sexta-feira, 29 de junho de 2012

E agora, Rede “Grobo”!

A audiência de Fátima Bernardes não para de cair desde a estreia de seu “tão badalado” programa na última segunda (25).
Segundo dados, o quarto "Encontro com Fátima Bernardes" marcou 5,9 pontos de média no Ibope, uma queda de cerca de 45% desde a estreia. Anteontem o programa havia registrado 6,3. Nesta quinta, a Record ficou em terceiro com 5 pontos de média e o SBT foi novamente líder, atingido 6,4 pontos com seus desenhos animados...
O resultado desta quinta (28) já dificulta até mesmo um dos principais objetivos da Globo com o novo programa: retirar a audiência do "Hoje em Dia", da Record.

terça-feira, 26 de junho de 2012

“Mais um golpe na Bolívia”


Nos anos 1960/70 esta era uma frase com que Newton Carlos, comentarista internacional do Jornal da Band iniciava suas análises sobre a conturbada situação política naquele país.
Hoje, esta frase se estende para toda a América ao sul do Rio Grande. Após o golpe em Honduras, chegou a vez do Paraguai sucumbir a uma golpe “branco” da direita depondo Fernando Lugo do poder, através de um impeachment.
O ato, claro que acobertado pelo imperialismo estadunidense realiza assim mais uma ação tentando frear as forças progressistas no continente.
O novo presidente do Paraguai, o liberal Federico Franco, fez o juramento de seu cargo nesta segunda-feira (25) em uma cerimônia realizada no palácio presidencial, em Assunção, ao mesmo tempo em que o ex-mandatário Fernando Lugo dava uma entrevista coletiva para reiterar sua intenção de retomar o poder.
Só dois dos novos ministros de Franco --os da Agricultura, Enzo Cardozo; e da Indústria, Francisco Rivas-- faziam parte do Executivo de Lugo. Logo após sua deposição, Lugo reconheceu o novo presidente, mas agora sua postura sofreu uma reviravolta e declarou um governo paralelo.
Revolta entre os vizinhos do Mercosul e da Unasul apontam para um apoio a Lugo. Ainda é cedo para se concluir alguma coisa, no entanto, tudo leva a crer que haverá uma forte resistência aos acontecimentos. Vamos aguardar...

domingo, 24 de junho de 2012

Pensatas de domingo


A Pensata deste domingo é de autoria do Professor Jorge Vital de Brito Moreira sobre a farsa da Rio+20.

Rio+20 e a “Economia verde”: pode a cobra cascavel voar?

