Gilson Dantas – “Esquerda Diário”
Neste ano, em que debatemos em torno dos cem anos
da Revolução Russa, o legado de Trotsky para a moderna revolução proletária nos
parece mais que candente, começando pelo fato de que Lenin e Trotsky defenderam
a estratégia para a luta pelo poder que se revelou não superada até os nossos
dias, a estratégia dos sovietes.
Naquela palestra procurou-se levantar, dentre
outras, as seguintes questões: que lições tirar da Revolução Russa? Que lições
tirar da degeneração da Revolução Russa diante do nazi-fascismo e da II Guerra?
Uma direção política que não desenvolva, desde antes do poder, os órgãos de
autoatividade de massas, a democracia proletária de base, pode conduzir à
transição ao socialismo? Pode a economia em um país pós capitalista evoluir sem a
democracia proletária, sem a democratização da economia pela base? Pode existir
socialismo em um só país? E o socialismo pode ser pensado sem o
internacionalismo proletário orgânico, ativo? Ou, por outra, é possível pensar
em conduzir a luta pelo poder e a construção da sociedade revolucionária sem
inserção orgânica no proletariado e a estratégia onde ele seja o sujeito
político?
Por fim, queremos tomar a liberdade de
acrescentar que, para o debate político do Brasil atual, das lutas de
resistência contra o golpista Temer, uma das mais importantes formulações de
Trotsky, a da ação comum dos trabalhadores pela base, procurando formas
adequadas de autorganização, através de comitês de ação, da tática de frente
única operária [tudo ao contrário das alianças dos operários com a patronal e
seus partidos] é mais que atual, é urgente. Para dar um exemplo de outro
momento e circunstância: Hitler teria sido varrido caso a esquerda de então
recorresse a essa tática, que unisse socialistas e comunistas pela base, no
combate, golpeando juntos o projeto nazista.
Ou como argumenta C. Castillo, dirigente do PTS
argentino [La actualidad de Trotsky, 2002], “em Trotsky, a ideia do
desenvolvimento de sovietes ou outros tipos de organismos de democracia direta
está formulada da maneira menos dogmática possível, podem surgir de mil
maneiras. No entanto, este problema passou a ser secundário nas correntes
trotskistas do pós-guerra e na crítica que elas realizaram a correntes como o
guevarismo ou o maoísmo [...] E segue, acrescentando “a corrente à qual
pertenço desenvolveu [na crítica ao trotskismo de então, NT] a necessidade de
colocar no centro a luta por organismos de democracia direta”.
Esse é o Trotsky tantas vezes “esquecido”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário