terça-feira, 30 de outubro de 2012

E agora José?


Nas brigas internas do PSDB pela disputa à presidência da República, José Serra sempre esteve à frente de um dos polos. Em 2002, Serra tornou-se candidato contra Tasso Jereissati. Em 2006, Serra abriu mão em favor de Geraldo Alckmin. Em 2010, Serra colocou Aécio Neves para escanteio.

Mas, e agora José?

Após a derrota à prefeitura de São Paulo, parece que o “eterno” candidato deverá ir para o seu cantinho. A não ser que, como um Phênix, ressurja destas cinzas e consiga reunir forças suficientes para enfrentar a vitoriosa trajetória de Aécio Neves.
Por outro lado, ao que parece, a direita no Brasil está a passar por uma renovação dos seus quadros; decorrente do cansaço de sua “velha guarda”. Aliás, após o meio “recolhimento” de Sarney e a morte de ACM, a eleição do neto deste mostra este upgrade de forma muito clara. E Aécio, ao melhor estilo matreiro do tambem avô, demonstra suas habilidades no jogo do poder.

Então, e agora José?

E do lado de lá? Do lado da “esquerda” permitida, o Sr. da Silva consolida a sua força. A “virada” histórica de Haddad foi a afirmação definitiva da griffe Lula no poder, reforçando os caminhos para a candidatura de Dilma –ou qualquer novo desconhecido– em 2014. E com isto não há saída. O embate será claramente Aécio versus Dil... Quer dizer, versus o candidato do “velho”.

Definitivamente, e agora José?


domingo, 28 de outubro de 2012

Pensatas de domingo e a poética de Salvador


“(...) Eu sou um narrador da cidade que existia antes do meu nascimento e que conheci parcialmente por intermédio de jornais, livros, revistas e conversas em família. “...Usar a terceira pessoa seria repetir o que já foi escrito”, afirmou. “Para a cidade que eu conheço, sigo escrevendo na primeira pessoa”, prosseguiu. “Ademais, a condição de narrador permite que eu possa intercalar comentários. Para a cidade que conheço, continuo escrevendo na condição de observador, para dar coerência ao texto e para manter a possibilidade de comentários adicionais.”, conclui.

Isaias de Carvalho Santos Neto (1) em entrevista à Editora da Universidade Federal da Bahia, antes do lançamento de seu livro.

Isaias, o autor em foto recente
Para o lançamento do livro de Isaias “Memória urbana: poética para uma cidade”, o Teatro Castro Alves e a Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA) realizarão uma programação dupla em 31 de outubro de 2012, no Foyer do teatro, posto que também foi o convidado do “Projeto Conversas Plugadas(2), com a participação da arquiteta Naia Alban Suarez, do diretor do Teatro Castro Alves, Moacyr Gramacho, do filósofo e professor José Antônio Saja e do arquiteto e professor Chango Cordiviola. O evento terá o apoio da Secretaria de Cultura e Fundação Cultural do Estado da Bahia.


Com a esperança de que os leitores enxerguem o livro como uma possibilidade de se entender a crise pela qual passa a capital baiana, Isaias Neto reuniu, neste “Memória urbana...”, textos que atuam como um registro de sua memória acerca de Salvador. Em dez capítulos, a obra forma um painel de Salvador no período localizado entre os anos 1910/70, onde o autor lança um olhar sentimental sobre a cidade, construído essencialmente a partir de memórias de família, de suas experiências pessoais e de observações profissionais.
“Destaco os anos 20 e 30, com as primeiras intervenções em busca de um esboço de reforma urbana... Este e os anos 50 se mostram divisores de água, com os seguintes tópicos: o desfile dos 400 anos da cidade; a prefeitura tornando-se-se autônoma em relação ao governo estadual; a Universidade da Bahia ser fundada e ajudar a promover uma revolução cultural. É nesse ponto que está a nossa modernidade e não, como se faz pensar, nos anos 60 e 70, que produziram resultados opostos”, explica o autor, que levou dois anos e meio para produzir a sua obra. Isaías Neto acrescenta: “A Salvador de hoje está também no livro, vista de forma crítica. Não se trata de revelar diferenças, trata-se de ver o que há hoje como um equívoco cujo resultado é outra cidade, outra estrutura, outra dinâmica”. Enfatiza...

Na foto, Isaias (1ª criança à direita), minha avó, Marieta Alves (3ª à dir.) e meu
avô, Carlos Alves, (penúltimo à esq.), entre tias e parentes das duas famílias


Ficam, para mim, as recordações de um primo, que, para alem de inteligente, sempre foi um indivíduo sensível e observador. Isaias, com quem tenho contato desde minha infância na Bahia, e que tambem, quando estudante em internato na cidade de São João Del Rey (MG), passou alguns períodos de férias em Três Rios (RJ), onde morei dos seis aos nove anos de idade.
Comecei a ler o livro ontem e já avancei alguns capítulos, em leitura saborosa; hoje, por acaso acompanhada de um delicioso “acarajé” – autenticamente baiano – adquirido na praça aqui perto de casa, no bairro de Long River (3)... As recordações da “Roça”, casa da família Carvalho Santos adquirida por meu tio-avô Isaias (seu pai) na Ladeira do Acupe, em Brotas são para mim memoráveis, pois até hoje me recordo tão bem dos (admiráveis) primos mais velhos reunidos “em torno do rádio para ouvir com sotaque familiar baiano e tomar conhecimento das novidades esportivas com notícias entremeadas por propaganda da cerveja Brahma...” (4).


Fartamente documentado com fotos de Salvador de amigos, colegas e das famílias a que Isaias pertence, o livro é muito rico, possibilitando uma compreensão embasada das condições histórica, social e urbana da velha Soterópolis (5).


1. Isaias de Carvalho Santos Neto é arquiteto, graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBa), onde lecionou por 20 anos. É mestre em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Integrou, por cerca de dez anos, o quadro de docentes da Escola de Administração da UFBA. 
  
2. O “Projeto Conversa Plugadas”, foi desenvolvido pelo Teatro Castro Alves (Salvador – BA) a partir de 2007 com o objetivo de reunir profissionais de destaque no cenário artístico para uma troca de experiências com o corpo técnico do TCA e o público em geral.
  
3. Como costumo chamar o bairro do Rio Comprido, Rio de Janeiro, Brasil, of course!
  
4. Página 22 parágrafo primeiro.
  
5. Os habitantes de Salvador são chamados de soteropolitanos, gentílico criado a partir da tradução do nome da cidade para o grego Soterópolis, ou seja, "cidade do Salvador", composto de Σωτήρ ("salvador") e πόλις ("cidade").
  
Informações obtidas em sites da UFBa e Teatro Castro Alves.

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Informação Importante:
O livro será distribuído nas livrarias da Travessa e Cultura
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