terça-feira, 18 de junho de 2013

Outono Brasileiro... Ou como entramos no Século 21


Multidão na Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro

As manifestações populares no Brasil, principalmente as ocorridas no dia 17 de junho em quase todas as capitais do país, demonstraram e ampliaram o nível das reivindicações das massas, transcendendo o motivo inicial dos aumentos nas tarifas dos transportes públicos [1] para um questionamento de toda a sociedade brasileira, a não presença do Estado (principalmente no tocante à saúde e educação públicas) e em protesto à corrupção na política e aos gastos excessivos com a Copa das Confederações e do Mundo... Somente a Arena de Brasília custou mais de um bilhão e meio de reais.
Havia uma faixa carregada em São Paulo em que se lia: “desculpem o transtorno, mas estamos mudando o Brasil”. O que isto significa? Simplesmente que o povo brasileiro está consciente de seu papel nas mudanças necessárias ao país.
Neste histórico dia 17, acontecimentos reunindo centenas de milhares de pessoas [2] sucederam-se em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Fortaleza... E muitas outras capitais brasileiras. Os protestos de São Paulo, em seu quinto dia, também mostraram que houve a adesão de outros setores da sociedade. Não mais apenas estudantes, ativistas e militantes políticos estavam nas ruas, mas houve testemunhos de pessoas que resolveram participar do protesto atraídas pela divulgação e pelos comentários nas redes sociais.
E o mais impressionante: ao redor do mundo, um movimento chamado Democracia Não Tem Fronteiras reuniu em Paris, Valência, Madri, Londres, Lisboa, Berlim, Turim, Coimbra, Porto, Dublin, Barcelona, Munique, La Coruña, Bruxelas, Bolonha, Frankfurt, Hamburg, Boston, Chicago, Nova Iorque, São Francisco, Toronto, Montreal, Cidade do México e Buenos Aires manifestantes em apoio às manifestações no Brasil.
O povo ocupa o Congresso Nacional em Brasília


Não sei se já usaram a expressão “Outono Brasileiro”, mas imediatamente eu batizei este movimento assim, inspirado na “Primavera Árabe”.
Mas é preciso que analisemos este movimento –que ocorre em simultâneo com protestos na Turquia–, bem como a própria “Primavera Árabe” ou o “Ocupar Wall Street” como uma característica do movimento de massas neste Século 21 e a não aceitação da corrupção, podridão e exploração capitalistas. Ressaltando-se que todo esse processo está surgindo literalmente de baixo para cima. Em outras palavras, é o povo se organizando a partir de si mesmo [3].
Manifestação em São Paulo em 17 de junho


É a revolução mundial que finalmente se inicia! São os novos caminhos em busca de uma sociedade mais justa e igualitária!

1. A ocupação da marquise do Congresso em Brasília, os violentos acontecimentos na ALERJ (Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro) e o cerco ao Palácio dos Bandeirantes em São Paulo mostram a extensão e insatisfação do povo brasileiro.

2. No Rio, segundo cálculos, foram 100 mil pessoas. Em São Paulo, 65 mil... E por aí afora!

3. Um dos grandes impulsionadores das manifestações ao redor do mundo, segundo um ativista, é a internet. “Mesmo não estando no Rio, eu posso me conectar com o que está acontecendo ai. E a internet é uma grande ferramenta, no mundo todo. Eu posso conversar com gente da Turquia, dos Estados Unidos, de São Paulo. Tudo isso se refletiu na rápida nacionalização do movimento. E não custa lembrar: não, definitivamente não são só R$ 0,20”...


4 comentários:

Joelma disse...

Ontem foi uma coisa linda!
Fui à avenida Rio Branco e estive na Cinelândia.
E fiquei arrepiada, entusiasmada e confiante na capacidade do povo brasileiro em determinar novos caminhos sem esses partidos políticos tradicionais.
É mesmo o OUTONO BRASILEIRO!!!!

Misael disse...

A onda de protestos que se espalhou por diversas cidades brasileiras nesta segunda-feira foi destaque na imprensa internacional, que, de forma geral, considerou as manifestações pacíficas, com "algumas exceções", como o incêndio registrado na Alerj. Apesar de alguns falarem em insatisfação generalizada, é perceptível que os veículos internacionais vêm encontrando dificuldades para explicar os motivos que estão levando milhares de brasileiros às ruas.
O diário espanhol El País, que dedicou nos últimos dias diversos artigos à discussão sobre o preço da tarifa de transporte nas maiores cidades brasileiras, afirmou que os atos tiveram seu momento mais "valioso" nesta segunda.
O também espanhol, ABC disse que o Brasil "colocou as autoridades à prova" em protestos contra o aumento do transporte, a corrupção, os gastos com a Copa das Confederações e a violência policial.
Sob a manchete "Aumento de nove centavos leva a confrontos nas ruas do Brasil", a CNN Internacional fala que o "pequeno aumento" foi o estopim para protestos por questões muito maiores.
O italiano La Repubblica fala em dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas em todo o Brasil contra o alto custo do transporte públicos e os gastos excessivos da Copa do Mundo de 2014.
O francês Le Monde também cita o mundial de futebol como foco das manifestações, assim como o alto custo de vida.
O argentino La Nación abre sua matéria falando que mais de 200 mil pessoas participaram dos maiores protesto desde o retorno da democracia no país. O artigo cita como causas o mundial de futebol e pedidos de mais educação, saúde e transporte. O periódico ainda chama de "invasão simbólica" a ocupação do terraço do Congresso Nacional, em Brasília.
A inglesa BBC destacou os eventos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, mas não deixou de mencionar incidentes como um estudante baleado durante protesto em Maceió e tumultos em torno do Mineirão, em Belo Horizonte, antes do jogo entre Taiti e Nigéria pela Copa das Confederações.
"O que começou como pequenos protestos pelo aumento de tarifas de transportes rapidamente se tornou um movimento mais amplo, com grupos e indivíduos irados com diversos temas, como o alto custo de vida brasileiro e custosos novos projetos de estádios", escreveu o The New York Times.
"Os protestos (desta segunda) são os mais ressonantes desde o fim da ditadura militar no País, em 1985", analisou o jornal nova-iorquino, que traçou um paralelo com as manifestações realizadas atualmente na Turquia: "(nos dois casos) a população intensificou seus protestos após a ação truculenta de policiais".
O jornal Los Angeles Times dava grande destaque aos protestos em sua versão online nesta manhã, salientando que o que começou com protestos contra o aumento das passagens se espalhou para uma insatisfação generalizada.
O jornal britânico The Guardian ressalta, na reportagem, que a maioria das manifestações começou de forma pacífica, mas ao longo dos protestos, houve enfrentamento entre manifestantes e policiais. O jornal destaca a informação da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, de que Dilma acredita que “os protestos pacíficos são legítimos e adequados”. No texto deste jornal há informações de que os líderes dos protestos usaram as redes sociais, como o Facebook, para chamar os manifestantes para os atos.
O jornal francês Le Monde publicou uma reportagem, em tópicos, destacando as manifestações em Brasília, São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. A violência é ressaltada no texto e nas fotografias de manifestantes feridos. Há, ainda, menção ao jogo do Taiti e da Nigéria, em Belo Horizonte, na Copa das Confederações. O estádio em que ocorreu a partida também foi alvo de protestos.

Anônimo disse...

E Recife. Esqueceu?

Jonga Olivieri disse...

Não esqueci de Recife... Apenas não havia visto ou lido nada sobre os acontecimentos lá até a hora em que postei esta matéria.