo (Cuba) e em outras prisões secretas existentes na Europa Ocidental e Oriental ao serviço dos EUA.”

- “Trazer os criminosos de guerra, torturadores e mercenários (contratados) dos EUA para ser julgado pelos tribunais estadunidenses (incluindo Bush, Cheney, Rumsfeld, os neo conservadores e os sionistas).”

Em contraste e contradição ao que ele prometeu, o que estamos vendo é a continuação e a expansão do mesma política do governo Bush para o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão e os territórios palestinos ocupados por Israel; e, como se isso não bastasse, a administração de Obama tem sido ainda pior do que a administração de Bush com relação à América Latina. Aqui temos dois exemplos críticos:

- “O apoio e a legitimição do golpe militar e da ditadura (Micheletti) perpetrada contra o governo democraticamente eleito do presidente Manuel Zelaya e contra o povo hondurenho.”

- A construção de sete bases militares na Colômbia, com o intuito da expansão militar do "Plano Colômbia" e sua guerra suja contra a Venezuela, Bolívia, Equador e outros países da América Latina (Brasil incluído).”

- “Participar do G-15 em Copenhagen, a fim de assegurar a continuação da impunidade dos crimes ecológicos de EUA (esta nação super imperial) e do seu modo de produção capitalista imperialista. Essa impunidade é parte da luta dos EUA contra a preservação da natureza e da vida das pessoas nos países pobres e emergentes da Ásia, África e América Latina, e tudo isso foi denunciado ironicamente por Hugo Chávez, pelo G-15 e pelo Movimento pela Justiça Climática: "Se o tempo fosse um Banco (Obama e os líderes das nações mais ricas), já o teriam salvado."

A lista das traições aos eleitores dos EUA e a humanidade esperançosa é inegável e alguns dos colegas de Rebelión.org (começando com o sociólogo James Petras num artigo sobre a traição do candidato Obama ao reverendo Jeremiah Wright) (1) as vêm registrando e denunciando constante, oportuna e adequadamente. Não vou continuar com a lista dos tremendos golpes que o presidente Obama vem dando à humanidade, mas já podemos observar que os cidadãos nacionais e estrangeiros expressam nos seus rostos e nos seus olhos, o espanto intenso de pessoas que foram seduzidas e abandonadas pelo bandido.

Como é possível que Obama tenha ido a Oslo para receber o premio Nobel da Paz (!que cinismo brutal!) depois de ter tomado a decisão de enviar 30.000 soldados adicionais ao Afeganistão para continuar o genocídio iniciado pela administração Bush? Por agora, não teremos tempo para analisar “a outra guerra”, a “guerra secreta” de Obama. Apenas mencionaremos que na "guerra secreta" do Paquistão, EUA está utilizando mini aviões não tripulados para bombardear as aldeias paquistanesas:os resultados mostram os milhares de camponeses mortos por estas bombas.

Como é possível que o Comitê do Nobel possa continuar selecionando genocidas reconhecidos e criminosos de guerra (Henry Kissinger, Shimon Peres, Yitzhak Rabin) para receber o Prêmio Nobel da Paz?

Como pode a humanidade (e não monstros ou zumbis) continuar a apoiar esta ‘história universal da infâmia’, produzida pelos governantes do imperialismo (da ‘globalização’)?

Por que a maioria das pessoas nos Estados Unidos (EUA) continuam a ser reféns ou cúmplices (direta ou indiretamente) de crimes contra a humanidade, quando votam nos seus candidatos (democratas e republicanos) que são defensores da barbárie causada pela Império?

Como é que os cidadãos alfabetizados, educados e bem intencionados podem aceitar e justificar essa retórica demagógica e populista (falsas e hipócritas), este cinismo surpreendente de ‘Mister Obama’ (e dos anteriores presidentes dos EUA) e de outros políticos norte americanos contra os povos do terceiro mundo (Ásia, África e América Latina)?

