sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

“REVOADA” o crepúsculo do cangaço



Por Cleber Eduardo e Francis Vogner dos Reis
Curadores da 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes

“Crítico de cinema no “Jornal da Bahia” entre 1968 e 1972, José Umberto realizou “O Anjo Negro” em 1972, filme singular que não se enquadrava nem no Cinema Novo, nem no “udigrudi” baiano. José Umberto é um desses cineastas que não se pode enquadrar facilmente em movimentos e tendências do cinema brasileiro. Quando do lançamento de “O Anjo Negro”, suas referências eram mais antropológicas e sociológicas do que necessariamente cinematográficas. Na sequência, realizou documentários em super-8, formato que deu visibilidade aos filmes de uma série de cineastas baianos da década de 70. Durante os anos 80 e 90 realizou trabalhos em vídeo para a TVE-Bahia/Irdeb.

“Revoada” é a volta de José Umberto para o longa-metragem de ficção. Como “O Anjo Negro”, por mais que seja tentador (e óbvio) vinculá-lo a tendências e tradições, o filme desafia as classificações mais simples. É um filme de cangaceiros, ainda que não seja um filme do gênero “cangaço”, que teve algumas releituras nas últimas décadas, como, por exemplo, “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas. É também diferente do barroquismo profético de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, do conterrâneo Glauber Rocha. O filme trata do derradeiro fim do cangaço, da sua queda, da iminência da sua morte, aproximando-se de “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, do mesmo Glauber Rocha, em sua continuidade na representação dos fracassos das forças transformadoras diante da real realidade (na ficção). Em “Revoada”, se há uma mística, é do mau agouro.

A história nos diz que os remanescentes do grupo de Lampião foram todos assassinados, e isso José Umberto leva em consideração ao não realizar um embate entre o bando de cangaceiros Vemos, por outro lado, as tensões internas dentro do mesmo grupo, os elos de amizade, de amor e o medo do fim. Nunca um filme brasileiro se concentrou no cangaço de modo tão dramático e tão pouco épico. A câmera de José Umberto investe nos primeiros planos e planos fechados. Os planos abertos ajudam a compor a agonia desse grupo em meio à natureza vasta, bela e indiferente à morte iminente do grupo de bandidos rebeldes. Os planos gerais não são de grandiosidade epopeica, mas de desolação. O último plano do filme é uma bela imagem que seria a síntese da aventura trágica desses cangaceiros.”

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Cuba hoje... e sempre!

Como já dissera o escritor e jornalista uruguaio, Eduardo Galeano, quando se trata de Cuba, a grande imprensa, “aplica uma lupa enorme que amplia tudo o que ocorre, sempre que há interesses dos inimigos, chamando a atenção para o que acontece na Revolução, enquanto a lupa distrai e deixa de mostrar outras coisas importantes”.
  
Entre essas coisas importantes, que não são apontadas pelas lupas, chamo a atenção para 28 dados, que mostram a força de Cuba, na véspera de seu aniversário de 53 anos.
  
1) 8.913.000 de cubanos participaram da discussão do Projeto de Diretrizes para a Política Econômica e Social do Partido e da Revolução, debate prévio ao 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba.
2) Foram registrados mais de 3 milhões de intervenções populares.
3) 68% das diretrizes foram reformuladas após a discussão com o povo cubano.
4) 313 diretrizes da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução foram adotadas no 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba.
5) Na linha definida pelo povo cubano para atualização do modelo econômico, até agora, entraram em vigor.
6) 7 decretos-leis do Conselho de Estado.
7) 3 decretos do Conselho de Ministros.
8) 66 resoluções e instruções de ministros e chefes de instituições nacionais.
9) O governo cubano destinará, em subsídios, mais de 800 milhões de pesos para pessoas de baixa renda, como parte da Lei do Orçamento para 2012.
10) O governo cubano vai destinar mais de 17 milhões de pesos para a saúde, a educação e outras necessidades sociais, no orçamento para 2012.
11) No orçamento de 2012, serão alocados 400 milhões de pesos para proteger as pessoas em situação financeira crítica, incluindo pessoas com deficiências e consideradas disponíveis no processo de reestruturação do trabalho.
12) O orçamento do Estado encerrou o ano com um déficit estimado de 3,8% em relação ao Produto Interno Bruto, cumprindo o limite aprovado pela Assembleia Nacional, na Lei do Orçamento de 2011.
13) Produto Interno Bruto cresceu 2,7%, em 2011.
14) No final de 2011, a produtividade de todos os empregados na economia cresceu 2,8%.
15) Mais de 357 mil cubanos exercem o trabalho por conta própria.
16) 33 medidas foram aprovadas pelo Conselho de Ministros e entraram em vigor, em setembro passado, para continuar a facilitar o trabalho por conta própria.
17) Mais de 2,5 milhões de turistas visitaram a Cuba em 2011.
18) Foram produzidos 4 milhões de toneladas de petróleo e gás em 2011.
19) A taxa de mortalidade infantil em Cuba é inferior a 5 por mil nascidos vivos.
20) A expectativa de vida é de 78 anos.
21) 186 países condenaram os EUA pelo bloqueio genocida contra Cuba, durante a Assembleia Geral da ONU, em outubro passado.
22) Cuba ficou em segundo lugar nos Jogos Pan-Americanos Guadalajara, com 58 medalhas de ouro.
23) O Conselho de Estado da República de Cuba concordou em indultar mais de 2.900 presos.
24) Cuba ocupa a 51ª posição, no Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, com um alto desenvolvimento humano.
25) Em 14 de dezembro marcou o primeiro aniversário da primeira rede social de conteúdo digital cubano, EcuRed, com cerca de 80 mil artigos e verbetes.
26) Mais de 40 mil cubanos estão em missões de solidariedade por mais de 70 países.
27) Mais de 3 milhões de pessoas foram alfabetizados pelo método “Yo, si puedo”, depois de ser aplicado em quase três dezenas de países ao redor do mundo.
28) Com o início do ano letivo 2011–2012, em 5 de setembro, abriram suas portas mais de 60 universidades na Ilha, com cerca de 500 mil alunos matriculados.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Premier grego reconhece vitória da oposição nas eleições


O primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, reconheceu a derrota nas eleições legislativas disputadas neste domingo e parabenizou a coalizão de esquerda Syriza, liderada por Alexis Tsipras, pela vitória nas urnas.
  
