quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Um ano novo com muito boa música

Com a música de Leny de Andrade Lima, mais conhecida como Leny Andrade (Rio de Janeiro, 25/01/1943) esta excelente cantora brasileira. Leny começou a carreira cantando em boates, morou cinco anos no México e passou boa parte da vida morando nos Estados Unidos e na Europa.

Anteriormente participara de programas de calouros em rádios e ganhou uma Bolsa de Estudos para o Conservatório Brasileiro de Música. Estreou profissionalmente como crooner da orquestra de Permínio Gonçalves passando mais tarde a cantar nas boates Bacará (com o trio de Sérgio Mendes) e Bottle's Bar, no famoso Beco das Garrafas,  reduto de boêmios e músicos do movimento musical urbano carioca surgido em 1957, a Bossa Nova.

Em 1985 alcançou grande sucesso com o memorável espetáculo Gemini V atuando com Pery Ribeiro e o Bossa Três na boate Porão 73, lançado um disco gravado ao vivo. Leny, por muitos considerada a maior cantora brasileira de Jazz.

Bom proveito!

Leny Andrade - Bossa Jazz - Ao Vivo

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

TopTen é melhor do que TopFive


Acabei de assistir o último CQC do ano, que foi simplesmente sensacional.

Procurei –até na Band– mas não encontrei ainda o programa ou parte dele. 
No entanto, encontrei esta preciosidade: um TopTen no lugar do habitual TopFive.

Bom, divirtam-se com este delicioso momento de humor! É só conferir na postagem abaixo.
  

Top Five especial tem as 10 melhores gafes da semana

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Saramago acusa Igreja Católica de reacionária


Essas críticas de Saramago à igreja católica são de 2009, mas, em homenagem à passagem de ano, a publico aqui.

O escritor José Saramago¹ acusou o papa Bento XVI de “cinismo” e defendeu que à “insolência reacionária” da igreja há que responder com a “insolência da inteligência viva”.
“Que Ratzinger tenha a coragem de invocar deus² para reforçar o seu neo-medievalismo universal, um deus que jamais viu, com o qual nunca se sentou a tomar um café, demonstra apenas o absoluto cinismo intelectual da personagem”, disse Saramago em Roma, durante um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D’Arcais, noticiou hoje o jornal italiano Il Fatto Quotidiano
  
O Prêmio Nobel da Literatura 1998 encontra-se na capital italiana para apresentar o livro “O Caderno”, em que estão compilados textos que escreveu entre setembro de 2008 e março deste ano no seu blogue, e reunir-se com amigos italianos, como a Prémio Nobel da Medicina 1986, Rita Levi Montalcini.
Na conversa que manteve com Flores D’Arcais, Saramago assegurou que é um “ateu tranquilo”, mas que agora está mudando de ideias. 
  
“Às insolências reacionárias da Igreja Católica há que responder com a insolência da inteligência viva, no bom sentido, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias pelos presumíveis representantes de deus na terra, a quem na realidade só interessa o poder”, afirmou.
Segundo Saramago, interessa pouco à Igreja o destino das almas e o que sempre procurou é o controle dos seus corpos. 
  
“A razão - acrescentou - pode ser uma moral. Usemo-la”.
Inquirido sobre se a ausência de empenhamento de escritores e intelectuais pode ser uma das causas da crise da democracia, o escritor disse que sim, mas que não só, já que toda a sociedade está nessas condições e isso leva a uma crise de autoridade, da família, dos costumes, uma crise moral em geral.
Saramago advertiu para o crescimento do "fascismo” na Europa e mostrou-se convencido de que nos próximos anos “atacará com força”.
Por isso - sublinhou -, “temos de preparar-nos para enfrentar o ódio e a sede de vingança que os fascistas estão a alimentar”. 
  
“Apesar de ser claro que se apresentarão com máscaras pseudo democráticas, algumas das quais circulam já entre nós, não devemos deixar-nos enganar”, frisou.
  
Antes de Roma, Saramago esteve em Milão, Turim, Alba e Pontedera, onde se encontrou com os seus leitores e criticou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.
Em declarações ao diário L’Unità, o escritor disse que Berlusconi é a “doença do país” e hoje, na conversa com Flores D’Arcais afirmou que o que mais caracteriza a esquerda, no plano internacional, é a “falta de ideias”. 
  
A direita, de acordo com Saramago, não precisa de ideias para governar e isso vê-se em Berlusconi, “que não tem nenhuma”, mas a esquerda, “se não tem ideias, não tem nada que oferecer aos cidadãos”.
A visita de Saramago a Roma ocorre dias antes do lançamento do seu mais recente romance, “Caim”, em que o escritor se ocupa novamente da religião e que será simultaneamente editado em português (em Portugal e no Brasil), espanhol e catalão.

