quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um crime hediondo contra a humanidade!


A foto acima, de algo muito semelhante, foi tirada em um laboratório nazista
Ouvi a notícia ontem em um canal de TV. Procurei mais informações e encontrei esta publicada em outubro de 2010 na IstoÉ, com o título de “Indignação na Guatemala após notícia sobre cobaias humanas” que reproduzo abaixo e que provocou um “pedido de desculpas” formais por parte de Barack Obama em nome do governo dos EUA. Mas tanto tempo depois? Simplesmente porque somente foram confirmadas e divulgadas em outubro de 2010, e mesmo então, muito pouco difundidas pela grande mídia.

“Setores políticos e sociais da Guatemala reagiram com indignação neste sábado depois de ser revelado que cientistas americanos inocularam doenças venéreas em 1.500 guatemaltecos sem seu consentimento na década de 1940 para a realização de experimentos médicos.
‘Por mais que os Estados Unidos sejam uma superpotência, não podem fazer esse tipo de experimento. Usaram os guatemaltecos como ratos de laboratório, é importante que os familiares das vítimas recebam algum tipo de ressarcimento’, disse à imprensa o diretor do Escritório de Direitos Humanos do Arcebispado da Guatemala, Nery Rodenas.
Na mesma linha, a deputada da Frente Republicana Guatemalteca (FRG), Zury Ríos, advertiu que "não é suficiente dizer perdão". "Necessitamos de uma compensação como Estado, por exemplo, um programa sólido de saúde sexual e reprodutiva.
Os experimentos em humanos feitos por americanos na Guatemala vieram à tona após uma investigação da doutora Susan Reverby, do Wellesley College, que descobriu os documentos em arquivos do doutor John Cutler (morto em 2003), que liderou esse programa de ensaios.
Cutler dirigiu em 1946 uma série de investigações sobre reações de medicamentos contra a sífilis, gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis, inoculando essas doenças em cerca de 1.500 guatemaltecos para observar suas reações aos tratamentos.
Os "porquinhos-da-índia" foram recrutados entre soldados, prostitutas, pessoas com doenças mentais e reclusos guatemaltecos, segundo informação dada por autoridades americanas, que na quinta-feira passada informaram ao presidente Alvaro Colom sobre esses fatos e pediram desculpas.
"Dá raiva saber dessa notícia. Isso só confirma que os Estados Unidos e o capitalismo deixam de lado os valores humanos", disse Cindy Aceituno, uma cidadã consultada pelo jornal Prensa Libre.
‘Desculpas não bastam. Isso demonstra o despreço que esta nação (EUA) têm com os países do terceiro mundo’, afirmou Bernal Ehlert, outro guatemalteco ouvido pela imprensa local.
Na sexta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a secretária de Saúde americana, Kathleen Sebelius, condenaram os experimentos médicos realizados sobre guatemaltecos entre 1946 e 1948 e qualificaram o fato de ‘claramente antiético’ e ‘condenável’.”

Logo eles que tanto acusaram os nazistas de atrocidades, mas foram os primeiros –e até hoje os únicos– a causar genocídios com bombas atômicas, além destas experiências narradas acima... Quantas mais terão omitido os estadunidenses?

domingo, 28 de agosto de 2011

Pensatas de domingo, Jânio, a verdade sobre a guerra na Líbia, cerveja e outras coisinhas mais...

“Vou ou não vou?”, o famoso “passinho” de Jânio Quadros
Os chineses consumiram mais de 16 mil milhões de garrafas de Snow durante o ano passado, o que fez com que a marca passasse a ser a cerveja mais bebida do mundo – duas vezes mais do que a Budweiser. Coisas da China!

Esta semana se completaram 50 anos da renúncia de Jânio Quadros. Membro da golpista (1) União Democrática Nacional (UDN), o ex presidente terminou isolado pelo próprio partido por sua tentativa de um golpe personalista, comparado na época ao de Ivan o Terrível, que ao deixar o poder na Rússia, voltou carregado nos braços do povo. Sonhos e devaneios de um ditador fracassado. Além do mais, Jânio da Silva Quadros era uma figura de rompantes perigosos para os reacionários udenistas, como a condecoração a Che Guevara, tantos outros decretos polêmicos e suas notórias bebedeiras regadas a uísque no palácio do governo.
O fato é que sua renúncia acabou abrindo caminho, três anos após, para um outro golpe, o de 1º de abril de 1964, que nos proporcionou mais de 20 anos de uma ferrenha e sangrenta ditadura militar.

Nos dias que passamos, o PSDB substituiu a UDN, vivendo em busca de um novo golpe... A campanha eleitoral de Serra em 2010, repleta de factóides, foi uma prova disto. E as investidas dos políticos deste partido no Congresso (o nojento Álvaro Dias à frente) fuçando novas corrupções no governo –como se eles também não fossem corruptos–, reforçam ainda mais esta “síndrome do golpismo”.
Nossa sorte é que o PSDB é hoje um partido fracionado pelas personalidades narcisistas que compõem sua liderança. A situação de disputa hoje se encontra crítica entre as candidaturas de Aécio Neves e do próprio (derrotadíssimo) José Serra, além do visionário elitismo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo o professor André Setaro, o “energúmeno FHC”; o político que doou o país às potências imperiais (2).