Samaras, que lidera o partido Nova Democracia, disse que respeita a decisão do povo grego, mas permanecerá pronto para exercer um papel decisivo no futuro. Sete partidos terão representantes no Parlamento grego, entre eles o neonazista Amanhecer Dourado.
  
Durante a campanha eleitoral, o Syriza propôs a renegociação de grande parte da dívida grega e o fim de medidas de austeridade. Segundo projeção oficial, o Syriza deve ter entre 149 e 151 cadeiras no parlamento.
O partido postou em seu Twitter que "a esperança venceu" e que deve fazer mudanças.
  
Mais cedo, Tsipras disse se inspirar no primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, para mudar o país. "Eu não conheço Renzi pessoalmente, mas as nossas equipes entraram em contato e a nossa sintonia é natural. Vamos mudar a Europa porque a austeridade está estrangulando a todos", destacou Tsipras. 


domingo, 25 de janeiro de 2015

Pensatas de domingo. Maduro pede que “guerra econômica” contra o Governo seja investigada


O governo da Venezuela comemorou o 57º aniversário da queda da última ditadura, a do general Marcos Pérez Jiménez, anunciando medidas para enfrentar a escassez e o desabastecimento que assolam o país.
O ato, encabeçado pelo próprio Nicolas Maduro, parece ter tido o objetivo de unir o eleitorado chavista mais fiel. Durante seu discurso, o governante venezuelano pediu ao presidente da Assembleia Nacional e homem número dois do regime, Diosdado Cabello, que iniciasse na próxima sessão do Parlamento, prevista para a terça-feira, uma averiguação sobre o que o relato oficial denomina “guerra econômica”. O Governo diz enfrentar uma conspiração empresarial que procura derrubá-lo e que consiste em esconder os alimentos e insumos básicos para provocar o caos.
Foi a estratégia escolhida para explicar ao país por que as prateleiras estão vazias.O chavismo evita mencionar os argumentos dos empresários, que decidiram não produzir para ter prejuízo, já que na Venezuela os preços da maioria dos produtos mais demandados estão regulados pelo Estado, e trabalham com os poucos dólares que o Governo disponibiliza. O colapso do controle de divisas, vigente desde 2003, convertido em um foco de corrupção e pelo qual já foram roubados, segundo cifras oficiais, ao redor de 25 bilhões de dólares (64,5 bilhões de reais), e a queda do preço do petróleo fizeram com o setor privado não recebesse a grande quantidade de moeda estadumidense, como nos tempos do falecido Hugo Chávez.
Maduro anunciou que na última quinta-feira o vice-presidente Jorge Arreaza se reuniu com 70 distribuidoras do país para que assinassem um documento mediante o qual se comprometiam a regularizar a distribuição de produtos. “É o último chamado que faço para que respeitem o povo. Não quero proceder da maneira mais drástica”, disse o chefe de Estado para seus seguidores reunidos na praça O'Leary, no centro de Caracas. E mais adiante, afirmou: “Quando tiver que tomar medidas duras, preciso do apoio das pessoas nas ruas, que não haja vacilos, que não haja dúvidas. Contem comigo que vou até o fim. Vamos derrotar a guerra econômica. Tremam, oligarcas.”
A fina linha entre monopólio e estoque é o novo motivo de enfrentamento entre empresários e o regime, e deu argumentos para a posição do governo. Este ano houve intervenção em uma fábrica processadora de leite, a Zuly Milk, que guardava 160 toneladas de matéria-prima para produzir um bem escasso nestes dias, e uma distribuidora, a Herrera, que armazenava produtos prontos para consumo. Os dois procedimentos, amplamente divulgados pelos meios oficiais, reforçam entre o chavismo a ideia de que a burguesia esconde os alimentos exigidos pelo povo.
Durante o discurso de Maduro foi impossível não se lembrar das bravatas do finado Chávez. De muitas maneiras, ele esteve presente: no início do ato, no hino nacional emanado de sua inconfundível voz forte e reproduzida através dos alto-falantes; nas constantes alusões feitas por seu sucessor a seu legado e que pareciam sugerir que jamais se desviaria do caminho ao socialismo de inspiração cubana contido no Plano da Pátria, o programa de governo para o período de 2013 a 2019. E também nas desqualificações: “Esses são os traidores da pátria. A oligarquia parasita e traidora da Venezuela. A oligarquia não pode voltar nunca mais ao poder político, não importa o que acontecer. O povo deve ser o poder, só o povo.”
Maduro se encarregou de dar uma hostil mensagem de boas-vindas: “Quero dizer a eles que podem entrar no país, mas deve ficar claro que eles estão apoiando um grupo de extrema-direita que não reconhece o governo.” E finalizou: “Damos as boas-vindas e afirmamos que o povo os repudia e rechaça. Eles se transformaram em um clube de presidentes vagabundos que recebem dinheiro sujo para vir apoiar um golpe de Estado.”