A eleição presidencial e a sombra do protecionismo
Por Luiz Felipe de Alencastro (Destak)
Desde anteontem à noite, no meio do debate entre Hillary Clinton e
Trump, as bolsas começaram a subir, festejando a vantagem da candidata.
Um gráfico do site especializado Business Insider
mostra a alta progressiva do índice S & P 500 a partir do começo do
debate. Os mercados globais, sobretudo asiáticos, também registraram a
mesma tendência de alta.
O motivo é conhecido, Trump é um
candidato protecionista que anuncia uma guerra tarifária para barrar
produtos chineses ou mexicanos no mercado americano. Um candidato que é a
favor dos capitalistas (sobretudo americanos) mas contra o capitalismo
(sobretudo chinês). O paradoxo é tanto mais patente que os republicanos
são historicamente favoráveis ao Estado mínimo, ao livre comércio e à
globalização. Porém, no mundo pós-brexit as cartas ficaram mais embaralhadas.
Próximos dos sindicatos americanos, os democratas são mais
protecionistas e Bernie Sanders acentuou a oposição do partido à
globalização durante as primárias democratas. Inicialmente favorável ao
TPP - Trans Pacific Partnership (tratado comercial incluindo os EUA e
onze outros países do Pacífico) -, Hillary Clinton passou a criticar o TPP para atrair os eleitores de Sanders.
No debate
de segunda-feira, atacada por Trump a respeito de sua mudança de
opinião sobre o TPP, Hillary evitou falar diretamente sobre o tratado,
mas salientou suas reservas quanto aos acordos comerciais americanos :
"Nós somos 5% da população mundial, nós temos que ter trocas com os
outros 95%. E nós temos que fazer acordos comerciais inteligentes e
justos ('smart, fair trade deals')".
Como observou Ana Swanson no Washington Post, as restrições exprimidas pelos dois candidatos coincidiram com a
publicação de uma relatório da Organização Mundial de Comércio, sediada
em Genebra e dirigida pelo brasileiro Roberto Azevedo.
Revisando para baixo suas previsões elaboradas há pouco tempo, a OMC calcula
agora que o comércio mundial aumentará 1,7 % neste ano, em vez de 2,8%
como havia sido previsto em abril deste ano. Para 2017, o crescimento do
comércio também foi revisto para baixo. A OMC calcula agora que a taxa
estará numa faixa situada entre 1,8% e 3,1%, contra a previsão de 2,8%
feita em abril. Segundo a Organização, pela primeira vez nos últimos 15
anos, o crescimento do comércio internacional será inferior ao
crescimento da economia mundial.
3 comentários:
Muito boa esta matéria transcrita por ti nesta "Minhas Pensatas dos outros": A eleição presidencial e a sombra do protecionismo. Por Luiz Felipe de Alencastro...
Gostei muito do artigo dele e acho que foi mesmo trilegal tu compartilhar com ele.
Havia nuito tempo que não comentava em teu Blog, mas agora estou de volta, amigo!
Você voltou a toda carga. Parabens!
Joelma
D+.....
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