Quem ganhou a guerra na Líbia? Fica cada dia mais claro que foi a OTAN e seus intensos bombardeios aéreos a Trípoli e o forte armamento cedido aos revoltosos. Mas o problema maior após a vitória constitui-se em outra pergunta: quem ganhará a guerra interna pelo poder em um país dividido em tantas tribos antagônicas? Para tal basta uma pequena exposição deste quadro.
A tribo –com os seus clãs e subdivisões– é a única instituição que, ao longo de séculos, organizou a sociedade árabe que habita as regiões colonizadas por italianos, no início do século 20, chamadas Tripolitânia, Cirenaica e Fezzan (Líbia).
A revolta na Líbia é uma revolta tribal. Não foi, nem está sendo liderada por jovens intelectuais urbanos, como no caso do Egito e da Síria. Há mais de 100 tribos, 30 das quais com influência decisiva; uma delas – a tribo Warfalla – possui mais de um milhão de indivíduos numa população total de 6,2 milhões em todo o país.
Resultado inevitável desse sistema político tribal foi o esmagamento de qualquer tipo de sociedade civil. Não sobrou nenhum espaço social para as camadas médias letradas. Seja lá o que for que venha a sair desse vulcão, não parece haver meio de evitar que a Líbia seja fracionada em diversos territórios tribais. Não é exagero dizer que, para a juventude líbia, que foi às ruas para lutar contra o regime armadissimo de Kadafi, o sentido é a mentalidade tribal, que não será varrida da noite para o dia.
Será que vai surgir uma nova Iugoslávia “pós Tito”? Por isto a ONU já admite a possibilidade de patrulhamento do país por intermédio de uma força policial internacional, “para evitar que o país mergulhe ainda mais em uma onda de vinganças mútuas” segundo declarações de seu Secretário Geral Ban Kim-moon publicadas ontem na imprensa, fruto dos massacres de milhares de civis por ambas as partes em guerra. O apelo da ONU é também para que todos os lados no conflito evitem revanches. Rupert Colville, porta-voz da ONU para Direitos Humanos, insistiu que o restabelecimento do estado de direito deve ser uma prioridade na Líbia.

Falar em guerra, nesta semana, completou 72 anos (23 de agosto de 1939) o pacto de não agressão entre Stalin e Hitler. Um período histórico complexo, defendido pelos stalinistas como uma tática do ditador soviético para ganhar tempo e se preparar para uma guerra inevitável. E na realidade o foi. No final de 1940, Hitler deu instruções, sob o nome de “Código Barba Roxa”, para sua campanha contra a União Soviética. Em 22 de junho de 1941, tropas nazistas a atacaram, de surpresa. Mas, quase dois anos após, a URSS estava devidamente armada para suportar as primeiras investidas.
Depois, mais uma vez a Rússia teve o principal aliado no seu rigoroso inverno que destroçou o exército alemão, podendo mesmo ser considerada a maior contribuição para a vitória dos aliados em 1945.

O historiador israelense Shlomo Sand em seu livro “A invenção do povo judeu” (lançado agora no Brasil pela Benvirá), defende que não há uma origem única entre os judeus espalhados pelo mundo. A versão de que um povo hebreu foi expulso da Palestina há 2.000 anos e que os judeus de hoje são seus descendentes é, segundo Sand, um mito criado por historiadores no século 19 e desde então difundido pelo sionismo. Israel é uma nação de identidade puramente religiosa, e, claro, fundamentalista.
Professor universitário em Tel Aviv e na França, onde passa parte do ano, o historiador avalia que as hostilidades entre israelenses e palestinos, reavivadas nas últimas semanas, continuarão por tempo indeterminado.

Um total de 39 ministérios! Este é o resultado do fatiamento do poder entre o PT e sua base aliada, tendo à frente o PMDB. Um número absurdo para acomodar os partidos e “partidinhos” que apóiam o governo. Enfim, coisas do Brasil!

1. O maior político golpista da direita brasileira em todos os tempos, Carlos Lacerda, conhecido como o “Corvo”, foi membro ativo da UDN, tendo participado e sido peça central da conspiração que derrubou Vargas.
2. A mais escandalosa das “doações” foi a da rica Vale do Rio Doce vendida por uma bagatela.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Por que?

O que motivou os Estados Unidos e países da Europa –por intermédio da OTAN– atacarem a Líbia e tornar possível aos opositores de Kadafi a vitória da guerra civil naquele país? O certo é que sem este apoio ostensivo os insurgentes não teriam obtido sucesso, pois já em março deste ano, um mês após o início da revolta, as tropas do governo líbio se encontravam à portas de Benghasi, o centro nevrálgico do poder das forças de oposição.

