Jorge Vital de Brito Moreira
Levantou mal humorado. Desceu as escadas do apartamento para
ir à cozinha fazer café. No andar de baixo viu os jarros de plantas que
bloqueavam as janelas da sala. Aproximou-se para ajeitar um jarro de flores que
ameaçava cair no chão e notou que a base da janela estava suja de areia e de água
que escapavam dos jarros. Voltou a irritar-se.
Lembrou-se que quase não tinha podido dormir a noite anterior por causa
daquelas plantas. Enraiveceu-se ao lembrar-se da atitude da filha.
Enquanto as plantas se debilitavam pelo excesso de água, a
raiva se fortalecia ao lembrar-se da falta de respeito.
O erro
foi ter parido a menina. Foi ter posto a menina no mundo sem ter as mínimas
condições psicológicas para criá-la. O erro da mãe foi deixar que a menina
nascesse para conseguir um matrimônio seguro com ele.
Andava muito zangado. Tinha vontade de dar uma surra na
menina.
Como era
possível que decidisse fazer favores a terceiros sem perguntar nada a ninguém? Como era possível que ela trouxesse as
plantas dos outros para dentro de casa sem sua autorização? Aquilo era o cúmulo!
Paciência tinha limites.
Ter trazido a menina de 14 anos para morar com ele nos Estados
Unidos havia sido um erro terrível. Depois que ela chegou ele perdeu a paz e a
tranquilidade. Tinha de labutar dolorosamente
com ela. Tinha de lutar contra seu egoísmo, sua incompreensão, sua desobediência.
Além de tudo, ela o interrompia constantemente, por qualquer coisa que lhe
ocorresse, por qualquer questão irrisória.
Que filha desorganizada, preguiçosa, irresponsável a que ele
tinha! Não queria estudar, não fazia exercícios
físicos. E para completar não o deixava em paz. A cada momento o interrompia.
Não o deixava fazer o que ele tinha de
fazer. Nem lhe deixava ser o que ele queria ser. O que devia ser. O que era. A
menina o estava enlouquecendo.
Meu
Deus, o que vou fazer com ela?
Despertou mal humorada. Lembrou-se dos jarros de plantas e
voltou a irritar-se e que quase não pôde dormir por causa daquelas plantas.
Enraiveceu-se ao lembrar da atitude do
pai. Enquanto as plantas se debilitavam a raiva se fortalecia ao lembrar da
falta de sensibilidade dele.
Eu
não pedi pra nascer. Que culpa eu tenho
se o sacana do meu pai e a puta da minha mãe me colocaram no mundo sem meu
consentimento? Agora, eles que se fodam! Eu não estou nem ai pra essa conversa
mole de menina irresponsável, preguiçosa,
desorganizada. Falta de respeito uma porra! Ele que se aguente! Quem
mandou me trazer para esse país frio,
feio e desgraçado?
Ela andava enlouquecida. Tinha vontade de colocar veneno na
comida dele.
Só
porque eu trouxe cinco plantas pra dentro do apartamento sem pedir
consentimento, o sacana anda todo revoltado. Anda retado da vida, está a ponto
de me bater, de me dar porrada!
O
sacana do meu pai tem a cabeça dura: não quer entender que eu não podia deixar
de me oferecer para cuidar das plantas da minha amiga. O imbecil não entende que a minha amiga ia sair de férias;
que eu não podia deixar as plantas dela sozinhas, sem oferecer meu cuidado, para morrerem de sede.
Sabe
de uma coisa? Meu pai que se foda, com a raiva dele e tudo. Ele que meta o dedo
no cu e lasque. E mais. Dessa vez, se o sacana me tocar a mão vou botar a boca
no mundo. Vou fazer um escândalo desgraçado; vou gritar, vou chorar, vou despertar todos os vizinhos. Vou forçar a
barra até a policia chegar aqui pra prender o desgraçado; pra botar ele na
prisão. Essa vai ser a minha vingança, o sacana me paga.
