terça-feira, 4 de dezembro de 2018

EXTRA! EXTRA! Apagaram o beijo dos fascistas


No último dia 25 de novembro, um muro de uma alameda em Maracanaú, Ceará, foi grafitado com a imagem de um beijo entre o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Criado pelo artista Yuri Sousa, de 21 anos, a obra faz alusão a um icônico grafite do Muro de Berlim que mostrava um beijo fraternal entre dois líderes do bloco  soviético. O grafite no Ceará foi apagado em menos de 48 horas depois de pintado.

Yuri Sousa, que assina seus grafites como Bad Boy Preto, contou ao portal de notícias O Povo que o grafite era “uma resposta ou um contra-ataque por meio da arte”. Não para constranger os que foram pintados, mas para colocar eles (Trump e Bolsonaro) na mesma posição de quem (eles) são contra. No caso, os homossexuais.

Ambos, Bolsonaro e Trump, são famosos por suas declarações homofóbicas e discursos de ódio. Bolsonaro já chegou a afirmar que “preferiria ter um filho morto a ter um filho gay, e que bateria em dois homens que estivessem se beijando na rua.” Além disso, Bolsonaro tem demonstrado grande afinidade com a figura de Donald Trump, chegando a bater continência ao assessor de Trump, John Bolton, ao recebê-lo em sua casa no Rio de Janeiro. Tal postura recebeu criticas pela oposição que a classificou como subserviente e antipatriota.

Yuri afirmou também que esta foi a primeira vez que teve um de seus grafites apagados. Ele faz grafites em diversas cidades de seu Estado há três anos. Ele acredita que o grafite foi apagado por algum apoiador de Jair Bolsonaro. “Dessa vez teve uma interpretação política, logo foi contra a visão de algumas pessoas”, contou ao jornal O Povo. Ele disse ainda que demorou cerca de 9 horas para concluir o trabalho.
   
A obra do brasileiro Yuri Sousa faz alusão a um histórico grafite do Muro de Berlim que retratava um beijo entre o russo Leonid Brejnev, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, e o alemão Erich Honecker, presidente da Alemanha Oriental à época. O grafite, do artista russo Dmitry Vrubel, ficou conhecido como Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortal e era a reprodução de uma fotografia de 1979, em que Brejnev beijava Honecker na boca em um gesto de fraternidade (comum em algumas regiões do leste europeu), durante o 30º aniversário da fundação da Alemanha Oriental.


Em 2016, outro artista, o designer gráfico lituano Mindaugas Bonanu, havia recriado em grafite a famosa cena do beijo, desta vez entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin. O grafite de Bonanu pode ser visto ainda hoje na parede externa de um restaurante em Vilnius, capital da Lituânia. 

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