domingo, 31 de julho de 2011

Pensatas de domingo


O pensador Antônio Cândido
Impressionante o nível de inconsequência da política tradicional nos EUA, onde, aliás, a “politicagem” mais grosseira sobrepõe-se às necessidades. Na realidade não creio que o “acordo” seja impossível de ser alcançado, haja vista que somente no governo Bush o teto da dívida pública foi elevado várias vezes. O que se passa é uma queda de braço entre a extrema direita tendo por trás, de um lado a ala comandada pelos republicanos, com apoio do Tea Party e de outro as correntes mais ligadas aos democratas, que na verdade são farinha de um mesmo saco a tentar testar as suas forças. Mas a verdade é que o que se passa deixa marcas profundas na economia interna e mundial, uma arma de dois gumes que mostra, antes de tudo a fragilidade do próprio capitalismo.

Por terras tupiniquins, o escândalo do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes) já derrubou mais de 20 diretores numa orgia de corrupção que envolveu o PR (Partido da República).

A morte de Amy Winehouse fez com que, por curiosidade eu conhecesse alguma coisa de seu trabalho, até então completamente estranho para mim. Senti uma abordagem explícita à problemática das drogas como esta se apresenta no mundo de hoje. A letra de Rehab é clara em relação a isso, mostrando uma realidade crua e dolorosa neste dramático universo “pós moderno” em que vivemos.

Ollanta Humala, o recém empossado presidente do Perú, pronunciou o seu juramento perante a constituição de 1979, recusando-se a fazê-lo sobre a de 1993, alterada por Alberto Fujimori. Segundo ele, a constituição anterior é de uma inspiração democrática.

“(...) Conversando com um antigo aluno meu, que é um rapaz rico, industrial, ele disse: ‘o senhor não pode negar que o capitalismo tem uma face humana’. O capitalismo não tem face humana nenhuma. O capitalismo é baseado na mais valia e no exército de reserva, como Marx definiu. É preciso ter sempre miseráveis para tirar o excesso que o capital precisar. E a mais valia não tem limite. Marx diz na ‘Ideologia Alemã’: as necessidades humanas são cumulativas e irreversíveis. Quando você anda descalço, você anda descalço. Quando você descobre a sandália, não quer mais andar descalço. Quando descobre o sapato, não quer mais a sandália. Quando descobre a meia, quer sapato com meia e por aí não tem mais fim. E o capitalismo está baseado nisso. O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo. O socialismo só não deu certo na Rússia...” Antônio Cândido em entrevista ao jornal “Brasil de Fato”.

E finalmente poderá surgir o Estado Palestino...

2 comentários:

André Setaro disse...

Estava sem acessar este blog, instrumento do pensamento, porque, quando aqui vinha, de táxi, encontrava-o aberto, mas sem nenhuma novidade, nenhum 'post' recente. É como alguém que chega a um restaurante e não encontra comida. É como se alguém chega a um 'pub' e não encontra bebida.

Seus comentários, na 'pensatas' dominical de ontem, 31 de julho, são pertinentes. A morte de Amy Winehouse, que somente a conhecia de nome e de chapéu, fez-me escutar algumas de suas canções. Não gosto do chamado rock, talvez por ignorância. Detesto quando vou a uma festa (e quase não vou nos últimos tempos) e encontro, sempre, um barulho infernal com aquelas caixas enormes de som. Para o bem ou para o mal, concordo com Ruy Castro: "O rock é a AIDS da música;"

O Alzheimer ainda não chegou perto de Antonio Cândido, quando ele diz:
"Marx diz na ‘Ideologia Alemã’: as necessidades humanas são cumulativas e irreversíveis. Quando você anda descalço, você anda descalço. Quando você descobre a sandália, não quer mais andar descalço. Quando descobre o sapato, não quer mais a sandália. Quando descobre a meia, quer sapato com meia e por aí não tem mais fim. E o capitalismo está baseado nisso. O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo. O socialismo só não deu certo na Rússia...” Antônio Cândido em entrevista ao jornal “Brasil de Fato”.

Jonga Olivieri disse...

Como costumamos conversar, ao não manter uma frequência nas publicações os leitores perdem o hábito de lê-los...