Botou
um batom nos lábios e se olhou no espelho de moldura vermelha.
Todo o tempo ele me enche o saco com essa conversa de que
tenho de pedir consentimento para fazer as coisas. Porra! Todo dia ele me torra
a paciência com essa história de que eu deveria estudar, fazer a minha cama,
arrumar o meu quarto. Como se fosse pouco, ele ainda vem com esse papo furado
de que eu não deveria me distrair tanto, que não deveria passar tanto tempo na
frente da televisão, tanto tempo conversando no telefone, blá, blá, blá...
Mas
o pior mesmo é quando a namorada dele se queixa de mim; se queixa de que alguém
usou o sabonete dela, a loção de banho dela,
o perfume dela, sem pedir consentimento.
Nessa hora, o sacana do meu pai toma as dores da namorada e vem, indignado, me reclamar. Diz que eu não tenho direito de usar os
objetos dela sem pedir autorização e bam bam bam caixa de fósforo. É nessa hora
que me dá vontade de colocar estricnina na comida deles e matar os dois de uma
vez por todas.
Retocou
os lábios com o batom vermelho.
Claro que
ele me comprou um sabonete igualzinho ao da namorada. Comprou também uma loção
e um perfume igualzinhos ao dela para que eu parasse de usar as coisas dela. Mas isso não mudou
nem vai mudar nada porque meu prazer está em usar as coisas dela; só para
infernizar a vida dos dois filhos de uma égua.
Deu uma longa espiada no espelho e
sentou-se na cama.
Naquele
dia, depois que ele veio defender a namorada, dizendo que eu não tinha direito
e coisa e tal, fiquei com tanta raiva que decidi me vingar: lavei o sanitário
(outra exigência do sacana) esfregando a escova de dentes dele no chão do
banheiro. É assim que o sacrista me paga! Meu Deus, o que vou fazer com ele?
Nos EUA, a relação entre o pai e a filha deteriorava-se
visivelmente. Era demasiado estressante para ser tolerada por muito tempo. Ele compartilhava
a ideia do filosofo Jean Paul Sartre: o homem é aquele que faz alguma coisa do
que fizeram dele. Assim, tinha consciência de que não nasceu pai de família,
nem pai de criança. Tinha consciência de que era um animal que a repressão da
sociedade tinha formado para atuar de forma
civilizada frente às demandas da mesma. Mas tinha a consciência de que já quase
não podia suportar o comportamento da filha; que isso era exigir demasiado da humanidade
dele. Compreendia que continuar
aguentando a relação com a filha estava acima e além de suas forças; que havia
sido derrotado; que era necessário que ele fizesse alguma coisa urgente para
resolver aquela situação nos EUA, antes que terminasse em tragédia.
Alguns anos antes, quando os pais já
estavam separados, ela veio do Brasil para o México para viver um tempo com o
pai. Gostou tanto da experiência que não queria voltar para o Brasil. No dia de
regressar, ela tratou de rasgar o passaporte para não embarcar no avião.
Quando, anos mais tarde, o pai deixou a cidade do México
para estudar um doutorado no estado de Minnesota, nos EUA, ela vivia no Brasil, junto
à mãe e aos avós. Tinha a idade adequada para concluir seus estudos secundários
porém não conseguiu finalizá-los satisfatoriamente. Por isso, a família materna,
pensando que o pai podia impor disciplina e ordem à menina, mandou-lhe duas
vezes para a América do Norte para morar com o pai e estudar inglês.
