sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A concepção da crise em Marx



A razão maior da crise econômica para Marx devia-se a própria irracionalidade do processo produtivo. O capitalismo baseava-se em duas premissas que conduziam-no a uma crise permanente.

A primeira delas é que a concorrência provocava a anarquia da produção. Muitos capitalistas competindo entre si, quase sem regras, terminava, por jogar no mercado manufaturados em excesso, provocando uma superprodução. Ao não conseguirem vende-los, porque os salários dos trabalhadores eram baixos, dava-se o subconsumo. Os seus lucros então estavam em decrescência fazendo com que os investimentos fossem suspensos, gerando desemprego e quebras em série.

A outra premissa devia-se ao fato de que o sistema produtivo no capitalismo não estava voltado para as necessidades sociais (para atender o consumo básico da população) mas para satisfazer o lucro dos proprietários, provocando situações inacreditáveis (como por exemplo, num país faminto os produtores de grãos queimarem a produção por não considerarem os preços ofertados atraentes).

A evolução do capitalismo, além disso, gerava outro problema. Devido à concorrência, onde os mais fracos eram eliminados do processo produtivo pelos mais fortes, dava-se uma assustadora acumulação de capital em poucas mãos. Quanto mais o capitalismo avançava menos gente era proprietária, mais estreitava o número dos poderosos, menos sobrava aos demais.

Para Marx a convergência de riqueza e de poder sob controle da classe burguesa provocava, num outro polo social, o aumento da miséria da população e a proletarização dos indivíduos (proletário para o marxismo é o trabalhador, aquele que não tem nada a não ser a sua força de trabalho, a qual aluga ao capitalista em troca de um salário que gera a mais-valia, o lucro do burguês sobre a sua produção).

Para o futuro, a lógica de Marx induzia a previsão de um colapso geral do sistema. A aceleração da riqueza simultânea e da miséria levariam a uma aguda luta de classes, resultando que, o capitalismo devastado seria superado por um outro sistema produtivo, mais justo e mais igualitário. Ele estava condenado pela História porque trazia em si mesmo o germe da sua destruição.

O processo de superação do capitalismo, evidentemente, não se faria sem uma intensa batalha na qual os capitalistas e seus aliados sociais tentariam evitar o seu fim. A conseqüência lógica disso seria uma Revolução Social que implantaria o modo de produção socialista, no qual a propriedade privada dos meios de produção seria abolida.

2 comentários:

Joelma disse...

Gostei imenso do final, quando você diz:
"O processo de superação do capitalismo, evidentemente, não se faria sem uma intensa batalha na qual os capitalistas e seus aliados sociais tentariam evitar o seu fim. A conseqüência lógica disso seria uma Revolução Social que implantaria o modo de produção socialista, no qual a propriedade privada dos meios de produção seria abolida."
Excelente postagem!

Jonga Olivieri disse...

Obrigado Joelma...