O “novo” como conceito mágico do consumo
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Curiosamente o capitalismo tem coisas que deixam a gente a pensar o quão óbvias podem ser, mas tambem o quanto ficam embutidas, quase a fazer com que nos esqueçamos que estão em seu âmago. E, claro, no individualismo e competitividade inerentes ao próprio sistema.
É o caso dos produtos que são renovados sem uma necessidade do consumidor, mas sim por um estímulo provocado pelo próprio fabricante com o apoio de todo a aparato midiático e publicitário do sistema. A palavra mágica é “novo”. Vejamos o mais elementar e notório dos exemplos que é o do automóvel. Sim, o carro que é um dos mais fortes ícones do status e da vaidade.
O consumidor é levado a trocar o seu carro “velho” por um “novo”, que geralmente é pouquíssimo diferente do anterior. A não ser por algum detalhezinho aqui, outro ali... Mas é “novo”, certo? Isso é o que importa. Na verdade o fabricante daquele produto supervaloriza o conceito do “novo”. E grande parte das pessoas o troca pelo simples fato de estar trocando o “velho” e estar atualizado ao adquirir o “novo”. O que os leva à sensação de superioridade em relação ao próximo. Seja o vizinho... Ou o cunhado.
Claro que na maioria dos outros produtos, o consumismo se sustenta pelo mesmo princípio. Assim, ter uma geladeira “nova” torna mais importante uma dona de casa que a exibe como um troféu para as amigas. Ou o fato de ter uma bicicleta “nova” faz o menininho olhar com desdem o seu coleguinha ao lado.
São “necessidades” criadas pelas classes dominantes em relação à aparência e não à necessidade real. Claro que um carro, uma geladeira ou uma bicicleta podem chegar a um ponto que precisem ser trocados. Pelo simples fato de que envelhecendo fiquem defeituosos ou ineficientes. Mas no caso o problema é tão somente a necessidade do capitalista continuar produzindo mais e mais, porque afinal, o lucro não pode cessar. Fatores que se agravaram com o desenvolvimento da sociedade de consumo.
Por esta razão observamos as festas e comemorações que o capital transformou em orgias de consumo desenfreado. Vamos começar pelo Natal, aquela que mais perdeu suas características religiosas iniciais para se tornar numa das maiores demonstrações de consumo em nossos tempos. Mas com o passar dos meses os shoppings e as indústrias não perdem de vista o aumento de suas vendas. Daí vem a Páscoa... Vem o Dia das Mães, vem o Dia Disso ou Daquilo, até que desfechamos no próximo Natal, num ciclo interminável e contínuo de, na maioria das vezes, supérfluos sendo consumidos.
E para alem disso as Liquidações. De Verão, de Inverno, de Queima Total. E por aí uma variedade de outras a tentar o pobre indivíduo, uma vítima indefesa e sujeita a bombardeios constantes de apelos consumistas.
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Curiosamente o capitalismo tem coisas que deixam a gente a pensar o quão óbvias podem ser, mas tambem o quanto ficam embutidas, quase a fazer com que nos esqueçamos que estão em seu âmago. E, claro, no individualismo e competitividade inerentes ao próprio sistema.
É o caso dos produtos que são renovados sem uma necessidade do consumidor, mas sim por um estímulo provocado pelo próprio fabricante com o apoio de todo a aparato midiático e publicitário do sistema. A palavra mágica é “novo”. Vejamos o mais elementar e notório dos exemplos que é o do automóvel. Sim, o carro que é um dos mais fortes ícones do status e da vaidade.
O consumidor é levado a trocar o seu carro “velho” por um “novo”, que geralmente é pouquíssimo diferente do anterior. A não ser por algum detalhezinho aqui, outro ali... Mas é “novo”, certo? Isso é o que importa. Na verdade o fabricante daquele produto supervaloriza o conceito do “novo”. E grande parte das pessoas o troca pelo simples fato de estar trocando o “velho” e estar atualizado ao adquirir o “novo”. O que os leva à sensação de superioridade em relação ao próximo. Seja o vizinho... Ou o cunhado.
Claro que na maioria dos outros produtos, o consumismo se sustenta pelo mesmo princípio. Assim, ter uma geladeira “nova” torna mais importante uma dona de casa que a exibe como um troféu para as amigas. Ou o fato de ter uma bicicleta “nova” faz o menininho olhar com desdem o seu coleguinha ao lado.
São “necessidades” criadas pelas classes dominantes em relação à aparência e não à necessidade real. Claro que um carro, uma geladeira ou uma bicicleta podem chegar a um ponto que precisem ser trocados. Pelo simples fato de que envelhecendo fiquem defeituosos ou ineficientes. Mas no caso o problema é tão somente a necessidade do capitalista continuar produzindo mais e mais, porque afinal, o lucro não pode cessar. Fatores que se agravaram com o desenvolvimento da sociedade de consumo.
Por esta razão observamos as festas e comemorações que o capital transformou em orgias de consumo desenfreado. Vamos começar pelo Natal, aquela que mais perdeu suas características religiosas iniciais para se tornar numa das maiores demonstrações de consumo em nossos tempos. Mas com o passar dos meses os shoppings e as indústrias não perdem de vista o aumento de suas vendas. Daí vem a Páscoa... Vem o Dia das Mães, vem o Dia Disso ou Daquilo, até que desfechamos no próximo Natal, num ciclo interminável e contínuo de, na maioria das vezes, supérfluos sendo consumidos.