Nos EUA, ela tratou
de continuar seus estudos secundários. Da primeira vez, depois de um ano numa
escola americana, voltou ao Brasil, sem gostar do país, sem concluir os estudos
e sem se entender com o pai. Da segunda,
ficou onze meses numa escola estadunidense, mas repetiu tudo que aconteceu na
primeira vez. Apesar dos esforços do pai que pagava a uma psicóloga conselheira
para escutar, ajudar e orientar a menina, ela voltou pro Brasil para continuar
vivendo a mesma vidinha que conhecia antes. Entre outras coisas, a cidade de Salvador
servia para continuar a relação de dependência com a mãe que era dependente dos
avós que acreditavam no espiritismo de Alan Kardec como solução pra os
problemas espirituais e psicológicos da humanidade.
Para o pai esta era a realidade
habitual e lamentável da sua filha: a mãe
era uma pessoa incapacitada para educar a menina de uma forma autônoma e
independente. Sem a educação e os conhecimentos imprescindíveis para entender a
sociedade moderna, a mãe encontrava-se despreparada para enfrentar o
esquizofrênico mundo capitalista. Nesse
contexto, a mãe tinha sido e continuava sendo uma pessoa estruturalmente dependente, sem muita
lucidez e sem autonomia material, espiritual ou psicológica para enfrentar a
criação da menina.
Fora do período em
que a mãe, já separada do pai (com quem estivera casada por quatro anos),
trabalhava numa butique de roupas e vivia no apartamento que o pai tinha dado pra
a filha, a mãe sempre viveu submetida a vontade dos avós: com mais de 45 anos, era
uma mulher que continuava vivendo, comendo e dormindo, na casa deles.
Mesmo com quase todo o ambiente adverso
para obter uma boa educação moderna, a filha tinha concluído os estudos
secundários na Bahia e com destacada inteligência tinha se convertido
orgulhosamente numa professora de inglês para alunos das escolas particulares
de língua inglesa da cidade de Salvador, Bahia, Brasil.
Depois do fracasso de uma relação amorosa que durou dez anos
com um jovem amigo que não queria fazer nada na vida, ela decidiu mudar-se da cidade de Salvador e morar no
estado vizinho de Sergipe onde, tempo depois, decidiu casar-se e viver na
cidade de Aracaju, a capital do Estado. Depois do fracasso de um matrimônio de
quatro anos com um sujeito psicopata e sociopata, ela decidiu divorciar-se e
voltar a ser professora de inglês. Mas depois
do sucessivo fracasso das suas relações afetivas com as pessoas que usavam e
abusavam da sua generosidade, ela caiu numa depressão que durou por mais de um
ano.
Quando saiu da depressão entrou numa
onda maníaca, num distúrbio mental que os psiquiatras atualmente identificam
com o nome “bipolar”, sendo este o mesmo distúrbio que no passado era
identificado com o nome “psicose maníaco depressiva” ou PMD. O distúrbio dela se
manifestava através de uma euforia incontrolável,
da inflação do seu ego, da tirania do ego sobre a realidade, da imitação das
vozes e gestos das cantoras pop que lhe impressionaram; através das intensas
dramatizações de suas fantasias de onipotência que colocavam a sua pessoa sob
perigo de vida. Assim, chegou o momento em
que só foi possível controlar o distúrbio mental através do seu “internamento
numa clinica psiquiátrica” e do uso de muitos remédios, principalmente o
"Depacote".
Naquele tempo, o pai tinha viajado para o Brasil, procurando
ajudá-la. Deixou a esposa e a filha de quatro anos sozinhas nos USA, deixou o
trabalho que tinha, deixou tudo que lhe era importante no país do norte para
tratar de resgatar a filha de 24 anos da doença mental.
Quando chegou ao Brasil, o pai fez o
que podia para ajudar a solucionar a doença: levava a menina quatro dias na
semana às consultas psicológicas com dois especialistas: uma psicanalista
lacaniana e um médico psiquiatra que lhe receitava os remédios. O pai
participou de todas as sessões em que os especialistas solicitaram a sua
presença para interagir com a menina, mesmo que as sessões fossem difíceis,
cheias de tensão, e extremamente dolorosas. Comprava todas os medicamentos pra ela e semanalmente
ele a convidava para comer nos bons restaurantes baianos, além de levá-la nos
fins de semana para passear na Ilha de Itaparica. Dava-lhe roupas, vestidos,
sapatos, Compact Disc Player, compact discs e fazia o quanto podia para
satisfazer quase todos os desejos e necessidades possíveis.