II

Neste ponto, nós podemos e temos o direito de pensar que aqueles que continuam a acreditar no discurso de Obama sofrem de Ingenuidade ou desconhecimento do que é essencial para avaliar o desempenho dos presidentes dos EUA: o poder de fogo (do lucro) do complexo industrial militar e o poder de persuasão (lucro) dos bancos e das corporações – empresas relacionadas com os negócios bilionários com o petróleo do Oriente Médio (2) - que financiaram e financiam a maior parte dos candidatos a presidente, a senadores e deputados (republicanos e democratas), da imperial super nação estadunidense.
Enquanto isso, se nós realmente queremos abandonar a posição de passivos, de ingênuos ou de eternos ignorantes, devemos fazer um esforço para acordar deste pesadelo a cada dia, e começar a entender o que acontece conosco; devemos fazer um esforço para entender como funciona o sistema de dominação e exploração a que somos submetidos todos os dias.
Para ajudar no esforço de entender racionalmente o sistema de dominação a que estamos submetidos, gostaria de reiniciar (como o amor e fantasia), tentando sugerir – para quem ainda não sabe – o estudo de alguns conceitos básicos: hegemonia, dominação (consenso/coerção), mecanismos de controle da indústria do entretenimento (TV, filmes, jornais, escolas, igrejas, sindicatos, partidos políticos, os lobbies, as ONGs), intelectuais tradicionais /bloco histórico e outros) (3) que foram elaborados pelo grande político e filósofo italiano Antonio Gramsci (continuador do pensamento revolucionário de Marx, Engels e Lênin).(4)
Tenho a certeza que o estudo dos conceitos gramscianos responderá a nossa verdadeira esperança na redenção humana pois eles servem e servirão como um estímulo permanente para todos aqueles que não querem continuar sendo manipulados e enganados pela ideologia demagogica da "esperança" produzida pela retórica burguesa (a audácia) de políticos liberais (seja nos EUA, Ásia, África ou América Latina) no estilo Barak Obama e da CIA.
Somente desta forma, penso eu, começaremos a tomar consciência. Devemos compreender a crise geral do capitalismo; devemos dar os primeiros passos para sermos capazes de formar alianças políticas adequadas para agir eficazmente na construção de um mundo novo e melhor: um mundo radicalmente diferente desta monstruosa máquina de produzir e reproduzir a guerra, a fome, a miséria, o engano e o desespero; esta maquina que denominamos o modo de produção capitalista e seu super estado burguês, imperialista e "transnacional".

Notas:


1. James Petras, sobre o tema de um sermão do reverendo Jeremiah Wright http://www.rebelion.org/noticia.php?id=66302


2. Craig Murray , o ex embaixador britânico no Uzbequistão se enteirou e vomitou tudo que sabia. O ex embaixador viu os documentos secretos mostrando que a motivação para a agressão militar dos EUA e do Reino Unido ao Afeganistão tinha que ver com depósitos de gás natural no Uzbequistão e Turquemenistão. O Imperialismo queria um gasoduto, que evitaria a Rússia e o Iran e passaria através do Afeganistão. Para conseguir este objetivo se necessitava uma invasão. “Ao publico idiota dos EUA se podia enganar dizendo que a invasão era necessária ...para combater o "terrorismo" e os parvos acreditariam em mais uma mentira. Se considerarmos a implantação das forças dos EUA no Afeganistão, em comparação com outras forças dos países da OTAN no país, as forças dos EUA estão posicionadas para sem duvida proteger o percurso do gasoduto. Esse é o x do problema. Tem a ver com dinheiro, tem a ver com energia mas não tem a ver com a democracia. Adivinha quem foi o consultor que organizou com o então governador do Texas, George W. Bush, os acordos que dariam à corporação Enron os direitos dos campos de gás natural no Uzbequistão e Turquemenistão, e daria á corporação Unocal, o desenvolvimento de gasoduto trans Afeganistão? Foi Karzai, o atual "presidente" imposto pelos EUA (um tipo que não tem apoio dentro do país, além das baionetas ianques). O Embaixador Murray foi demitido do “Ministério dos Negócios Estrangeiros” britânico de onde se originaram as suas revelações. Sem dúvida, que esas foram as ordens de Washington para o nosso boneco britânico.” Veja Paul Craig Roberts , "República de idiotas" no site http://www.rebelion.org/noticia.php?id=94741


3. O conceito de hegemonia foi formulado por Gramsci para se compreender comparativamente a complexidade e o enorme poder de dominação da burguesia na Europa Ocidental, dominação esta que impediu a repetição da revolução de 1917 nas áreas de capitalismo avançado. Gramsci considerava que um sistema de poder era hegemônico por seu elevado grau de consenso alcançado na dominação das massas, e, consequentemente, a dominação podia reduzir o uso da violência para reprimi-los. Os mecanismos de controle utilizados para garantir este consenso se encontravam no complexo sistema de instituições culturais, tais como escolas, igrejas, partidos políticos, associações, jornais, TV, cinema, lobbies, organizações não governamentais. Todo o sistema servia para incutir uma subordinação passiva nas classes exploradas, através de um conjunto de ideologias retiradas do passado histórico e transmitidas por grupos de intelectuais que serviam à classe dominante. Esses intelectuais de modos de produção anteriores (tradicionais) poderiam ser anexados pela classe dominante atual ou os intelectuais poderiam ser gerado em seu próprio grupo social (orgânicos). Da mesma forma, o Estado burguês pode contar com o apoio e a lealdade das classes secundarias aliadas para forjar um bloco social compacto sob a sua liderança política. A hegemonia exercida pelo capital sobre o trabalho no Ocidente, através desta estrutura consensual, não só representou um obstáculo ao movimento socialista para realizar a sua revolução, mas continuava a manter a dominação e a exploração das classes subalternas no capitalismo. A crise econômica que foi fundamental para iniciar a revolução de 1917, não funcionou da mesma forma no Ocidente, devido ao fato de que a hegemonia dificultava um ataque frontal do proletariado. Assim, haveria a necessidade de gerar uma longa e complexa "guerra de posições" para combater a burguesia do capitalismo no Ocidente. (Veja as leituras sugeridas na nota 3)