Ha vinte anos, em junho de 1992, foi realizada no Rio de Janeiro, Brasil, a “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” (a Rio-92) onde participaram centenas de governos e chefes de Estado do planeta.
Desde a Rio-92 (também conhecida como “A Cúpula da Terra”), começou a circular entre os indivíduos a noção de “desenvolvimento sustentável” que vem sendo definida e discutida como “o desenvolvimento capaz de atender às necessidades atuais sem comprometer os recursos para as gerações futuras”.
Muitos daqueles que celebraram os resultados “positivos” da Rio-92 (tais como a elaboração dos documentos oficiais que estabeleciam as  convenções da biodiversidade, da  desertificação e das mudanças climáticas), tiveram as suas esperanças defraudadas quando, em estado de choque, viram  o presidente George W. Bush (filho do ex-presidente George Bush que participou da Rio 92) cair fora do Protocolo de Kyoto (e das metas para a redução da emissão de gases poluentes que intensificam o efeito estufa).
Naquela irracional decisão, George W. Bush declarou, arrogantemente, que não iria submeter o avanço da economia norteamericana aos sacrifícios necessários para a implementação das medidas propostas, motivo pelo qual não ratificou o Protocolo que havia sido elaborado com bases na convenção das mudanças climáticas do Rio-92. Assim, o presidente do país mais poderoso do sistema capitalista imperialista, rejeitou o Protocolo de Kyoto de 1997 (a jóia da coroa da Rio-92) para, em troca, invadir o Iraque e, durante o assassinato de milhões de iraquianos, se apropriar indevidamente do  petróleo daquele país.Depois de colocar em circulação a noção de “desenvolvimento sustentável”, os países capitalistas ricos regressam ao Rio de Janeiro, ao Rio+20, com outra armadilha conceitual denominada “a economia verde” que propaga um verdejante disfarce ideológico para encobrir a continuidade da exploração e dominação da economia capitalista imperialista sobre os países e as classes sociais do terceiro mundo.
Pelo anterior podemos afirmar que um dos objetivos centrais dos países ricos na Conferencia Rio+20 é conseguir uma autorização (um mandato) das Nações Unidas para continuar com o monopólio para elaborar o marco teórico, metodológico e institucional do “desenvolvimento sustentável” que lhes sejam convenientes e funcionais.
Assim, um dos aspectos centrais da agenda da Conferência é a criação de um quadro institucional para a legitimação da “economia verde” como o modelo ideal de desenvolvimento sustentável. Trata-se, em essência, como alguns críticos já denunciaram, de institucionalizar novas formas de exploração mercantilista da natureza (apropriação da água por exemplo) e fortalecer a acumulação de capital na esperança de, entre outras coisas, superar a crise atual do sistema.
Mas aqui torna a aparecer a questão fundamental que deveria ser discutida prioritariamente na Rio+20: Poderá existir desenvolvimento sustentável dentro do sistema capitalista? Colocando esta pergunta em termos metafóricos teremos: pode a cobra cascavel voar?
Não é difícil demonstrar que a cascavel não pode, nem poderá voar por seus próprios meios porque ela não tem, nem terá, as características estruturais das aves que foram feitas para se transportar por via aérea.
Tão pouco é difícil argumentar que (considerando as características objetivas deste sistema), não existe nenhuma possibilidade de “desenvolvimento sustentável” dentro do capitalismo.
O capitalismo, como um dos modos de produção da nossa sociedade, apresenta, faz mais de dois séculos, as mesmas características estruturais, e estas anulam qualquer possibilidade do desenvolvimento sustentável. A exploração e a dominação econômica, a concentração da riqueza, a desigualdade e a injustiça social, o consumo depredador, a extração irracional da riqueza natural, a poluição e a destruição das florestas, dos rios, das espécies animais e a produção interminável de guerras são as características inerentes ao sistema capitalista, que na atualidade estão ainda mais exacerbadas durante a etapa da globalização neoliberal e da crise financeira, política e social, mundial.
Este conjunto negativo das características do sistema capitalista demonstra a sua inviabilidade futura e levanta a questão fundamental da impossibilidade da realização de “desenvolvimento sustentável” dentro do capitalismo. Esta é a questão fundamental que os países ricos tratam e tratarão de evitar, de escapar na Rio+20.
Não é novidade. Sabemos que desde a revolução francesa, a burguesia vitoriosa estabeleceu os valores da “Liberdade”, da “Igualdade” e da “Fraternidade” para serem convertidos em direitos humanos na terra; direitos que (para implementar-se  entre as diferentes nações) requeriam, entre outras coisas, a criação de um organismo como a Organização das Nações Unidas (ONU) que deveriam  ajudar  neste processo de desenvolvimento social e humano.
Se vamos avaliar (depois de décadas e décadas de existência) o desenvolvimento histórico do capitalismo e da ONU, desde a perspectiva da distribuição dos direitos humanos entre as nações ricas e pobres, chegaremos à triste conclusão de que o resultado é sumamente negativo: nunca a situação dos direitos humanos (decorrente dos valores burgueses da “Liberdade”, “Igualdade” e “Fraternidade”) estiveram em pior situação histórica dentro do sistema e a ONU se converteu predominantemente num instrumento de apoio da globalização imperialista que não respeita os direitos humanos dos pobres: cada dia que passa, presenciamos o aumento da falta de emprego,  de ingresso, de educação, de saúde e  vivenda para  bilhões de seres humanos que habitam miseravelmente este planeta. Nesta perspectiva não existe luz no final do túnel e dentro da loucura capitalista para obtenção dos lucros econômicos, estamos caminhando inexoravelmente para o colapso total, para a decadência e para a destruição da civilização ocidental.
