domingo, 5 de maio de 2013

Pensatas de domingo... Venezuela e distribuição de renda nos EUA

A insistência da oposição venezuelana em não aceitar a vitória de Nicolás Maduro está respaldada pelos EUA e sua política explícita em (tambem) não reconhecer o resultado das eleições naquele país, enquanto os votos não forem recontados.
Henrique Capriles Radonski (1) se esqueceu que nas eleições regionais de 16 de dezembro de 2012, foi reconduzido ao cargo de governador do estado de Miranda com apertado resultado de 51,86% dos votos, vencendo por uma pequena diferença percentual o seu adversário...
Na realidade, Maduro venceu por uma pequena diferença de votos. Na realidade, Maduro não tem a força e o carisma de Chávez. Para falar sinceramente, Maduro escorregou em sua campanha, ao apelar para uma “mística” que o levou a uma posição um tanto quanto delicada. Mas, verdadeiramente, a oposição representada por Capriles é golpista e direitista; extremamente direitista...
Em recente entrevista a Le Monde, no entanto, Maduro expressou de forma muito clara a situação venezuelana com as palavras abaixo:
“(...) Respeito. Respeito pela América Latina. Eles não nos respeitam. É uma história antiga. Existem duas doutrinas. A doutrina Monroe, que dizia: "A América para os americanos", ou seja, para os Estados Unidos da América. E a de Simón Bolívar, que dizia: "A união da América outrora colônia da Espanha". São duas doutrinas, uma imperial, a outra de libertação. Existe nos Estados Unidos um grupo ultraconservador e terrorista. Pesquisem sobre Roger Noriega, John Negroponte, Otto Reich... Todos esses homens estão por trás de planos de desestabilização violenta da Venezuela. Às vezes o governo americano exerce um certo controle sobre esses grupos, às vezes ele os deixa agirem. Os Estados Unidos são governados por um aparelho militar-industrial, midiático e financeiro. Obama sorri, mas mesmo assim ele bombardeia. Ele só passa uma imagem diferente da de Bush. Nesse sentido, ele serve mais aos interesses de dominação mundial dos Estados Unidos. Acabamos de despachar um novo encarregado de negócios [para Washington]. Estamos dispostos a avançar na direção de uma relação que possa ser positiva. Veremos...” 


O patrimônio líquido das famílias estadunidenses (diferença entre o valor dos bens e as dívidas) aumentou, em média, 14% de 2009 a 2011, passando de US$ 35,2 trilhões para US$ 40,2 trilhões, o que poderia dar a entender que a maior parte da população do país está recuperando o padrão de vida perdido na crise de 2008.
No entanto, um estudo da Pew Research mostra que essa recuperação abrange apenas os 7% mais ricos, ou seja, as oito milhões de famílias com patrimônio líquido superior a US$ 836 mil. O valor médio das posses desse grupo aumentou 28% no período, passando de US$ 2,5 milhões para US$ 3,2 milhões. Já o restante da população – 111 milhões de famílias, que são 93% do total – viu seu patrimônio líquido diminuir em 4% desde 2009. Em média, esses lares possuíam bens no valor de US$ 140 mil em 2009. Hoje, eles têm US$ 134 mil. Como consequência dessa variação, houve aumento da desigualdade econômica nos EUA. Os 7% mais ricos eram donos de 56% do patrimônio líquido do total das famílias em 2009. Dois anos depois, essa proporção pulou para 63%.
   
   1. A família Capriles controla o diário “Últimas Notícias”, de grande difusão nacional, o jornal esportivo “Líder” e cadeias de rádios e um canal de televisão). Alem do mais, Capriles, que começou sua vida política no partido de direita COPEI, foi um dos organizadores do reacionário movimento ligado à igreja: “Tradição, Família, Propriedade” (TFP) na Venezuela.
 
 

2 comentários:

André Setaro disse...

Excelente, como de hábito, a sua análise do processo venezuelano.

Misael disse...

Muito boa esta “pensata” em que você comenta a situação na Venezuela e ao mesmo tempo, o padrão de vida da classe média nos EUA.