A verdade é que além dos bombardeios massivos à capital, os países ocidentais alimentaram os opositores a Kadafi com uma grande quantidade de armas modernas e pesadas, tornando viável o seu sucesso.

Por outro lado, me pergunto: por que a mesma aliança não atacou a Síria e seu cruel ditador Bashar Al Assad? Ou por que as mesmas nunca centraram seus bombardeios em outros países do mundo árabe (como o Egito) quando de levantes populares recentes? Pelo contrário, depois de meses de silêncio, por intermédio do Conselho de Segurança da ONU os EUA e seus parceiros da União Européia, estão assumindo tímidas medidas diplomáticas quando se tornou insustentável a indiferença em relação ao conflito sírio.

Ao tomar o poder em 1969, quando depôs o rei Idris I, Kadafi envolveu-se em posicionamentos políticos contrários aos interesses imperiais, principalmente no tocante à livre exploração do petróleo líbio pelos EUA e sua oposição ao domínio racista e xenófobo de Israel na região. Nesta ocasião, baniu a prostituição e os jogos de azar, instituindo uma “moral” islâmica no país e também pondo fim às bases estadunidenses e inglesas em solo líbio.

Nos anos 1980, Tripoli chegou a ser bombardeada por caças estadunidenses, devido aos apoios de Kadafi aos movimentos islâmicos no mundo árabe, mas com o passar dos anos, fruto de diversos acordos econômicos e políticos, o ditador retrocedeu e caiu nas graças das potências, que hoje voltaram a se opor a ele.

Não me proponho a defender Kadafi, um ditador autocrático aos moldes clássicos de tantos outros do século 20, apesar de que são comprovadas algumas de suas ações em prol da população nas áreas de educação, moradia e do combate à miséria. No entanto esta minha postagem se destina a perguntar por que medidas semelhantes não foram tomadas pelos EUA e OTAN contra os governos de outras ditaduras da região, que nem isso fizeram pelo seu povo?

Claro que essas outras ditaduras –tanto a do Egito quanto a da Síria– sempre foram táticas na defesa em torno de Israel, que é hoje uma potência nuclear detendo o monopólio da fabricação e estocagem de bombas atômicas na região.

Na atualidade as atenções de Israel (e dos EUA) centram-se contra o Irã, os temores e pesadelos do surgimento de armamentos do gênero, mesmo que ainda não comprovados. Mas fiquem certos de que no dia em que forem tiradas as dúvidas, também haverá um ataque em massa contra aquele país.

Porque não existem mais dúvidas quanto ao porque das coisas...

domingo, 21 de agosto de 2011

Minhas pensatas dos outros

Transcrevo abaixo o Editorial da edição 442 do “Brasil de Fato” intitulado “Três saídas da classe trabalhadora para a crise”:
Entre os dias 21 e 28 de agosto, milhares de brasileiros estarão mobilizados em torno de três grandes propostas: a redução da jornada de trabalho, a destinação de 10% do PIB para a educação e a reforma agrária
Quando o impacto da crise mundial retoma as manchetes e volta a assombrar ressuscitando os analistas neoliberais e suas falidas receitas; quando o debate sobre as medidas a serem aplicadas para conter os esperados impactos econômicos volta a ganhar força e envolve toda a sociedade, a classe trabalhadora e as forças populares saem às ruas para apontar três soluções factíveis e estratégicas para o Brasil.
Ao se analisar os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED – Dieese/Seade) percebe-se que, em 2009, 36,1% dos assalariados trabalharam mais do que a jornada legal de 44 horas. Uma tendência que se mantém. Esses dados nos mostram que o mecanismo da “hora extra” foi completamente desvirtuado. A hora extra perdeu a característica de ser uma hora a ser realizada em momentos excepcionais, passando a ter um caráter de hora ordinária. É a legalização da extrema exploração.
O projeto de lei que possibilita a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais aguarda votação no Congresso Nacional e enfrenta enorme pressão patronal para ser rejeitado. Uma vitória possível que possibilita enfrentar a crise econômica sem reduzir postos de trabalho.
Assegurar que o Estado brasileiro amplie o investimento na educação para um orçamento que corresponda a 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) é fundamental para o nosso futuro. Nos últimos 20 anos, a distância entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos não parou de aumentar até a crise de 2008.
O Brasil é um dos cinco países de maior extensão territorial e, portanto, de maiores riquezas naturais do mundo; tem uma das sete maiores populações do planeta, o que significa a possibilidade de enorme mercado interno e menor vulnerabilidade; e já é uma das sete maiores economias do mundo. Ao mesmo tempo, ostentamos dados educacionais vergonhosos, completamente incompatíveis com qualquer ideia de futuro.
A privatização do ensino somente aprofundará os problemas estruturais que enfrentamos. Nas últimas semanas a juventude chilena vem nos mostrando que sem luta popular seremos engolidos pela indústria privada do ensino. Afinal, a lógica do lucro é completamente incompatível com a educação.
Eis porque assegurar o ensino público e gratuito é uma das medidas principais de um Projeto Popular para o Brasil.
Realizar uma ampla reforma agrária, com caráter popular, para garantir acesso à terra para todos os que nela trabalham é outra solução concreta para enfrentar a crise. É urgente estabelecer um limite máximo ao tamanho da propriedade de terra, como forma de garantir sua utilização social e racional.
Como se vê, são três medidas concretas que devem ganhar força e converter-se em soluções da classe trabalhadora para enfrentarmos a crise.
O fato de que todas as centrais sindicais, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e os movimentos sociais estejam mobilizados em torno destes três itens neste momento é um passo significativo. Revela que já não se trata de bandeiras corporativas, mas de medidas que conformam um projeto de nação.
A história ensina que o mais difícil na construção da unidade das forças populares é conformar o mesmo programa, as mesmas bandeiras. Não é o nosso caso!
Ainda não logramos unificar todas as centrais sindicais e movimentos sociais em torno de uma mesma manifestação. As mesmas bandeiras de luta, seguem, infelizmente, em atos separados. Embora unidos nas propostas, o que representa um passo importante, ainda estamos divididos na organização das lutas. Este segue sendo um grave limite na atual conjuntura. Quanto mais poderoso o inimigo, maior deve ser a preocupação das forças populares com a unidade.
Nenhuma das diversas manifestações que ocorrerão no final de agosto terá, isoladamente, a força necessária para enfrentar a agenda pautada pela burguesia.
O cenário mundial é preocupante e a burguesia deixa claro que pretende enfrentar a crise reduzindo gastos e direitos sociais e despejando seu custo nas costas dos trabalhadores.
Neste momento, nenhuma justificativa sectária pode impedir que lutemos juntos somando nossas forças em torno de bandeiras comuns. São legítimas as divergências que separam as organizações populares e não se trata de ignorá-las. Contudo, não são contradições antagônicas e não podem servir de pretexto para impedir que nos unifiquemos nas lutas.
Que prossigamos lutando cada vez com mais força, unidos nas lutas e também nas mobilizações.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cultura, música e choque de gerações