Não há novidade neste processo. Desde o século XIX, Marx escreveu no livro I de O Capital que a extensiva e intensiva exploração da classe trabalhadora (“a galinha dos ovos de ouro”) pelos capitalistas ingleses para produzir lucros (mais valia absoluta e relativa) era de tal magnitude que conduzia às deformações e a diminuição do tamanho físico dos trabalhadores. Esta e outras deformações físicas obrigou o governo inglês a colocar inspetores nas fabricas para fiscalizar o assombroso número de horas da jornada laboral que se usava para superexplorar os trabalhadores. Foi através da legislação da jornada laboral que o Estado burguês conseguiu evitar a depredação absoluta e a morte total e completa da “galinha dos ovos de ouro”. Marx demonstrou que:
“La producción capitalista, que es esencialmente producción de plusvalía, absorción de plustrabajo, produce, pues, con el alargamiento de la jornada de trabajo, no sólo la atrofia de la fuerza de trabajo humana -a la que se arrebatan sus condiciones normales, morales y físicas, de desarrollo y actuación-, sino también el agotamiento y la muerte de la  misma fuerza de trabajo. Prolonga el tiempo de producción del trabajador durante un plazo dado mediante el acortamiento de su tiempo de vida” (El Capital, I.  Cap. VIII, 287; OME  40)  (1)
Marx também escreveu no livro I de O Capital que todo desenvolvimento (progresso) capitalista está baseado na depredação do trabalhador, da terra e de suas fontes de vida. Ele demonstrou que:
"todo progreso de la agricultura capitalista es un progreso no sólo del arte de depredar  al trabajador, sino también y al mismo tiempo del arte de depredar el suelo; todo  progreso en el aumento de su fecundidad para un plazo determinado es al mismo  tiempo un progreso en la ruina de las fuentes duraderas de esa fecundidad". "La producción capitalista no desarrolla la técnica y la combinación del proceso social de la producción más que minando al mismo tiempo las fuentes de las que emana toda riqueza: la tierra y el trabajador." (El Capital, I. Cap. XIII, seccion 10 ; OME  40) (2)
Desde este ponto de vista, não deveríamos esquecer que na primeira conferencia Rio-92 o ex-presidente George Bush (que invadiu o Panamá e realizou a primeira Guerra contra o Iraque) tratou de propagar a “Nova Ordem Mundial” capitalista, afirmando arrogantemente  que “o estilo de vida estadunidense (the American way of life) não está aberto a negociações”
Durante essa conferencia, Fidel Castro, em nome de Cuba e das nações pobres e em vias de desenvolvimento, confrontou Bush questionando e denunciando o modelo de desenvolvimento imperialista da “Nova Ordem Mundial, avisando-nos dos perigos das intermináveis guerras imperiais.
«Si se quiere salvar a la humanidad de esa autodestrucción, hay que distribuir mejor las riquezas y tecnologías disponibles en el planeta. Menos lujo y menos despilfarro en unos pocos países para que haya menos pobreza y menos hambre en gran parte de la Tierra. No más transferencias al Tercer Mundo de estilos de vida y hábitos de consumo que arruinan el medio ambiente. Hágase más racional la vida humana. Aplíquese un orden económico internacional justo. Utilícese toda la ciencia necesaria para un desarrollo sostenido sin contaminación. Páguese la deuda ecológica y no la deuda externa. Desaparezca el hambre y no el hombre».
Hoje, 20 anos depois da Rio-92, ficou demonstrado que Fidel Castro tinha razão quando denunciou que a “Nova Ordem Mundial”, baseada na expansão neoliberal do capitalismo, era um modelo ainda mais opressivo e depredador do que antes pois colocava a espécie humana sob o perigo de extinção.
Não tenho a menor dúvida que a intervenção de Fidel, passou a ser um dos elementos que tem servido para alertar a parte da humanidade e tem estimulado e incrementado a luta de resistência contra o imperialismo e o colonialismo das nações ricas, sobretudo dos EUA.Afortunadamente, hoje já existe um conjunto de movimentos e de organizações políticas de resistência mundial ao capitalismo que lutam para apresentar propostas alternativas que sirvam para invalidar a proposta burguesa da “economia verde”. Eles se encontram reunidos atualmente no Rio de Janeiro, realizando a “Cúpula dos Povos”(3) uma conferência paralela à conferência oficial Rio+20, dos chefes de estado e corporações transnacionais, e apresentarão propostas com soluções democráticas e anti capitalistas para resolver os problemas que depredam a humanidade e seu meio ambiente.Assim,contra esse discurso verde, os movimentos da sociedade civil como um todo, estão enfrentando o desafio de mostrar ao mundo que há saídas reais, efetivas que estão sendo construídas pelas comunidades e várias organizações  políticas de resistência da América Latina e do Caribe, África, Ásia, da Europa e dos Estados Unidos. As alternativas produtivas, sociais e de gestão econômica que foram criadas tem sido realizadas com sucesso por cooperativas, associações de bairro, movimentos sociais, povos indígenas e minorias étnicas, sexuais, religiosas. Todos estes modos de construção coletiva, apontam na “Cúpula dos Povos” para a construção de um novo mundo, de uma nova sociedade (anti capitalista, verdadeiramente democrática, e revolucionária) que esperamos será realizável num futuro próximo.  Que sejam bem vindos.

