domingo, 20 de setembro de 2015

Pensatas de domingo


O país vive uma onda conservadora. “Há um “modernismo” reacionário, que sempre é favorável ao sistema capitalista, por mais que critique esse ou aquele aspecto da vida política, como a corrupção e a má administração.
É o que avalia Michael Löwy(1), sociólogo paulista radicado em Paris, que em conjunto com o estadunidense Robert Sayre(2), está lançando no Brasil “Revolta e Melancolia”.
Para Löwy, o elemento mais preocupante da extrema direita conservadora no país, sem paralelo com a que existe na Europa, é o apelo aos militares. “O saudosismo da ditadura militar é o aspecto mais sinistro da recente agitação de rua conservadora no Brasil”, diz.
Alinhado com a esquerda, ele advoga que outras organizações, como o PSOL ou o PSTU não conseguiram ocupar o espaço que havia sido do PT, ainda que possam vir a fazê-lo no futuro. As semelhanças com o movimento de direita europeu surgem, segundo ele, na ideologia repressiva, no culto à violência policial –como na “bancada da bala” nos parlamentos– e na intolerância com as minorias sexuais. Do outro lado do espectro político, Löwy relaciona a crise do PT com a “perda de seu horizonte radical”. Afirma que o partido perdeu contato com suas bases populares, aderiu ao receituário neoliberal e fez desaparecer de seu programa a tese socialista.
“Quem vai decidir se haverá uma saída para a esquerda serão os movimentos sociais: os sem-terra, os sem-teto, os sindicalistas, os ecologistas, os indígenas, os afrobrasileiros”, opina.
Löwy tem toda razão quando ressalta o “saudosismo da ditadura militar como o aspecto mais sinistro” (sic) de setores da direita brasileira. Eu mesmo lembro-me um caso que aconteceu comigo há cerca de três anos atrás, numa fila de supermercado em que ao conversar com um vizinho de espera sobre a lentidão no atendimento o sujeito disparou a falar agressiva e veementemente dos tempos da ditadura, afirmando que naqueles tempos as “coisas não aconteciam assim”... Eu fiquei a fita-lo atônito, como que não acreditando naquilo e preferi calar-me.
É certo que são minorias da extrema direita, mas, de qualquer maneira há golpe e golpe: o militar e o político. Este último em claro andamento.

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