Pouco conhecia de Amy Winehouse. Mas o fato é que sua morte trágica e prematura despertou em mim uma certa curiosidade; uma vontade de conhecer o trabalho dela. E foi o que aconteceu. Nos dias de hoje, com certas ferramentas na internet isto se torna mais fácil. E pouco a pouco fui descobrindo o seu trabalho e sua forma de se comunicar pela música.
Em função de seu trabalho, Amy me remeteu a pensar no quanto as gerações se diferenciam e no quanto ela representa no contexto deste tema. E também o quanto este emaranhado é complexo.
Vivemos hoje em um mundo em que as gerações mais novas se afastaram muito dos interesses por questões sociais e se renderam às drogas físicas e à religiosidade, a droga espiritual.
Isto, para a minha geração foi um choque violento. Mesmo compreendendo que tudo foi conduzido pelas classes dominantes como forma de alienação em massa fica difícil para nós de tempos em que se tentava mudar o mundo, aceitar o conformismo das religiões e o túnel escuro e sem fim das drogas.
No entanto passei a sentir e entender mais de perto este mundo em contato com as letras e músicas de Amy. E o mais interessante é que à medida que aprofundava este contato maior com o seu trabalho, senti o quanto de revolta há nele. Mesmo que uma revolta alienada, mas uma revolta muito grande. Aliás, o seu dramático final é uma prova contundente deste fato.
Tentando uma abordagem de seu trabalho, a origem (o soul) foi inicialmente a música negra estadunidense por excelência. Quando de seu surgimento no final dos anos 1950 ela representava uma expressão particular dos guetos afro-americanos.
Aos poucos foi tendo a adesão de brancos naquele país até que abraçou outros como a Grã Bretanha. Neste último iniciou sua trajetória na década de 1960 com os movimentos northern soul e modern soul e alcançou as bandas de blue-eyed que influenciaram de forma intensa os Beatles, por exemplo. A partir dos 1980, começaram a formar um gênero de soul particularmente britânico, alcançando também sucesso de vendas. O Simply Red foi um dos mais destacados naquele momento.
Amy desenvolveu o seu trabalho numa fase em que se consolidava a contra ofensiva e o soul britânico se impunha nos EUA.
Dotada de um carisma e gênero fortes, Amy e seu estilo particular passou a construir uma grande multidão de fãs em todo o mundo. De todas as suas músicas, a que gosto mais é a que postei acima (Reahab) e cuja tradução (1) segue abaixo.

