Pensatas soltas, ou
nem tão soltas, mas recordações que apenas passam pela cabeça. Lembranças de
vários tempos, lugares diversos... enfim, coisas que são engraçadas de lembrar,
e tornam o domingo mais leve e... Gostoso.
Valência na Espanha, além de ser uma cidade muito bonita,
teve uma importância muito grande para mim. Foi o primeiro lugar em que avistei
o Mar Mediterrâneo e nele molhei os pés. Havia chegado ao Maré Nostrum dos Romanos. Depois de horas dirigindo, desde Madrí,
cheguei cansado. Encontrei um hotel bem central tomei um banho, e, refeito fui
para a varanda do quarto. Passou um sujeito na rua e deu um berro em alto e bom
som: “La Philosophie!!!”. Achei o
grito muito curioso. Estaria bêbado, drogado? Nunca soube, mas também jamais me
esqueci daquele instante.
La Licorne era uma
boate e a casa de “mulheres fáceis” mais luxuosa de São Paulo.
Corria o ano de 1971, e uma noite, com um colega de trabalho, catalão de
nascimento, resolvemos dar uma olhadela nas tão afamadas beldades do lugar. Chegamos,
pedimos duas cervejas, mas não tínhamos como bancar as habituées, que, por sinal faziam jus à fama e ao preço. Levamos um
papo com algumas, mas logo nos retiramos. Pagamos uma nota preta pelas louras “geladas”.
Quando saíamos, encontramos o Jô Soares completamente de porre no local.
O País Basco é lindo. Montanhas, serras maravilhosas
serpenteando a autoestrada de uma qualidade fora de série. Queriamos chegar a
Bilbao ainda naquele dia. E chegamos. Procurava um hotel de nome curioso: “Conde
Duque”. Rodei a cidade inteira atrás dele, a Virginia com o Guia Michellin na mão, e eu nada de chegar ao
tão procurado local. De repente, parei o carro e disse, quase desabafando que
desistiria de ir para o tal hotel. Guga, apontou para o lado oposto rindo às
pamparras. Quando olhei, lá estava o letreiro: Hotel Conde Duque. Parece até
brincadeira.
O meu colega catalão, cujo sobrenome era Fortanet, era uma
boa figura e um excelente amigo. Morava com a esposa e uma filhinha no bairro
do Ipiranga, em uma casinha nos fundos da casa da sogra. Um dia me convidou
para comer uma comida típica na casa deles no domingo. Fui, e foi a primeira das
dezenas de paellas que saboreei na
vida. Deliciosa, por sinal.
E por falar em paellas,
e voltando à Comunitat Valenciana, ou
ao Ayuntamento de Valência
propriamente dito. Depois de muito folhear os guias turísticos, descobri que a
ruazinha atrás do nosso hotel só tinha restaurantes do típico prato local.
Claro, à noite estava lá. Comi uma, deliciosa e regada a um excelente vinho de La Rioja. Sai dali satisfeito da vida.
De madrugada fui para o banheiro enjoado, passando mal. Em outras palavras:
vomitei mesmo. Tinha um puto de um crustráceo daqueles que não estava lá essas
coisas. Acontece.
A propósito, a melhor paella
que comi na Espanha foi em Vigo, na Galicia. Não é pra menos. A cidade galega é
famosa pelos seus frutos do mar e as barcaças que os armazenam em sua belíssima
baía. Vigo é uma das cidades mais bonitas que conheci...
Houve um outro caso engraçado com o Fortanet. Uma tarde,
estávamos no trabalho e ele virou-se para mim e falou: “Passa-me el cenecero!” Lendo
assim não é tão difícil, mas ao escutar fiquei olhando para ele sem entender,
pois falara muito rapidamente em seu estranho portunhol, com forte mistura de catalão,
o que lhe embaralhava mais ainda o modo de se expressar. Daí ele repetiu, e
repetiu mais uma vez, e outra. Só lá pela quarta vez consegui entender que se
tratava do cinzeiro que estava ao meu lado.
Rio de Janeiro. Início dos anos 70. Onze da matina, jornal
debaixo do braço eu chegava no Veloso (já era Garota de Ipanema, mas fazíamos
questão de chama-lo pelo velho nome). Pedia um chope na pressão. Tomava uns
três ou quatro, antes de ir à praia já devidamente informado pela leitura,
calibrado pelos golos e tendo visto
vários belíssimos rabos rebolantes naquela esquina que, por isso mesmo, entrou
para a história da música brasileira... Quiçá mundial. Tempo bão, sô!
Comecei a sentir um cheiro de feijão queimado. O detalhe é
que a agência em que trabalhava em Sampa, ficava em cima da Churrascaria
Rubayat, nos tempos em que esta ainda era na avenida Vieira de Carvalho, no
centro velho de São Paulo. Virei
para uma colega e disse: “Está feijando queimão!”. Ela ficou olhando para mim
sem entender bulhufas. Repeti o comentário. Demorei um bom tempo para concluir
que estava falando tudo trocado. Quando a ficha caiu, morremos de rir.
2 comentários:
A foto que você ilustrou o post me deu água na boca. No mais, excelente relato.
Paellas são maravilhosas!
Postar um comentário