NOTAS

1) Karl Marx, El Capital I, tradução para o espanhol de Manuel Sacristán Luzón, Editorial Grijabo.

2) Karl Marx, El Capital I, tradução para o espanhol de Manuel Sacristán Luzon, Editorial Grijabo.
Consulte os escritos de Manuel Sacristán Luzón sobre temas marxistas, ecológicos, pacifistas e feministas contemporâneos na revista espanhola Mientras Tanto, fundada por ele, sua esposa Giulia Adinolfi e um conjunto de pensadores marxistas espanhóis.
Sobre a problemática, veja também os escritos de Sacristãn nos livros, Pacismo, ecología y política alternativa, 1987, Icaria, Barcelona; e Seis conferencias sobre la tradición marxista y los nuevos problemas, 2005, El Viejo Topo, Barcelona..

3) Para obter mais informação (auditiva, escrita, visual) sobre “A Cúpula dos Povos, veja o link: http://tv.cupuladospovos.org.br/.
Devido a realidade de que os meios de informação oficiais (a grande imprensa e a mídia corporativa) excluem as informações e as vozes dos seus representantes, a “Cúpula dos Povos” criou esta nova forma alternativa de comunicação para informar a sociedade. Sabe-se que foram muitos os protestos e manifestações durante o evento no Rio de Janeiro, todos duramente reprimidos pela forças policiais.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Parabens Erundina!


Coerência. Seriedade. Antes de mais nada, Luiza Erundina (PSB-SP) provou que ainda podem existir políticos e compromissos sérios neste país ao renunciar à candidatura a vice prefeita na chapa de Haddad corrompida pelo apoio de Paulo Salim Maluf. Nota 10 para ela! Zero para o PT, o Sr. da Silva e o oportunismo fisiológico...

terça-feira, 19 de junho de 2012

O fisiologismo do PT desmascarado

Lula, Haddad e Maluf... Que foto! Que nível!
O PT surgiu nos anos 1980. Suas origens são suspeitas no tocante ao envolvimento da CIA e do governo estadunidense na intenção de fundar um partido político –supostamente de esquerda--, que desviasse a atenção de Leonel Brizola, considerado pelo imperialismo o inimigo número um de seus interesses por essas bandas.
Ao justificar a aliança com o PP de Paulo Maluf, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse cinicamente que “quem mudou foi o Brasil, e não o PT”. Ele declarou não ver constrangimento no apoio de Maluf --inimigo político do partido durante anos-- à pré candidatura de Fernando Haddad em São Paulo.
"Há 12 anos éramos rivais e hoje somos aliados", disse Falcão. "O Brasil mudou. Mudou o eleitorado e mudaram os partidos que resolveram apoiar nosso projeto nacional, como é o caso do PP". O PP é parceiro do governo federal e está à frente do Ministério das Cidades.
Falcão enumerou as vantagens da aliança pepista: amplia as possibilidades eleitorais, aumenta o tempo de TV e faz crescer o número de pessoas fazendo campanha "para mudar São Paulo".
Na sexta feira, Haddad havia recebido o apoio do PSB, que anunciou a ex prefeita e deputada Luiza Erundina como vice na chapa.
O petista subiu de 3% para 8% em pesquisa do Datafolha divulgada no domingo. Seu principal adversário, José Serra (PSDB), permaneceu com 30%.
O pré candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, e sua vice, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) se mostraram pouco à vontade com a possibilidade de o ex prefeito de São Paulo, o deputado federal Paulo Maluf (PP), apoiar o PT na capital paulista. Em vista disso, Erundina, inclusive ameaça sair da coalisão. “Não me vejo aparecendo na mesma mídia que o Maluf. Como é que os meus eleitores vão me ver ao lado do Maluf na TV? Eu não vou mesmo”, disse ela, pouco depois do anúncio da aliança.
O apoio do partido de Maluf à chapa PT/PSB dominou a maior parte da rápida entrevista coletiva concedida por Haddad e Erundina, ao final do ato que oficializou a aliança entre as duas legendas na disputa paulistana.
A aliança de Paulo Maluf com o PT para eleger Haddad na disputa da prefeitura de São Paulo, é uma prova do fisiologismo e do oportunismo político do PT, a UDN de tamancos. E tambem, até que ponto chegou a falta de vergonha política neste país!