E para alem disso as Liquidações. De Verão, de Inverno, de Queima Total. E por aí uma variedade de outras a tentar o pobre indivíduo, uma vítima indefesa e sujeita a bombardeios constantes de apelos consumistas.
8 comentários:
Seu comentário é bem oportuno nesta época de consumismo desenfreado, de capitalismo cada vez mais selvagem. Noutro dia, indo ao cinema num shopping, na saída entrei num restaurante para tomar uns chopes e fiquei com um olhar sociológico para observar o comportamento alheio. As pessoas andam ansiosas, cheias de sacolas plásticas na mão, quando não se encontram falando afobadas nos seus celulares (que considero já uma doença). Há uma mania de comprar, comprar, comprar, consumir, consumir, consumir, a não mais poder. Compra-se de tudo, mesmo que não haja necessidade. Há uma lavagem cerebral motivada pelos anúncios, que, agora, se observar bem, são quase gritados. Se você (digo assim por força de expressão, mas não estou me dirigindo a você literalmente) tem 50 tênis, vê-se obrigado, para se manter 'in', a comprar 'o da moda', o último modelo. Mas a crise do capitalismo já chegou e vai explodir de vez.
A Sociedade de Consumo é uma geradora da necessidade de adquirir produtos sem a menor necessidade. Este seu exemplo procede.
O poder da marca reforça a teoria de Marx do Fetiche da Mercadoria. Na verdade o ser humano, como disse na postagem "(...) uma vítima indefesa e sujeita a bombardeios constantes de apelos consumistas" torna-se manipulada... Mais ainda se não tem senso crítico. Se não pensa no que está fazendo.
Quanto aos anúncios (principalmente os de varejo), você tem toda razão gritam suas “Liquidações” em nossos ouvidos, invadindo nosso íntimo. Como publicitário, de uma época em que haviam publicitários mais politizados, sinto que não há o menor pudor na venda agressiva e na maioria das vezes vezes burra...
Quanto ao capitalismo, já explodiu. Mas, ironias da história, não há alguma formatação possível e/ou viável para substituí-lo. Graças à “Momenklatura” e ao que aconteceu no pós 1917.
Gostei deste artigo, que me lembrou os trabalhos de Zygmunt Bauman, soiólogo polonês, que tem editado uma obra monumental, inclusive uma delas com o título Vida para Consumo. Concordo com suas idéias e dos comentários que você e André Setaro acrescentam. Também sou uma crítica do consumismo, tenho livros, discos e alguns filmes. Nada mais. Mas acho oportuno transcrever aqui Tarkovski(martins fontes, 1988) melhor do que ninguém, diz:
Parece-me que, atualmente, o indivíduo se encontra em uma encruzilhada, confrontando com a opção de uma existência fundamentada em um consumismo cego, sujeito ao avanço inexorável da nova tecnologia e à infinita multiplicidade de bens materiais (...)
Na raiz da crítica Tarkovskiana pode-se perceber fundamentos teleológicos, bem verdade,mas o que Bauman denuncia assemelha-se qo que você aponta: O intenso processo de individualização da sociedade capitalista.
Um abraço, meu novo-velho amigo.
Stela, seus sempre embasados comentários abrem-me horizontes.
Não conheço os citados autores, mas, sem dúvida pesquisar seus textos serão muito importantes para mim.
Serão importantes pra mim...
Há uma tendência no teu raciocínio à filosofia em todos os sentidos. Desde a tua crítica constante ao capitalismo ou à veemente oposição à “ditadura” do Catolicismo Romano sobre o Cristianismo, pois uma coisa (a ditadura do Vaticano) nada tem a ver com a outra (o cristianismo).
Tenho uma formação Luterna e sou cristã. Ou pelo menos me considero como tal na raíz do meu pensamento.
Pois, conheça algo mais de Bauman e compreenderá muito melhor o que se passa ao teu redor nesta sociedade pós-modena em que vivemos. No pensamento deste filósofo/sociólogo de pensamento ímpar estão as bases de um crítica feroz à sociedade de consumo e à “humanidade fluída” de nossos tempos.
Ja´está na pauta, desde que Stela falou conhecer o trabalho de Bauman.
Primeira vez que leio seu blog e gostei muito, são assuntos variados mas que fazem parte do dia-a-dia e que as vezes passam despercebidos.
Gostei deste texto, pois é realidade, apesar de eu saber que sou consumista, isso realmente não faz bem.
Uma coisa, como muitas outras, que são "impostas" a nós lá atras e hj fazemos por mero conformismo.
Antes de mais nada, Simey, quero dar-lhe as boas vindas a este blogue, pois sempre as pessoas que comentam são preferenciais.
Mas o consumismo é parte da nossa sociedade e nos faz (a todos) vítimas de suas artimanhas pois está encravado no dia a dia de todos nós através da propaganda massiva e ininterupta que nos bombardeia a todo instante.
Devemos, no entanto, ficar atentos para que possamos ter um pensamento crítico em relação a tudo que nos rodeia.
Estou, aliás, preparando o artigo de amanhã sobre o mesmo assunto, mais aprofundado com estudos sobre Zygmunt Bauman, autor sugerido pela Stela Borges nesta Pensata.
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