Reabilitação

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber
Eu não tenho tempo
E mesmo meu pai pensando que eu estou bem;
Ele tentou me mandar pra reabilitação
Mas eu não vou, vou, vou

Prefiro ficar em casa com Ray (Charles)
Não posso ficar 70 dias internada
Por que não há nada
Não há nada que possam me ensinar lá
Que eu não possa aprender com o Sr. (Donny) Hathaway

Não aprendi muito na escola
Mas sei as respostas não estão no fundo de um copo

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber
Eu não tenho tempo
E mesmo meu pai pensando que eu estou bem;
Ele tentou me mandar pra reabilitação
Mas eu não vou, vou, vou

O cara disse: "Por que você acha que está aqui?"
Eu disse "não faço idéia
Eu vou, vou perder meu amor
Então eu sempre mantenho uma garrafa por perto"
Ele disse "acho que você só está deprimida,
Me dê um beijo aqui, amor, e vá descansar"

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber

Eu não quero beber nunca mais
Eu só oh, só preciso de um amigo
Não vou desperdiçar dez semanas
Pra todo mundo pensar que estou me recuperando

Não é só meu orgulho
É só até essas lágrimas secarem

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber
Eu não tenho tempo
E mesmo meu pai pensando que eu estou bem;
Ele tentou me mandar pra reabilitação
Mas eu não vou, vou, vou

1. Pena que a tradução perde algumas expressões em inglês que se confundem foneticamente (no, know e go) e dão um ritmo e excelente rima, mas, mesmo assim é a forma de mostrar o que ela quis dizer em português.

domingo, 14 de agosto de 2011

Pensatas de domingo, Inglaterra, Marcuse e sociedade de consumo

Está aí a situação dos tumultos na Inglaterra. A consequência de uma revolta dos excluídos nesta abominável sociedade de consumo. Vejam bem, as manifestações deram-se justamente nos violentos saques em busca de gêneros --não de primeira necessidade--, mas produtos mais requintados. O reflexo de uma sociedade enferma em que o desejo do cidadão é consumir produtos que em grande parte não estão ao seu alcance. Coisas da pós modernidade!?
No entanto o que aconteceu ali não deixa dúvidas sobre o sistema e sua doença como um todo. O grande motim dos frustrados e excluídos na periferia de Londres, que se estendeu a outras cidades inglesas, provou que a sociedade de consumo é um poço de contradições e desejos inseridos na luta de classes. Nesta, os que não têm, buscam, na realidade, possuir “riquezas” que não lhes são permitidas obter.
Mais uma vez a força das mídias sociais e dos celulares, como anteriormente no norte da África, contribuíram para a comunicação e organização das massas revoltadas. E da mesma forma que os ditadores daqueles países, as autoridades britânicas, à frente o primeiro ministro David Cameron investiram pesado contra a internet e os celulares. Afinal, qual a solução? Formar guetos e isolar os mais pobres em grandes regiões urbanas? Foi o que pareceu propor!
Voltando ao pensamento de Marcuse (1), como base para uma abordagem da sociedade de consumo, a tecnologia, como modo de produção, bem como a totalidade dos instrumentos, dispositivos, invenções, são uma forma de organizar e modificar as relações sociais. Reproduz, fielmente, a manifestação do pensamento e dos padrões de comportamento dominantes. Enfim, trata-se de um verdadeiro instrumento de controle e dominação. E isso ocorre em razão da organização do aparato industrial, voltado totalmente para a satisfação das necessidades crescentes dos indivíduos.
Realmente, uma sociedade avançada, em razão do progresso tecnológico, somente se sustenta quando organiza e explora, com êxito, a produtividade da civilização industrial. A crescente produtividade de mercadorias e serviços traz consigo atitudes e hábitos prescritos, que acabam mobilizando a sociedade em seu todo, com a promessa utópica do ócio, do entretenimento e lazer organizados.
Nesse sentido, a sociedade moderna, sustentada sob o aparato tecnológico, tende a tornar-se totalitária. E como tal, pode exigir dos indivíduos, justificadamente, a aceitação de seus princípios e instituições, pois tem como “objetivo” o aumento da produtividade para a satisfação das necessidades do homem.
Detalhe importante: para Marcuse, o sentido da expressão "totalitária" não é utilizado apenas para caracterizar o sistema terrorista de governo, mas para definir o sistema específico de produção e distribuição em massa, que existe em razão da manipulação do poder inerente à tecnologia.
E isto foi comprovado nas periferias do império britânico...

1. Filósofo alemão (1898/1979), Herbert Marcuse foi um dos principais críticos da sociedade capitalista de consumo. Suas principais obras são: “Razão e Revolução” (1941), “Eros e Civilização” (1955), “O Homem Unidimensional” (1964) e “O Fim da Utopia” (1967), além da coletânea de artigos “Cultura e Sociedade” (1965).

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O governo Barack Obama e o escândalo dos 16 trilhões de dólares


Um artigo do Professor Jorge Moreira sobre a crise nos Estados Unidos.