1. José Saramago – 16 de novembro de 1922, Aziganha, Portugal/18 de junho de 2010, Tías, Espanha.

2. A palavra “Deus” com a inicial em maiúscula está no original do texto do jornal português Público. Como tenho certeza que Saramago jamais escreveria assim, corrigi para “deus”.

Outra análise brilhante de Luciana Genro


Na entrevista à 2P (postagem abaixo), Luciana Genro expõe, com a habitual lucidez analítica, pontos de vista sobre a política nacional e o porquê da necessidade de mudanças necessárias a que se consiga uma real transformação nas relações de produção econômico sociais.

E o mais importante: nos fala da possibilidade de voltar a concorrer nas eleições presidenciais de 2018. Vamos torcer por isso!

DoisP - Esquerda após as eleições - Luciana Genro

domingo, 28 de dezembro de 2014

Pensatas de domingo: Cuba, independência, ocupação ianque e a Revolução Castrista


O século XIX representou para a Espanha a perda das suas colônias americanas. No final do século só umas poucas colônias restavam, como Guam, Cuba e Porto Rico. Em Cuba as ideias independentistas estavam latentes desde o fim da guerra de restauração da Republica Dominicana, que expulsou as tropas reais espanholas da ilha caribenha.

Junto com os que mantinham a opção separatista de José Marti, se encontravam os autônomos e os reformistas. As condições não permitiam o êxito de nenhuma das tentativas de sublevação contra o governo colonial. A semente da liberdade e o descontentamento popular, que foi comum em todas as lutas independentistas hispanoamericanas e que havia dado origem à Guerra dos Dez Anos, continuavam vigentes e, embora a escravidão tivesse sido abolida, a situação do negros e mulatos na colônia eram deploráveis. No entanto, teriam de passar alguns anos para que o gênio organizador de José Martí preparasse a insurreição. O carismático líder uniu várias figuras e conseguiu representar a unidade e os interesses populares.

A conquista de José Marti na história cubana de um herói da liberdade e da soberania, começou em sua adolescência, sendo enviado ao presídio político por ter escrito uma carta a um colega de classe na qual o chamava de traidor por haver se unido ao corpo de voluntários que serviam aos interesses da Espanha. Após a prisão foi deportado para a Espanha, onde estudou. Seu retorno a Cuba foi muito tenso pela constante vigilância por parte das forças de segurança espanholas, fato que o obrigou a viajar para outros países. Apoiado por exilados cubanos, Martí organizou o Partido Revolucionário Cubano, cujo principal objetivo era conquistar a independência de Cuba.

Com a experiência da Guerra dos Dez Anos, e com um maior apoio das forças políticas e uma maior consciência nacional, os libertadores conceberam a campanha "Invasão do Ocidente", que tinha a meta de dominar esta parte da ilha. Não foi fácil a conquista oriental, e os realistas tiveram dificuldade de conter os libertadores. Entre as muitas vitórias dos soldados cubanos se destaca a Passagem dos Montes. A Passagem era não apenas uma necessidade para o cumprimento da campanha, mas também sua vitória demonstraria o progresso militar dos insurgentes

A Guerra Hispanoamericana aconteceu em 1898, tendo como resultado o ganho do controle, por parte dos Estados Unidos, sobre as antigas colônias espanholas no Caribe e no oceano Pacífico. A guerra iniciou-se em 1898, quando o navio militar USS Maine foi destruído em Havana, então colônia espanhola. Os estadunidenses, alegando que o navio fora sabotado pelos espanhóis, exigiram que a Espanha cedesse independência a Cuba. A recusa dos espanhóis causou o início da guerra.

As forças realistas não puderam responder aos modernos encouraçados estadunidenses e a superioridade militar das forças dos Estados Unidos obrigou os espanhóis à rendição em 1898. O sucesso abriu caminho à ocupação de Cuba pelo vencedor, que perdurou até 1902. Com o Tratado de Paris, a Espanha renunciou à sua soberania sobre Cuba e Porto Rico, o que significou a ocupação de Cuba num espírito colonialista, uma vez que os representantes dos territórios ocupados foram excluídos das negociações.

O descontentamento dos libertadores com a simples troca de potência colonizadora não se fez esperar. Ainda que Porto Rico tenha continuado como colônia ianque por mais tempo, em Cuba as pressões para autonomia se tornaram logo importantes, levando os Estados Unidos a prepararem sua retirada, mas deixando aberta a possibilidade de uma nova intervenção como maneira de "garantir a independência", conforme expresso na emenda constitucional de 12 de junho de 1901, a Emenda Platt. A frágil República de Cuba foi enfim criada em 20 de maio de 1902, assumindo a presidência Tomás Palma. Mas somente em 1909 no governo de José Gómez (Partido Liberal), o governo intervencionista de fato encerrou, mas não sem antes assegurar-se da posse da Base de Guantánamo.

