domingo, 12 de novembro de 2017

Pensatas de Domingo. Temer, Lava Jato e o golpe na Polícia Federal


O presidente Michel Temer nomeou o delegado Fernando Segóvia como o novo diretor-geral da Polícia Federal para o lugar de Leandro Daiello. O nome é uma escolha do Palácio do Planalto. Ao Ministério da Justiça, a quem a Polícia Federal é subordinada, coube apenas a confirmação.

Torquato Jardim é amigo pessoal do presidente há mais de 30 anos, mas, nesse caso, Michel Temer preferiu ouvir outros aliados e desconsiderou a indicação de Torquato, que sugeriu o nome do delegado Rogério Galloro, o número dois na hierarquia da Polícia Federal. Em nota, o ministério comunicou que o presidente Michel Temer escolheu nomear o delegado Fernando Segóvia como novo diretor-geral da Polícia Federal. O ministro da Justiça expressou ao delegado Leandro Daiello seu agradecimento pessoal e institucional “pela competente e admirável administração da Polícia Federal nos últimos seis anos e dez meses”.

Interlocutores que acompanharam as negociações confirmaram que Temer escolheu Segóvia por indicação do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, do ex-deputado e atual ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes e do ex-senador José Sarney. Padilha é alvo de três inquéritos no Supremo, dois ligados à Lava Jato por suposto recebimento de propina delatado por executivos da Odebrecht.  Sarney é alvo de dois inquéritos ligados à Lava Jato.

Reservadamente, delegados dizem que Segóvia é ligado ao grupo político de José Sarney e que a aproximação ocorreu quando ele foi superintendente da Polícia Federal no Maranhão, em 2008. No sábado (4), o aliado Sarney esteve com Temer no Palácio do Jaburu. Aliados do presidente vinham pressionando pela mudança na direção da PF. Torquato Jardim chegou a dar declarações em setembro para confirmar que o delegado Leandro Daiello estava mantido no cargo, mas não dizia até quando. O ministro perdeu força na indicação após a repercussão negativa das declarações de que o governo do Rio, também do PMDB de Temer, não controla a Polícia Militar e que o comando da corporação estaria associado ao crime organizado.

Nesta quarta-feira (8), o ministro da Justiça levou o delegado Fernando Segóvia para um encontro com Temer, quando o convite a Segóvia foi oficializado. Internamente, a troca do comando da PF já era esperada após a votação da segunda denúncia contra o presidente, barrada pela Câmara. De forma reservada, delegados reagiram com surpresa ao nome do novo diretor-geral. Achavam que ele não era o mais cotado e disseram que a escolha sinaliza uma mudança brusca no grupo que atuará na cúpula da PF. Segóvia não é ligado ao antecessor, Leandro Daiello. A mudança no comando da PF foi assunto no Congresso. O senador Randolfe Rodrigues, da Rede, viu a troca com desconfiança. “Eu espero que ele dê continuidade ao trabalho do seu antecessor. Continue apoiando indistintamente todas as ações, notadamente da Operação Lava Jato e de outras operações, que são um marco importante no combate à corrupção no país. À essa altura, uma mudança de comando na Polícia Federal, eu considero temerosa e eu considero que pode ameaçar a autonomia da atuação da Polícia Federal”, disse o senador.   

Ao que tudo indica, a desconfiança de Randolfo procede... e este é mais um golpe do sinistro Michel Temer!


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