4. Historicamente, verificou-se que um político revolucionário clássico podia ser lido (interpretação) desde três posições políticas: 1) a posição da direita política que postula (sem provar) que "Marx, Lênin, Gramsci, eram autores importantes no passado, mas que na atualidade já estão superados, toda vez que eles já não oferecem qualquer utilidade para o nosso tempo''; 2) a posição política da chamada "centro esquerda" (o eurocomunismo, a social democracia, a Terceira Via) que postula (sem nunca provar) que o "estudo cuidadoso" de Gramsci “autoriza políticas de ação social reformista com alianças abertas a todos os setores da sociedade” (abertas até mesmo aos governantes e aos exploradores do sistema: a grande burguesia nacional ou internacional, ou seja, aos grandes inimigos da classe dominada e dos explorados da sociedade capitalista: operários, camponeses e grupos subalternos).
Contrariamente à anterior, temos uma posição política da esquerda revolucionária cuja leitura (interpretação) destaca a natureza e o caracter dos escritos e das ações revolucionarias ( práxis) de Marx, Lênin e Trostsky. com o objetivo fundamental de destruir o modo de produção capitalista imperialista. É dentro dessa posição política radical que nós recomendamos a leitura de Gramsci e outros autores marxistas, que acredito, são imprescindiveis, não apenas para ajudar a refutar as leituras reformistas do filósofo italiano, mas para situá-lo dentro da tradição da esperança onde sempre pertenceu; à tradição marxista revolucionária que é essencial para derrubar o regime capitalista e a sociedade burguesa.


Bibliografia:


Antonio Gramsci. Cuadernos de la cárcel. México: Ediciones Era, 1981


Manuel Sacristán. El orden y el tiempo. Madrid: Trotta, 1998.


Manuel Sacristán. Antología de Antonio Gramsci. México: Siglo Veintiuno, 1970.


Perry Anderson. Las antinomias de Gramsci. México, Fontamara,1981.


David Forgacs. An Antonio Gramsci reader. New York: Schocken Books,1988.


Karl Marx. El capital: crítica de la economía política. Edición de Manuel\Sacristán. Barcelona: Grijalbo, 1976.


Marx y Engels. El Manifiesto Comunista. Buenos Aires: Ediciones Nuestra Propuesta , 2003.


Vladimir I. Lenin. El Imperialismo, Fase Superior del Capitalismo. Buenos Aires: Quadrata, 2004.


Néstor Kohan, Gramsci y Marx, hegemonía y poder en la teoría marxista (http://www.rebelion.org/docs/56508.pdf)


Salvador Lopez Arnal, Gramsci un comunista revolucionario digno de amor. (http://www.rebelion.org/docs/67172.pdf)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Holocausto(s)

Campo de Auschwitz

É um verdadeiro crime o que se divulga em relação aos números do extermínio nazista em “campos de concentração”. Nada contra os judeus, mas o povo hebreu faz questão de propagar os seus números quanto a fatalidades, mas dificilmente se refere a tantos outros que ali pereceram em condições pelo menos iguais às deles, e que também sofreram seus holocaustos (1) particulares no maior extermínio presenciado pela humanidade, somente superado pela Inquisição e apenas comparado (em tempos modernos) às bombas sobre Iroshima e Nagazaki.
Documentos até então mantidos em sigilo, mas liberados recentemente no Reino Unido e na Rússia dão um valor aproximado do total de vítimas (2) nos “campos nazistas” durante a 3º Reich e que pode ser superior ao que se acreditava (ver abaixo). E nestes índices os judeus são maioria de forma particular, mas se somados todos, os demais sem dúvida os superam em números absolutos, pois totalizam mais de 15 milhões.

• 7.0 milhões de poloneses dos quais 3.0 milhões de judeus poloneses;
• 6.1 milhões de judeus dos quais 3.0 milhões de poloneses;
• 6 milhões de outros civis eslavos;
• 4 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos;
• 1.5 milhões de dissidentes políticos;
• 800.000 ciganos;
• 300.000 deficientes;
• 25.000 homossexuais;
• 5.000 protestantes.

1. Originalmente, o nome Holocausto é o mesmo que uma oferenda, um despacho feito aos deuses. Os antigos sacerdotes acreditavam que a cremação do corpo era um sinal de reverencia aos deuses (http://www.dicionarioinformal.com.br/)

2. Fonte: Wikipédia