Como vocês já devem saber, no dia 02 de agosto de 2011, o Presidente dos Estados Unidos da America, Barack Obama elogiou o acordo de controle do orçamento de 2011 (Budget Control Act of 2011) para combater a dívida de quase 15 trilhões de dólares, com as seguintes palavras: “Não podemos equilibrar o orçamento às custas das mesmas pessoas que tem suportado a carga mais pesada dessa recessão econômica”.
Por incrível que possa parecer, isso é exatamente o que o presidente Obama e seu grupo de assessores de Wall Street acabam de fazer e continuarão fazendo contra a classe trabalhadora e a classe média dos EUA.
Muitos já sabemos que a retórica populista (1) de B. Obama (que se caracteriza pelo cinismo e pela demagogia) está funcionando para legitimar uma administração presidencial que trabalha a favor dos interesses da classe dos grandes capitalistas (os proprietários dos bancos e dos meios de produção), porém contra os interesses e direitos da classe média e da classe trabalhadora que votou nele.
Durante várias semanas do mês de julho, a atenção do povo dos EUA e da população mundial estava concentrada no melodramático acordo entre Barack Obama e o Congresso no qual o presidente se comprometeu a aplicar um duro programa de ajuste fiscal, concentrado no corte dos programas sociais (saúde, educação, alimentação) por 2.5 trilhões de dólares porém conservando o nível atual do gasto militar e quem sabe a sua possível expansão. Em troca deste grande presente aos republicanos, à Secretaria da Defesa, ao Pentágono e à industria armamentista, o governo Obama recebeu a autorização para aumentar o endividamento do país a 16.4 trilhões de dólares
Enquanto o acordo entre o presidente e o Congresso atraia a atenção da opinião pública mundial, quase ninguém se deu conta do gigantesco escândalo financeiro que sucedia no país, pois nada foi divulgado à respeito pela grande mídia dos Estados Unidos (ACB, CBS, CNN, NBC), nem pelo monopólico conglomerado informativo da News Corporation de Rupert Murdoch.(2)
A seguir, tratarei de informar aos leitores, fazendo um resumo da história do mencionado escândalo financeiro: o escândalo (também qualificado pelos analistas críticos como “o grande assalto de 16 trilhões de dólares”) teve lugar no Banco Central dos Estados Unidos (conhecido em inglês como Federal Reserve - Fed), pois este concedeu, durante aproximadamente 2 anos e meio, empréstimos secretos (às grandes corporações e a empresas do setor financeiro) no valor de 16 trilhões de dólares (3), uma quantia de dinheiro maior que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cujo valor atual está em torno 14.5 trilhões de dólares.
A revelação do escândalo dos 16 trilhões de dólares é o resultado da primeira e única auditoria (4) realizada pela Oficina Governamental de Prestação de Contas (Government Accountability Office, GAO) no Banco Central dos EUA (Fed) desde a sua fundação em 1913 até os nossos dias.
Sem dúvida que a descoberta deste gigantesco assalto secreto ao dinheiro público provoca reações indignadas que se fortalecem quando a administração de Obama assegura que não tem dinheiro para empregar em saúde, educação, alimentação e infra estrutura. Assim, imediatamente aparece a pergunta suspeitosa: e de onde apareceram esses 16 trilhões de dólares para garantir que os donos do grande capital não percam um centavo de dólar de suas propriedades, dos seus investimentos, dos seus lucros e juros?
Retornando ao Budget Control Act of 2011 podemos observar que se a farsa encenada pela Casa Branca e o Congresso foi capaz de esconder o escândalo no Federal Reserve, mas não foi capaz de evitar que a idílica imagem (que o governo e as corporações querem seguir propagando mundialmente: a imagem de que os EUA gozam de uma excelente saúde econômico financeira) entrasse em um rápido processo de deteriorização.
Em poucas palavras, a veracidade da informação sobre a dívida de 15 trilhões de dólares dos EUA, possibilitou que o povo estadunidense e a opinião pública mundial começassem a fazer a distinção entre a ficção e a realidade em que vivemos, percebendo que a denominada “fortaleza” do sistema econômico e político dos EUA não passa da produção de um grande mito (5) para legitimar o capitalismo.
A informação sobre a dívida do pais, também permitiu que a Standard & Poor’s (S&P), uma das mais importantes agencias de avaliação de riscos de ações e de bônus (6), fosse obrigada (para evitar a completa falta de credibilidade na sua competência) a rebaixar, pela primeira vez na história, a qualificação AAA (nota máxima dada aos bônus dos EUA) para a qualificação AA+. Desta forma, S&P pretende estar dando conta do maior risco que supõe os bonus estadunidenses para os inversores.
No entanto, vários analistas econômicos (principalmente os neo keynesianos) consideram que os cortes no gasto público poderiam levar os Estados Unidos a uma nova recessão porque aparecem no exato momento em que a economia vem mostrando sinais crescentes de desaceleração.
Em oposição à consideração neo keynesiana, a S&P considerou que os cortes acordados entre a Casa Branca e o Congresso não foram suficientemente severos e por isso levanta as dúvidas sobre a capacidade de pagamento dos EUA como potencia mundial. Estas são as palavras que foram usadas pela S&P para justificar a desqualificação: “O rebaixamento está motivado porque o acordo fiscal obtido pelo Congresso e a Administração é bem pequeno em relação ao que seria necessário para estabilizar a dinâmica da dívida do governo a médio prazo.”
Logicamente que este rebaixamento da qualificação dos bônus dos EUA tem recebido criticas completamente hostis por parte dos funcionários da administração Obama porém devemos simplesmente perguntar: que outra coisa vamos esperar dos funcionários que trabalham para a administração senão defendê-la?
Dado que este conjunto de eventos tem levantado sérias dúvidas sobre o “bom” estado de saúde do sistema capitalista, os líderes europeus comunicaram que deverão adiantar a reunião dos ministros de Finanças do Grupo G-7 devido a pressão crescente que estão exercendo os fundos especulativos sobre as bolsas e os títulos públicos dos Estados Unidos e Europa.
Assim, pelo seu lado desmistificador, o acordo possibilitou, mesmo contra a vontade da classe dominante, que o povo de EUA tenha tido uma rara oportunidade para tomar consciência da debilidade da base econômica do sistema capitalista; consciência que também tem conduzido ao relativo enfraquecimento da ideologia hegemônica que se caracteriza por usar, abusar e manipular as palavras como “democracia”, “liberdade”, “livre mercado”, “oportunidades iguais para todos”, “sonho americano”, etc., para legitimar a continuidade do sistema.
Enquanto a polêmica continua entre aqueles que procuram salvar o capitalismo da bancarrota global e total, podemos constatar mais uma vez que as teorias do valor, do dinheiro e da acumulação capitalista expostas por Karl Marx no livro O Capital são as únicas teorias que nos proporcionam uma fundamentada explicação teórica das crises capitalistas alem da motivação ético política para lutar por uma nova sociedade, oposta e radicalmente diferente da ordem social capitalista vigente.

