domingo, 19 de maio de 2013

Pensatas de domingo, o ouro e as manobras dos EUA


Para os estadunidenses, a hecatombe financeira e econômica pode estar muito próxima. A evidência maior é o esforço conjunto do Federal Reserve e suas instituições financeiras dependentes para atemorizar as pessoas e afastá-las do ouro e da prata baixando os seus preços.
Quando os preços do ouro atingiram os US$1.917,50 por onça em 23 de agosto de 2011, um ganho de mais de US$500 por onça em menos de oito meses, chegando ao clímax de uma ascensão ao longo de uma década, a partir de US$271 no fim de Dezembro de 2000, o Federal Reserve entrou em pânico. Com o dólar/EUA a perder valor tão rapidamente em comparação com o padrão das moedas do mundo, a política do Federal Reserve de imprimir US$1.000.000,00 (um trilhão) anualmente a fim de suportar os deficientes balanços dos bancos e financiar o deficit federal foi posta em perigo. Quem podia acreditar que a taxa de câmbio do dólar em relação a outras divisas quando o valor do dólar estava a entrar em colapso em relação ao ouro e à prata?
O Federal Reserve percebeu que suas compras maciças de títulos a fim de manter altos os seus preços (e portanto baixas as taxas de juros) estavam ameaçadas pela rápida perda do valor do dólar em termos de ouro e prata. O Federal Reserve estava preocupado que grandes possuidores de dólares estadunidenses, como os bancos centrais da China e do Japão e fundos de investimento soberanos de países da OPEP, pudessem somar-se à fuga dos investidores individuais dos US$ dólares, o que acabaria na queda do valor cambial do dólar e portanto no colapso dos títulos dos EUA e dos preços das ações.
As pessoas inteligentes não podiam deixar de ver que o governo dos EUA não podia permitir-se às longas e numerosas guerras que os neoconservadores estavam a engendrar ou a perda da base fiscal e do rendimento dos consumidores devida à perda de milhões de empregos da classe média estadunidense para o benefício dos bônus de executivos e ganhos de capital de acionistas. Eles podiam ver o que estava nas cartas e começaram a deixar o dólar substituindo-o por ouro e prata.
Os bancos centrais são mais lentos para atuar. A Arábia Saudita e os emirados do petróleo estão dependentes da proteção dos Estados Unidos e não querem enraivecer o seu protetor. O Japão é um estado fantoche que é cuidadoso no relacionamento com o seu mestre. A China queria agarrar-se ao mercado consumidor dos EUA, enquanto esse mercado existisse. Foram individuais as fugas do US$ dólar.
Quando o ouro chegou ao topo dos US$1.900, Washington avançou com a história de que o ouro era uma bolha. A grande mídia caiu na linha da propaganda de Washington, reforçando-a. "O ouro parecia um pouquinho borbulhante", declarou a CNN Money em 23 de Agosto de 2011.
O Federal Reserve utilizou os seus dependentes "bancos demasiado grandes para falir" para provocar um curto circuito nos mercados de metais preciosos. Através da venda a descoberto no mercado em papel de barras de ouro contra a elevação da procura pela posse física, o Federal Reserve foi capaz de rebaixar o preço do ouro para US$1.750 e mantê-lo mais ou menos coberto até recentemente, quando um esforço conjunto em 2/3 de Abril de 2013, reduziu o ouro para US$1.557 e o da prata, a qual havia-se aproximado dos US$50 por onça em 2011, para US$27.
O Federal Reserve começou o seu assalto ao ouro em, 1º de Abril (Dia da Mentira), enviando a conversa a casas corretoras, as quais rapidamente transmitiram aos clientes, de que hedge founds e outros grandes investidores estavam em vias de descarregar suas posições em ouro e que os clientes deveriam sair do mercado de metal precioso antes destas vendas. Como esta informação interna era a própria estratégia do governo, indivíduos não podem atuar de acordo com ela. Com esta operação, o Federal Reserve, uma entidade totalmente corrupta, foi capaz de combinar fuga individual com fuga institucional. Os preços das barras levaram uma grande pancada e a teimosia afastou-se dos mercados de ouro e prata. O fluxo de dólares para as barras, o qual ameaçava tornar-se uma torrente, foi travado.
Por enquanto parece que o Federal Reserve teve êxito em criar receios entre estadunidenses acerca das virtudes do ouro e da prata e, portanto, estendeu o tempo em que pode imprimir dinheiro para manter o castelo de cartas em pé. Este tempo pode ser curto ou pode perdurar uns dois a três anos.
Contudo, para os russos e chineses, cujos bancos centrais teem mais dólares que eles alguma vez quiseram, para os 1,3 mil milhões de indianos na Índia, o preço baixo do ouro que o Federal Reserve engendrou é uma oportunidade. Eles veem como uma prenda a oportunidade que o Federal Reserve lhes deu para comprar ouro a US$350-US$400 por onça a menos de dois anos atrás.
O ataque do Federal Reserve ao ouro em barra é um ato de desespero que, quando for amplamente reconhecido, condenará a sua política.
O movimento orquestrado contra o ouro e a prata é para proteger o valor cambial do US$ dólar. Se o ouro não fosse uma ameaça, o governo não estaria a atacá-lo.
O Federal Reserve está criando US$1 milhão de milhões de novos dólares por ano, mas o mundo está a afastar-se da utilização do dólar para pagamentos internacionais e, portanto, como divisa de reserva. O resultado é um aumento na oferta e uma diminuição na procura. Isto significa uma queda no valor cambial do dólar, inflação interna com o aumento dos preços de importação, uma ascensão na taxa de juro e colapso nos mercados de títulos, ações e imóveis.
A orquestração do Federal Reserve contra o ouro não pode ter êxito no final das contas. Ela é concebida para ganhar tempo para o Federal Reserve poder continuar a financiar o deficit do orçamento federal através da emissão de moeda e também para manter taxas de juro baixas e preços da dívida altos a fim de suportar os balanços dos bancos.
Quando o Federal Reserve já não puder mais emitir devido ao declínio do dólar, o qual a emissão agravaria, depósitos em bancos estadunidenses e pensões poderiam ser sequestrados a fim de financiar o déficit do orçamento federal por mais uns dois anos. Ou seja o que for necessário para protelar a catástrofe final.
A manipulação do mercado de ouro é ilegal, mas o governo dos EUA está fazendo isso de modo a que a lei não seja aplicada.
Pelos seus ataques óbvios e concertados ao ouro e à prata, o governo dos EUA não poderia dar qualquer advertência melhor de que perturbações estão a aproximar-se. Os valores do dólar e de ativos financeiros denominados em dólares estão em dúvida.
Aqueles que acreditam no governo ianque e aqueles que acreditam em desregulamentação irão se demonstrar igualmente errados. Os Estados Unidos passaram do seu limite. Em no máximo 20 anos serão um país do terceiro mundo. Já passamos da metade do caminho.

2 comentários:

Joelma disse...

Informações e detalhes que valem ouro!

Mário disse...

Gostei do final da sua postagem.
Ben S. Bernanke é que talvez não goste!