domingo, 8 de janeiro de 2012

Pensatas de domingo. Criatividade com simplicidade. Capítulo/Paulinho Costa



Publiquei esta postagem no meu blogue “Casos” da Propaganda em 02/12/2011. No entanto, sinto necessidade de republicá-lo aqui em defesa de seu autor, meu grande amigo --infelizmente falecido-- Paulinho Costa, pois circula por aí que oportunistas reivindicam exclusivamente para si a autoria; excluindo e/ou omitindo o nome de Paulinho das fichas técnicas. Conversando outro dia com sua viúva, ela confirmou esses rumores.

O jingle reproduzido acima foi criado para o (hoje extinto) Banco Nacional. E foi um grande sucesso. Durante muitos anos marcou a presença daquela instituição nas casas dos telespectadores durante as festas natalinas. E existe um grande recall dele até hoje.
Aliás, o criativo que o bolou, foi um dos melhores e mais competentes do Brasil em todos os tempos. No entanto conheci poucas pessoas tão discretas quanto Paulo Cezar Costa, o Paulinho Costa, ou simplesmente Paulinho para os mais chegados.
A começar pela razão (muito rara) de ter tido apenas três empregos em cerca de 40 anos de sua trajetória na publicidade: a JMM, a McCann-Erickson e a VS. Enquanto a gente pulava de emprego em emprego numa época em que as propostas choviam em “nossa horta”, Paulinho ficava quieto no seu canto... Criando, criando e criando. Sempre criando! Era desses de madrugar na agência...
Na JMM, para alem de tantas outras peças como esta marcante do Banco Nacional, ainda foi a imagem do “Retrato do dono” (1) inserido no cartão do banco. Dali foi para a McCann, onde, como Diretor de Criação foi o autor da frase “Coca Cola é isso aí”, que simplesmente rodou o mundo todo, traduzido para dezenas de línguas. E esta frase foi uma das que mais marcaram ao longo da comunicação daquele produto.
Foi um dos primeiros a chegar na VS, lá pelos idos de 1982... E um dos últimos a sair quando a casa fechou as portas em 2006. Mas ali deixou o slogan da Veja: “Indispensável”, um dos melhores e mais simples conceitos criativos que jamais conheci. Fiz parceria com Paulinho durante mais de cinco anos e sei do seu valor. Quando o Caio Domingues faleceu ele, sacou um título memorável (reprodução ao lado) que eu tive a honra de leiautar. A propósito, Caio era conhecido pelo seu temperamento cordial, finíssima educação e bondade..
É bom que se conheça um pouco da história de um dos maiores criativos (embora completamente low profile) da publicidade deste país.

1. Quando o Banco Nacional lançou o seu cartão, o particularizou como o único com o retrato do correntista que ajudava a identificar seu proprietário e o slogan: “O cartão com retrato do dono”. Pois bem, imagem era do Paulinho.

8 comentários:

André Setaro disse...

A morte, implacável, leva os talentos sempre indiferente à dor dos que aqui ficam. Aliás, a Implacável, como bem mostrou Ingmar Bergmam em "O sétimo selo" ("Det sjunde inseglet", 1957), não tem dó nem piedade com a miséria da existência.

O 'jingle' é muito bom e ajuda a dar um "tônus" ao começo de um domingo melancólico - todo domingo é melancólico. Lembro-me que "Tia Ethan" tinha um cartão do Banco Nacional com sua foto. Na época, uma novidade.

Anônimo disse...

Como tem filho da puta neste mundo.ô mmeu Deus!!!!!
Quem são esses que se aproveitam da ausência do autor para usurpar o seu trabalho e a sua autoria?
Isto tem mesmo que ser divulgado pela internet. E deveria ser por outros meios também.
Trata-se de "apropriação indébita".
Vai fundo! Levante a lebre, "Acuse". Afinal Emile Zola conseguiu algo bem mais difícil no Caso Dreyfus. Este é apenas contra ladrõezinhos vulgares...
L.P.

Jonga Olivieri disse...

Brilhante a citação. Aquela fria partida de xadrez entre um reles mortal e seu "tenebroso" algoz em "O Sétimo Selo", que é de uma dramaticidade poucas vezes vista, não só no cinema como em outros meios de expressão artística.
Porque Bergman teve o poder de retratar a vida em seus mais íntimos instantes com a simplicidade de jogar, apenas jogar mesmo o "viver"... Vide Victor Sjöström em "Morangos Silvestres" passeando entre o presente e o passado como num passe de mágica; ou um cochilo qualquer.
No tocante ao 'jingle' que sua mulher e minha amiga garante que ele criou sozinho, do início ao fim criou o "tônus" de tantos natais nos anos 1970/80. A versao aqui reproduzida foi realizada pela MPM, agência que ficou com a conta do Banco Nacional após o 'debacle' do Medeiros*
Adorei "tia Ethan"... hehehe!

(*) Medeiros, o João Moacyr de Medeiros (dono da agência JMM) com quem trabalhei entre 1979 e 1980 atendendo justamente o Banco Nacional, numa 'house agency' chamada "Sinal Propaganda"...

Jonga Olivieri disse...

O pior é que eu sei quem é, caro Luis, mas tenho que ficar caladinho porque, para alem de não ter as provas, o "usurpador" tem força de mídia e é um dos piores carácteres da propaganda carioca! Ou como diria o outro: "... 'cuíca' do Brasil..."
E alem do mais é um "vasilina", um gigolô da pior estirpe!
Apenas levantei a bola... Quem quiser e/ou puder que chute!

Joelma disse...

Tem que ser lançada uma campanha efetiva contra estes usurpadores que se aproveitam da ausência de um autor falecido.

Quem sao?

Onde se escondem?

Como denunciá-los?

Isto não pode correr solto assim!

Jonga Olivieri disse...

É difícil localizar as provas,
mas sei que as há. Vi com meus próprios olhos uma vez na internet e vou procurar...

Mário disse...

E tem-se que fazer justiça.
Se foi o Paulo Cesar Costa quem criou o seu nome tem que constar, certo?
Até porque este comercial é genial.

Jonga Olivieri disse...

Daí eu ter postado isso aqui. Não é como num jornal de grande circulação, mas de qualquer maneira é lido...