NOTAS

1) Vejam meu texto “Populismo, Colonialismo, Imperialismo em duas películas de Glauber Rocha: “Terra em Transe” y “Der Leone Have Sept Cabeças” publicado pela revista rebelion.org em 31 de julho de 2011, no link: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=133231  
2) Rupert Murdoch é proprietário de um gigantesco monopólio industrial, News Corporation, que opera por todo o planeta na área de comunicação, internet, entretenimento, publicidade e compreende centenas de meios de informação que incluem canais de TV, televisão a cabo, televisão por satélite, produtoras e distribuidoras de filmes, revistas, jornais, livros, eventos esportivos, paginas na web, etc.
Entre as suas propriedades mais conhecidas se encontram a 20th Century Fox; o Wall Street Journal; o Fox News Channel; a Fox Broadcasting Company (Fox); o Fox Movie Channel; o Fox Soccer Channel; o National Geographic Channel; a Editora Harper Collins, etc.
Entre essas, o Fox News Channel está considerado como um dos canais de TV mais fraudulentos e perigosos ideologicamente dos EUA.
O Fox News Channel ajudou George Walker Bush a legitimar a grande fraude eleitoral contra o vice presidente Al Gore, propagando uma vitória inexistente dos republicanos nas eleições de 2000. O Fox News Channel também ajudou a propagar a mentira do governo George W. Bush de que Sadam Husseim possuía armas de destruição massiva fazendo propaganda para a invasão do Iraque. A Fox News Channel também colaborou na campanha de intimidação contra jornalistas que não concordavam com a política externa de Bush, especialmente depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. No Brasil, Rupert Murdoch controla o sistema NET Sky de TV a cabo e satélite.
Recentemente, em julho de 2011, Murdoch teve que fechar, na Inglaterra, seu tablóide “News of the World” devido ao escândalo provocado pela revelação de que este funcionava sistematicamente através do uso de grampos ilegais que invadiam a privacidade de personalidades destacadas (tais como os membros da família real inglesa, artistas, políticos, e cidadãos comuns da sociedade inglesa.
Para se ter uma imagem adequada da articulação criminosa entre a ditadura da mídia e a do poder econômico das corporações dos EUA, recomendaria aos leitores que assistissem o filme intitulado “O Informante” (The Insider) com os atores Al Pacino e Russell Crowe.
3) Vejam a seguir parte da informação do REPORT: GOVERNMENT ACCOUNTABILITY OFFICE (GAO) AUDIT OF THE FEDERAL RESERVE’S EMERGENCY ACTIONS postado por 4closureFraud em 21 de julho de 2011
The Fed Audit
WASHINGTON, July 21 –The first top-to-bottom audit of the Federal Reserve uncovered eye-popping new details about how the U.S. provided a whopping $16 trillion in secret loans to bail out American and foreign banks and businesses during the worst economic crisis since the Great Depression.
Vejam o link do website “4closureFraud”:
4) Normalmente, as auditorias dos bancos, empresas e corporações capitalistas tem sido realizadas por companhias de auditoria e consultoria tributaria tais como Arthur Andersen, Deloitte Touche Tohmatsu, KPLM e outras que têm sido acusadas freqüentemente de cometer crimes financeiros por apoiar técnicas contáveis e fiscais fraudulentas .
Em 2002, por exemplo, o governo dos EUA, abriu inúmeras investigações contra os executivos (CEOs) de Arthur Andersen por estarem envolvidos no escândalo e na bancarrota da Enron Corporation; escândalo conhecido como “o maior fraude financeiro e empresarial da historia” dos EUA. Devido a este escândalo, a companhia Arthur Anderson foi penalizada criminalmente, deixando de operar nos EUA.
No entanto seus ativos, seus clientes e seus funcionários foram adquiridos pela Deloitte que também tem sido acusada de incorrer nos mesmos tipos de crimes contáveis que a empresa Arthur Anderson.
No Brasil, a Deloitte tem tido uma historia de recorrentes fraudes contáveis contra companhias brasileiras: Em 2003, por exemplo, a empresa Parmalat descobriu uma fraude de R$ 3.0 bilhões de reais, em 2008, a empresa Aracruz descobriu uma fraude de 1.95 bilhões de reais
Vejam olink http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/41059_ POR+QUE+A+DELOITTE+ERRA+TANTO
Recentemente, durante a audiência do presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, na Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) questionou o fato de que os envolvidos da Deloitte nas fraudes (que deixaram um rombo de R$ 2.5 bilhões de reais) ocorridas no Banco Panamericano do grupo Silvio Santos, não terem sido presos, mesmo tendo infringido a lei de Crimes Financeiros. O leitor poderá assistir a denúncia do crime da Deloitte vendo e ouvindo as palavras do Deputado José Aleluia no link de Youtube:
5) O mito é uma narrativa de caráter simbólico, relacionado a uma dada cultura humana (indígena, negra, branca, etc.) que organiza e dá sentido a pratica dos seres humanos. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do mundo e do homem através da atuação de deuses, semi deuses e heróis. O mito está necessariamente associado a um rito pois o ritual é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias, danças, orações e sacrifícios.
6) Tanto as qualificações (ratings) da S&P como as de agencias similares (Moody’s Analytics e Fitch Ratings) têm sido criticadas em várias ocasiões e muitos analistas põem em dúvida a sua credibilidade. O caso mais escandaloso é o da avaliação do banco Lehman Brothers, que recebeu boa nota poucas semanas antes de ir à bancarrota. As agências de avaliação de risco também não foram capazes de prever as falências dos bancos irlandeses e a quase bancarrota da Islândia, o país tido até então como o modelo de economia capitalista bem sucedida.
Para alguns críticos, a S&P, a “Moody’s Analytics” e a “Fitch Ratings” não têm a capacidade teórica, nem possuem a honradez ética para fazer avaliação de riscos já que não passam de “armações ideológicas” para ganhar dinheiro, mistificar a população e legitimar o sistema capitalista.
Para aqueles que desejam ter um retrato fiel, uma imagem precisa do processo de corrupção dos mais poderosos bancos, das agências de auditorias e das agências de avaliação dos EUA, e de sua impunidade na origem da crise e da recessão econômica que destruiu 20 trilhões de riqueza social, não deixem de assistir ao documentário “Inside Job“ (Trabalho Interno) .
Também recomendaria o ensaio que foi publicado em português aqui em Novas Pensatas e também na revista rebelion.org, no qual faço uma análise critica deste documentário .

