sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A burguesia e o pesadelo brasileiro



Publicado neste blogue em 19 de setembro de 2012.

Tem sido tão comum incêndios nas favelas de São Paulo... Curiosamente não as da periferia, mas aquelas bem localizadas no perímetro urbano da cidade. Aquelas que podem gerar um condomínio de bom tamanho para a nouvelle classe moyenne do país.
Enquanto isto, não faltam, neste cenário dúbio os burgueses apologistas do Brasil contemporâneo. É o caso de Nizan Guanaes. Em artigo publicado na Folha de São Paulo nesta terça-feira (18/09/2012), o publicitário tece elogios e defende um tipo de sociedade condenada desde os movimentos ecológicos à notória falta de perspectivas do ponto de vista social e humano.

Exemplos disso em suas próprias palavras:
“(...) Assim como os americanos (sic) se desenvolveram de forma extraordinária a partir dos anos 1950, o potencial de transformação positiva no Brasil hoje com a formação de nossa nova classe média é brutal...”
Brutal mesmo... Mas em outro sentido! O mais grave nesta plataforma é a distorção de valores, objetivos na comparação à sociedade estadunidense, esta comprovadamente doente – até pela existência destes fenômenos sociais – e a defesa de uma classe que nem em classe social se constitui. A chamada “classe” média vem a ser uma “camada social” inexistente como classe, indefinida, oscilante e despersonalizada que vaga pra cima e pra baixo ao sabor das marolas, nas crises do sistema capitalista.
Sim! Sem ela não teria existido o nazismo, o macartismo ou a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade!

E continuando: “... Nos EUA dos anos 1950, filmes de Hollywood como comédias de Doris Day e Rock Hudson mostravam a classe média “americana” (sic) ascendente, feliz e confiante com seus carrões na garagem e suas confortáveis residências suburbanas...”
Alem do mais um argumento babaca, pequeno burguês, sentimentalóide... Doris Day e Rock Hudson, Confidências à Meia Noite é meio demais... Por que ele esqueceu do Tony Randall?
Quanto a “... seus carrões na garagem e suas confortáveis residências...” é tudo muito poluitivo, idiota e vazio... Um pensamento tão idiota quanto a existência de um Nizan Guanaes para o futuro da humanidade!

Mais ainda: “... O consumo explodiu. E o consumo é não só um dos pilares da expansão econômica e social, como também uma forma de afirmação cultural. Goste-se ou não, em muitos sentidos, a forma como consumimos é a forma como vivemos. Cada vez mais. Cabe a nós todos, e aos homens e às mulheres de marketing em particular, direcionar esse consumo –necessário, seminal, transformador– para um consumo ainda mais benéfico, sustentável e culturalmente produtivo...”
Claro que como publicitário, Nizan baseia-se no consumismo e no marketing como o eixo central da existência humana... Nada de supreender neste monte de palavras vazias!

“... Tem sido recorrente nas pesquisas o brasileiro sempre se dizer mais otimista com seu futuro pessoal do que com o futuro do Brasil como nação. Talvez o que falte ao sonho do brasileiro seja o sonho brasileiro.” Finalizou o publicitário.
O legado do pensamento patriótico burguês que leva à xenofobia e ao chauvinismo estão na essência deste pensamento em um mero jogo de palavras pretenciosas, mas na verdade, apenas e tão somente “engraçadinhas” ao tentar tocar (subliminarmente) no chamado “american dream”... Na realidade um grande “american nightmare”!
Como o pesadelo brasileiro de cada dia! Este sim, muito real...


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Um comentário:

Joelma disse...

Impressionante a atualidade desta postagem, dom Oliva! Até Nizan Guanaes continua sendo um dos maiores capitalistas da publicidade brasileira.
Mas por que? Porque aliou-se às multinacionais, abrindo as pernas ao imperialismo.
Aliás, é sócio e co-fundador do Grupo ABC de Comunicação, holding que reúne 18 empresas nas áreas de publicidade, marketing e entretenimento, e foi fundado por ele e Guga Valente em março de 2002, fazendo parte do Grupo Omnicom. E é o maior conglomerado de comunicação da América Latina, segundo ranking do Advertising Age. Nizan foi eleito um dos cinco brasileiros mais influentes do mundo.
A sua holding é composta por 18 empresas, entre elas, Africa, DM9DDB, DM9 Rio, DM9 Loducca, Morya, Música Comunicação e Marketing, Pereira & Dell, Interbrand, NewStyle, Rocker Heads, Sunset, Agência Tudo e CDN.[3][20] No mesmo ano, Nizan fundou a Agencia Africa, agência de middle marketing em sociedade com quatro sócios da DD Brasil e o Banco Icatu. Em 2015, a Agência Africa foi considerada umas das dez maiores agências de publicidade do Brasil.