Cresci numa época em que certos valores eram bem diversos dos de hoje. De um modo geral o sentido era mesmo inverso. Uma cidade que crescia demais, possuía um grande número de automóveis, espigões rasgando os céus era considerada uma cidade que progredia e avançava rumo ao futuro.
Era o fruto de uma ideologia industrialista que hoje está muito em questão por razões ecológicas, mas, naquele período a grande maioria das pessoas não mensurava quanto ao alto custo a ser pago. Aliás, é importante ressaltar que ainda hoje existe muita gente que ainda pensa da mesma forma.
Mas naquele tempo, menos ainda eram os que se levantavam contra este pensamento, quase que definitivo. Principalmente em países subdesenvolvidos como o nosso, havia uma generalização da ideia de que tínhamos que sair por aí devastando matas e construindo fábricas (fosse lá do que fosse), produzindo mais e mais veículos automotores, rasgando estradas... Enfim, prevalecia a filosofia de que tínhamos que alcançar o patamar de uma “grande nação industrial”.
E não se calculava que ao se retirar da natureza, desfalcavam-se reservas, de que se agredindo o ecosistema tem-se que pagar algum preço por isto.
São Paulo (1) era o orgulho nacional. A capital paulista significava uma locomotiva do desenvolvimento dentro de um país tradicionalmente agrícola. Era a cidade que “mais crescia no mundo”, era a cidade “que não podia parar”, “que nunca dormia”, e blá-blá-blá... E foi crescendo de forma desordenada, um verdadeiro monstro vivo em nossas entranhas.
Paralelamente não se cuidaram de determinados itens fundamentais, como saneamento por exemplo. Num país pobre, gerou um movimento de migrações internas assustador. Todos atrás do “ouro”, da riqueza, do trabalho para se livrar das miseráveis condições de vida em que estavam. A cidade foi sendo ocupada anarquicamente, sua periferia repleta de favelas sem nenhuma condição e infra-estruturas necessárias a este crescimento (2).
Bom, o resultado está aí, evidente e claro. As chuvas que assolaram São Paulo nos últimos 40 dias de forma persistente transformaram a maior cidade do Brasil no pinico do mundo. Ou melhor, no “maior pinico do mundo”. Apenas mais um recorde para suas estatísticas de “maior” isto, “maior” aquilo.
(1) O fato de ser o ápice de toda a distorção não significa que seja a única. Todas as grandes cidades e capitais brasileiras cresceram de forma semelhante a ela, carregando também as contradições urbanas inerentes a este “boom”.
(2) Inclusive no próprio centro urbano, São Paulo carece de algumas necessidades básicas como rede de esgoto adequada, drenagens fluviais, etc.
Era o fruto de uma ideologia industrialista que hoje está muito em questão por razões ecológicas, mas, naquele período a grande maioria das pessoas não mensurava quanto ao alto custo a ser pago. Aliás, é importante ressaltar que ainda hoje existe muita gente que ainda pensa da mesma forma.
Mas naquele tempo, menos ainda eram os que se levantavam contra este pensamento, quase que definitivo. Principalmente em países subdesenvolvidos como o nosso, havia uma generalização da ideia de que tínhamos que sair por aí devastando matas e construindo fábricas (fosse lá do que fosse), produzindo mais e mais veículos automotores, rasgando estradas... Enfim, prevalecia a filosofia de que tínhamos que alcançar o patamar de uma “grande nação industrial”.
E não se calculava que ao se retirar da natureza, desfalcavam-se reservas, de que se agredindo o ecosistema tem-se que pagar algum preço por isto.
São Paulo (1) era o orgulho nacional. A capital paulista significava uma locomotiva do desenvolvimento dentro de um país tradicionalmente agrícola. Era a cidade que “mais crescia no mundo”, era a cidade “que não podia parar”, “que nunca dormia”, e blá-blá-blá... E foi crescendo de forma desordenada, um verdadeiro monstro vivo em nossas entranhas.
Paralelamente não se cuidaram de determinados itens fundamentais, como saneamento por exemplo. Num país pobre, gerou um movimento de migrações internas assustador. Todos atrás do “ouro”, da riqueza, do trabalho para se livrar das miseráveis condições de vida em que estavam. A cidade foi sendo ocupada anarquicamente, sua periferia repleta de favelas sem nenhuma condição e infra-estruturas necessárias a este crescimento (2).
Bom, o resultado está aí, evidente e claro. As chuvas que assolaram São Paulo nos últimos 40 dias de forma persistente transformaram a maior cidade do Brasil no pinico do mundo. Ou melhor, no “maior pinico do mundo”. Apenas mais um recorde para suas estatísticas de “maior” isto, “maior” aquilo.
(1) O fato de ser o ápice de toda a distorção não significa que seja a única. Todas as grandes cidades e capitais brasileiras cresceram de forma semelhante a ela, carregando também as contradições urbanas inerentes a este “boom”.
(2) Inclusive no próprio centro urbano, São Paulo carece de algumas necessidades básicas como rede de esgoto adequada, drenagens fluviais, etc.
6 comentários:
Salvador atualmente sofre do excesso de automóveis nas ruas e a cidade não foi feita para comportar tantos veículos. Toda pessoa, atualmente, tem carro, excetuando-se, claro, os menos aquinhoados pela sorte, mas, mesmo assim...
Nada contra o automóvel. É um excelente meio de locomoção. Mas, com o número cada vez maior de carros nas ruas soteropolitanas, não se pode dizer que é um meio de locomoção, considerando que você, nele, para qualquer ponto que deseje ir, leva no mínimo duas horas para chegar enquanto o ônibus leva meia hora.
Não ter carro, para o baiano, significa perda de 'status'. Já sofri na pele, quando mais jovem, este problema. Há trinta anos atrás, namorava uma garota e a amiga dela, ao saber que não tinha carro, ficou literalmente de boca aberta e disse, em atitude provativa para me humilhar: "Como você pode namorar com uma pessoa que não tem carro?"
O fato de não ter carro é um problema que não cabe digerir neste espaço de pensamentos.
Fora as mudança climáticas acentuadas pela poluição.
Não somente em São paulo mas em todas as grandes cidades, conforme teus comentários.
Não que seja a única fonte delas, mas, sem dúvida um forte motivo.
A questão social do automóvel é complicada.
Mas o carioca não se prende muito ao fato. Conheço muita gente, que tem posses e não tem automóvel preferindo se deslocar de táxi, ou ônibus, ou metrô.
Creio ser um comportamento mais provinciano. Em BH é indispensãvel que se tenha carro... E carro bonito, importado. Uma frescuragem.
As mudanças climáticas, apesar de cíclicas, sem dúvida são agravadas e acentuadas pela poluição de fábricas e número de automóveis mvidos a energia fossil.
É o eterno problema da dialética do SER e da APARÊNCIA.
O fato é este mesmo.
Mas a sociedade de consumo está numa encruzilhada.
O questionamento aos seus valores alcançam hoje cada vez um número maior de pessoas.
Acabar? Talvez ainda demore um tanto, mas acho que a evolução está sendo grande.
Pelo menos o pensamento está a mudar gradativamente. E isto é um bom sinal.
Postar um comentário