Enquanto o pai esteve em Salvador,
não se lembrava que a menina tivesse sido capaz
de oferecer-lhe nenhum presente: nem um pequeno caramelo, nem uma
simples lembrança. Na linguagem da oração bíblica, o negócio dela foi durante
todo aquele tempo: "venha a nós", mas "ao vosso reino",
porra nenhuma. E no entanto, o pai sabia que aquela alienação era provocada
pela doença mental.
Um ano depois, quando o pai trabalhava
e morava com a nova família no estado de Wisconsin, a menina regressou aos EUA para
viver pela última vez com ele. Como sempre, o pai pagou-lhe a passagem aérea e
todas as despesas relacionadas com a viagem dela para um país estranho.
Quando ela desembarcou em Chicago
começou a demandar uma série de coisas razoáveis e não razoáveis. Quando chegou
ao novo apartamento, comeu, assistiu TV e dormiu. Durante muitos dias, a única
coisa que fazia era comer, assistir TV e dormir.
Antes
da doença era uma menina esbelta, bonita, suave e comunicativa. Agora, mostrava
um rosto inchado, pois tinha engordado muito devido ao uso dos medicamentos
psiquiátricos. Tinha se transformado
numa pessoa quase que inteiramente oral com um discurso que raramente
correspondia à realidade. Tinha a cabeça cheia de mitos e de fantasias esdrúxulas. Usava as palavras que escutava, mas sem saber
com precisão o que elas realmente significavam. Ela era uma máquina desejante
que não tinha a mínima capacidade de criar os meios de realizar os desejos que
tinha.
Diante da janela do apartamento, o pai continuava sofrendo aqueles
desencontros. Estou velho pra cuidar dela. Tem 25 anos e não sabe cuidar
de si mesma: comporta-se como se ainda
tivesse 14 anos.
Muitas vezes, ela era simplesmente insuportável. Era uma
pessoa muito dependente e mal educada: uma figura neurótica, complicada e cheia de desejos e caprichos
tresloucados, totalmente incapaz de
construir ou imaginar os meios para realizar os desejos que tinha.
Vivia sempre a pedir ou a demandar favores solicitando as
coisas das outras pessoas. Às vezes seus desejos eram simplesmente delirantes.
Não sabia agradecer a ninguém, nem dizia obrigado. Atuava sempre como se as
pessoas tivessem a obrigação de prover todas as coisas que ela necessitava sem
ter que retribuir com nada, sem ter que dar nada em troca, sem ter que pagar
preço nenhum. A menina era simplesmente alucinante.
Por muito tempo, ela continuou sendo
um estorvo e apresentava características
que não a ajudavam no convívio com as outras pessoas: mostrava-se
preguiçosa, desleixada e desorganizada.
Tomava as coisas das outras pessoas sem pedir autorização e usava os objetos
alheios mas não devolvia ao lugar de
onde retirava. Ela não lavava os pratos, nem lavava as roupas. Não fazia a
cama, nem se responsabilizava por nada. Era um caos quase total. E ainda por
cima, fumava incontrolavelmente e não limpava os cinzeiros sujos.
Não parecia saber o preço de coisa
nenhuma, nem queria saber. Atuava como uma praga local: onde chegava detonava
tudo sem querer saber quem pagava a conta nem quanto custou nada. A todo
momento estava abrindo o refrigerador do apartamento para devorar tudo o que
tinha dentro.
