quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A “namoradinha da América”. Lembra?


O pós II Guerra Mundial foi marcado por uma política bastante agressiva e/ou tática dos Estados Unidos em função da guerra fria e da necessidade de consolidar o american way of life como padrão e modelo ideal para o mundo, em função do avanço da URSS, principalmente na Europa e na Ásia.
E claro que Hollywood seria importantíssima nesta estratégia. O Starsystem, afinal, era uma forma eficiente para influenciar pessoas ao redor do mundo. E uma de suas faces mais evidentes era a beleza de suas estrelas, como Clark Gable, Rita Hayworth, Gary Cooper, Lana Turner, etc., sempre brancas e carismáticas.
Os anos 1950 foram o berçário para uma nova geração de stars como Marilyn Monroe, James Dean, Elisabeth Taylor, Marlon Brandon ou... Doris Day: a “inocentinha namoradinha da América”.
Assisti muitos filmes de Doris Day nos idos dos anos 1950/60. Ela era apaixonante com aquele olhar translúcido e inocente, com o seu jeitinho de eterna namorada.
Conhecida pelo sorriso permanente nos lábios, a vida de Doris Day foi repleta de desafios. Sua paixão inicial era o balé, porém, após um grave acidente aos 13 anos, quando o carro em que estava chocou-se contra um trem, ela teve que abandonar o sonho de infância e tentar a carreira de cantora. Com sua voz e carisma, acabou tornando-se uma das mais brilhantes estrelas de Hollywood entre os anos 1950 e 1960, conhecida durante décadas como "a namoradinha da América", pelo seu jeito ao mesmo tempo sexy e ingênuo em mais de 40 filmes.
Em 24 de janeiro de 1948, já circulavam aqui no Brasil pelas revistinhas de fofocas de cinema, notícias como: “Doris Day, cujo romance com Jack Carson está de vento em popa, trabalha no seu próximo filme Two guys from the Mountles ”. Também no mesmo ano, ela era destaque numa foto especial para a imprensa, como "uma cantora de rádio e 'night clubs' de Nova York, que começa a fazer muito sucesso no cinema", ao apresentar um vestido para o verão... e blá, blá, blá.
Ela nasceu no dia 3 de abril de 1924 em Cincinnati, Ohio. Na infância, aos 10 anos, Doris Mary Ann von Kappelhoff descobriu que o pai, professor de piano, estava tendo um caso com a mãe de sua melhor amiga. “Isto acabou com minha carreira de bailarina, sonhada com carinho desde que comecei a estudar dança...” disse em sua biografia, “Doris Day - Her own story”, escrita por Aaron E. Hotchner:
Seu primeiro disco, “Sentimental Journey”, foi gravado com a orquestra Les Brown, em 1944, com a qual iniciou sua carreira, aos 16 anos, e onde conheceu Al Jordan, que se tornou seu primeiro marido. Paralelamente à música, fez algumas participações em filmes menos importantes, até o lançamento de "Rouxinol da Broadway" (1951), no qual canta a música-tema numa sequência antológica, além de mostrar seu talento como dançarina.
Entre os anos 1950 e 1960, a atriz estrelou filmes como "Ardida Como Pimenta" (1953), "Ama-me ou Esqueça-me" (1955), "O Homem Que Sabia Demais" (1957), "Confidências à Meia-noite" (1959) e "Onde Estavas Quando as Luzes se Apagaram" (1968). E também gravou mais de 200 músicas, entre elas clássicos como “Sentimental Journey” ou “Love Me or Leave Me”.
A alegria à frente das câmeras escondia histórias difíceis, que só seriam reveladas décadas depois, como o fato de que seu primeiro marido Al Jordan era um psicopata, que a ameaçava de revólver em punho, ou a tentativa de estupro de seu agente e amigo Al Levy, que foi substituído por Martin Melcher, com quem acabou se casando em 1951. Antes desse casamento, Doris namorou alguns atores, como Ronald Reagan, com quem atuou em dois filmes, e que depois se tornou presidente dos EUA, entre 1981 e 1989.
Doris fez inúmeras comédias ao lado de Rock Hudson, Jack Lemmon, Tony Randall, Clark Gable, Cary Grant, David Niven, Rex Harrison, entre outros. Melcher cuidava das finanças da estrela, investindo seus cachês milionários em projetos que fracassaram, como campos petrolíferos que não tinham petróleo e cadeias de hotéis que faliram.
Com a morte de Melcher, em 1968, ela descobriu não só que os 20 milhões que tinha ganho durante “meses inteiros acordando às 5h, trabalhando o dia todo e indo para a cama às 9h da noite” haviam desaparecido, como tambem que teria que pagar uma dívida de quase meio milhão de dólares, fruto de declarações falsas de Imposto de Renda entre 1953 e 1957.
Em 2004, após a morte do filho Terry Melcher, a estrela, que havia abandonado a carreira em 1968, tornou-se reclusa, passando a se dedicar à proteção dos animais e à Doris Day Pet Foundation.


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