domingo, 7 de agosto de 2011

Pensatas semanais

Uma semana em que a crise dos EUA foi o centro das atenções mundiais e mostrou a fragilidade da economia daquele país e de seu governo comprometido com o grande capital, preso e amordaçado. Barack Obama já não consegue enganar muita gente com o seu disfarce de “progressista”. Afinal não cumpriu praticamente nada de suas promessas... Muito pelo contrário, está completamente à deriva.
Alguém aí se lembra de algum dos seus compromissos principais?
Como por exemplo, retirar todas as tropas do Iraque após 16 meses e não manter nenhuma base permanente no país. Até hoje os EUA mantêm militares naquele país, já tendo perdido este ano 44 homens em operações.
Ou estabelecer uma meta clara para eliminar todo o armamento nuclear do planeta. Só rindo!
Fechar o presídio de Guantanamo! Mais risos...
Dobrar o apoio financeiro para reduzir pela metade a extrema pobreza até 2050. Como!?
Desmilitarizar o serviço norte-americano de inteligência para evitar o tipo de manipulação que gerou a guerra no Iraque.
Somente negociar novos tratados comerciais que contenham proteções trabalhistas e ambientais para os países envolvidos.
Investir 150 bilhões de dólares nos próximos 10 anos em energias renováveis e colocar um milhão de carros elétricos nas ruas.
Abrir um diálogo diplomático com países como o Irã para buscar uma solução pacífica para tensões políticas. Pelo contrário, Obama investiu pesadamente contra Tripoli e fechou os olhos quanto ao que rola em Damasco e a ditadura que apóia neste país.
Enquanto isso, os EUA vivem uma crise política sem precedentes. Para além da inegável situação econômica por que passa. E quem paga o pato? Os trabalhadores. Tanto nos EUA quanto no resto do mundo.