domingo, 1 de janeiro de 2017

Pensatas de Domingo. Israel, EUA, Rússia e o drama dos palestinos humilhados, massacrados e violentados pelos assentamentos ilegais em seu território.

Crianças palestinas oram e choram, desprotegidos frente à violência do neofascismo sionista

Por Jorge Vital de Brito Moreira

Nos dias 26 e 27 de dezembro de 2016 (nas manhãs seguintes ao suposto dia do nascimento de Jesus Cristo numa província do Império Romano) decidi ligar nosso televisor nos principais canais de TV da mídia corporativa dos EUA (FOX News, CNN, MSNBC, Headline News) para assistir às noticias e observar os tipos de comentários que eles emitiam sobre a decisão da administração de Barack Obama (presidente do Império Estadunidense), de abster-se de bloquear no Conselho de Segurança da ONU a “Resolução 2334” que condena a expansão dos assentamentos de Israel nos territórios palestinos ocupados (1)

Como informei num texto recente para Novas Pensatas, esta é a primeira vez que o atual governo de Barack Obama decidiu enfrentar-se politicamente à sistemática humilhação que o governo sionista e racista de Benjamin Netanyahu vem infligindo ao presidente dos EUA durante os oito anos de sua administração governamental.

Mas, como fui capaz de me antecipar (devido ao prévio conhecimento que adquiri lidando com a grande mídia estadunidense), os canais de TV atacaram dura e impiedosamente a decisão do governo do presidente Obama de abster-se de bloquear a “Resolução 2334”. Assim, os apresentadores, comentaristas e analistas de TV, políticos, diplomáticos e fanáticos representantes do lobby American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), todos eles, opinavam furiosamente e tomavam  partido a favor do “apartheid israelense”: a favor da sistemática invasão e ocupação dos territórios palestinos, realizada desde 1967, pelos colonizadores de Israel.

Todos os críticos (mas, sobretudo aqueles que trabalham para FOX News), vomitavam furibundos slogans contra o governo estadunidense ao tempo que manifestavam seu apoio incondicional ao discurso raivoso e desequilibrado, de Benjamin Netanyahu contra o presidente Barack Obama, identificando o como um “traidor” da amizade, dos valores e dos interesses de Israel. Por seu lado, tanto o supremacista e racista Donald Trump (o eleito presidente republicano dos EUA) como senadores republicanos e senadores democratas pró-Netanyahu engrossavam o coro dos descontentes que atacavam como traição a falta do veto da administração de Barack Obama para parar a “Resolução 2334”.

O mais interessante é que nos dias 26 ou 27 de dezembro, enquanto assistia os ataques contra o governo de Obama, eu não escutei nenhuma menção (por parte dos críticos na mídia corporativa) ao destacado fato de que países como Inglaterra e/ou França (tradicionalmente considerados grandes amigos de Israel) também não vetaram a “Resolução 2334” no Conselho de Segurança da ONU.

Tampouco escutei nenhuma menção ao fato de que o governo de Obama, durante os oito anos no poder, sempre tinha estado do lado de Israel como sucedeu em 2011, quando Obama vetou uma resolução semelhante do Conselho de Segurança que teria condenado a construção de assentamentos por parte de Israel.

Porém, a abstenção dos Estados Unidos na votação na sexta-feira continuou recebendo ataques de muitos legisladores democratas e republicanos, tais como o ataque do próximo líder da minoria do Senado para o Partido Democrata, Chuck Schumer, de Nova York, e o ataque do senador Lindsey Graham da Carolina do Sul que agora está ameaçando de cortar o financiamento dos EUA para as Nações Unidas.

Tampouco, assisti na mÍdia corporativa dos EUA ou dos políticos pró Netanyahu nenhuma menção à escandalosa ajuda militar (no valor de US$ 38 bilhões de dólares) que Israel obteve recentemente do presidente Barack Obama para continuar expandindo a capacidade destrutiva de Israel e prosseguir enriquecendo o capital judáico ligado ao Complexo Industrial Militar estadunidense (2). Nem escutei nenhuma referência ao fato de que Israel, com a ajuda dos EUA, é o único estado no Oriente Médio que já possui mais de 100 bombas nucleares instaladas na região (3).

Apesar dos oito anos de apoio do governo de Obama às politicas genocidas de Israel contra a população palestina, o primeiro ministro, Benjamin Netanyahu, nazista por excelência, usou da sua conhecida retórica terrorista para denegrir histericamente qualquer autoridade (começando imediatamente a lançar injurias ao presidente Barack Obama, chamando-o de traidor), qualquer nação, comunidade ou instituição que contrarie as suas ambições colonialistas, declarando como “vergonhosa a resolução da ONU”, acrescentando ainda que o Estado de Israel não acataria a resolução.