Em 29 de setembro de 1906, o secretário Taft invocou os termos da Emenda Platt, estabelecendo o Governo Provisório da ilha e declarando-se governador provisório de Cuba. Em 23 de outubro de 1906, o presidente (Ted Roosevelt) emitiu a Ordem Executiva 518, ratificando o pedido. Os Estados Unidos ordenaram que a Marinha dos Estados Unidos desembarcassem uma brigada do Corpo de Fuzileiros Navais. Os marines, sob o comando do coronel Littleton Waller, ficariam para proteger os cidadãos estadunidenses e patrulhar a ilha até que o Exército dos Estados Unidos chegasse. Os rebeldes não ofereceram nenhuma resistência e, de acordo com Beede; "Ao primeiro sinal dos soldados norteamericanos, os liberais, satisfeitos com seu êxito, depuseram as armas e colaboraram com os esforços para acabar com as hostilidades." O general do exército dos Estados Unidos, Frederick Funston, supervisionou a rendição dos rebeldes que ocorreu antes de que o exército começasse a chegar.

A independência não melhorou as condições dos desfavorecidos, pois os interesses da oligarquia dominante continuaram prevalecendo, o que foi a causa dos levantes de negros que atraíram nova intervenção ianque em 1912.

O Governo de Cuba consente que os Estados Unidos possam exercer o direito de intervir para a preservação da independência cubana, a manutenção de um governo adequado à proteção da vida, da propriedade e da liberdade individual, e para o cumprimento das obrigações com respeito à ilha, impostas pelo Tratado de Paris aos Estados Unidos, já a ser assumido e empreendido pelo Governo de Cuba.

Entre 1906 e 1921, Cuba passaria por novas intervenções estadunidenses. O antiamericanismo se tornaria uma constante no quadro político do país.
Nos anos de 1920, a revolta dos estudantes em meio a grade crise econômico culminou na vitória eleitoral do liberal Gerardo Machado em 1924. Seu programa de diversificação econômica falhou. Houve então mais protestou estudantis, que foram reprimidos.
Após anos de tensão, os estudantes chegariam ao poder: governo de Ramón San Martin. Uma revolta de suboficiais, de que o sargento Fulgêncio Batista participou, entrou o poder aos estudantes. Seguiram-se expropriações de engenhos, limitação da jornada de trabalho e outros atos político relevantes. A “Revolução” de 1933 se opunha aos Estados Unidos, aos capitalistas cubanos e aos comunistas cubanos. É o ano da ab-rogação da Emenda Platt. Pela primeira vez, o país não é dirigido por homens ligados à resistência contra a Espanha nem à ocupação estadunidense.

A 1º de março de 1952 o golpe de estado dirigido por Fulgêncio  Batista facilmente e sem resistência derrubou o presidente Carlos Prio eleito do Partido Revolucionário Cubano Autêntico, num quadro internacional que estava passando os primeiros momentos da Guerra Fria. Imediatamente suspensas as garantias constitucionais e estabeleceu uma forte ditadura militar. Dois anos mais tarde, ele realizou eleições presidenciais fraudulentas, cujos resultados foram conhecidos de antemão. Batista foi o argumento para combater a corrupção e o banditismo, e satisfazia os interesses da oligarquia cubana.


A Revolução Cubana foi um movimento popular, que derrubou o governo do ditador Fulgêncio Batista, em janeiro de 1959. Com o processo revolucionário foi implantado em Cuba um governo liderado por Fidel Castro. Em 1957, Fidel Castro e um grupo de cerca de 80 combatentes instalaram-se nas florestas de Sierra Maestra. Os combates com as forças do governo foram intensos e vários guerrilheiros morreram ou foram presos. Mesmo assim, Fidel Castro e Ernesto Che Guevara não desistiram e mesmo com um grupo pequeno continuaram a luta. Começaram então a usar transmissões de rádio para divulgar as ideias revolucionárias e conseguir o apoio da população cubana.

Com essas mensagens revolucionárias, os guerrilheiros conseguiram o apoio de muitas pessoas. Isto ocorreu, pois havia uma grande quantidade de camponeses e operários desiludidos com o governo de Fulgêncio Batista e com as péssimas condições sociais (salários baixos, desemprego, falta de terras, analfabetismo, doenças). Muitos cubanos das cidades e do campo começaram a apoiar a guerrilha, aumentando o número de combatentes e conquistando vitórias em várias cidades. O exército cubano estava registrando muitas baixas e o governo de Batista sentia o fortalecimento da guerrilha. No primeiro dia de janeiro de 1959, Fidel Castro e os revolucionários tomaram o poder em Cuba. Fulgêncio Batista e muitos integrantes do governo fugiram da ilha.


E a história começava a mudar!