Assim,
o pai começou a questionar a atitude alienada da menina. Um dia perguntou-lhe
se se sentia deprimida, ela respondeu que não, mas que queria fazer alguma
coisa para perder peso; queria que o pai comprasse Xenical, um remédio para
combater a obesidade. O pai não comprou o remédio porque, devido aos efeitos adversos, estava sendo duramente
questionado pelos órgãos de saúde publica dos EUA. Mas o pai começou a
exigir-lhe um comportamento mais ajustado à realidade. Começou a exigir-lhe
que, além de comer, assistir TV e dormir obsessivamente, ela lavasse os pratos,
limpasse os cinzeiros que sujava, tratasse de fazer alguma atividade
física/mental produtiva.
O pai comprou-lhe logo um cartão de
usuário da piscina da cidade de Neenah e preparou uma bicicleta pra ela fazer exercícios físicos quando o tempo
estivesse favorável lá fora e procurasse deixar de fumar. Durante este período,
o pai tratou de ensinar-lhe a usar o computador.
O pai também descobriu alguns traços perturbadores no
caráter da menina: apresentava traços de uma pessoa mitômana, manipuladora,
mentirosa. O pai se lembrava das mentiras que ela lhe contava. Lembrou-se da
primeira vez que lhe pediu que caminhasse para fazer exercícios, para melhorar
a sua condição física e a sua saúde mental. Nesta ocasião ela dramatizou uma verdadeira impostura. Saiu de casa
fingindo que obedecia ao pedido do pai, dizendo-lhe que ia caminhar na direção
norte até chegar ao viaduto local. No entanto, tomou a direção oposta,
caminhando na direção de uma banca de revistas, onde comprou uma carteira de
cigarros Marlboro. Logo escondeu os cigarros e voltou ao apartamento, fingindo
que tinha caminhado algumas milhas na direção que tinham combinado. Quando o
pai questionou-lhe a direção que tinha tomado, ela disse-lhe, na maior cara de
pau, que tinha feito o percurso que lhe tinha prometido anteriormente.
Mas a filha também era capaz de
manifestar coragem e sinceridade, pois quando o pai esteve com ela pela última vez no
Brasil, a menina confessou-lhe que toda vez que tinha raiva dele nos EUA, para
vingar-se, lavava o chão do banheiro e a louça da privada do apartamento com a
escova de dentes dele.
Antes de voltar para o Brasil, a
menina parecia que tinha progredido de muitas maneiras. Sua aparência física
tinha melhorado e sua saúde mental
também. Ao chegar ao Brasil ela tinha começado a trabalhar numa companhia
soteropolitana como secretária bilíngue e parecia que as coisas para ela
estavam indo bem.
Um
dia, o pai recebeu um telefonema urgente do Brasil. Era sua irmã que lhe comunicava
a trágica noticia: sua filha, recém
chegada dos EUA, tinha falecido algumas horas depois de ter tido fortes
diarreias e dores abdominais por ter ingerido Xenical, o remédio questionado pelos órgãos de
saúde pública dos EUA.
A versão narrativa que o pai escutou ao desembarcar do avião
na cidade do Salvador dizia o seguinte: “quando voltou dos EUA, a menina
começou a trabalhar numa companhia privada como telefonista bilíngue. Com seu
primeiro salário no novo trabalho, pediu à mãe que fosse à farmácia comprar
Xenical, o questionado remédio para combater a sua obesidade”.
Muitas horas depois, diante do
caixão mortuário no Jardim da Saudade, o cemitério do Campo Santo do fim de
linha de Brotas, o pai não parou de chorar a morte da filha inesquecível.
Um comentário:
Caro Jorge, li tua crônica com grande emoção. Muita verdade. Mesmo sem tua autorização inclui-me, de forma oculta, no contudo da "história"relatada. Afinal, os personagens da "peça"fazem parte de episódios da minha e um deles continua sendo ainda. Não preciso te lembrar que no ano de 1974 (?) vivemos juntos, eu, você, B, S, meu filho João Sebastião um breve período em meu apartamento em Salvador
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