quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Adendo à “pequena radiografia do Chile...”

Presos políticos no Estádio Nacional em Santiago (1973)

Desde a Independência das colônias espanholas e portuguesa, no início do século XIX, e da proclamação da Doutrina Monroe, em 1823, os Estados Unidos consideram que a América Latina deve estar na sua área de influência e hegemonia.

Sobre a América Central e o Caribe os Estados Unidos estabeleceram o seu domínio com a conquista pela força armada de mais da metade do território do México, em 1848; com as seguidas intervenções e longas ocupações militares na Nicarágua, no Haiti, na República Dominicana e outros países; com a conquista de Cuba e de Porto Rico à Espanha; com a promoção da secessão do Panamá, em 1903, e a construção do Canal, com sua Zona de ocupação militar permanente, que perdurou até o ano 2000.

Sobre a América do Sul, os Estados Unidos demorariam a estabelecer a sua hegemonia, em parte devido à maior dimensão dos Estados e em parte devido à presença financeira, comercial e política inglesa até o fim da Primeira Guerra Mundial.

O corolário à doutrina Monroe, de autoria de Teodoro (Ted) Roosevelt, belicoso tio de Franklin Delano, em que os Estados Unidos se arrogavam o direito de intervir em qualquer país do Continente que se revelasse incapaz de manter a ordem (isto é, os interesses estadunidenses) e o êxito em incluir a Doutrina Monroe entre os princípios do tratado que criou a Liga das Nações, em 1919, revelaram claramente a visão ianque da América Latina.

O primeiro regime militar a ser instalado na execução da nova política foi o do Brasil, em 1964, em que houve ampla participação dos EUA na preparação do golpe, inclusive na escolha do novo presidente, o marechal Castelo Branco, amigo do adido militar americano, Vernon Walters, segundo os documentos revelados pelos Estados Unidos.

Os Estados Unidos articularam a ascensão ao poder de uma das ditaduras mais cruéis, violentas e implacáveis da América Latina, comandada pelo General Augusto Pinochet, pelo jornal “El Mercúrio” e pela aristocracia chilena.

O apoio brasileiro (leia-se governo militar) ao golpe chileno foi imediato e prolongado no tempo, assim como o apoio norteamericano e dos países europeus.


4 comentários:

Joelma disse...

Um bom "adendo". Uma boa complementação à postagem de ontem!

Mário disse...

Sim, um adendo também às intervenções do imperialismo ianque na América ibérica, que constou de outra postagem sobre o assunto..

Misael disse...

A Doutrina Monroe: "A América para americanos", em inglês: “America for americans” é uma visão chauvinista do poder dos poderosos e ‘anglo-americans’ do norte sobre os pobres e latino-americanos do sul. Nada mais, nada menos do que isso. ‘Simple like that’, como eles costumam dizer!

Tavim disse...

Este complemento foi muito importante pela visão mais ampla dos fatos.