domingo, 17 de junho de 2012

Recuerdos de domingo


Pensatas soltas, ou nem tão soltas, mas recordações que apenas passam pela cabeça. Lembranças de vários tempos, lugares diversos... enfim, coisas que são engraçadas de lembrar, e tornam o domingo mais leve e... Gostoso.

Valência na Espanha, além de ser uma cidade muito bonita, teve uma importância muito grande para mim. Foi o primeiro lugar em que avistei o Mar Mediterrâneo e nele molhei os pés. Havia chegado ao Maré Nostrum dos Romanos. Depois de horas dirigindo, desde Madrí, cheguei cansado. Encontrei um hotel bem central tomei um banho, e, refeito fui para a varanda do quarto. Passou um sujeito na rua e deu um berro em alto e bom som: “La Philosophie!!!”. Achei o grito muito curioso. Estaria bêbado, drogado? Nunca soube, mas também jamais me esqueci daquele instante.

La Licorne era uma boate e a casa de “mulheres fáceis” mais luxuosa de São Paulo. Corria o ano de 1971, e uma noite, com um colega de trabalho, catalão de nascimento, resolvemos dar uma olhadela nas tão afamadas beldades do lugar. Chegamos, pedimos duas cervejas, mas não tínhamos como bancar as habituées, que, por sinal faziam jus à fama e ao preço. Levamos um papo com algumas, mas logo nos retiramos. Pagamos uma nota preta pelas louras “geladas”. Quando saíamos, encontramos o Jô Soares completamente de porre no local.

O País Basco é lindo. Montanhas, serras maravilhosas serpenteando a autoestrada de uma qualidade fora de série. Queriamos chegar a Bilbao ainda naquele dia. E chegamos. Procurava um hotel de nome curioso: “Conde Duque”. Rodei a cidade inteira atrás dele, a Virginia com o Guia Michellin na mão, e eu nada de chegar ao tão procurado local. De repente, parei o carro e disse, quase desabafando que desistiria de ir para o tal hotel. Guga, apontou para o lado oposto rindo às pamparras. Quando olhei, lá estava o letreiro: Hotel Conde Duque. Parece até brincadeira.

O meu colega catalão, cujo sobrenome era Fortanet, era uma boa figura e um excelente amigo. Morava com a esposa e uma filhinha no bairro do Ipiranga, em uma casinha nos fundos da casa da sogra. Um dia me convidou para comer uma comida típica na casa deles no domingo. Fui, e foi a primeira das dezenas de paellas que saboreei na vida. Deliciosa, por sinal.

E por falar em paellas, e voltando à Comunitat Valenciana, ou ao Ayuntamento de Valência propriamente dito. Depois de muito folhear os guias turísticos, descobri que a ruazinha atrás do nosso hotel só tinha restaurantes do típico prato local. Claro, à noite estava lá. Comi uma, deliciosa e regada a um excelente vinho de La Rioja. Sai dali satisfeito da vida. De madrugada fui para o banheiro enjoado, passando mal. Em outras palavras: vomitei mesmo. Tinha um puto de um crustráceo daqueles que não estava lá essas coisas. Acontece.

A propósito, a melhor paella que comi na Espanha foi em Vigo, na Galicia. Não é pra menos. A cidade galega é famosa pelos seus frutos do mar e as barcaças que os armazenam em sua belíssima baía. Vigo é uma das cidades mais bonitas que conheci...

Houve um outro caso engraçado com o Fortanet. Uma tarde, estávamos no trabalho e ele virou-se para mim e falou: “Passa-me el cenecero!” Lendo assim não é tão difícil, mas ao escutar fiquei olhando para ele sem entender, pois falara muito rapidamente em seu estranho portunhol, com forte mistura de catalão, o que lhe embaralhava mais ainda o modo de se expressar. Daí ele repetiu, e repetiu mais uma vez, e outra. Só lá pela quarta vez consegui entender que se tratava do cinzeiro que estava ao meu lado.