Mas como todos sabemos, não existe nada de novo na declaração de Netanyahu, pois o Estado sionista de Israel continua fazendo a mesma coisa (não acatar as resoluções da ONU sobre os territórios palestinos) desde a primeira “Resolução 242” do Conselho de Segurança da ONU (em 1967) até os nossos dias deste fim de ano de 2016.

Ainda que possamos entender o fato de que muitos estadunidenses fiquem surpreendidos e/ou revoltados com a traição dos grandes canais de TV da mídia corporativa dos EUA ao apoiar os interesses de um pais estrangeiro (Israel) contra os interesses dos EUA, este fato também revela que ainda existe uma grande ingenuidade por parte dos estadunidenses ao esperar que a mídia corporativa capitalista seja capaz de trabalhar para defender os interesses políticos dos EUA, contra os interesses políticos de Israel. Sem dúvida, nós também ficaríamos surpreendidos com a traição da mídia coorporativa estadunidense, se não soubéssemos, faz muito tempo, que os grandes jornais (como Washington Post, New York Times e outros), que os poderosos canais de TV (como Fox News, MSNBC, CNN e outros), e que Hollywood (a mais influente indústria de diversão do planeta) são controlados pelo capital financeiro judáico-sionista que impera nos EUA.

Na quarta feira, dia 28 de dezembro, mesmo nauseado com tanta intriga, decidi ligar os canais estadunidenses de TV referidos, para escutar a resposta de John Kerry, o secretario de Estado dos EUA, às criticas furibundas de Netanyahu e de todos aqueles que apoiam irracionalmente as demandas do estado terrorista de Israel. Em Washington, o secretario John Kerry, respondeu criticando o governo de Israel e disse no seu discurso que a implacável expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, ameaçava a democracia em Israel e destruía as chances de alcançar uma solução de dois Estados com os palestinos.

No entanto e mesmo com as críticas acertadas (porém tardias), de John Kerry, tanto ao governo terrorista de Netanyahu quanto à mídia corporativa dos Estados Unidos, nada mais parece indicar que o demagógico governo de Barack Obama seja capaz de ir além da abstenção dos EUA para punir Israel. Punir Israel, não somente por dirigir e controlar a política americana na região durante os oito anos de humilhação do governo de Obama, mas também para entorpecer as vitórias do Partido Republicano no Congresso, no Senado, na Suprema Corte de Justiça e à presidência dos EUA. Para realizar esta politica, Obama acabou de inventar uma escabrosa difamação política com a finalidade de denegrir a vitória de Donald Trump. Assim, tudo parece indicar que a sua recente retórica, acusando a Rússia pela derrota do Partido Democrata nas eleições, junto à sua decisão de expulsar os diplomatas russos do país (4), não passa de mais uma nova desculpa (para encobrir a derrota dos ianques na guerra terrorista na Síria) e o mesmo velho mecanismo autoritário para atropelar a ascensão de Donald Trump como legitimo vencedor à presidência dos Estados Unidos. 

Mas apesar do labiríntico e alucinante jogo político entre os chefes de governo dos EUA, de Israel, da ONU e da Rússia, deveremos seguir lutando em 2017 para rejeitar Israel (como todos os seus aliados e cúmplices ocidentais) em relação a todas as suas políticas, ações, acusações e desculpas pelos crimes cometidos contra o povo palestino.

NOTAS

1) Para os  leitores mais jovens, gostaria de informar que os territórios palestinos ocupados e colonizados por Israel são áreas que foram capturadas por Israel à  Jordânia e à Síria, durante a “Guerra dos Seis Dias” (junho de 1967). Os territórios palestinos ocupados por Israel são Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Atualmente, há mais de seiscentos mil judeus ocupando terras palestinas mas o governo de Netanyahu, apesar da oposição mundial, insiste em prosseguir na construção de mais bairros judaicos além das fronteiras estabelecidas pela Resolução 242 (de 1967) do Conselho de Segurança da ONU. Como sabemos, o governo Netanyahu esta(va) programando construir mais de cinco mil casas para assentar aproximadamente  quinze mil judeus em  terras palestinas, tanto em Jerusalém como em outros locais.

