terça-feira, 23 de agosto de 2011

Por que?

O que motivou os Estados Unidos e países da Europa –por intermédio da OTAN– atacarem a Líbia e tornar possível aos opositores de Kadafi a vitória da guerra civil naquele país? O certo é que sem este apoio ostensivo os insurgentes não teriam obtido sucesso, pois já em março deste ano, um mês após o início da revolta, as tropas do governo líbio se encontravam à portas de Benghasi, o centro nevrálgico do poder das forças de oposição.

A verdade é que além dos bombardeios massivos à capital, os países ocidentais alimentaram os opositores a Kadafi com uma grande quantidade de armas modernas e pesadas, tornando viável o seu sucesso.

Por outro lado, me pergunto: por que a mesma aliança não atacou a Síria e seu cruel ditador Bashar Al Assad? Ou por que as mesmas nunca centraram seus bombardeios em outros países do mundo árabe (como o Egito) quando de levantes populares recentes? Pelo contrário, depois de meses de silêncio, por intermédio do Conselho de Segurança da ONU os EUA e seus parceiros da União Européia, estão assumindo tímidas medidas diplomáticas quando se tornou insustentável a indiferença em relação ao conflito sírio.

Ao tomar o poder em 1969, quando depôs o rei Idris I, Kadafi envolveu-se em posicionamentos políticos contrários aos interesses imperiais, principalmente no tocante à livre exploração do petróleo líbio pelos EUA e sua oposição ao domínio racista e xenófobo de Israel na região. Nesta ocasião, baniu a prostituição e os jogos de azar, instituindo uma “moral” islâmica no país e também pondo fim às bases estadunidenses e inglesas em solo líbio.

Nos anos 1980, Tripoli chegou a ser bombardeada por caças estadunidenses, devido aos apoios de Kadafi aos movimentos islâmicos no mundo árabe, mas com o passar dos anos, fruto de diversos acordos econômicos e políticos, o ditador retrocedeu e caiu nas graças das potências, que hoje voltaram a se opor a ele.

Não me proponho a defender Kadafi, um ditador autocrático aos moldes clássicos de tantos outros do século 20, apesar de que são comprovadas algumas de suas ações em prol da população nas áreas de educação, moradia e do combate à miséria. No entanto esta minha postagem se destina a perguntar por que medidas semelhantes não foram tomadas pelos EUA e OTAN contra os governos de outras ditaduras da região, que nem isso fizeram pelo seu povo?

Claro que essas outras ditaduras –tanto a do Egito quanto a da Síria– sempre foram táticas na defesa em torno de Israel, que é hoje uma potência nuclear detendo o monopólio da fabricação e estocagem de bombas atômicas na região.

Na atualidade as atenções de Israel (e dos EUA) centram-se contra o Irã, os temores e pesadelos do surgimento de armamentos do gênero, mesmo que ainda não comprovados. Mas fiquem certos de que no dia em que forem tiradas as dúvidas, também haverá um ataque em massa contra aquele país.

Porque não existem mais dúvidas quanto ao porque das coisas...

6 comentários:

Mário disse...

Você disse tudo!
Estava lendo hoje que Gadafi (o nome dele tem tantas formas de se escrever) estava fazendo obras de saneamento em Bengasi. E também sobre o que fez no plano social para a população local.
Mas é o tal caso, este tipo de governo "pernonalista" está chegando aos fim. O que não quer dizer que seus oponentes tenham razão, ou estejam defendendo algo de progressista.
Pelo contrário. Forma apoiadíssimos pelos paises da OTAN que parece estão até ajudnado com suas tropas em terra.
Fica claro que os apoios que vieram são da direita. Contradições da história!

André Setaro disse...

É, realmente, uma pergunta que não quer calar:

"Não me proponho a defender Kadafi, um ditador autocrático aos moldes clássicos de tantos outros do século 20, apesar de que são comprovadas algumas de suas ações em prol da população nas áreas de educação, moradia e do combate à miséria. No entanto esta minha postagem se destina a perguntar por que medidas semelhantes não foram tomadas pelos EUA e OTAN contra os governos de outras ditaduras da região, que nem isso fizeram pelo seu povo?"

Jonga Olivieri disse...

Sim, André. Os interesses do império e seus parceiros são muito grandes na Líbia.
Apesar de Kadafi ter aberto as pernas em vários pontos eles não se esqueceram dos tempos em que ele se opôs e foi oposição a eles, coisa que não era mais,

Jonga Olivieri disse...

Sem dúvida, Mário, o ditador personalista(o caudilho) está meio "demodê"...
E o apoio militar da Otan foi descarado e assumido.

Anônimo disse...

O governo Lula e Dilma caminha para a mesma degeneração do Kadaf, esse governos começam representando o anseio popular de mudança. Daí quando se estabelecem, criam raizes no antigo regime, através de alianças expúrias, e daí para a derrocada é um passo, hoje o povo já se sentindo orfão de novo, os aposentados, são extorquidos, os altos impostos ao invés do social, engordam a conta daqueles que estão na base aliada, as mudanças na sociedade são adiadas, e o caos na administração volta a fazer o povo se sentir de novo na estaca zero. Daí para este barril de pólvora explodir...é só uma fagulha, tudo outra vez.

Jonga Olivieri disse...

Anônimo, concordo em muitas de suas críticas a Dilma & Lula. A politicagem toma conta deste país em todos os níveis e esferas, do governo à oposição...
Mas creio não haver nada entre a Líbia e o Brasil. São contextos e histórias diferentes a não ser quanto a serem ambos do Terceiro Mundo. Outra coisa, quem ganhou a guerra na Líbia foram os estadunidenses e a UE com ataques em massa com mísseis e aviões aos alvos de Kadafi. Que aliás, ainda continuam. É só ler nos jornais de hoje o apelo dos revoltosos a favor de uma intervenção maior agora nos locais onde se desconfia estar o ditador.
Mas, vê se da próxima vez se apresenta e não fica tão anônimo!