Rio de Janeiro. Início dos anos 70. Onze da matina, jornal debaixo do braço eu chegava no Veloso (já era Garota de Ipanema, mas fazíamos questão de chama-lo pelo velho nome). Pedia um chope na pressão. Tomava uns três ou quatro, antes de ir à praia já devidamente informado pela leitura, calibrado pelos golos e tendo visto vários belíssimos rabos rebolantes naquela esquina que, por isso mesmo, entrou para a história da música brasileira... Quiçá mundial. Tempo bão, sô!

Comecei a sentir um cheiro de feijão queimado. O detalhe é que a agência em que trabalhava em Sampa, ficava em cima da Churrascaria Rubayat, nos tempos em que esta ainda era na avenida Vieira de Carvalho, no centro velho de São Paulo. Virei para uma colega e disse: “Está feijando queimão!”. Ela ficou olhando para mim sem entender bulhufas. Repeti o comentário. Demorei um bom tempo para concluir que estava falando tudo trocado. Quando a ficha caiu, morremos de rir.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A verdadeira face da crise na Grécia


Li uma matéria no jornal “Outras Palavras” em que fica clara a atual crise na Grécia, seus desdobramentos e realidade. Resumo abaixo uma conclusão do seu raciocínio:

O que vem acontecendo na Grécia não é de maneira alguma um fato isolado, tem atingido vários outros países, como a grande imprensa muitas vezes procura insinuar, no intuito de minimizar os efeitos da crise profunda que o sistema capitalista como um todo está vivendo, a maior crise de sua história. Crise inerente a uma ordem socioeconômica fundada na propriedade privada e na busca do lucro como objetivo primordial.
A Grécia é hoje o palco onde ocorre, em escala reduzida, o desdobramento de uma crise mundial. Sua população foi colocada diante da alternativa de abandonar a moeda da zona monetária a que pertence, por não suportar os custos sociais inerentes à política que lhe está sendo exigida, como condição para renegociar sua dívida externa.
Essa dívida externa, que se tornou não pagável, foi constituída para estimular as exportações dos demais países da União Europeia para a Grécia, sob a cumplicidade dos bancos que a financiaram. Portanto, nada mais injusto do que atribuir inteiramente ao povo grego a culpa por não poder arcar com os elevados custos do endividamento, mormente num contexto em que o mercado internacional está em crise e a produção do país não se mostra capaz de competir externamente.
O caso da Grécia é apenas um exemplo do que pode vir a ocorrer com os países da América Latina, com a persistência da crise e o acúmulo de dívida externa junto aos grandes bancos que controlam as finanças internacionais.
Diante desse quadro caótico da economia internacional, faz todo sentido indagar-se até quando a humanidade vai suportar a existência da ordem social capitalista, na qual a busca incessante do lucro empresarial e da acumulação de riqueza privada conduz a crises tão destrutivas como a atual. Crise profunda, num contexto em que a abundância é perfeitamente realizável.
Tem sido crescente a resistência que a população vem manifestando para submeter-se ao plano de austeridade que a União Europeia, em articulação com o Fundo Monetário Internacional, negociou com o governo do país, como condição para rolagem de sua dívida externa em condições de perdão parcial do valor devido.
O impacto inicial da execução do plano, que implica fortes reduções nos gastos públicos, tem agravado sensivelmente a situação social do país, em decorrência dos cortes nos salários, dispensa de funcionários públicos e outras medidas de contenção, produzindo queda no nível da produção e aumento nas já elevadas taxas de desemprego.
Para os menos informados, fica a impressão de que o que vem ocorrendo na Grécia é um fenômeno localizado, fruto da inapetência de sua população para o trabalho e de seu governo para com a austeridade fiscal. A “grande” imprensa não tem se furtado a atribuir a esses fatores a causa principal das dificuldades gregas atuais.
Conclui-se que é necessária a criação de bodes expiatórios para que 1% continue empilhando riquezas, controlando produção e alimentando crises localizadas cada vez mais profundas como forma de acobertar as razões da crise sistêmica por que passa o capitalismo mundial. Agora, por exemplo, a bola da vez é a Espanha.