2) Ver o artigo “EUA fecham acordo de ajuda militar para Israel no valor de US$ 38 bilhões”. http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/09/1813280-eua-fecham-acordo-de-ajuda-militar-para-israel-no-valor-de-us-38-bilhoes.shtml

Ver também o artigo “U.S. Finalizes Deal to Give Israel $38 Billion in Military Aid”. Aid. http://www.nytimes.com/2016/09/14/world/middleeast/israel-benjamin-netanyahu-military-aid.html?_r=0

3) Conforme a informação oficial do ex-presidente James Carter. Ver “Jimmy Carter: Israel's Apartheid.” Vídeo da entrevista a MSNBC a propósito de seu livro sobre a segregación racial por parte dos judeus sobre a população palestina:
https://www.youtube.com/watch?v=Xscq2nIKLH

4) É impressionante que depois do fiasco causado pelas noticias mentirosas sobre as  Armas de Destruição Massivas (WMD) de Saddam Hussein e do Iraque, a mídia corporativa dos EUA continue a propagandear noticias tão perigosas,  sem as provas suficientes para fundamentar as graves acusações como a que atualmente atira contra a Rússia do presidente Vladimir Putin.

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2 comentários:

Joelma disse...

Bem amigo, andei fora do ar. E fora da "civilização", poder-se-ia dizer, pois fui fazer um trabalho em Roraima. Olha, quando falamos em Imperialismo comprovamos ali o significado do domínio ianque na AL. Têm regiões onde se fala o inglês, quase como língua oficial, e os que não falam aquela língua são barrados por seguranças particulares (onde estaria o exército brasileiro?) em determinados locais e horários. Algo extremamente suspeito
Na realidade os interesses econômicos dos países (ditos)- desenvolvidos põem a Amazônia sob constante ameaça de internacionalização e para que isso não venha a se concretizar, o Brasil precisaria tomar medidas urgentes e estratégicas. Atenta a esses movimentos, a "Seccional Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil" (OAB) elege a priorização da educação dos povos da floresta como fator primordial na manutenção da soberania e na preservação dos recursos naturais. A informação é do presidente da OAB Rondônia, advogado Hélio Vieira.
Este aponta a educação como uma das garantias da soberania nacional sobre a região. Segundo ele, sem educação, o povo que habita a Amazônia é facilmente enganado por estrangeiros que buscam usurpar tesouros da fauna e da flora brasileira. O acesso ao conhecimento pode inclusive diminuir o número de queimadas e derrubadas na região, proporcionando maior preservação da floresta tropical, explicou.
Para exemplificar o inegável interesse dos Estados Unidos sobre a floresta amazônica, lembra-nos o advogado que já no ano de 1850 o governo norte-americano suscitou a ideia de criar uma região (na Amazônia) como colônia para onde seriam enviados cerca de dois milhões de negros alforriados. Foi a Guerra da Secessão que atrapalhou os planos do governo dos EUA. E, de toda sorte, os negros americanos se recusaram a deixar os Estados Unidos para habitarem uma região remota, inóspita e desconhecida, observam historiadores.
Desculpe não comentar a postagem, mas fiquei tão chocada com tudo isso que tinha que escrever aqui sobre o fato!

Joelma disse...

Fiquei de voltar e cá estou euzinha de volta.
Olha, nesta postagem o Professor Jorge Vital de Brito Moreira aborda uma das mais polêmicas questões dos tempos atuais.
A verdade é que os EUA e Israel têm uma aliança (macabra) em deter o desenvolvimento das populações arábicas, estas sim, as legítimas donas do pedaço. E não há racismo ou qualquer outro tipo de preconceito quando afirmo isto! Os hebreus abandonaram a região e espalharam-se mundo afora até o surgimento do Sionismo, fundado pelo austríaco Theodor Herzl em finais do século XIX, que ganhara força após o famoso "caso Dreyfus".
Mas a realidade é que a fundação do Estado Judáico só foi possível graças à revolução no Egito e a ascensão de Nasser ao poder.
E aí entram os Estados Unidos. Por que? Guerra Fria meu nêgo! Gamal Abdel Nasser era superligado à URSS, que na época financiava a construção da represa de Assuã. E foi ele (Nasser) quem nacionalizou o Canal de Suez.
A aliança entre os EUA e Israel surgiu assim como um freio à influência "comunista" no Oriente Médio!
Agora, Obama... este foi o maior enganador da história recente dos EUA. Puro marketing, o agora quase ex-presidente apenas representou tudo o que não era. Uma espécie de "sim, nós podemos... enganar" (risos)