domingo, 10 de junho de 2012

Pensatas de domingo


Em matéria publicada no Boletim Controvérsia de número 79, o filósofo e ativista Noam Chomsky (foto) critica a administração de Obama pelo uso de aviões não tripulados para matar suspeitos de terrorismo, reforçando a tese apresentada na matéria anterior, de autoria do professor Jorge Moreira.
Chomsky, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), criticou o uso de drones (aviões não tripulados) contra suspeitos de terrorismo, dizendo que isso é "assassinato e violação do devido processo legal. "
"Se Bush, a administração Bush, não gostava de alguém, sequestrava e enviava para câmaras de tortura", disse Chomsky, ao Democracy Now. "Se a administração Obama decide que não gosta de alguém, o mata, assim, não tem que ter câmaras de tortura em todos os lugares."
No final de abril, o assessor de contraterrorismo da Casa Branca, John Brenman, deu uma descrição detalhada buscando justificar os ataques feitos por drones estadunidenses contra supostos integrantes do Talibã e da Al Qaeda. A administração Obama tinha permanecido em silêncio até então sobre o uso de drones para atacar suspeitos de terrorismo.
"Você sabe, este clérigo norte-americano no Iêmen, que foi morto por drones", Chomsky disse, em referência ao Anwar al-Awaki, líder de um destacamento da Al Qaeda no Iêmen."Ele foi assassinado. O homem ao lado dele foi morto. Logo depois, seu filho foi morto ", disse ele. "Mas, você sabe, o proprietário do New York Times, por exemplo, quando ele [al-Awaki] foi morto, disse algo como “o Ocidente celebra a morte do clérigo radical ", continuou Chomsky.
"Primeiro de tudo, não era a morte, foi assassinato. E o Ocidente celebrou o assassinato de um suspeito. Ele é um suspeito, depois de tudo. Havia algo que foi feito há muitos anos, chamado Carta Magna, que é o fundamento de direito anglo-americano e que diz que ninguém será submetido à violação de direitos e nem julgado sem o devido processo legal. E não diz que, se você acha que alguém é suspeito, deve matá-lo ", concluiu.

A Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, começa na próxima quarta feira.
Como na Eco-92, também no Rio, governantes, diplomatas, empresários, ONGs, representantes de diversos setores do mundo irão discutir os mesmos problemas.
O desafio é semelhante ao de 20 anos atrás: a busca por um desenvolvimento sustentável que atenda às necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras.
Não há segredos e os problemas se acumulam, agora somados à crise econômica mundial.
O cenário é desfavorável, após fracassadas tentativas de acordos. Tudo leva a crer que o encontro será um novo fiasco, com as discussões mais focadas na crise do que nas questões do meio ambiente
Resta torcer para que as soluções não sejam adiadas mais uma vez.

Veteranos estadunidenses das guerras do Iraque e Afeganistão arremessaram suas medalhas no local onde ocorria a Cúpula da OTAN em 20 de maio último, no que foi a mais dramática ação anti-guerra de ex-soldados desde o Vietnã. Um por um, mais de 40 membros do serviço de todos os ramos das Forças Armadas subiram ao palco para contar suas histórias enquanto milhares de manifestantes ouviam e aplaudiam.
"Quero dizer para aqueles atrás de nós, nestes muros fechados onde constroem mais políticas baseadas em mentiras e medo, que não estamos mais com eles e em suas guerras injustas. Tragam nossas tropas para casa", disse Iris Feliciano, da Marinha dos EUA, que serviu no Afeganistão em 2002. Feliciano virou-se e arremessou suas medalhas para a McCormick Place, onde a Cúpula da OTAN foi realizada nos dias 20 e 21 de maio.

Enquanto isso, e apesar do silêncio proposital da grande mídia, os movimentos Occupy continuam não somente em Nova Iorque, como ao redor do mundo...
Pode-se discutir muito se o movimento Occupy continua vivo e efetivo ou não. Mas não há como não ver que as desigualdades de renda e riqueza alcançam hoje picos históricos nos EUA; e que 2/3 da população norte-americana – e 55% dos Republicanos – dizem que há conflitos “muito fortes” ou “fortes”, no país, entre “os ricos e os pobres”, segundo o Pew Research Center.

O silêncio da mídia acoberta também as ações de repressão policial. De fato, a violência da repressão é também medida de sucesso do movimento, porque mostra o quanto o estado e os governos o veem como ameaça.
Vale ressaltar que em Oakland, a Polícia usou um tanque, contra manifestantes.